Posso te contar um segredo? escrita por LittleDreamer


Capítulo 5
Capítulo 5- Tirando as máscaras


Notas iniciais do capítulo

"Na vida, precisamos sempre usar máscaras, pois ninguém nos reconheceria se nos apresentássemos de rosto nu."

—Lêdo Ivo



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Acordei na manhã seguinte ainda abalada pelo que estava acontecendo, não sabia como reagir a tudo aquilo.

O dia estava chuvoso, estava chuvoso lá fora e estava chuvoso dentro de mim. Mandei uma mensagem para Pedro e pedi para que ele fosse para minha casa o mais rápido que pudesse.

Levantei-me, arrumei minha cama e desci as escadas. A casa estava vazia e eu não sabia onde minha mãe e Clarisse estavam provavelmente na Casa da dona Claudia ou no mercado pensei.

Resolvi fazer um café e assistir um pouco de TV.

Como de costume, coloquei no noticiário e esperei para ver se apareceria alguma notícia sobre as garotas que desapareceram e por destino, apareceu.

Outra garota havia desaparecido e era aquela loira que estava com ele naquela noite. Minhas mãos começaram a suar, deixei o café em cima da bancada e fui até o banheiro lavar o meu rosto. Seria muita coincidência a garota com quem ele estava ter desaparecido no mesmo dia, logo a mesma garota? Eu não acreditava tanto em coincidência. Ouvi o som da campainha, torci para que não fosse ele. Saí do banheiro, desliguei a televisão e fui até a porta. Olhei pelo olho mágico, era Pedro e eu abri a porta. Ele me abraçou.

"-Oi, Ana."

"-Oi, Pedro. Quer entrar?" Eu sorri, enquanto nos afastávamos

Ele entrou e eu me certifiquei de que a porta estava trancada, fomos para o meu quarto e nos sentamos lado a lado na cama.

"-Desde quando você sabe disso?" Perguntei, ele suspirou

"-Desde ontem, quando te liguei eu já tinha descoberto." Me levantei da cama, andando de um lado para o outro

"-Alguém te ajudou com isso, não foi? Você não pode ter descoberto isso sozinho."

Ele ficou em silêncio e eu insisti

"-Quem foi, Pedro?"

Ele se ajeitou em minha cama, cruzando as pernas e respirou profundamente

"-Anderson, o nosso professor."

Fiquei sem palavras, ele sabia de tudo mas mesmo assim não quis me ajudar na noite passada. Eu não conseguia simplesmente entender tudo aquilo.

"-Posso usar seu notebook?" Disse Pedro, apontando para meu notebook do outro lado do quarto em cima de um rack antigo que era uma das poucas coisas montadas em meu quarto. Fiz que sim com a cabeça, e peguei o notebook entregando na mão dele enquanto me ajeitava ao seu lado em minha cama

"-Sabe, Ana...Se pesquisarmos o nome "Vinícius Eduardo Silveira Santos Filho", o bairro em que vivemos e as palavras-chave "crime" e "suspeito", conseguimos encontrar qualquer coisa sobre ele que envolva esse tema." Pedro ligou o notebook enquanto falava, e logo começou a procurar.

Os resultados eram incríveis, por mais que não fosse nada tão concreto e que provasse que ele era quem sumia com aquelas garotas.

Pedro me mostrou as fotos de cada garota desaparecida, ao todo eram seis. Eu me lembrava do rosto das garotas que eu vi na televisão, e me lembrava perfeitamente da loira que não havia voltado para casa. Ele me mostrou a garota que foi agredida por ele e ela se chamava Ana Beatriz, tinha grandes cabelos loiros e belos olhos azuis.

Aquilo estava muito estranho, Pedro não estava me mostrando todas aquelas fotos e notícias atoa.

"-Pedro, por que está me mostrando isso tudo?" Eu o encarei e mordeu os lábios, colocando o notebook em meu colo.

"-Leia os nomes de cada garota."

E foi o que eu fiz. O medo tomou todo o meu corpo naquele momento.

A primeira desaparecida se chamava Ana Luiza, desapareceu após sair de uma festa de aniversário e tinha dezesseis anos.

A segunda se chamava Ana Júlia, tinha dezessete anos e alguns dizem que ela talvez só tenha fugido com o namorado que era bandido.

A terceira era Ana Elisa, foi para um bar de noite e não voltou para casa no dia seguinte. Tinha apenas dezessete anos e usava identidade falsa.

A quarta e a quinta, se chamavam Ana Beatriz e Ana Carla e eram primas. As duas de dezessete, desapareceram ao sair de uma festa sozinhas.

E a sexta, era a loira da festa. Chamava-se Ana apenas, dezesseis anos e foi vista saindo do "Big Problema" acompanhada por um rapaz, ninguém conseguiu ver o rosto dele.

A ficha começou a cair, eu estava juntando as coisas. Todas se chamavam Ana. Todas tinham a aparência bem parecida. Eu joguei o notebook em cima da cama, e corri para o banheiro, deixando a porta aberta para que Pedro não se preocupasse. Lavei meu rosto com água fria e me apoiei na pia, até que senti a mão macia de Pedro em meu ombro. Eu o abracei com força, sentindo o cheiro do seu perfume forte.

"-Eu não vou deixar nada te acontecer" Ele me dizia, porém eu continuava com medo.

"-Não conte nada para ele, por favor." Claro que eu não contaria, mas mesmo assim prometi para ele que não iria contar.

Voltamos para o quarto, eu me deitei na cama e Pedro se sentou ao meu lado me cobrindo.

"-Você acha que ele pode tentar fazer algo comigo?"

Pedro passou a mão pelo meu cabelo, descendo para a minha bochecha

"-Isso não vai acontecer, eu não vou deixar."

Deixei que Pedro se deitasse ao meu lado, e quando eu vi estávamos adormecidos. Acordei assustada e gritando por culpa de um pesadelo, Pedro acordou e me abraçou

"-Está tudo bem." Ele passava a mão em meus ombros e me abraçava com força.

Então ouvimos o barulho da porta, meu coração acelerou. Ele se levantou correndo e foi para a porta do meu quarto.

"-Fique aí" Ele disse, e antes que eu pudesse responder ele saiu de lá e seguiu pelo corredor pouco iluminado. Eu estava assustada, eu senti as lágrimas caírem em minhas bochechas e me lembrei da morte do meu pai, eu já era grande o suficiente para me proteger e não ficar só me escondendo no quarto esperando uma resposta de alguém que podia acabar não voltando. Levantei-me da cama e sai do quarto. O corredor estava vazio e silencioso, o resto da casa também parecia assim. Talvez Pedro tivesse ido embora, coisa que eu duvido que ele faria.

Eu desci as escadas, a sala estava clara e parecia vazia.

Fui até a cozinha, e perto da geladeira estava ele jogado no chão. Ajoelhei-me ao seu lado, abraçando seu corpo que ainda respirava.

"-Não me deixe aqui, Pedro" Eu sabia que ele não responderia, estava desmaiado.

Corri para a sala para pegar o telefone, comecei a ouvir passos. Coloquei o telefone no lugar e me escondi atrás do sofá.

Que esconderijo estúpido, pensei, claro que ele vai me achar aqui. Tomei um pouco de coragem e olhei um pouco pelo lado do sofá, vi Vinícius caminhando suado e em seu rosto havia uma expressão de fúria, raiva. Ele segurava um pedaço de madeira na mão, eu tinha certeza que foi aquilo que desacordou Pedro. Ele caminhava pela sala silencioso, eu sabia quem ele procurava. Ele foi para a cozinha e eu consegui o ouvir saindo pelos fundos, levantei rapidamente e peguei novamente o telefone.

Disquei o número da emergência. Um toque, dois toques. No terceiro toque, eu senti uma força sendo aplicada na minha cabeça e o telefone caiu da minha mão.

Eu apaguei.


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