Em teus braços escrita por Isabella Cullen


Capítulo 9
A realidae


Notas iniciais do capítulo

Feliz Natal meninas dois capítulos para vocês!



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Não sabemos ao certo quando a realidade vai nos atingir, mas ela de alguma forma começa a desfazer as nuvens de ilusões que colocamos sob nossos olhos e nos faz enxergar aos poucos o que não queremos. Quase dois meses se passaram, eu estava me sentindo mais a vontade com os costumes e até mesmo restrições que vivia. Eu não poderia procurar por Edward no palácio porque havia descoberto quase sem querer que havia uma divisão de homens e mulheres. Caso acontecesse algo ou eu precisasse falar com ele, Samira dava o recado para alguém que ia buscá-lo. Eu achava que apenas um telefonema resolveria, mas quando ele estava no escritório só recebia ligações externas, e Edward ficava quando estava em casa a maior parte do tempo no escritório.

Eu tinha conseguido falar com minha mãe e meu pai e isso me trouxe uma emoção muito forte, uma saudade de casa quase insuportável que me fez fechar a porta do meu quarto. Samira explicou que Edward nunca entraria se ela não estivesse aberta e quando falei com meus pais eu senti vontade de ficar sozinha, as luzes do quarto dele ficaram acessas mesmo depois que eu apaguei as minhas e eu chorei. Chorei por coisas que sentia falta e que não se realizariam se eu continuasse ali. Eu quis ir embora, mas estava presa aos dois anos mínimos exigidos por Edward e na verdade não sabia como iria agüentar esperar tanto para realizar meus sonhos.

– Senhora. – olhei para Samira que estava parada na porta. Não havia ao menos visto ela entrar.

– Sim. – me levantei da cama percebendo que nem ao menos tinha me levantado para comer o café da manhã. Ela entrou e se mostrou preocupada quando olhou a mesa intacta.

– Tersa e Zada estão aqui. – a olhei sem entender os nomes. Já tinha gravados muitos, mas esses eram novos. – Elas são primas do senhor, você deve recebê-las.

– Devo? – perguntei estranhando isso.

– São família. Ficaria ruim caso não... as...

– Deixe para lá.

Eu fui até o banheiro fazendo todo processo que envolvia ver alguém. Tomei meu banho, penteei meus cabelos, me maquiei e escolhi uma roupa agradável colocando algumas jóias simples. Mas quando eu saí Samira pareceu não gostar da roupa e me analisou.

– Não deve vê-las assim...

– Como? – perguntei sem entender.

– Vão pensar que o senhor a deixa passar necessidades ou está a castigando por alguma coisa que tenha feito.

Aquilo me pareceu tão absurdo. Me olhei no espelho vendo o vestido leve e a maquiagem simples. Me achava bonita.

– Samira, eu estou bem e me sinto bem.

– Elas são primas dele, não deve receber elas assim. Vai desonrar ele se mostrando simples, a mulher é o reflexo da riqueza de seu marido. Venha, eu vou te ajudar e avisar aos empregados para servirem um lanche a elas enquanto se arruma.

Eu vi abismada enquanto Samira pegava um vestido amarelo com pedras semipreciosas enfeitando seus detalhes e sorria falando que isso era digno de uma princesa, depois que o coloquei ela me maquiou com as melhores maquiagens que haviam em meu quarto, colocou uma pulseira de diamantes fina e um brinco que combinava com um colar. Nem a Rainha da Inglaterra se vestia assim para seu chá, achei aquilo tão absurdo que me tirou as palavras.

– Vamos senhora, elas estão esperando.

No final, Tersa e Zada se mostraram duas mulheres fúteis e interessadas apenas em meu casamento e suas vantagens. Viam Edward somente como um homem bem sucedido e herdeiro do trono apenas e não como uma pessoa que lutava pelo seu povo. As duas demoraram horas em uma conversar inútil de onde comprar os melhores tecidos e o que fazer para agradar maridos, eu ri sem vontade, comi sem vontade e dei graças quando elas foram embora em seus carros de luxo. Como Samira mesmo tinha dito, elas elogiaram minha roupa e falaram como meu marido era generoso e próspero, uma completa alienação.

Nos dias seguintes eu recebi tias, sobrinhas e amigas da família. Edward parecia um fantasma que vinha me visitar apenas de noite e assombrar meus sonhos. Na primeira noite que deixei a porta aberta ele veio, se deitou comigo, mas não o vi pela manhã. Só as flores que ele sempre deixava e que agora tinham um gosto amargo em mim. Eu estava cansada de me arrumar, fingir estar bem para pessoas que nunca vi, ouvir histórias sem sentido de como tudo aqui era perfeito e meu casamento seria logo presenteado com filhos. E tudo parecia culminar em filhos, quando minhas regras desciam Samira suspirava pesarosa e me olhava triste.

– Samira, preciso de um computador. Pode...

– Vou mandar avisar ao senhor.

Ela saiu quase correndo e duas horas depois uma mulher me entregou um computador novo e me explicou como funcionava para me conectar. Liguei o computador e percebi como eu estava fora do mundo, me isolando. Alice e Rose tinham mandado fotos de sua viagem, perguntavam por e-mail quando eu viria ao menos visitá-las e eu chorei vendo a foto de Alice sorridente no campus da faculdade. Era ali que eu deveria estar e não aqui em uma redoma de vidro.

Depois disso, a notícia que minha irmã tinha nascido chegou me deixando ainda mais deprimida por não estar com minha mãe como eu pretendia. Ouvir meu pai no telefone chorar e dizer que ela se parecia com minha mãe e mandaria fotos foi um pouco demais. Edward tinha viajado e Samira gentilmente me avisou que eu teria que ter a permissão escrita dele para viajar e que mesmo assim deveria levar seguranças devido a nossa riqueza e ameaças que recebíamos. Então eu sentei na minha cama e fiquei.

– Vou precisar informar ao senhor que você não está bem!- Samira disse quando eu não comia. – Ele está em uma viagem importante... estamos tentando mantê-lo longe disso e a senhora não se importa! Ele...

– Ele chegou Samira, pode se retirar.

Mesmo ouvindo a voz de Edward e ela fazendo meu coração disparar, não olhei em seus olhos. Ele se aproximou, ficou de joelhos na minha frente e me analisou.

– Eu não sei o que fazer mais azis.

Sua voz tinha uma tristeza quase palpável. Mas eu não tinha forças mais para responder ou ao menos pensar no que dizer. Há dias eu estava me fechando e me isolando. A voz das pessoas me machucava.

– Eu acho que sei do que precisa abibti.

– Não... você não sabe...

Falei triste, mas ele me ignorou e se levantou. Abriu as portas e começou a ditar ordens. Um tempo depois duas mulheres entraram e começaram a cantar alegres e fazer minhas malas, por alguns segundos eu fiquei na esperança de que ele me levaria de volta e me deixasse viver um pouco minha vida do jeito que eu queria. Só que Edward apenas me levou para um oásis um pouco afastado. Era lindo, mais estruturado que eu poderia imaginar. Os seguranças armaram tendas grandes e protegidas, mulheres tornaram elas ainda mais confortáveis colocando tapetes e almofadas, eu estava em um conto árabe.

– O deserto se torna parte de nós quando entendemos a sua beleza e mistérios.

Edward disse se deitando e me colocando ao seu lado. Ele me deu comida na boca me despertando os sentidos, depois me beijou carinhosamente e fizemos amor.Passamos dias com ele me explicando como foi morar no deserto, sua infância e tudo que aprendeu com seu pai. Eu vi uma caravana e Edward os convidou para passar a noite conosco, suas mulheres me receberam e fizeram tatuagens em mim e me ensinaram alguma dança. Foi uma noite de festa e vi um Edward relaxado e sorridente, ele batia palmas enquanto a música tocava e eu tentava dançar como as outras mulheres. Naquela hora eu me senti feliz, mas sabia que faltava alguma coisa e depois que fizemos amor na tenda e ele dormiu eu percebi o que era. Eu queria ser independente e ter a escolha de ir ou ficar.


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Notas finais do capítulo

Mais tarde eu posto meus amores!