And I'm ready to suffer and I'm ready to hope

It's a shot in the dark and right at my throat

Cause looking for heaven, found the devil in me

Looking for heaven, found the devil in me

Well what the hell I'm gonna let it happen to me – Shake it out – Florence and machine.

Eu estou ansiosa, impaciente e um pouco louca, talvez? Não sei, acredito que não estou no melhor momento para tentar me decifrar, pois eu quero vê-lo.

O fim de semana se passou, a segunda feira chegou e aquela sensação de euforismo começou a aparecer. O mais engraçado é que eu não estou preocupada com meu carro, só penso em vê-lo novamente.

Hoje é terça feira, e o silêncio continua. Eu não deveria querer encontra-lo, quero dizer, não deveria ser um grande caso. Mas está sendo, pois os últimos dias tem sido enlouquecedor por não conseguir pensar em outra coisa. Por outro lado, pensar em Brian me faz bem, eu crio histórias em minha cabeça, crio diálogos entre nós e isso me impede de viver no passado.

Tem como ser mais bibolar?

– Você deveria ligar para ele. – ouço Kat murmurar, me fazendo tirar os olhos do celular.

– Oi? – sinto minha testa se franzir instantaneamente.

– Para Brian, você deveria ligar para oficina dele, sei lá, fazer qualquer coisa, ficar vendo você checar o celular a cada cinco minutos está irritando.

Escondo meu rosto atrás da tela do computador sentido ele esquentar.

– Não estou verificando o celular o tempo todo, e também não é por isso.

A risada de Kat ressoa por todo o consultório.

– Você pode tentar mentir para si mesma, não para mim, Liza.

– Tanto faz. – reviro meus olhos, sabendo que ela não pode me ver.

Volto a me concentrar na pesquisa que estava fazendo e controlar a vontade de pegar o celular de novo.

Kat se levanta do sofá que estava sentada e caminha até a mesa em que estou.

– Você não para de pensar nele, não é? – ela se apoia na beirada da mesa. – Mais um motivo para que eu o conheça. Ele deve ser muito gostoso. – Ela diz, com um olhar pensativo.

– Assim você me ofende, faz parecer que sou uma cretina. – suspiro. – Mas sim, ele é gostoso, não que eu tenha o visto sem camisa, porém seus braços... Enfim, o fato não é ele ser gostoso, e sim ele ser lindo, gostoso e atencioso e carinhoso e... Tudo de bom?

Seguro minha cabeça em minhas mãos me sentido frustrada.

– Não posso pensar nele assim Kat, simplesmente não posso. Estou enlouquecendo de vez.

– Quem foi que disse que você não pode ter relacionamentos em primeiro lugar? E por que não pode pensar nele assim?

– Eu disse, pois não posso. Não agora. Você acha que alguém merece ter uma namorada paranoica? Com a carga do meu passado? Não diga que sim, isso não seria justo.

– Você está sendo paranoica agora, isso sim. – Ela diz e aponta o dedo acusadoramente em minha direção. – Primeiro que você não precisa namorar ninguém, Liza. Você precisa se divertir, e pelo o que eu escutei sobre o Brian, parece que ele é uma ótima pessoa para isso.

Ela se levanta e anda até a porta calmamente.

– Eu tenho um paciente agora, mas pense nisso, ok?

Foco minha atenção no computador novamente e murmuro:

– Não tem nada para ser pensado.

***

Por sorte, o dia na clinica me deixou ocupada a maior parte do tempo. Eu amo quando isso acontece, porque eu me concentro totalmente nas vidas dos pacientes e não na minha.

Essa clinica é uma das minhas maiores realizações e uma das poucas coisas que conseguiu me deixar feliz. Ela foi fundada pelo pai de Kat e mais alguns amigos, agora não só atuamos como fisioterapeutas nela, mas também temos grande potencial para coordenar a clinica um dia.

Ando até o vestiário, para que eu possa guardar meu jaleco e pegar minha bolsa, pensado no que comer quando chegar em casa.

Sinto meu celular vibrar no bolso da minha calça e o pego, na tela aparece o nome da Kat.

– Kat? Aconteceu alguma coisa? – pergunto intrigada.

– Onde você está? Pode vir até a recepção por um minuto, por favor?

– Por que?

– Vem logo. – Então ela desliga, sem me responder.

Dou meia volta e ando até a recepção depressa, com a curiosidade batendo na porta.

Entrando na recepção a primeira pessoa que vejo é Kat e seu rosto animado, então eu olho novamente e vejo Brian. Meus pés param de se mover e eu só sou capaz de olhar, com as mãos dentro do bolso do jaleco e coração disparado.

Brian encontra meu olhar e isso causa uma reação estranha, que eu nunca senti, em meu estomago. Mexo-me, desconfortável por um momento por ter seus olhos tão fixados em mim.

– O que você está fazendo parada, Liza? Vem aqui.

Kat me tira do transe fazendo eu caminhar até eles.

Limpo a garganta, tentando encontrar minha voz.

– Hum... Oi, eu pensei que você fosse me ligar. – Digo, para Brian, assim que chego perto dele.

“Pensei que você fosse me ligar”? Muito bem, Elizabeth. Você nem ao menos perguntou como ele está! Me repreendo.

– Sim, mas eu preferi vir até aqui. Como você está? – Brian me pergunta, com um sorriso leve no rosto.

Essa é a mesma pessoa que me viu tendo um pesadelo?

– Estou bem.

Kat me interrompe antes que eu posso perguntar como ele está.

– Eu sou tão agradecida por você ter feito tudo que fez por ela. Parece pouco, mas quantas pessoas ajudam as outras assim? Quase ninguém. Por isso, eu quero muito que você vá no jantar que vou fazer em minha casa, justamente em agradecimento a você.

Olho para Kat com os olhos quase saindo das orbitas, o que ela pensa que está fazendo? Eu vou mata-la, uma morte lenta e dolorosa! Penso em diversas maneiras do que eu posso fazer para fugir disso, no entanto a única resposta que aparece é encarar esse jantar.

– Eu ficaria muito feliz em comparecer. – Brian diz, olhando para mim. – É só me dar uma data e o horário e eu estarei lá.

Kat dá pulinhos animados e me olha.

– Isso não é demais, Liza? – Ela diz e volta a falar com Brian. – Eu não sei quando você vai estar disponível, mas tudo bem por mim que seja hoje.

Hoje? Ela está tentando me matar, é isso. Suspiro exasperada e faço o que posso para sorrir.

– Sim, hoje seria ótimo para mim também. – Digo sorrindo, no entanto o tom de relutância permanece.

– Tudo bem por mim, estou me livrando de comer comida congelada por hoje. – Ele diz sorrindo amplamente.

Céus, isso vai ser a minha morte.

– Vai ser perfeito! – Kat diz feliz, e eu murmuro um ”yeah”, tentando mostrar animação. – Bom, eu ainda tenho que verificar a ficha de uma paciente, vou deixar vocês conversarem. Foi um prazer te conhecer, Brian.

Então ela sai andando com um sorriso no rosto e me deixa aqui, parada ao lado dele como um poste.

Ele não poderia apenas ligar?

– Pensei que essa fosse á última vez que iria te ver, mas graças a sua amiga parece que não. – diz me assustando e me fazendo olhar para ele. – Eu trouxe o seu carro em perfeito estado, não tinha muito que fazer, só demorei porquê tinha outros trabalhos para terminar.

O observo colocar as mãos nos bolsos da calça e então percebo como ele está vestido. Calça jeans escura, uma blusa de manga comprida azul e botas.

Ele deveria se vestir mal, isso facilitaria a minha vida!

– Eu estava com saudades do meu carro já – minto, mas ele não precisa saber da verdade. – Você viu como Kat é? Pegar carona com ela é como pagar pecado, ela não para de falar por um minuto. – sorrio dessa vez com sinceridade, me sentido mais leve. – Quanto ficou? Eu preciso ir até a oficina para assinar algo ou posso fazer o pagamento agora?

Eu o pergunto, mesmo sem saber se tenho dinheiro suficiente em minha carteira.

– Não vou cobrar de você, Elizabeth. Como eu disse, não havia quase nada para concertar. Você vai estar me pagando com esse jantar.

– Nem pense nisso, Brian. Eu vou te pagar de qualquer maneir...

– Não vai pagar, aceite isso. Agora se você já acabou com o discurso, aqui está à chave do seu carro e fique linda para hoje à noite. – Ele me interrompe, me entregando a chave do meu carro e então ele se aproxima mais e deixa um beijo em minha bochecha. – Até mais tarde.

Enquanto estou com a mão no local em que ele beijou, eu o vejo sair em todo o seu estilo.