Ágata flash back ON

Sabe nesses filmes em que as cenas de hospital começam com as luzes do teto dos corredores passando?

Aquilo foi a ultima coisa que eu me lembro de ter visto antes de demaiar de novo.

Enfermeiros, médicos e um monte de gente a minha volta. Minha cabeça doia muito e eu não estava conseguindo manter meus olhos abertos. Um enfermeira disse pra mim que ia ficar tudo bem e eu ia sair daquele hospital muito rápido.

Depois que meus olhos se fecharam eu comecei a lembrar de toda a minha vida, como se eu fosse morrer, mas eu não morri, não agora.

Flash Back OFF

Jade chegou no hospital desesperada e foi na recepção saber dos dois. Quando ela perguntou sobre os irmãos Cobreloa para a enfermeira ali presente a moça a olhou com uma cara de pena que apertou ainda mais o coração da jovem bailarina.

Ela temia o pior e sabia que todos naquele hospital temiam também.

–Bem senhorita Gardel, vou encaminhá-la para falar com o doutor que esta cuidando do caso dos irmãos Cobreloa- uma enfermeira de 20 e tantos anos veio falar com Jade. Uma jovem linda, mas com o olhar frio.

Elas andara por um longo corredor branco e gelido que parecia não ter fim. Jade olhava para as macas vazias no corredor e imaginava as pessoas agonizando nelas. Aquilo era apavorante, aquele lugar era apavorante. Ela nunca se esqueceria daqueles longos, brancos e frios corredores.

A enfermeira levou-a até uma salinha no final daquele corredor e pediu para que ela esperasse o doutor chegar com notícias. A sala estava tão vazia que se podia escutar as batidas de seu coração e o sangue correndo em suas veias. A mão na barriga era como uma tentativa desesperada de se acalmar meio aquela situação, mas naquele momento nem seu filho a acalmava.

Quando ela já não aguentava mais esperar entra na sala um jovem rapaz e se sentou na cadeira do doutor.

–Prazer senhorita Gardel- o homem se apresenta antes de sentar- Eu sou o doutor Carlos Müller que esta cuidando do caso dos dois irmãos.

–Pra... Prazer- por conta do nervosismo Jade gaguejava- Eles estão bem doutor?

–A menina sim! Ela somente teve um corte na cabeça e alguns hematomas, mas já foi tratada. Por conta dos dois desmaios que ela teve achamos melhor fazer uma ressonância para descartar qualquer problema.

–É o Ricardo?- ela fica receosa em perguntar pelo jovem. É com razão!

–Bem... E difícil dizer exatamente- o jovem médico e cauteloso- Ricardo foi atropelado por um carro a mais de oitenta quilómetros por hora e foi arremessado 3 metros dali.

–Meu Deus! Eu não sabia- Jade começa a chorar.

–Ele teve um traumatismo craniano grave, quebrou um perna e um braço e fraturou uma vertebra. Se ele viver será um milagre- o tom de voz usado pelo médico era calmo, mas aquilo não tranquilizou nem um pouco a jovem.

Jade não aguentou e desabou na frente do médico. Era como se ela estivesse sozinha ali. Não via nem ouvia mais nada, ela somente chorava.

O médico pediu para que a enfermeira chamasse a pessoa que veio com ela.

–Quem veio com a jovem Jade Gardel?- a enfermira pergunta na sala de espera.

–Eu!- Bianca responde- Aconteceu alguma coisa?

–Me acompanhei por favor- a enfermeira leva Bianca até a sala do Dr. Carlos.

–Jade, o que aconteceu?- Bianca chega perto da jovem.

–Ele vai morrer Bianca! Ele não pode morrer- Jade estava inconsolável.

–Ele vai morrer?- Bianca pergunta ao médico.

–Bem... Eu gostaria de dizer que não, mas eu gosto de ser bastante sincero com os parentes de meus pacientes- o médico começa a explicar- Ricardo está passando por uma cirurgia de alto risco no momento. Ele tem somente 5% de chances de sobreviver a ela. Se sair vivo ele tem 90% de chances de entrar em um coma profundo e nunca mais acordar se ele acordar, o que seria um verdadeiro milagre, provavelmente vai ficar tetraplégico e com um retardo mental irreversível. Eu sinto muito!

Com aquelas palavras Jade desabou completamente. Não sabia o que fazer naquela situação a não ser se desesperar. Ela imagina todas aquelas palavras, aqueles diagnósticos como verdades de um futuro muito próximo e aquilo a apavorava.

–Você não acha melhor tomar um calmante- o médico sugere.

–Ela não pode tomar calmantes- Bianca responde também chorando.

–Por que não? Ela tem algum problema de saúde?

–Ela está grávida!- Bianca afirma.

–Meu Deus! Por que você não disse isso antes?- o médico parecia preocupado demais.

–O que isso tem a ver com a situação do Cobra e da Ágata?

–Como o caso dos irmãos nada, mas com a saúde dela sim- o médico explica- Jade eu preciso que você se acalme. Isso faz mal a você e ao bebê.

–Eu não consigo! Eu não consigo!

–Jade pensa no seu filho! Pensa na saúde dele- o médico implora- Eu sei como e duro perder alguem que se ama e ainda mais na situação que você esta, mas e preciso muita calma. Chorar assim não vai fazer com que o Ricardo se cure.

Com as palavras do médico Jade foi aos poucos se acalmando e parando de chorar.

–Fico feliz que você esteja mais calma- o médico sorriu aliviado.

–Pesso ver a Ágata?- a jovem pergunta ainda secando as lagrimas.

–Pode sim! Me acompanhe- e Jade voltou para o mesmo corredor que a apavorava, voltou para a recepção e entrou em um elevador tão frio e mórbido quanto os corredores daquele hospital.

Eles subiram até o quinto andar do hospital onde eram os quartos dos pacientes. E assim chegaram até o andar e outro corredor surgiu, branco, gelido e assustadoramente mórbido. O corredor era extremamente quieto até que um choro familiar foi ouvido do quarto de número 515.

Jade entrou no quarto não sabendo o que ia encontrar. Quando chegou encontrou Ágata deitada em posição fetal na cama e chorando.

–Faz quase 20 minutos que ela esta chorando assim- disse a enfermeira que acompanhou a menina.

–Ela esta bem?- Jade perguntou assustada.

–Sim, ela só esta em estado de choque- a senhora explica.

–Eu não sabia que as pessoas em eatado de choque ficavam tão nervosas quanto ele esta- diz Bianca.

–Pessoas em choque reagem de formas diferentes. No caso dela o nervosismo e o desespero tomaram conta dela- a enfermeira explica- Estamos tentando dar um calmante pra ela conseguir dormir, mas ela e bem forte e eu estou sozinha.

–Onde estão os outros enfermeiros?- Bianca pergunta vendo Jade se aproximar cautelosamente da cama.

–Estão auxiliando na cirurgia do irmão dela- a enfermeira explica- Ele foi um verdadeiro herói. Pelo o que eu soube ele se jogou na frente do carro para salvá-la.

Bianca na hora não acreditou! Mas depois de pensar um pouco sabia que o jovem era capas de matar meio mundo pela irmã.

–Gatinha?- Jade se aproxima e faz carinho nas costas da menina.

–Por que ele fez isso Jade? Ele tinha que ter deixado- a menina se desesperava cada vez mais.

–Do que ia adiantar Ágata? Se ele não tivesse feito nada ele que estaria nesta cama chorando e você lá na sala de cirurgia.

–Ele não morreu?- o choro cessa e a menina respira fundo olhando pra Jade.

–Não, mas ninguém tem mais esperanças- Jade começa a chorar de novo e a menina também. As duas se abraçam buscando conforto uma na outra.

–Ela já esta de alta?- Bianca pergunta a enfermeira enquanto as duas viam aquela cena.

–Ainda não! E melhor que ela passe a noite aqui pra observação.

–Ela pode ter alguma sequela?- Jade pergunta secando as lágrimas.

–Não! Essa menina e muito sortuda e tem um verdadeiro anjo da guarda- a enfermeira diz sorrindo- Bom, eu vou alguns pacientes e, talvez, daqui a pouco eu volte com a alta dela.

Depois que a enfermeira sai as três ficam em silencio. Ágata ainda estava abraçada com Jade. A bailarina sentia a respiração descompassada com as mãos nas costas da menina e as lágrimas quentes e tristes molharem sua blusa.

–Ela vai viver não e?- Ágata pergunta secando o rosto.

–...

–Jade! Responde! Ele vai viver?- a menina torna a perguntar.

–Ele esta fazendo uma cirurgia nesse exato momento e dificil o que vai acontecer com ele- Jade disse com os olhos cheios de lágrimas.

–Jade. Me diz que ele não vai morrer, me diz- a menina volta a abraçar Jade. Que fica inconsolável e chora também.

Continua...