Silver Snow ESPECIAL DE NATAL DO TAP vol.2 escrita por Matheus Henrique Martins


Capítulo 21
Exilado




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Na manhã seguinte, estamos andando com o jipe para fora da cidade de Vallywood, deixando a cidade para trás. Cruzamos a rodovia todos em silencio, exaustos demais para alguma coisa. Eduardo esta no volante, os olhos em foco na estrada e o corpo retesado. Andressa esta com a cabeça recostada no vidro da janela, parecendo a mais cansada de todos. Olho a minha esquerda e Freya parece distraída, os pensamentos perdidos; desconfio que ela ainda esteja em choque com as ultimas revelações. Felipe esta a minha direita, parecendo um pouco relaxado, mas quando encontra meu olhar, ele suspira e olha o outro lado.

Meu peito se aperta com dor e olho para frente, focado.

Mas então Eduardo derrapa o carro com tudo e todos vamos para a frente. Olhamos uns aos outros confusos enquanto ele saí do carro e abre a porta ao lado de Felipe.

E então, chocando a todos nós, ele o tira do carro a força.

– Edu! – Dessa grita, mas ele não liga e soca o rosto chocado de Felipe.

Saímos do carro, mas então Freya segura meu braço para me impedir de entrar na briga.

– Mas que porra, cara? – Felipe grita.

Eduardo o fuzila com os olhos e o soca de novo. Felipe tenta se recompor, mas ele o chuta no estomago e ele cai estatelado no chão.

Encaro a cena toda de um jeito entorpecido. O que esta acontecendo aqui? Por que não consigo – e não quero – me mover para ajudar?

– Eu quero você longe! – Eduardo aponta o dedo para o seu peito. – E se eu te ver de novo, eu mato você!

– Mas...

– Você nos abandonou, seu covarde! – Eduardo o chuta na barriga de novo. – Achou que eu não vi o que você fez quando Freya estava quase matando o Fernando? Acha que eu não te vi correndo, seu covarde?!

Compreensão passa pelo rosto de Felipe e ele olha para mim. Sinto meus pelos se arrepiarem com a escuridão em seus olhos ontem. Eu o olho de volta, com raiva.

– Eu... – ele gagueja. – Eu não sabia que... Eu não sabia que a espada ia atingi-la, eu achei que Freya...

– Eu não ligo! – Eduardo berra no seu rosto. – Nunca se abandona alguém em uma missão! Isso é uma covardia e é o ato mais baixo nesse mundo!

– Mas eu não sabia o que fazer!

– Essa é a questão, seu inútil! – Eduardo sibila. – Sempre tem algo a se fazer! Sempre tem uma solução e você preferiu fugir e nos deixar morrer a tentar descobrir alguma! Você é um covarde!

Olho ao meu lado e Freya olha a cena de modo nostálgico, provavelmente pensando na traição de sua gêmea perversa. Andressa esta calada, observando as costas de Edu de maneira inexpressiva – e isso é algo inédito, ela não comenta absolutamente nada.

Felipe respira fundo no chão.

– Eu lamento – ele balbucia no chão e limpa o sangue do rosto. – Deveria ter continuado lá e me deixado morrer ou algo do tipo, até mesmo me sacrificar!

– Qualquer coisa seria melhor! – Eduardo berra. – Qualquer coisa melhor do que correr da raia!

Felipe pisca para afastar as lagrimas e se levanta do chão.

– Sinto muito – ele olha para todos nós e depois para Eduardo, que ainda o encara. – Agora que já me deu lição de moral, podemos ir? – seu tom fica agudo.

A expressão de resposta de Eduardo faz com que eu me arrepie. Algo me diz que eu não queria ser Felipe nesse exato momento.

– Na verdade – o tom de Edu é escasso. – Esse carro só serve para aqueles que são membros do Pack.

– E vitimas da missão – Freya comenta.

– E vitimas da missão – ele acrescenta, ainda encarando Felipe, que dá de ombros.

– Então, vamos – ele diz.

Eduardo ri.

Membros do Pack, apenas – ele sibila. – Você não é mais um membro do Pack, Felipe Carvalho. Você fracassou em sua missão.

Felipe arregala os olhos até o último e fica pálido. Por alguns minutos se parece com o garoto que aparenta ser.

– Mas como eu vou voltar? – ele guincha.

Eduardo dá de ombros e não responde, entrando no banco do motorista.

Felipe olha para Andressa em choque, mas ela nada diz e dá a volta no carro para entrar pelo banco do carona. Ele então me olha, de um jeito duro e fico esperando por algo.

Freya aperta meu braço antes de entrar no carro e suspeito que ela sabe mais do que aparenta ser.

– Fernando – ele me olha com os olhos chorosos. – Eu sinto muito por isso tudo. Você me desculpa?

Apenas balanço a cabeça.

– Não só por ter sido um covarde – seu tom é insistente. – Mas por partir seu coração completamente.

Essa última frase mexe comigo por dentro e de repente encontro forças para piscar e me mover até ele. Ficamos frente a frente, olho no olho.

Felipe engole em seco e vai um pouco para trás.

– Se contar isso a alguém – meu tom é cortante. – Eu não vou apenas bater em você como Eduardo fez – eu toco meu dedo indicador no centro do seu peito. – Vou arruinar sua vida... E você vai ter desejado nunca ter me conhecido.

E com isso eu o deixo parado no meio do nada, com metade do meu coração em suas mãos. Mas com o seu orgulho ferido nas minhas.


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