✿ O violinista e a florista ✿

Alice fechava sua floricultura um pouco indisposta, não havia vendido nada hoje. Parecia que ninguém gostava mais de flores. Ninguém era mais romântico ao estilo de flores no dia dos namorados – ou todo dia -, flores para enfeitar o jardim, flores para isso ou flores para aquilo. As pessoas estavam mais ocupadas teclando em seus smartphones e usando aqueles emoticons✿ de flores para presentear alguém que nunca viu na vida. Flores tecnológicas, sem vida e sem graça.

Porém, Alice carregava um cesto de flores para ver se conseguia vender no caminho de casa. Ou simplesmente para ela usar em sua casa.

A mesma caminhava cabisbaixa por várias quadras até um som harmônico e afinadíssimo invadir seus ouvidos. Era o som de um violão. A garota de cabelos compridos e marrons prestou um pouco de atenção naquela melodia e no rapaz que tocava, porém acabou de ficar cabisbaixa novamente esperando o carro de sua amiga que iria a buscar. O rapaz parou instintivamente de tocar a melodia e pegou o dinheiro que tinha em seu violão para ir até em uma loja ao lado que vendia utensílios para casa. Enfeites, placas, tintas... Aquilo era o que ele precisava. Rapidamente e com suas mãos ágeis improvisou uma placa de “Apenas uma rosa” e voltou para seu posto, onde viu que a garota ainda esperava algo. Colocou a placa em frente à caixa do violão e pusera-se a tocar novamente algo mais romântico que chamara a atenção novamente da mulher. Alice então leu a placa e olhou para sua cesta; Ninguém vai comprar isso mesmo. Pensou ela.

Então, pegou quase todas as flores e colocou na caixa do violão. O jovem parou novamente e recolheu as flores, em forma de buquê e se ajoelhou ao lado daquela mulher, dando um leve puxão em seu vestido para que lhe chamasse atenção. Alice pareceu surpresa e um tanto feliz com aquele ato, quem diria que alguém ainda usasse as flores de maneira correta?

Ela então pegou as flores com um olhar radiante. Aquele olhar fez o dia do garoto melhorar.

- Rosas para uma rosa. – Disse fazendo um gesto cortês, se levantando em seguida.

- Oh, obrigada. – Ela ruborizou levemente, dando um sorriso e aproximando as flores de seu rosto para sentir o seu perfume. Logo, a buzina de um carro entrou aguda em seus ouvidos, era sua amiga. Ela olhou para o garoto que parecia um pouco triste após isso e lhe deu um beijo na bochecha. – Te vejo depois, quem sabe. – E entrou no carro.

E então, todos os dias ela ia para aquele mesmo ponto, exatamente naquele mesmo lugar. Ela sempre o encontrava, Gabriel era seu nome e dizia tocar porque gosta, e não porque precisava urgentemente de dinheiro. As pessoas lhe davam o que achavam merecer e naquele momento, Alice lhe deu seu coração.

Gabriel encontrou a loja de Alice e comprou umas flores lá. Ela quis saber para quem era, mas ele não contou. O garoto saiu da loja mais cedo do que ela porque havia ganhado clientes, pois ele agora tocava em frente a sua loja. Gabriel entregou as flores para a amiga de Alice, que lhe deu um olhar de desprezo, mas prometeu entregar á ela as flores. Ela realmente entregou.

Depois de alguns meses se conhecendo, a loja mudou de nome: De floricultura da Alice, virou Floricultura o violinista e a florista.

E digamos que até hoje o coração de Alice pertence á Gabriel.

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✿ Ah, galera... Todo mundo sabe o que é Emoticon. É aquela santa carinha que você odeia ou tanto envia no whatsapp, twitter ou facebook.

✿ Em breve meu livro será lançado, fiquem ligados!

✿ O violinista e a florista de McQueen / Ana Lolago está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.

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