Por Eduarda.

Já anoiteceu, faz algumas horas que Lucas saiu para dar seu depoimento a polícia. Queria ir junto, mas ele não deixou. Falou que delegacia não era um lugar que eu deveria entrar... Assim que ele saiu, liguei para meu sogro! José Alfredo vai saber o que fazer.

As acusações contra Lucas não são tão graves assim, mas tendo um dos melhores advogados de todos contra ele, me parece difícil sair em pune...

Meus filhos já estão dormindo mas eu continuo acordada. Estou agoniada desde hoje a tarde...

"Lucas não voltou, será que ficou preso? Não, por favor Deus..." Imploro aos céus.

Talvez se eu dormisse, já acordaria com ele aqui pela manha ou despertaria no outro dia e veria que tudo não passou de um pesadelo... Mas não dá, não posso e não consigo dormir. Fecho meus olhos e, imagino meu marido preso, em uma cela com milhares de detentos com cara de maus, logo os abro de novo, não gosto de pensar isso.

As luzes da sala estão apagadas, mas mesmo assim estou sentada do sofá esperando... Se pelo menos alguém me ligasse, me mandasse notícias!

O silêncio mortal da noite, que me é favorável quando estou com sono, hoje me assusta. Quero o barulho da porta se abrindo, desejo escutar Lucas chegando, espero receber boas notícias...

O telefone não sai da minha mão! Já liguei várias vezes para meu sogro, mas o celular dele deve estar desligado.
Du: Tomara que você tenha arrumado um bom advogado pro meu marido... - Falo, olhando para o número de José Alfredo.

Me deito e fico olhando para o teto. Tanto faz se minhas pálpebras estiverem abertas ou fechadas, a escuridão reina.

Daqui a alguns dias será o desfile da Império, Lucas tem que estar lá, preciso dele me olhando, me fazendo ter confiança... Ele prometeu que estaria comigo, de frente pra mim guiando meus passos com os olhos, sei que vai cumprir!

Escuto o barulho de um carro estacionando, corro para ver quem é, porém ele para na frente da casa de uma vizinha. "Que ódio..."

Um choro começa e logo percebo que é de Martinha, subo as escadas e vou cuidar dela, é só isso que me resta, e no final o tempo sempre passa mais rápido ao lado de meus filhos.

( no outro dia, pela manha.)

Passei a noite inteira em claro.

De madrugada meu sogro ligou avisado que Lucas ficaria na cadeia o resto da noite, mas que já sairia pela manhã. Os advogados, sim no plural, estão correndo atrás de uma forma de solta-lo. Ele responderá a um processo, mas em liberdade...

Isso me deixou tranquila, mas nem tanto. Preferia que Lucas não tivesse dormido lá! Se bem que, tenho quase certeza de que ele não dormiu. Assim como eu, já não estamos mais acostumados a pegar no sono sem estar do lado um do outro, muito menos em lugares desconfortáveis e, aposto que uma cela de prisão não é lá muito agradável...

O mundo dá muitas voltas, ontem mesmo Lucas não queria nem falar com seu pai e estava extremamente magoado, mas agora a única pessoa que está movendo céus e terras para nos ajudar é justamente ele... Porém, nada disso teria acontecido se meu sogro tivesse sido sincero conosco. Nunca teríamos colocado o Fabiano dentro de casa, e consequentemente meu marido nunca teria batido nele, nem ameaçado... Aliais, isso foi uma coisa que me deixou assustada: Ele dizendo que o mataria. Nunca o havia visto daquele jeito, com tanto ódio... Sei que ele não é capaz disso, mas todos que viram a cena e não o conhecem direito, pensam que Lucas é um psicopata, eu pensaria...

O vídeo já caiu na internet, isso é péssimo... A justiça falha muitas vezes, mas quando o povo se junta por um ideal e luta para que haja o cumprimento das leis, as vezes funciona... A população já está contra meu marido!

"Só porque é rico acha que pode fazer tudo... Nojento, tem que ser preso esse mané, sentir o peso da justiça" Comentários assim aparecem aos montes.

Escuto o barulho da maçaneta se abrindo e corro até a porta, finalmente é ele.
Du: Meu amor! - Pulo em seus braços e lhe dou um beijo. - Ainda bem que tu saiu!
JL: Eu to acabado Du...
Du: Imagino! - Acaricio seu rosto e observo seu semblante cansado. - Não dormiu a noite inteira né?
JL: Não... - Ele me olha. - Nem você!
Du: Estava preocupada demais para sentir sono, mas me conta, o que aconteceu?

Lucas caminha até o sofá e eu o sigo, deitamos ali os dois, bem abraçadinhos, e ele começa a me contar.
JL: Dei meu depoimento, falei a verdade sobre tudo, contei que ele era um espião, que se fingia de amigo, etc... Eles ouviram mais testemunhas e enquanto isso fiquei detido, o Merival pediu prisão preventiva sei lá porque e...
Du: Porque ele quer te ferrar... - Interrompo.
JL: Sim, e ele é muito bom nisso! Tem muitos contatos, conhece muita gente... Mas o meu pai também conhece! - Lucas sorri. - O Comendador pareceu lá com uns 4 advogados, e eles conseguiram me soltar. Vou responder o processo em liberdade!
Du: E de quanto é a pena?
JL: De agressão vai de três meses a um ano, já de ameaça é pena miníma, me garantiram que não acontece nada, só se ele aparecer machucado ou coisa do tipo... Dai com certeza serei o principal suspeito... - Ele está com a voz sonolenta, vamos acabar dormindo aqui. - Fica tranquila, não vai acontecer nada tá?! Não serei preso, não vou deixar minha gata sozinha! - Ele me dá um beijo na testa e eu sorriu.
Du: Mas todos estão contra você na internet... Tu sabe que quando a população clama, a justiça acaba funcionando.
JL: O vídeo já caiu na rede?
Du: Já sim, virou um viral... E advinha quem postou primeiro?
JL: O Téo, lógico! - Ele me faz cafuné. - Dizem que memória de brasileiro é curta, espero que sim!
Du: Também espero, não nasci para ser esposa de presidiário!

Lucas começa a rir e logo me explica o porquê:
JL: Imaginei você indo no presidio me fazer visita íntima...

Rimos juntos, e após alguns minutos de silêncio adormecemos.

Estávamos os dois cansados, nossa noite foi difícil, complicada... Dormimos no sofá, ele com a mesma roupa que estava hoje mais cedo. Acabados, com medo, mas ainda assim juntos!

Nada parece nos atingir agora.

( 5 dias depois - Sexta-feira. )

É amanha, finalmente está chegando o dia do desfile.

Nunca estive tão nervosa... As fotos da campanha chegaram, e pelo menos nisso Fabiano é muito bom. Todas ficaram ótimas, e não poderia ter sido de outro jeito, ele assinou um contrato.

Lucas ficou a semana toda em casa, junto comigo. Foram dias difíceis, nem acessamos a internet, todos estão contra ele. Falam mal de meu marido, sobem tags no twitter pedindo justiça... E tudo isso nem é pelo crime ser grave, apenas porque se irritaram com o fato de ricos não ficarem na cadeia, meu esposo só virou a inspiração da revolta, tem muito mais sentimentos envolvidos, não é só contra Lucas, é contra as leis, que na realidade, não são igualitárias para todos. A constituição diz que somos iguais perante a lei, mas são poucos os que podem pagar advogados tão bons quanto os de Lucas. No fundo, a raiva faz sentido.

Meu marido está sentado na cama, me esperando para descermos juntos. Já passam das 11:00, mas acordamos a pouco, ainda não comemos nada.
JL: Eu só vou nesse desfile amanhã por você, aposto que vai ter alguém me xingando, virei o monstro da vez...
Du: Se tu não quiser ir, tudo bem... - Minto, não ficará tudo bem. O quero comigo!
JL: Te conheço, sei que você quer que eu vá. E no fundo, também quero ir muito. Mal posso esperar pra te ver desfilando por aquela passarela, mostrando as jóias e toda sua beleza...
Du: Só de pensar já dá um friozinho na barriga. Ontem eu fui com a sua mãe no salão que ocorrerá o desfile. Está lindo, deslumbrante...
JL: Imagino, as festas da Império sempre são magnificas.
Du: Falando em Império - Me sento a seu lado. - Tu não vai voltar pra lá mesmo, né?!
JL: Não! Já perdoei meu pai, mas agora quero crescer por mim próprio sabe?! Sei que ele não acredita na minha capacidade, não faz por mal, mas não acredita... Tenho uma grana guardada, quem sabe não abro um negócio, sei lá!
Du: Tipo uma barraquinha de cachorro quente? - Brinco. - Vou adorar te ajudar nisso...
JL: Não besta! - Ele joga o travesseiro em mim. - Tipo uma agência de modelos...
Du: Hã? Ta doido, e você lá entende disso?
JL: Claro que entendo, casei com uma! - Ele me puxa e me joga da cama. - E você vai ser a primeira modelo da minha agência!
Du: Aé? Não fui notificada disso... Quem disse que vou aceitar?
JL: Não vai? - Ele morde os lábios. - Vou ter que te convencer do contrário...

Lucas me beija enquanto segura meus braços, e se minha intenção fosse verdadeiramente dizer não a sua proposta, agora aceitaria.

Ele tira sua boca da minha, me olha sorrindo e pergunta:
JL: Ainda é um não?
Du: Depende... Se eu disser que é, você me beija de novo?
JL: Pode ser, até faço outras coisas... Tenho muitas artimanhas para te convencer!
Du: Quero conhecer todas!

Ele me beija, dessa vez com mais intensidade, e já começo a sentir seus dedos indo até o botão de meu shorts. Ele já ia tira-lo, quando alguém bate na porta.

Paramos nosso beijo, um pouco frustados, e eu pergunto:
Du: Quê que foi?
A: Desculpa atrapalhar, tem visita pra vocês...

Levanto da cama, me recomponho e vou até a porta do quarto, a abro dizendo:
Du: Quem é em?
A: A dona Maria e a empregada dela...
Du: Nossa, mas logo cedo...
A: Na verdade não é tão cedo assim, você que acordaram um pouquinho tarde... - Ela sorri.

Ana tem razão, nosso sono está descontrolado, dormimos só de madrugada e acordamos perto da hora do almoço.
Du: Diz que já estamos descendo!

Volto para cama, onde Lucas ainda estava deitado e ele me diz:
JL: Adoro a Maria, mas em tantas horas para ela chegar, tinha que ter vindo justo agora? - Ele se senta na cama e me dá um beijo.
Du: Depois a gente continua isso... - Sorriu. - Agora eu vou lá, desce daqui a pouco!
JL: Assim que eu puder, desço lá! - Ele sorri.

Vou até a sala, onde as visitas esperam, e cumprimento as duas. A minha vizinha é um amor, acabamos nos aproximando mais nessa semana do que em todos os outros milhares de meses em que eu já morava aqui. Ela está um pouco mais debilitada esses dias, só sai de casa com a ajuda de Alzira, sua fiel empregada... Não sei porque, mas não consigo ir com a cara dela.
M: Ola, cheguei muito cedo? - Ela pergunta e eu balanço a cabeça negativamente. - Vim te trazer isso...

Ela me entrega uma compota de doce de abobora, e por mais que eu não goste muito, fico emocionada com o gesto.
Du: Muito obrigada! - Lhe dou um abraço.
M: Magina, foi um prazer... Eu mesma fiz, receita da minha finada mãe!
A: Ela deveria descansar, mas preferiu fazer esse doce pra você!

Me sinto culpada, eu nem vou comer...
Du: Não precisava se incomodar...

Me sento no sofá e conversamos. Maria tem um jeito simples, mas sei que é muito rica. Seus pais tinham muitas fazendas, ela herdou tudo... A própria me disse! Apesar disso, não tem ninguém, nenhum parente vivo, sua fortuna vai acabar ficando para a empregada ou para caridade...
M: Os bebes estão acordados? - Ela me pergunta, um pouco tímida.
Du: Claro, vou pega-los!

Subo as escadas e no corredor encontro Lucas, ele já estava descendo. Nós dois pegamos nossos filhos, e os levamos para a sala. Quando estávamos descendo os degraus, escuto Alzira falando.
A: Não gosto desse povo... Eu te mostrei o vídeo do Lucas agredindo aquele coitado? Ele é malvado, até ameaçou o cara de morte!
M: Pare de ser implicante, ele é um bom menino...

Os bebes fazem barulho, e elas nos vêem. Maria dá um sorriso, e pega Matinha no colo.
M: Vem com a vovó... - Ela diz isso, mas logo se assusta com suas palavras. - Desculpa, eu não...
JL: Tudo bem, você pode ser a vovó dela! - Meu marido sorri.
Du: É, já que eles não tem o afeto por parte da minha família, você pode preencher isso!
M: Jura? - Há lágrimas no rosto dela. Deve ser difícil não ter ninguém... - Então, Martinha e Dinho, agora vocês são meus netos.

Alzira parece não gostar do que ouve, qual o problema dessa mulher com a gente?

Estávamos morrendo de fome, então pedimos para Ana trazer algo para comermos. Guardo o doce que ganhei de Maria da geladeira e então volto para sala.

Brincamos com os bebes por horas, minha vizinha nos conta várias histórias, e ficamos fascinados com todo seu conhecimento. Sempre achei que quem vive bastante, sabe muito, e que ouvi-los é praticamente uma aula de vida.

Minhas visitas se levantam do sofá e se despedem de nós. O tempo passou voando, amei recebe-la. A guiamos até a porta, e quando Alzira levava Maria para casa, alguém aparece gritando:
F: Burro, tonto, besta, seu merda. Viadinho!

É Fabiano quem está na nossa frente, ele tá completamente drogado, louco.
A: O que significa isso?
M: Ta vendo o seu coitadinho? - Escuto Maria sussurrando para Alzira.

Olho Lucas e ele não acredita no que está vendo, pensávamos que dificilmente o encontraríamos de novo.
JL: O que tu esta fazendo aqui cara? Não disse para sumir?
F: Disse, mas eu tinha que vir aqui falar que eu não sou o bocó que tu pensa... Só não reagi pra te por na cadeia, e mesmo que tu não fique preso, todos vão te odiar... - Ele ri novamente, seu estado é deplorável. A íris azul de seus olhos não chamam mais atenção... Não tanto como a parte vermelha de seu olho! - I di o ta. - Ele fala.
JL: Idiota é você! - Lucas grita. - Saí da minha casa, some daqui! Só não racho sua cara no meio agora, por respeito a minha família!
F: Ui, que medo! - Ele tira sarro.
JL: É pra ter mesmo! - Ela faz sinal de que irá até Fabiano, mas eu o seguro e digo:
Du: Você prometeu!

Lucas me olha, respira fundo e entra dentro de casa, fugindo de si próprio, da sua raiva... Ele resistiu, não partiu pra cima. Sinto orgulho.
F: Covarde! - Fabiano grita.
Du: Se tu não sair daqui agora chamo a polícia!
F: Tu é marrenta em?! - Ele caminha até a mim, e eu dou alguns passos para trás. - Mas é até um charme... Gostosinha!

Dou um tapa em seu rosto, com toda minha força, e ele leva a mão ao local. Fabiano está todo roxo, aposto que isso fez a bofetada doer ainda mais.
F: Credo, que família violenta! Será que isso também entra como agressão? - Ele ri. - Tchau Lavagirl...

Fabiano sai andando e o vejo entrar em um carro. Naquele estado vai acabar se matando, e eu não vou ver problema nenhum nisso.
M: Você está bem? - Minha vizinha pergunta.
Du: Não... - Choro, não de tristeza e sim de ódio. - To entendendo o Lucas, que raiva desse homem!
M: Não fique assim! Aqui se faz, aqui se paga. Um dia ele terá o que merece...
Du: Assim espero... - Enxugo meu rosto, já me proibi de sofrer. - Eu vou lá ver o Lucas, tchau!

Entro em casa e de cara encontro a baba cuidando de meus filhos, ainda bem que eles não entendem o que acontece. Subo as escadas e corro pro nosso quarto.

O colchão da cama está jogado no chão, os travesseiros um pra cada lado do quarto, meu marido está péssimo.
JL: Por que ele veio aqui? - Ele grita assim que me vê.
Du: Estava chapado, drogado, sei lá... Nem deve estar sabendo o que fez, aposto que o pai não mandou ele aqui!
JL: Deveríamos ter chamado a polícia!
Du: Mais um escândalo? Chega, esquece isso! Ele vai sumir!

Me aproximo e o abraço! Isso acalma nós dois, somos um remédio um pro outro.
JL: Pelo menos eu não bati nele... - Lucas fala, assim que me solta e olha pro quarto. - Descontei a raiva no colchão e nos travesseiros, eles não quebram!
Du: Já eu não consegui manter o controle, não por muito tempo... Meti a mão na fuça dele! - Sorriu. - Ele me tirou do sério.
JL: Mentira... Jura?! - Ele sorri. - Coitado dele, tu tem uma mão bem pesada...
Du: Como você sabe?
JL: Tu já me deu um tapa uma vez! Esqueceu?
Du: É o que dizem, quem bate esquece, mas quem apanha não...

Ele ri.
JL: O que doeu nem foi o tapa, só o fato de você querer me machucar... - Ele faz bico.
Du: Ai, para com isso. Faz tanto tempo, desculpas... Assim vou acabar me sentindo culpada...
JL: Para ganhar meu perdão tu tem que me dar muitos beijinhos! - Ele sorri, e me puxa pela cintura para um beijo.

E de repente, o Fabiano desaparece, esquecemos dele por instantes, coisas ruins não se mantem fortes quando o amor domina o ambiente.

Ele me joga no colchão que está no chão e continuamos o que estávamos fazendo mais cedo, dessa vez porém, sem interrupções.

(Sábado, dia do desfile. )

Meu marido está impecável em um terno preto, todos os filhos do comendador vestirão essa cor. A festa ainda vai demorar algumas horas para começar, mas devemos estar lá mais cedo, principalmente eu.

Meu coração bate acelerado, minha boca está seca... "Porque aceitei isso mesmo?" Me pergunto, mas aí lembro e me sinto uma idiota.

Passou tão rápido esses dias, parece que foi ontem que experimentei a primeira joia.

Me olho no espelho e confiro os últimos detalhes de meu vestido.
JL: Não sei pra que se arrumar, eles vão te maquiar lá, te dar outra roupa...
Du: Eu sei, mas não posso chegar feia!
JL: Até porque é impossível... - Ele se levanta e me abraça por trás. - Tu é a mais linda, vai deixar todo mundo babando!
Du: Se eu não tropeçar no vestido, já está bom!
JL: Que isso Du? Pensamento positivo sempre!
Du: Ok, tem razão! Hoje vai ser ótimo, vou arrasar, lacrar tudo...
JL: Aham! A minha modelo vai arrasar.
Du: Falando nisso, aquele papo de agência de modelos é sério?
JL: Acho que sim, ainda tenho que ver certinho como monta esse negócio, mas sinto que vai ser um sucesso!
Du: Pode contar com o meu apoio! - O beijo.

Nos despedimos de nossos filhos, eles ficarão aos cuidados da babá, e vamos pro carro. Especialmente hoje, é Lucas quem dirige.

Chegamos ao local do desfile e logo milhares de jornalistas vem até nosso encontro. Eles nos perguntam da coleção, da sensação de estar desfilando pela primeira vez, e principalmente sobre o motivo de Lucas ter agredido "um moço tão bom..." Foi assim que um deles se referiu a Fabiano.
JL: Se soubessem... - Diz Lucas no meu ouvido, assim que entramos na festa.

Sou levada até a sala de maquiagem e logo umas 3 pessoas estão me arrumando. Fecho meus olhos e os deixo trabalhar, todos são ótimos profissionais... Os minutos se passam, e quando eu estava quase cochilando escuto um dos maquiadores dizendo.
M: Ta linda gata, divina!

Abro meus olhos, e realmente me acho assim. Não me lembro de estar tão bonita desse jeito há tempos, talvez nem no meu próprio casamento...

Confesso que fico me namorando no espelho, até que sinto falta de alguém.
Du: Vocês viram meu marido?
M: O bofe magia vestido de preto?
Du: Esse mesmo... - Riu.
M: Ele saiu faz uns dois minuto.

Me levanto da cadeira onde estava sentada e vou em direção a porta, os maquiadores até pedem para que eu espere ele aqui, mas quero que Lucas me veja logo. Gosto de escutar seus elogios, e hoje com certeza ganharei muitos!

Assim que abro a porta, o vejo conversando com dois... Policiais? Por quê?

De novo não...
Du: Lucas, que isso?

Ele se assusta ao ouvir minha voz, se vira de supetão e fica me olhando. Seus olhos estão cheios de lágrimas, mas ao me ver sorri.
JL: Você está linda demais, ual... - Ele se aproxima e pega na minha mão. - Desculpa, não vou poder ficar pro desfile.
Du: O que? Não, você prometeu que estaria...
JL: Meu pensamento, minha torcida e meu coração estarão contigo. Só meu corpo que não... Arrasa lá, dá o seu melhor, por mim!
Du: Mas por que isso? Por que esses policiais estão aqui? - Meus olhos se enchem de lágrimas, ainda bem que a maquiagem é aprova d´água.
JL: O Fabiano, ele foi encontrado morto com 3 tiros no peito. Ele não morava aqui a tanto tempo, não tinha muitos inimigos... Só eu! - Ele chora. - Eu que o ameacei em público, que jurei que o mataria caso ele se aproximasse novamente de nós! Sou o único e principal suspeito do assassinato!

Até morto esse cara nos trás problemas.

E agora? Como vamos provar que Lucas é inocente? Ele é o único que tinha motivos para matar Fabiano... Não, deve existir outra pessoa! Mas quem?

Os policiais algemam Lucas, e vejo ele sendo levado embora, provavelmente pro camburão.
JL: Desfila, por favor! - Ele grita, antes de sumir.

Fico ali, parada, sem reação. As lágrimas caem e eu nem penso em enxuga-las.

Não tem nenhuma música tocando, mas a trilha sonora desse momento é: "Meu mundo caiu..."