The Hunger Games - Interativa escrita por Maknae


Capítulo 2
Sentimentos Reprimidos


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem :)
Obs.: VAGAS AINDA ABERTAS, APROVEITEM!



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Mark Schuller

As gotas de suor percorriam meu rosto contorcido em uma expressão de puro cansaço. Lanço minha última flecha no centro do alvo e dou as costas, dando de cara com meu pai que me deu uns tapinhas no ombro.

– Ótimo trabalho, Mark - disse encorajador.

Meu nome é Mark Schuller, e sou filho de Robson Schuller, um dos muitos vitoriosos que possui o Distrito Um. Sempre tive uma boa relação com meu pai, mesmo com ele tendo uma cruel obsessão em me treinar incansavelmente para os Jogos Vorazes. Seus rigorosos treinamentos foram iniciados quando eu tinha oito anos, com várias armas e táticas de assassinato diferentes. Com ele eu aprendi a não demonstrar nenhuma emoção, a ser inflexível, sangue frio e impiedoso. Virei uma máquina de matar. Mas apesar de tudo, ele é um bom pai.

Guardei meu arco e olhei através da janela, fitando as estrelas brilhando convidativas no céu límpido. Logo afastei o desejo de sair de casa e relaxar no jardim com a companhia das estrelas; o toque de recolher já havia sido dado. E receber cem chicotadas um dia antes da colheita definitivamente não estava em meus planos.

Me aconcheguei em minha cama e comecei a refletir. Sobre os jogos, sobre meu treinamento, sobre meu pai e sobre ela. A dona de meus pensamentos. Eu fui criado para não ter sentimentos, não demonstrar emoções e não sentir essas coisas que meu pai dizia ser "mariquices". Porém acabei traindo minha natureza, ou melhor, a natureza que adquiri por meio de meus treinamentos. Eu me apaixonei.

Eu sequer sabia o nome dela; apenas a observava de longe. Os cabelos loiros reluzentes, os dentes brancos que eram mostrados quando ela sorria e seu rosto aparentemente inocente. Aprendi a quebrar o tabu que me foi ensinado, mas a beleza dela era tão fascinante que acabei caindo na armadilha do amor.

Com os pensamentos focados na linda garota do centro de treinamento, acabei adormecendo pensando naquele rosto inocente.

[...]

Me vi correndo, nos Jogos Vorazes, com a linda garota do centro de treinamento ao meu lado. Ambos tínhamos vários cortes e ferimentos pelo corpo e, ao olhar para trás, percebi que uma garota gigante corria atrás de nós com um machado pesado e sangrento.

A garota do centro de treinamento tropeçou em uma raiz e acabou torcendo o tornozelo, enquanto a gigante parou na frente dela, um sorriso zombeteiro nos lábios enquanto erguia o machado em sua direção.

– NÃO! - gritei quando a garota abaixou o machado que atingiu o pescoço de minha amada, decapitando-a. O sangue jorrava aos montes e eu assistia a cena, atordoado. Então a cabeça decepada começou a levitar e começou a recitar repetidas vezes:

– Você é uma vergonha para o Distrito Um! Você é inútil, todos te odeiam! Seu pai te odeia, eu te odeio, sua mãe te odeia! MORRA, MARK SCHULLER!

[...]

Acordei todo suado e desesperado. Os raios de sol batiam na minha cara e olhei em volta, percebendo que era tudo um sonho. Era tão real, mas ao mesmo tempo tão impossível...

Tentando esquecer o pesadelo horrível que tive, me levantei e me encaminhei para o banheiro, enxaguando meu rosto. O pesadelo me veio a cabeça de novo. Sacudi a cabeça para os lados para espantar o pensamento e comecei a fazer minha higiene matinal.

Ao voltar para meu quarto, vi a Avox da casa me arrumando a roupa da colheita. A garota morena terminou, se curvou para mim e saiu do quarto, fechando a porta com cuidado.

Coloquei a camisa com gola em V que deixava meus músculos a mostra e a jeans um pouco folgada. Calcei meus tênis e passei um pouco de gel em meus cabelos castanhos, fazendo um topete desajeitado. Parecia mais que eu iria para uma festa do que para a Colheita, mas não me importei e saí.

Encontrei meu pai na porta sorrindo orgulhoso e minha mãe, Wanda Schuller, com o olhar perdido como sempre. Eles estavam com uma elegância invejável. Chegamos na praça e uma pacificadora furou meu dedo para identificação. Então me dirigi para a ala dos garotos de quinze anos.

Olhei para o outro lado e a encontrei, ainda mais bonita do que nas outras vezes, na ala das garotas de dezesseis anos. Seus cabelos loiros estavam caindo em seus ombros dando-lhe um ar sedutor e ela estava com um olhar decidido.

O filme da rebelião começou. Comecei a observar as pessoas durante o filme. A maioria estava com uma expressão entediada, outros estavam apenas em silêncio observando os outros adolescentes e uma minoria assistia o filme atentamente. Depois de quinze minutos que se pareceram com uma eternidade, o filme acabou.

A acompanhante espalhafatosa da Capital, uma mulher de meia-idade que certamente havia feito inúmeras cirurgias para implantar escamas na pele e usava uma peruca gigante cor-de-rosa na qual ia até a metade das coxas. Usava um vestido cheio de pompons à la Capitol.

Desfilou animadamente até o palco.

– Bem-vindos a colheita da septuagésima terceira edição dos Jogos Vorazes! Eu sou Phylia Draconna, a escolta desse ano e me sinto muito honrada em escoltar os tributos do Um! - disse falsamente, enxugando uma lágrima de crocodilo - vamos começar pelas damas!

A mulher girou a bola de vidro e os papeizinhos lá dentro se agitaram, se embaralhando. A bola parou bruscamente e Phylia enfiou sua mão com as unhas gigantescas lá dentro, tirando um papelzinho.

Abriu, leu o nome, deu um sorrisinho e desfilou até o microfone. Pigarreou e disse em alto e bom som:

– Betsy Sims!

Ouvi uma certa agitação na ala das garotas de dezesseis anos e vi a tal Betsy andando até o palco com um sorriso inocente que percebi ter uma pontada de ironia. Arregalei os olhos, assustado. Era a garota na qual eu me apaixonei e admiro de longe no centro de treinamento.

Bom... pelo menos agora eu sei o nome dela.

Por um momento pensei em desistir de me voluntariar, pois nunca seria capaz de matar a garota que eu gosto - que agora descobri que se chama Betsy - mas eu não poderia decepcionar meu pai.

A mulher deu um abraço de lado em Betsy que estava com um sorriso falso no rosto, pois ela claramente estava odiando aquele toque de Phylia.

– Ela não é uma graciiiiiinha?

Deu mais uma risadinha e foi até a bola de vidro dos garotos e a girou. A bola parou e Phylia agarrou mais um papelzinho, abriu, leu e deu um sorrisinho.

Andou novamente até o microfone e chamou o nome:

– Hill Lockwoo...

Cortei-a.

– Eu me ofereço como tributo. - falei em alto e bom som. Caminhei até o palco inexpressivamente, como sempre.

Mesmo que por dentro eu esteja quase explodindo de ansiedade.

Phylia me perguntou o nome e eu respondi. Mandou apertar a mão de Betsy e eu o fiz. Suas mãos eram delicadas, porém tinham a firmeza como a mão de uma caçadora. Eu poderia ficar segurando a mão dela para sempre, mas percebi que ela me olhava da cabeça aos pés, calculista.

Largamos as mãos e fomos escoltados para dentro do Edifício da Justiça, e foi aí que me caiu a ficha.

Eu lutaria até a morte com a garota que eu gostava.

Entrei na luxuosa sala de despedidas - mais luxuosa que a sala de estar da minha casa - e logo meu pai e minha mãe entraram.

Minha mãe continuava inexpressiva - puxei essa característica dela - mas em meu pai era clara sua alegria e seu orgulho de mim.

Ele começou a me encorajar e dizer estratégias: tentar me aliar com Betsy, os tributos do dois e do quatro, matar o máximo de tributos no Banho de Sangue, quando tiverem poucos tributos trair os aliados matando todos eles enquanto dormem - as mesmas estratégias que ele usou para vencer os Jogos - e logo um pacificador veio pedir para eles se retirarem.

– Eu confio em você - minha mãe se manifestou antes de sair da sala com um semblante preocupado e me entregou um colar com as iniciais LTHGB: "Let The Hunger Games Begin". Logicamente estranhei, pois Wanda Schuller raramente dirigia sua palavra a mim e nunca foi presente em minha vida, e agora que eu estava indo para os Jogos ela resolvia ser a mãe preocupada com o filho? Vai entender.

Passei um tempo refletindo sobre tudo, sobre mim, sobre a garota que roubou meu coração, sobre meu pai e seus esforços para criar uma máquina de matar, sobre minha mãe que resolveu ficar preocupada comigo de uma hora pra outra, sobre a arena e sobre o fato de que eu poderia estar morto em menos de duas semanas. Pensando em tudo isso, eu acabei decidindo: Eu protegeria Betsy Sims, mesmo que isso custasse minha vida.


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo: POV da Betsy, mostrando que ela não é a florzinha inocente que parece...

Espero que tenham gostado! :3