You're Always Here - Hayffie escrita por F Lovett


Capítulo 27
Capítulo 27 - O Meu Fim


Notas iniciais do capítulo

OEOEOEOEOEOEOE!

PRIMEIRAMENTE queria agradecer a recomendação maravilhosa feita por Cairoshell Anippe ♥♥♥♥ Li um monte de vezes e vomitei muitos arco-íris ♥♥♥♥

Eu disse que esse capítulo ia sair maiorzinho, não foi? Bom, ele tem MUUUUITA coisa pra contar e o final dele ta bem choroso (confesso que umas lágrimas escorreram quando eu tava escrevendo... lá no fim vocês vão entender).

Bom, a resposta das perguntas de vocês está neste capítulo e tem um bônus que vai fazer vocês chorarem um pouquinho (talvez chorem, ou não, né)...

Deixarei vocês com o capítulo!

Boa leitura!



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CAPÍTULO XVII

Abro os olhos devagar, mas a luz do ambiente me faz fechá-los novamente. Franzo o cenho e mexo um pouco a cabeça, sentindo-a latejar. Então abro os olhos novamente, dessa vez me acostumando com a iluminação.

Sinto um alívio quando percebo que estou no meu compartimento. O que significa que Haymitch me ouviu.

Abro a boca e sinto minha garanta seca. Preciso de água.

Estou suando.

Movimento um pouco a cabeça para o lado e então sinto uma mão segurar a minha. É Haymitch.

– Effie - ele me chama quase num sussurro. - Você está bem?

Tento dizer "um pouco", mas apenas abro a boca, sem que saia som algum. Preciso de água.

Como se adivinhasse meus pensamentos, Haymitch levanta sua mão livre e nela há um copo com água. Ele me mostra e volta a pousá-lo ao seu lado, então se aproxima de mim e, com as mãos nas minhas costas, ele me ajuda a sentar. Mas não me parece uma boa ideia, visto que minha tontura aumenta quando o faço.

Fecho os olhos novamente e respiro fundo.

– Você está gelada - ele comenta.

– Eu sempre estou - sussurro, mas parece que até esse menor esforço me consome por completo.

– Mas dessa vez você está mais.

Haymitch me entrega o copo e me ajuda a beber. Mesmo segurando-o, sei que se ele também não estivesse segurando com a sua mão, poderia deixá-lo cair a qualquer momento.

Apesar de saber que estou no meu compartimento, não o reconheço totalmente. Talvez seja a dor de cabeça. Sinto que ela poderia explodir a qualquer momento.

Termino de beber a água e Haymitch deixa o copo no chão, voltando sua atenção para mim. Ele me segura firmemente pela cintura, como se tivesse medo que meu corpo pendesse para o lado a qualquer instante.

Percebo que não estou mais com meu lenço na cabeça e meus cabelos estão soltos de qualquer forma. Tenho certeza de que estão horríveis. Passo, então, uma mão pelos meus cabelos, como se isso bastasse para deixá-los normais novamente.

– Vai me dizer o que você tem? - indaga Haymitch. Seus olhos de cor cinza, penetrantes, me obrigam a não ficar calada perante esta situação.

Fito o chão tentando encontrar uma resposta convincente.

– Eu não sei - respondo, sinceramente. - Eu não sei mesmo, Haymitch.

– Então você precisa ir na enfermaria.

– Não! - protesto. - Eu não posso! Se Coin souber, ela é capaz de mandar alguém me matar! E você não vai poder ficar do meu lado o tempo todo. Então não. Esqueça.

Me altero tanto quando falo que a tontura me ataca novamente. Fecho os olhos com força e acabo fazendo uma careta.

– Sua pressão baixou - ele diz calmamente. - Você tem que comer, Effie.

Bufo.

– A comida daqui é horrível - reclamo.

– E você esperava o que? A comida da Capital? - Haymitch indaga e ri. Sustento o olhar por alguns instantes até abrir um pequeno sorriso. Ele pousa, então, uma mão no meu rosto. - E depois vou levá-la à enfermaria, mesmo que não queira - ele diz e encosta seus lábios nos meus. - Prometo não deixá-la lá.

Perante a insistência de Haymitch, concordo em ir com ele depois.

~*~

Como não apresentei mais sinais de tontura e queda de pressão, convenci Haymitch a não me levar a enfermaria nos dias seguintes. Então concluo que aquilo foi apenas falta de alimentação e tento me policiar quanto a isso. Mesmo que seja um sacrifício engolir o que eles tem aqui.

Encontro Katniss no refeitório e aproveito para me sentar ao seu lado. Ela parece bastante tensa.

– Oi Effie - ela diz sem empolgação na voz. Sua preocupação quanto ao que possa acontecer com Peeta é bastante visível.

– Katniss - digo e ela dá de ombros. - Posso fazer uma pergunta?

Ela assente com a cabeça.

– O que você acha dessa tal Coin? - indago. Katniss franze o cenho. - Acha que ela é... confiável?

– Não - ela diz. Seu olhar está preso num ponto distante. - Não gosto dela.

Balanço a cabeça, concordando.

Ainda bem que não sou a única.

Me levanto para pegar a comida e encontro Haymitch vindo ao meu encontro. Ele parece apressado.

– Temos ir que a sala de comando agora - ele murmura e segura meu braço.

– Haymitch, eu tenho que comer! - protesto. - Depois fica reclamando que eu fico caindo pelos cantos!

Haymitch deixa o ar escapar pelo nariz, impaciente, e passa por mim, fazendo rapidamente um prato, cobre-o e pega talheres. Ele se volta para mim e segura novamente o meu braço, então rumamos a sala de comando, onde Haymitch me leva até um canto e se senta ao meu lado. Aqui é um pouco escuro, o que me faz deduzir que não podemos trazer comida para cá.

Agora tenho mais um motivo para que Coin me queira longe. Além de espiã, ainda desobedeço suas regras, mesmo indiretamente.

A tela principal é ligada e em seguida o símbolo de Panem aparece. Em seguida, o rosto de Caesar aparece na tela. Mas não é o mesmo rosto que eu conheço. Ele está um pouco abatido, suas roupas não estão tão coloridas como de costume. Ele está sério. É uma entrevista.

Mas não é Caesar que me assusta, e sim quem está sendo entrevistado.

Peeta.

Mas o que a tela mostra não é o mesmo Peeta que estava na colheita. Não é o Peeta que pediu Katniss em casamento. Não é aquele garoto gentil que veio do Distrito 12. Este é outro Peeta. Mais magro, abatido. Suas marcas de expressão estão bastante expostas e tenho certeza de que a maior parte das manchas são marcas de violência, tortura.

Não consigo entender o começo muito bem, mas suas palavras são de súplica. Ele pede para que parem, que não haja uma guerra.

Katniss está parada no meio da sala de comando. Suas mãos sobrem sua boca e sei que está chorando desesperadamente.

As imagens falham e Katniss aparece na TV, cantando uma música. Ela dá alguns passos para frente, prestando atenção enquanto as imagens se alternam entre ela cantando e Peeta.

"Are you, are you

Coming to the tree?"

Peeta surge novamente, parecendo confuso. A câmera foca nele.

– Katniss? - ele chama e ela desata a chorar novamente.

– Tem alguma coisa que você queira dizer a ela? - Caesar indaga.

Peeta pensa por alguns instantes e solta:

– Eles estão chegando, Katniss - alerta. - E você estará morta pela manhã! - ele diz rapidamente e antes que a transmissão seja interrompida, posso ver mãos segurando-o.

Soluços são ouvidos de todos os lados e um movimento começa pelo corredor, então ouve-se uma voz vinda dos alto-falantes.

– Todos desçam até o nível quarenta imediatamente - é a voz de Coin. Ela fala de um microfone aqui na sala de comando e faz um sinal para que saiamos.

Nível 40, repito para mim mesma. A descida será longa.

Sinto falta de elevadores. E infelizmente o daqui não chega lá.

Sigo a massa que segue até as escadas. Olho para os lados, esperando encontrar algum rosto conhecido, mas não encontro. Onde está Haymitch? Ele estava comigo até agora há pouco...

Então uma mão segura firmemente o meu braço e me puxa para o lado.

– Haymitch! - quase grito, indignada. Ele continua me segurando com a mesma força e então começamos a descer, assim como os demais, como uma avalanche humana.

– Não temos tempo para conversar agora - ele diz, autoritário. - Só continue seguindo essa gente. E não olhe para trás - acrescenta, com os lábios próximos ao meu ouvido, e não ouso desobedecê-lo.

À medida que vamos descendo, começo a sentir alguns pingos de água caindo sobre mim, acabando por transformar-se numa chuva alguns minutos depois. O alarme fora ativado e estávamos todos molhados. Haymitch continua segurando-me pelo braço. Mais um pouco de tempo correndo para baixo e finalmente chegamos ao banker, onde Haymitch me larga e diminuímos a velocidade dos nossos passos, enquanto a massa continua caminhando para dentro.

À nossa frente enxergo alojamentos, beliches espalhados numa grande área. Olho de um extremo a outro, tentando me decidir para que lado ir. Mas antes que eu possa pensar nisso, Haymitch me empurra e me conduz por entre os beliches. Continuo olhando de um lado para o outro, aflita, tentando encontrar Katniss, mas não consigo. Involuntariamente começo a roer minhas unhas. A mão de Haymitch continua pousada nas minhas costas, guiando-me para continuarmos andando.

Chegamos ao final do corredor, que ate então estava vazio, exceto por quatro pessoas sentadas numa mesma cama, conversando calorosamente. Sento-me na cama a minha direita e Haymitch fica em outra, a minha frente. Vejo-o apoiar seus cotovelos nas pernas e juntar as mãos, onde apoia o seu rosto. Volto a roer minhas unhas e não consigo identificar qual de nós está mais aflito.

– Todo mundo vai caber aqui dentro? - indago e Haymitch apenas assente com a cabeça. Volto a olhar para a entrada, de onde vem um movimento contínuo de pessoas entrando.

Meu uniforme úmido começa a me incomodar e, como consequência, começo a tremer um pouco. Cruzo os braços e encolho as pernas, mas isso parece não ajudar. Vejo, então, Haymitch vir até mim e sentar-se ao meu lado. Ele se curva um pouco e começa a tirar os meus sapatos.

– Isso vai deixar você com menos frio - ele diz e então retira de dentro do uniforme, seu suéter preto, enrolado. Visto-o de imediato, agradecendo por ele estar seco e cruzo os braços novamente. Sinto-o me envolver em seus braços, aninhando-me ao seu corpo, tentando amenizar o frio que ainda estou sentindo.

Começa uma contagem regressiva para fechar o portão. Penso em olhar em direção a entrada novamente, mas estou numa posição muito confortável para isso. Deito a cabeça em seu peito e seguro de leve o seu braço. Haymitch me abraça, mas não me importo com seu uniforme também úmido. O suéter me faz não sentir isso.

A contagem termina e ouço o portão se fechar. O silêncio toma conta do ambiente.

Bum.

A primeira bomba atinge o Distrito 13. Aperto o braço de Haymitch com força e fecho os olhos com o susto. Em resposta ele aperta o abraço. Alguns gritam no momento que a bomba atinge o solo, mas logo o silêncio retorna. Até outra bomba atingir.

A cada explosão, volto a apertar o seu braço. "Calma", diz Haymitch cada vez que o aperto. Tento fazer o que ele pede, mas parece impossível manter a calma numa situação como esta. Fecho os olhos e respiro fundo, mas quando vem outra explosão, me assusto de novo e o aperto. O que nos resta, realmente, é esperar que tudo isso acabe logo.

Depois de mais três explosões, finalmente cessara. Aos poucos eu vou me distanciando de Haymitch e o fito. Por um momento ficamos em silêncio, apenas nos olhando, então ele beija a minha testa, fazendo-me finalmente sorrir.

– Obrigada - digo. Haymitch abre um pequeno sorriso.

– De nada, Effie.

Esperamos um tempo até os demais começarem a voltar a se encaminhar para as escadas novamente, subindo. Então os seguimos, mas diminuo a frequência dos meus passos e, quando chego próximo a sala de controle, percebo a porta entreaberta e me aproximo mais, o suficiente para ouvir o necessário.

Nunca fui de ficar ouvindo a conversa alheia, mas a ocasião exige que eu faça isso. Me aproximo cada vez mais e me deixo ouvir o som que o pequeno espaço permite que passe.

– ... está sendo precipitada - ouço a voz de Plutarch.

– Estou sendo cautelosa - Coin diz. - Já sei o que farei com a perua - prossegue e tenho certeza de que o termo foi usado para ela se referir a mim. Haymitch para ao meu lado, parecendo questionador, e também presta atenção. - Agora preciso afastar o mentor também. O que vai ser mais difícil, pois parece que Katniss é apegada a ele.

Há uma pausa onde eu e Haymitch trocamos um olhar.

– E o que você quer fazer? - Plutarch pergunta.

– Tenho que encontrar uma forma de afastá-lo também... É impressão minha ou ele tem um caso com a perua? - ela indaga e sinto meu sangue ferver de raiva. Mas antes que eu faça qualquer coisa, sinto as mãos de Haymitch me envolverem pela cintura delicadamente e me puxar para trás, afastando-me da porta.

– Vamos subir - ele sussurra no meu ouvido - agora.

Concordo com a cabeça e dou alguns passos para trás e dou meia-volta para seguir o caminho até as escadas, até ouvir uma voz conhecida, fazendo-me gelar.

– Olha se não são os pombinhos - a voz fria de Coin entra pelos meus ouvidos e faz os meus pelos se arrepiarem. Minhas mãos se fecham em punho e sinto Haymitch me segurar com mais força. - Ouvindo a conversa dos outros? Ninguém deu educação a vocês?

Se ela achava que eu era algum tipo de espiã, agora ela deve ter certeza disso.

Coin desvia seu olhar de nós e acenou para dois soldados que estavam ao seu lado.

– Sabem o que fazer - ela diz, apenas, e cruza os braços.

Minhas batidas aceleram. Estou nervosa.

Os soldados caminham em nossa direção. Seus olhos estão vazios, não consigo entender o que eles querem até Haymitch se por na minha frente e investir um soco no rosto de um deles, mas não parece ser o suficiente. O primeiro soldado apenas tem o rosto virado para o lado e volta imediatamente a sua postura, agora com os olhos brilhando. Ponho uma mão na boca, sem saber o que fazer, até me lembrar das aulas de defesa. Não, uma voz na minha cabeça me diz. Você não sabe fazer isso. E de fato não sei. Mas o que posso fazer? Assistir Haymitch sendo espancado e não fazer absolutamente nada?

Avanço para o soldado que está lutando com Haymitch e a primeira coisa que me vem à cabeça é mordê-lo. Faço isso com seu braço e ele solta um urro, movimentando o membro até me lançar para trás. Cambaleio, mas não chego a cair. Então volto a avançar nele. Não quero que Haymitch se machuque.

Mas essa não deveria ser minha maior preocupação. Acabo esquecendo outro detalhe: são dois soldados. Mas acabo me lembrando disso tarde demais e quando procuro onde o outro está, a resposta vem quando sinto o impacto de algo duro contra a minha nuca e depois disso, não sinto mais nada. Tudo é escuro e vazio.

~*~

Bip.

Conheço esse som. E algo me diz que não é um sinal bom.

Bip.

Ouço novamente, no mesmo ritmo que os meus batimentos cardíacos.

Estou na enfermaria.

Depois de tanto relutar para não vir, acabo vindo parar aqui de todo jeito.

Abro os olhos devagar para me acostumar com a luz excessiva do ambiente e começo a sentir dores no corpo, principalmente na região da barriga, como se a maior parte dos murros e chutes que eu possa ter levado tenham sido lá.

Penso em me levantar, mas desisto. Sei que isso apenas fará a dor aumentar. Então me preocupo em apenas abrir os olhos. Então viro um pouco a cabeça para o lado e vejo Haymitch sentado numa cadeira. Sua cabeça baixa e as mãos juntas, com os cotovelos apoiados nas pernas.

– Haymitch - sussurro, pois sei que não posso fazer força. E esse pequeno esforço já me faz sentir dor. Mas ele levanta a cabeça rapidamente e agora posso ver que um dos seus olhos está roxo e inchado. Era o mínimo que poderia ficar depois daquela confusão.

Haymitch se levanta e vem até mim, adiantando-se para me beijar rapidamente. Suas mãos afagam meus cabelos e eu fecho os olhos para aproveitar a sensação de conforto. Então sinto um pingo tocar minha face. Ele está chorando.

– Achei que você fosse morrer - ele diz em meio a soluços. - Todo aquele sangue no chão...

Sangue?

– Achei que não ia aguentar - ele diz e encosta seu rosto no meu. Começo a sentir uma angústia repentina. Algo muito ruim deve ter acontecido.

Mas a única coisa ruim que sinto agora são essas dores no corpo.

Haymitch torna a soluçar ainda mais e sei que não é só isso. Tem mais.

– Vou chamar o médico para falar com você - ele diz e se afasta um pouco. - Você precisa ser forte.

– Mas Haymitch...

– Eu volto já - ele diz já se encaminhando para a porta e não tenho como impedi-lo. Não tenho forças para isso.

Estou na enfermaria. Estou sozinha na enfermaria, assim como eu temia.

"Seja forte", ele disse. Então a coisa é séria.

Um ou dois minutos depois a porta se abre novamente e Haymitch entra com o tal médico. Ele passa os dedos no queixo, sobre sua barba, e se encaminha até a maca.

– Eu quero me sentar - murmuro. Haymitch olha de relance para o médico como quem pede permissão e este assente com a cabeça, deixando-o fazer.

Haymitch me segura pelos ombros e me ajuda a sentar. Sinto uma dor aguda no pé da barriga e faço uma careta, mas deixo-o continuar a me erguer. E quando consigo sentar, respiro fundo após o esforço e dou espaço para que Haymitch sente-se ao meu lado. Ele passa um braço ao meu redor e eu levanto a cabeça para fitar o médico que, olhando bem para o seu crachá, chama-se Coulter.

Encontrando o meu olhar, Sr. Coulter se aproxima e se senta na beira da maca, próximo aos meus pés.

Ah não... é pior do que eu pensava.

– Há quanto tempo estou aqui?

– Duas noites - ele diz. - Mas você está se recuperando bem. Não apresenta mais sinais de desidratação, então terá alta logo, apesar da perda...

– Perda? - indago. Minha voz sai trêmula.

Ele respira fundo. Haymitch me aperta um pouco, como se tentasse me confortar. Com sua mão livre ele segura minha mão.

– Effie, você sofreu... danos muito graves. As pancadas que recebeu, boa parte delas, foram na região na barriga, que é mais vulnerável na situação em que você estava - ele faz uma pausa e me observa. Apenas assinto com a cabeça. - Você ficou inconsciente e perdeu muito sangue, o que acabou prejudicando o feto em formação.

"Feto", foi o que ele disse. Eu ouvi bem? Foi isso mesmo?

– Você sofreu um aborto espontâneo - ele diz por fim e eu fico surda a partir daí.

Aborto.

Eu estava grávida.

Grávida de um filho do Haymitch.

As lágrimas brotam nos meus olhos sem pedir permissão. Ponho uma mão na boca e tento reprimir um grito de angústia que se forma dentro de mim. Curvo meu corpo para frente sem me importar com as dores no corpo. A dor que sinto agora é imensamente maior.

Haymitch me envolve num abraço e encosta a cabeça nas minhas costas, soluçando também, apesar de ter certeza de que ele soube primeiro, já que estou aqui há dois dias, inconsciente, enquanto ele não.

Mas nada mais importa agora. Nada além da perda. Nada além do vazio.

Nada além da morte.


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Notas finais do capítulo

Permissão para chorar? Permissão concedida :'(

Por favor, gente, não me matem, eu quero terminar de escrever essa fic e começar a postar a outraney :(

Mas é. Eu, na verdade, iria criar uma Effie estéreo, mas acabei desistindo da ideia para colocar essa no lugar. Por quê? A vida é feita de dramas e às vezes eu gosto de colocar algo assim, uma tragédia.

Há uma citação do filme "As Horas" que diz mais ou menos assim: "É preciso que alguém morra para que seja dado valor a vida" e eu tenho levado muito isso comigo. Aliás, quem não viu esse filme, veja porque é foda! O elenco é maravilhoso, né: Nicole Kidman, Meryl Streep e Julianne Moore ♥

Mas sim, deixem seus comentários, digam o que acharam! Façam a Lovett feliz ♥