Mizuki se levantou, conseguiu juntar forças suficientes para seguir em frente, apenas começou a seguir o conselho do seu tio...”siga em frente”. A garota olhou melhor para Hideki, viu que o garoto apresentava grandes ferimentos e sangue pelo corpo, perguntou triste:

—Hideki o que fizeram com você....— Disse ela botando a mão no ombro do rapaz.

—Nada comparado ao que fizeram você sofrer— Disse ele se virando.

—Hideki...

—Vamos precisamos salvar os outros— Disse ele apressado correndo para a porta.

—Espere!— Falou Mizuki segurando sua mão, para que ele não saísse da sala— Antes preciso te falar algo.

—O que?— Perguntou ele olhando em seus olhos.

—Eu ainda tinha muita coisa para falar ao sensei, mas não pude, porque ele morreu...não quero que o mesmo aconteça com você...se eu for morrer quero que você saiba de algo— Disse Mizuki abaixando a cabeça depressiva

—Mizuki...

—Hideki...todos esses anos ao seu lado me fizeram perceber uma coisa...— Disse ela corada

—O que?!

Ela o beijou, Hideki teve um susto com a reação da garota, mas logo retribuiu, os dois passaram alguns segundos se beijando naquela sala escura, apenas aproveitando o que poderia ser suas ultimas demonstrações de amor por alguém.

—Eu te amo seu idiota— Disse ela sorrindo, completamente corada

— Mizuki...eu não sabia...— Disse ele confuso abraçando a garota

—Vamos não podemos mais perder tempo...— Disse ela correndo para a porta.

—Ok!— Falou ele acompanhando a garota— E Mizuki...

—Hideki não temos temos tempo a perder!— Disse ela parando.

—Eu também te amo— Disse ele com um grande sorriso.

Ela apenas retribuiu o sorriso e continuou a correr.

...

Kazumi presa naquela cela, já tinha perdido a noção das horas, de vez em quando olhava para seu companheiro, mas ele continuava desacordado, e suas marcas continuavam a se espalhar pelo corpo:

—Essas marcas tem alguma coisa estranha nelas...— Pensava Kazumi— São iguais a daquele demônio...merda eu não sei de nada que está acontecendo, tenho que tomar o controle da situação de alguma forma...

Interrompendo seus pensamentos Buki, o demônio de cabelos brancos entrou, com a sua tipica cara vazia.

—Trouxe comida— Disse ele tentando alegra-la.

—Nossa eu estou me sentindo tão grata— Falou ela ironicamente, ele ficou sem resposta.

—Kazumi eu só estou tentando ser o mais agradável possível, como eu disse não sou eu que estou no comando...— Falou ele abaixando a cabeça.

—Não fale meu nome!— Disse ela brava— Como assim você não pode ter comando sobre si mesmo?! Se você realmente quisesse nos salvaria.

—Eu já te falei sou um demônio, tenho que obedecer meu mestre...

—Você nunca me explicou sobre isso...— Disse ela curiosa.

—Eu vim aqui justamente para isso, quero que você saiba de tudo, antes que a missão se inicie...— Disse ele abrindo um pote de sopa- Saiba que eu já te salvei uma vez...

Ela permaneceu olhando para ele com um olhar de duvida.

—Fui eu que tirei a sua memoria e a de seus amigos...menos a daquele garoto chamado Hideki.

—O que?— Ela gritou— você sabe a merda que fez???

—Deixe-me explicar, mas antes abra a boca— Disse ele com uma colher de sopa na boca— não me faça abrir a força...

—Isso é muito humilhante...— Disse ele obedecendo-o.

Agora vou te contar a verdade- Disse ele com um tom de voz vazio— E depois vou te devolver as suas memorias...

—Me devolva logo— Disse ela agressiva.

—Antes preciso te explicar a verdade...— Ele continuou— A alguns anos eu e minha irmã fomos invocados por um necromante, ele era um homem claramente conturbado, mas nos fizermos um acordo, nos tínhamos que obedece-lo, em troca poderíamos nos alimentar do poder da vitimas daquele homem...

Ela parecia estar assustada, a reação de Kazumi era semelhante a de uma criança ouvindo uma historia de terror.

—Então esse homem invocou um dragão, para causar destruição em maça, de vilas e até mesmo de reinos. Sequestrou as crianças desses vilarejos, pois elas obedecem com facilidade, e matou todos os adultos para nos alimentar...— Falou ele triste, parecia estar decepcionado.

—Para que ele fez isso?— Disse Kazumi assustada.

—Ele queria criar uma raça perfeita, uma raça unica, queria parar todas as guerras inúteis entre povos, onde ele comandaria tudo...então a solução que ele encontrou foi unir os sentimentos dos humanos e a grandeza dos demônios...mas foi ai que tudo aconteceu...— Então ele começou a olhar nos olhos da Kazumi— Ele te usou como rato de laboratorial, na verdade nos usou...

—O que?— Perguntou a garota angustiada.

—Esse homem queria fundir humanos e demônios em apenas uma raça, então colocou o órgão mais forte dos demônios em uma garotinha... Kazumi ele tirou um dos meus olhos e colocou em você, e fez o mesmo comigo...por isso eu sou um demônio-humano e você é uma humana-demônio.

Ela não respondeu nada, parecia estar em choque.

—Então eu comecei a sentir...pena de vocês, esse seu amigo, ele foi marcado com sangue de demônio, por isso tem essa marca...— Buki parecia querer chorar— Então eu tive uma ideia, eu tiraria vocês daquela prisão, apagaria a memoria de vocês e os daria uma nova vida...— Uma lagrima ficou visível em seu rosto— Mas esse tempo que vocês treinaram foi perfeito para aumentar cada vez mais as suas maldições, e depois de um pequeno intervalo, o mestre mandou eu e minha irmã para vigiarem vocês... até que chegasse a hora certa...

Kazumi ficou sem reação, todas aquelas reações sendo jogadas em sua cara ao mesmo tempo, deixaria qualquer um em panico, mas então uma duvida martelou em sua cabeça:

—Por que eu não consigo tirar esse olho de demônio?— Perguntou ela com a voz vazia.

—Depois que você o recebeu, entramos em um estado de conexão...— Ele se levantou— Acho que isso foi demais para você, depois eu volto com suas memorias...

Ele abriu a porta devagar, mas antes de sair falou algo para a garota:

—Kazumi...obrigado por tudo, você foi a unica pessoa em toda minha vida por quem eu senti algo, saiba que eu te considero minha unica amiga, pena que você não pensa o mesmo...

Ele saiu deixando-a mais uma vez trancada naquela sala escura. Então um forte sentimento de ódio invadiu sua mente, ela só pensava em se vingar do homem culpado por tudo aquilo.

—Eu tenho que sair daqui— Pensou ela determinada— Não importa o que aconteça eu vou ter a minha vingança.