Sempre te amei. escrita por AnaClaudiia


Capítulo 80
Culpa, desculpa.


Notas iniciais do capítulo

Eu só coloquei esse título porque adoro rimas, a verdade é que nunca sei o que por aí! hahaha



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Por João Lucas

Graças a Deus o médico chegou rápido, se ele demorasse mais um pouco quem iria precisar de seus serviços era eu. Meu coração está acelerado, Eduarda ainda não acordou, já faz muitos minutos que ela está desmaiada no quarto.

Assim que o Doutor entrou em casa, minha mãe decidiu que seria ela quem acompanharia a consulta: "Do jeito que você está, vai até atrapalhar o médico." Ela me disse, e no fundo tem razão.

Me sinto péssimo, não deveria ter falado nada pra Du, podia ter deixado como estava... Começo a chorar, tenho medo do que esteja acontecendo lá dentro, Eduarda já perdeu um bebe, espero que isso não aconteça de novo, ainda mais por minha culpa.

Fico esperando no corredor, sentado no chão com as costas escoradas na porta, até que escuto passos correndo em minha direção.
A: Papai, o que tá acontecendo? - Ergo meus olhos e vejo meus dois filhos, um do lado do outro, me encarando.

Eles parecem preocupados e, me vendo agora, com certeza vão ficar ainda mais.
JL: Nada, vão brincar com o avô de vocês... - Digo, enxugando as lágrimas de meu rosto.
M: Ele foi trabalhar! - Minha filha responde. - A gente ouviu a vovó ligando pro médico, cadê a mamãe?

Eles são crianças, não idiotas... Já sacaram o que aconteceu!
JL: Ela passou mal, mas já está sendo atendida, vai ficar tudo bem! - Tento passar confiança em minha voz, mas acho que não consegui isso.
M: Eu quero falar com ela! - Minha filha diz, e vejo que também começa a chorar.
JL: Não dá, agora a mamãe ta dormindo!

Alfredinho, se abaixa até mim e pergunta:
A: Papai, a mamãe vai acolda ou vai dolmi pla semple igual a vovó Malia? - Ele parece assustado, sua mente deve estar um pouco confusa, seus olhos transbordam!
JL: Calma! - Eu o puxo para um abraço. - Ta tudo bem, ela não vai morrer... Daqui a pouco sua mãe acorda! - O aperto forte e afago suas costa.

Escuto mais alguns passos e logo vejo Amanda surgindo em minha frente. Sua barriga já está grande, ela deve estar de mais de 7 meses... Nunca a imaginei mãe, quem diria.
A: A Maria Marta pediu pra eu ficar de olho neles, mas quando eu pisquei os dois já haviam sumido!

Eles pedem desculpas para sua tia e por alguns segundos consigo sorrir. Meus filhos são as crianças mais espertas e fofas que existem no mundo.
JL: Vão brincar com a Amanda, quando a Eduarda estiver bem eu peço pra alguém chamar vocês! Ok?

Eles assentem que sim, não muito felizes, e são levados por sua tia escada abaixo. Olho no relógio, nem passou tanto tempo assim desde que o médico entrou no quarto, mas pra mim já é uma eternidade.

Ainda com as costas encostadas na porta, começo a bater a parte de trás da minha cabeça na superfície dura de madeira, talvez para ter certeza de que aquilo realmente não é um pesadelo, porque se fosse eu despertaria com a dor das pancadas... Infelizmente tudo é real! Faço isso por mais alguns segundos, até que escuto alguém mexendo na maçaneta do lado de dentro do quarto. Não tenho tempo de levantar, alguém abre a porta rapidamente e eu caiu sobre o chão duro.

Para minha sorte eu estava sentado, senão o choque com certeza seria maior. Fico deitado olhando pro teto, até que vejo os olhos de minha mãe surgindo acima de mim. Maria Marta me encara brava.
MM: Que coisa chata, Lucas! - Fico olhando seus lindos olhos verdes, enquanto ela continua a reclamar. Parece que o barulho das minhas batidas na porta a deixaram um pouco irritada.

Me levanto do chão e dirijo meu olhar para cama. Eduarda está deitada sobre ela, já acordada e parece bem... Um pouco pálida, mais ainda assim bem! Sinto um alívio gigantesco, as coisas voltaram a fazer sentido e minha alma passou a ser mais leve. O médico está guardando suas coisas em uma maleta, então eu o pergunto:
JL: O que aconteceu doutor? Ta tudo bem com a minha esposa, e o meu lekinho?
MM: Não acredito que você ainda usa esse linguajar, vamos evoluir meu filho... - Minha mãe implica.

Na verdade não usava mais, faz tempo que não me referia a um filho meu assim, porém hoje a palavra saiu sem eu nem eu pensar.
Dr: Está tudo bem, sua esposa só teve uma queda de pressão, é normal no inicio da gestação...
JL: Mas não tem nenhum risco pro bebe, né? Ele tá ótimo!
Dr: Sim, está! Fique tranquilo, é melhor ter a pressão baixa do que alta na gravidez! A Eduarda agora só precisa de um pouco de repouso! - Ele olha para minha esposa. - Você já começou a fazer o pré-natal?
Du: Ainda não, mas vou marcar uma consulta...
JL: Doutor, ontem a noite a gente transou, isso pode ter prejudicado alguma coisa? - Vejo os olhos de Eduarda me repreendendo e em seguida a pele de sua bochecha corando.

"Qual é? Preciso saber..." Tento dizer isso por meio de meus olhos, e tenho certeza que ela compreendeu. Melhores amigos sabem conversar sem usar palavras e Du ainda é a minha melhor amiga.
Dr: Não, sexo durante a gestação não faz mal pro bebe...
JL: É que a gente exagerou um pouco, sabe?
Du: Lucas, cala boca! - Ela me olha com os olhos arregalados.

O médico ri, e responde.
Dr: O cansaço causado por muito esforço físico pode sim abaixar a pressão, então vamos com calma! - Ele ri.

Eduarda ainda está vermelha, não entendo sua vergonha, talvez seja pela presença de minha mãe no quarto, não sei... Eu caminho até a cama e me sento ao lado de Eduarda, ela ainda me repreende com o olhar e então minha mãe diz ao médico:
MM: Eu acompanho o senhor até a porta! - Maria Marta percebeu que queremos ficar a sós.

Os dois saem e ficamos somente eu e Du.
Du: Pô Lucas, fica quieto cara... Sua mãe aqui, podia ter perguntado só pro doutor!
JL: Foi mal, só estava preocupado... - Digo, pegando em sua mão.
Du: Ainda bem que não aconteceu nada com nosso filho!
JL: Sim, mas tu me deu um susto enorme... Não faz mais isso não, em?! - Sorriu.

Acho que Eduarda só se lembrou agora que está brava comigo, pois depois de alguns segundos, tirou sua mão de perto da minha. Com o susto e todo o nervosismo, até tinha me esquecido que estávamos brigando, isso agora nem faz mais sentido.
Du: Assustada fiquei eu quando vi que você não tinha me perdoada, mesmo depois da noite incrível que tivemos!
JL: Se eu dissesse que sim, seria só da boca pra fora... Tenta entender!
Du: A gente podia ter tido essa conversa antes de você me dá uns pega!

"Lekinhos" "Pegas" e brigas, acho que essa casa não faz bem pra gente, parecemos dois adolescentes de novo, agimos desse jeito...
JL: Você errou comigo, eu errei com você, vamos esquecer isso e pronto? Quero acabar de vez com essa história!
Du: Eu não quero esquecer... É bom lembrar! Se esquecermos podemos cometer os mesmos erros de novo!
JL: E o que a gente faz? Você quer que eu te peça desculpas? - Não estamos gritando nem nada, nossas vozes estão calmas. - Não aguento mais essa palavra, to de saco cheio de ser sempre o errado, o vilão...
Du: Você nunca é o vilão, é o meu super herói... - Ela sorri pra mim e pega na minha mão novamente. - Estava tudo tão bem, dai você veio com aquele papo...
JL: Só quis esclarecer as coisas, não dá pra seguir a vida deixando fatos tão importantes pra trás, você precisava saber de toda história. Não disse aquilo pra você se sentir mal, só pra tudo ficar as claras entre nós! - Acho que pelo menos nossas mãos já fizeram as pazes, elas acariciam uma a outra. - Se estou brigado com você fico sofrendo, e tu a mesma coisa, então vamos parar de bobeira e seguir a vida? Temos três filhos para criar, não podemos deixar que eles percebam que estamos de mal um com o outro, somos a referencia deles, temos que dar o exemplo...
Du: Você está disposto a esquecer a raiva, só por causa deles?
JL: Não, mas também porque sinto falta de ter paz interior, e você que me dá isso!
Du: Jura que agora é pra valer? Que você não está mais magoado comigo?
JL: Juro, já passou... É difícil manter algum sentimento ruim por você, a única coisa que quero agora é te abraçar e mimar, fiquei tão preocupado contigo! - Fazemos silêncio, então a pergunto. - E você, está chateada comigo?

Ela sorri e me dá um abraço, acho que isso é um não.
Du: Nossa conta tá somada? Tudo igualado e certo? - Ela sussurra no meu ouvido.
JL: Tá sim! - Saiu do abraço e passo a mão por seu rosto. - Mas por favor, vamos me dar mais votos de confiança, tá?! E nada de falar besteira sobre mim pras crianças...

Eduarda pega um travesseiro e taca no meu rosto dizendo:
Du: Para de jogar isso na minha cara seu chato! - Ela não está brava, minha esposa ri.

Eu pego o outro que estava em cima da cama e taco nela também. Assim, dois adultos responsáveis e pais de família, passam alguns minutos brincando feito crianças.

Sim, ainda somos amigos e isso é sublime, depois de anos de casados ela ainda me faz rir feito um bebe ouvindo barulhos engraçados. A amizade e o companheirismo foi o começo de tudo, e isso durará até depois do fim. Me sinto tão bem, por novamente estarmos bem!
JL: Du, tem duas pessoinhas que estão super preocupados com a mamãe deles... Pode chamar? - Falo, assim que perco a guerra de travesseiros. Pedi pra sair, ela estava determinada a me vencer.
Du: Claro! - Eduarda abre um sorriso gigantesco no rosto.

Minha esposa se levanta e caminha até sua mala. Du ainda veste apenas uma toalha...
JL: O que você pensa que está fazendo? - A encaro, fingindo estar bravo. - Já pra cama, eu escolho uma roupa pra você!

Ela ri, e volta a se sentar. Minha esposa gosta de ser mimada por mim e, eu gosto de mima-la.

Podíamos ficar dias brigados e parar de nos falar, mas isso só faria mal a nós mesmo! Perdoou ela e, me perdoou também! Isso é libertador... O orgulho me pedia mais um tempo de afastamento, mas meu coração necessita e não para de ama-la. Sentir raiva de si próprio, por ser tão dependente de uma pessoa, deve ser normal, as vezes sinto isso, mas é mais fácil me odiar, do que ela.

Ajudo Eduarda a terminar de se vestir e então vou procurar meus filhos, eles devem estar no quarto da Amanda... Assim que abro a porta, dou de cara com minha mãe. Ela sorri para mim e diz:
MM: Ainda bem que vocês já se entenderam, as crianças estão lá na sala, com licença...

Ela estava escutando atrás da porta e nem fez questão de esconder isso... Morria de saudades da sua cara de pau!

Nem precisei chegar ao fim dos degraus da escada, assim que meus filhos ouviram que eu estava descendo, já correram até mim.
A: Ela acoldo?
M: Tá tudo bem?
JL: Tá tudo ótimo! - Respondo sorrindo.

As crianças sobem as escadas correndo e eu até penso em repreende-las, afinal isso é perigoso, mas acabo fazendo o mesmo. Assim que eles chegam no nosso quarto, correm para abraçar a mãe. Os dois sofreram uma perda muito difícil, ficaram com medo de acontecer de novo.
M: Ainda bem que você tá melhor! - Marta fala, apertando sua mãe.
A: Eu fiquei com medo de você mole!
M: Cala boca Dinho, a mamãe não vai morrer nunca! Né?
Du: Um dia eu vou, mais vai demorar muito!
A: Muito quanto, 100 anos?

Eduarda sorri com a pergunta e responde que sim. 100 anos parece um bom tempo, um número impossível sabemos, mas muito mais reconfortante.

Claraide, ela ainda trabalha para minha família, trás algo para comermos a pedido de minha mãe e então nós quatro, ou melhor, cinco, ficamos ali brincando, comendo, ouvindo e contando histórias.

Dinho é de longe o mais animado com a chegada de um irmão, mas Marta hoje colocou a mão na barriga de Du pela primeira vez e, perguntou como o bebe conseguia respirar lá dentro... Isso já é um grande progresso! Meus filhos esqueceram dos desenhos animados, a Peppa deve estar passando agora, mas eles preferiram ficar aqui conosco, fazendo perguntas e planos pro futuro. Martinha disse que vai ensinar a irmã ( ela já tem certeza que é uma menina) a ser menos chata que Alfredinho, foi implicância da parte dela, mas meu filho riu.

O clima ruim que existia entre mim e Eduarda simplesmente desapareceu, nossos filhos perceberam isso e ficaram felizes, e consequentemente eu fiquei ainda melhor. A alegria deles é a minha também!

Estava contando a eles a história dos três porquinhos, quando alguém bate na porta. Pensava que seria minha mãe, ou até mesmo meu pai que havia chegado do trabalho mais cedo, mas quem apareceu foi Silviano.
JL: Veio se juntar a nós? - Sorriu. - Senta aí...
S: Desculpe Master Lucas, mas estou em horário de serviço, não posso me sentar e deixar meus afazeres de lado... - Ele diz, com sua calma habitual. - Só vim avisar que tem visita pra vocês, o porteiro não a deixou subir e interfonou perguntando se podia...
JL: Mas quem é? - É estranho recebermos visita, quase ninguém sabe da nossa vinda pra cá.
S: Ela só disse que é uma amiga, posso deixar subir?

Olho para minha esposa, ela também parece não fazer ideia de quem seja.
JL: Pode, pode sim... - Respondo.

Estou curioso, vamos ver quem é essa pessoa e o que ela quer... Só espero que não seja ninguém para estragar meu dia.


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Notas finais do capítulo

Eae, quem será? Ainda estou em dúvida, penso em três pessoas...