Heart of Fire escrita por Nightshade
Alexandra notou a ansiedade em toda a estrutura do palácio. Ela estava um pouco perdida, sem se lembrar de qual era o caminho de seu quarto e sem saber o que estava acontecendo.
– Senhorita Alexandra! - uma voz a chamou. A garota olhou para trás e viu o rosto simpático de Jayna - O que faz aqui? Parece perdida.
– Eu não me lembro onde fica o meu quarto. - disse ela rapidamente.
– Venha, senhorita, eu vou mostrar.
Jayna a conduziu até o lugar, que não era muito longe de onde ela estava.
– O que está acontecendo? Por que estão todos agitados? - Perguntou Alexandra, quando já haviam entrado no aposento.
– Nada com que se preocupar, senhorita. Apenas uma confusão na cidade. - apesar das palavras controladas, ela parecia muito preocupada.
Ficaram um momento em silêncio.
– Se posso comentar, senhorita, - começou Jayna - Lord Edwin nunca apreciou as músicas de seus antigos menestréis.
– Nunca? - Alexandra se surpreendeu.
– Nunca. Ele geralmente os lançavam nas celas e decidia o que fazer com eles. - continuou Jayna - Mas sua voz é realmente linda, senhorita. - Alexandra a olhou e a senhora enrubesceu - Não que eu estivesse ouvindo atrás das portas do rei, mas sua voz ecoa pelo palácio, senhorita. Tem a voz de um anjo.
– Obrigada, Jayna. - agradeceu a garota, mas estava ocupada em pensar em mais músicas. Não queria voltar a ficar presa.
Enfim, pensou em uma de suas músicas favoritas.
E daí que é de um livro? Eu posso morrer se não agradar ao rei!
*******
No fim da tarde, quando o sol estava se pondo, Deana apareceu em seu quarto.
– Lorde Edwin pediu para que a senhorita fosse até a Sala do Trono. - disse a serviçal.
Rei Edwin parecia cansado. Tinha um arranhão em seu rosto, e estava agitado.
– Finalmente, Alexandra. - rosnou ele - Cante algo para mim.
– Se o senhor permitir, - ela escolheu as palavras com cuidado - eu gostaria de cantar uma história que é a minha favorita.
Edwin a olhou com curiosidade.
– Desde que me agrade... - ele fez um gesto com a mão, como se a mandasse começar a cantar.
– As folhas longas, verde a grama
Esguia é da cicuta a umbela
No prado há luz que se derrama
De um céu de estrelas a fulgir.
O rei havia fechado os olhos, notou Alexandra, concentrado na música. Ela começou a mover o corpo, como uma bailarina. Aproveitando para dançar, afinal ela adorava esse poema.
Tinúviel dançando bela
Ao som que a flauta oculta inflama;
Há estrelas nos cabelos dela
E no seu manto a reluzir.
Edwin abriu os olhos apenas para ver a garota dançando. Por um momento pensou em manda-la parar, (estava na presença de um rei, onde já se viu isso?), mas então percebeu que ela não o notara observando, e, a dança dava personalidade a canção. Como se ela fosse a Tinúviel de quem cantava a história.
E Beren vem dos montes frios
Perdido esteve entre a ramagem,
Seguindo o som de rios
Andou sozinho em seu sofrer.
Por entre as falhas da folhagem
Vê flores de ouro de atavios
Que ela traz sobre a roupagem
E no cabelo há anoitecer.
Seus pés curados por magia
De seu cansaço da jornada;
E forte e lépido seguia
Pegando raios de luar.
E leve em fuga baila a fada
Por bosques, de elfos moradia;
De novo só na caminhada,
Ele em silêncio a espreitar.
Alexandra agora dançava perto da janela; ela olhou para a grande floresta enquanto cantava o belo poema. Gostava de dançar enquanto o recitava, pôs tentava se colocar no lugar de Tinúviel. Agora não se lembrava mais que estava diante de Edwin.
Ouvia o som da fugitiva
Com pés de tília por leveza;
Do chão saia música viva.
De valos fundos um trilar.
Já a cicuta perde a beleza
E uma a uma pensativas
Da faia as folhas com tristeza
No chão do inverno vão rolar.
Seguindo sempre, longe andou
Dos anos falhas viu caindo;
Com lua e estrelas ele avançou,
O céu gelado viu bramir.
O manto dela á luz luzindo,
Quando num topo ela parou
Dançando e assim com seu pé lindo
Névoa de prata fez fremir.
No fim do inverno ela retorna
Sua voz desata a primavera
Qual água nova a borbulhar.
Viu ele flores e era
O pé da ninfa; em nova forma,
Com ela quis dançar, quisera,
Por sobre a grama namorar.
Mas ela vai, quando ele vem.
Tinúviel! Tinúviel!
Com o nome dela ele a detém,
Pois ela para para ouvir.
A voz prende Tinúviel
Beren avança, Beren vem,
Sobre ela a sina então descera!
Nos braços dele vai cair.
Alexandra voltou para frente do trono, se sentindo envergonhada e com o rosto quente por ver que Edwin a encarava.
Seus olhos fitam seu olhar
Por entre a sombra dos cabelos;
A luz que treme o luar
Viu dentro dela reluzir.
Tinúviel detém apelos,
Imortal fada de encantar,
Envolve amor com seus cabelos
E braços branco de luzir.
Foi longa a estrada de sua sorte,
Por pedras, frio e meia-luz;
Em férreos halls com porta forte;
Em mata escura e sem aurora.
O mar que afasta se introduz,
Mas uma vez sorri a sorte;
Na mata canta o par, só luz,
Que há muitos anos foi-se embora.
Alexandra terminou, olhando para Edwin, tentando decifrar sua expressão mais não conseguiu. Ele apenas ficou a encarando.
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