Finalmente as aulas tinham acabado o sinal bateu e todos os alunos saíram correndo pela porta desesperados...
É difícil acreditar que mesmo estando no 3° ano eles ainda agem como crianças .

- O que vai fazer agora Liza ? – Perguntou Annie que me esperava para sairmos.
- Estava querendo passar no cemitério Annie , sabe , ver minha mãe .

Ela sorriu pra mim .

Saímos do colégio e começamos a caminhar em silêncio  , Annie ouvia seu Ipod e eu estava distraída observando o céu nublado .
Até que aparamos em frente a casa de Annie .

- Liza , se não tiver nada para fazer a noite e se puder  vem aqui em casa , meus pais vão sair hoje então a casa é nossa .

Eu ri junto com ela , Annie era um garota encatadora .
- Claro , venho sim ^^ ! – Sorri e continuei a caminhar .
- Há , mande um abraço para ela ... – Annie gritou
Ela sempre me disse que minha mãe poderia ouvir tudo o que conversa com ela.

Estava andando com passos lentos , sem pressa de chegar lá
Por um momento senti uma incrível sensação de estar sendo seguida , olhei para trás e nada , a rua estava deserta ...Com certeza era a minha imaginação brincando comigo novamente .

Cheguei o cemitério vazio , caminhei até o tumulo de mamãe .
E me sentei ao lado dele.
 
- Olá mamãe ...
Comecei a falar como se estivesse conversando mesmo com ela .

- Como a senhora está ? Bem ? Eu espero ... Mãe , hoje eu fiz uma coisa , acho que se a senhora visse com certeza me deixaria de castigo , eu desejei a morte de um colega meu ... Sabe , não foi por mal ... Era apenas para assustá-lo mais o idiota não sabia nem mesmo espanhol... Então não fique brava ...

Respirei fundo , olhei aquele lugar vazio e triste ...

- Sinto sua falta mãe ... Novamente tive que ir com uma blusa de mangas para escola , papai bebeu e me bateu ... As marcas estão cada vez piores ... Não sei por quanto tempo agüento mamãe ...

Juntei minhas pernas apoiei meu braços e afundei meu rosto neles ...
Comecei a me lembrar de quando era pequena e meus pais me levavam até o parque para brincar , éramos muito felizes ...

Levantei o rosto novamente... Não estava chorando, mais estava destruída por dentro, o que é pior... Para falar a verdade, esqueci o que é chorar dês do enterro de mamãe a mais de dois anos.

Olhei para o tumulo novamente .

- Annie mandou um oi .

Sorri ...

- Como se você fosse escutar ...

Levantei-me, passei a mão na minha saia para tirar as folhas secas que estavam grudadas nela .

- Ela escuta . – Alguém falou , não dignei a olhar para trás .
- Me erra .
- Não posso ...

Olhei para trás sem um pingo de paciência .

Mais parei ...
Era um homem , e eu posso jurar que era o mesmo que me observava na escola .

Só que agora eu podia vê-lo de perto , aparentava ter uns 26 anos
( apesar de achar que o Castiel deve ter pelo menos uns 30 anos vou colocá-lo mais novo aqui ... xD)
Não tinha como descrevê-lo muito bem ...

Ele estava com as mãos no bolço olhando para algum ponto , bem distante dali ...

- Quem é você ? – perguntei

Ele voltou o rosto para mim , agora podia ver... Eram os olhos mais azuis que já tinha visto em toda minha vida . Ele eraum homem bonito , mas sei lá ... Parecia que não tinha muitas expressões ou sentimentos.

- Castiel ...
- Diferente nome ... Está me seguindo não é ?
Ele ficou em silêncio...
- Cara, tenho mais o que fazer... Com licença...
Peguei minha mochila e passei por ele .
- Você tem os olhos de sua mãe . – Escutei ele dizer e parei .
- Conheceu minha mãe ?  - Perguntei
- Eu conheço sua mãe ... – Ele me corrigiu 
Comecei a rir ...
- Olha me desculpa ta , não sei quem é você , muito menos me interessa , sei que você está me seguindo ... E só para constatar minha mãe morreu a dois anos ...

Me virei e voltei a caminhar .

- Eu sei ... Eu conheço sua mãe do lugar pra onde ela foi .

Esse cara já estava me torrando o saco .

- Olha , você está bem ? Quer que eu chame um medico ou qualquer coisa parecida ? – Ele só podia ser algum doente mental .

- Eu sou um anjo Elizabeth .

Precisa dizer que nessa hora eu gargalhei ?

- Sim , Sim você é um anjo e eu sou a chapeuzinho vermelho , agora se me der licença tenho uns doces para levar para a vóvózinha .

Fala sério , cara bizzaro .

Sai rindo .

Cheguei ao portão do cemitério e quase tive um treco ...
O tal Castiel estava lá , parado bloqueando a minha saída .

- M-mas C-como ?!

Só podia ser brincadeira , era impossível isso acontecer  ...

- Olha , não sei quem é você , já não estou entendo mais nada , então por favor sai da minha frente que eu preciso ir embora .

Aproximei-me mais do homem que continuou imóvel me encarando friamente ...

- Por favor cara , deixe-me ir embora . – Pedi impaciente .

Devem estar imaginando , porque não chamei a policia ... Fácil ... Meu celular havia descarregado a poucos minutos ... E eu tinha carregado ele ontem ... Mas eu realmente não me sentia em perigo com ele ... Sei lá ... Mas eu queria sair dali ... Era macabro estar em um cemitério em um dia nublado e do nada aparece um cara que fala que é um anjo  ... Parece filme de terror ...

- Isso não é um filme de terror si é isso que está pensando . -
- Lê mentes também ?  Que legal ... Os anjos definitivamente são interessantes .

Para falar a verdade , não era legal ...
Era apavorante !

- Ta bom, se você é um anjo , cadê os cachinhos loiros , a auréola , as asinhas , e a harpa em miniatura  ?
- Mentiras.

Me foquei do lado de fora do cemitério onde passava um homem com uma mulher ... Eles me olhavam curiosos ... quando pude ouvir :

- Coitada deve ser louca falando sozinha -

Como é que é ?
O Cara chega e me fala que é um anjo e a louca sou eu ?
Ta de brincadeira .

- Eles não podem me ver , ninguém pode me ver ... Nem mesmo você poderia ... E é por isso que estou aqui ...
- Quer dizer que eu vejo anjos ? – Perguntei sem entender
- Por algum motivo você só vê a mim ... Eu acho .
- Mas ... Quer dizer que ninguém vê vocês ? ...Cara você doido , bebeu algumas ? Usa drogas ?
- Não me chame de “cara” me chame de Castiel . Ao menos que eu queira ... Ninguém me vê exceto você .
- Então devo ser alguma alienígena ... – Ri da minha própria ironia.

Olhei a rua novamente, estava passando mais um senhor que me olhava alarmado .

- Se isso é mesmo verdade , poderia jogar seu pozinho mágico e aparecer ? As pessoas estão achando que sou doida  !
- Certo ...Mas se não quiser se molhar é melhor começar a andar .
- Como ?

Perguntei sem entender ...
Mas ao mesmo tempo começou a cair fortes pingos de chuva .

- Mais que droga !

Castiel já não estava mais na minha frente , sai andando de pressa para procurar algum lugar para me esconder ... E ele estava me acompanhando .

- O único lugar que vai achar é o parque ... -
- Como sabe ? – Olhei para ele ...
Ele ficou em silencio ...

- Porque eu pergunto ...

De repente ele parou , retirou o sobretudo que usava .

- Toma , vista isso .
Olhei estranhamente para ele ...
- Vai ficar doente . – Ele me disse .
- Como estou começando a ter medo de você é melhor aceitar ...

Peguei o casaco e vesti . 
Inspirei um pouco o ar e pude sentir um perfume doce maravilhoso ... E o engraçado é que parecia ser natural dele.