— Hinata, tome cuidado.

Ele segurou no antebraço dela, a impedindo de cair. Hinata ergueu os olhos, agradecida. Era completamente desastrada e estava sempre caindo em algum lugar – movia os braços magros para tentar se equilibrar, mas não dava muito certo e tudo o que ela conseguia fazer era cair e se levantar alguns segundos depois, sem que ninguém tivesse visto.

Menos quando estava com Sasuke. Ele lhe abraçava a cintura, passava a mão sobre os ombros estreitos, entrelaçava os dedos dela com os seus próprios. E ela amava a mão dele. Era quente, grande, confortável.

Gostava dos braços fortes quando ele a levantava no colo. Se ela caia, e Hinata caia bastante – parecia que as pedras eram suas inimigas em outra vida – ele a pegava pelos joelhos e pelas costas. Trazia-a consigo até o peito, apertava-a e ela não podia se sentir melhor. Sasuke tinha braços fortes, brancos, o cheiro natural da pele dele – que Hinata gostava muito – se espalhava por toda aquela área, sem perfume.

Quando deitavam na cama de casal do apartamento dele, ele levava os dedos até o topo da cabeça dela, acariciava de leve, beijava sua testa sob a escuridão do cômodo. Era mais romântico no escuro. Mas também era no escuro que Sasuke era um pervertido. Os dedos dele desciam habilidosos por cada parte da pele macia dela. Conhecia as formas por dentro do sutiã, abaixava os shorts dela, sumia com sua calcinha. Quando não queria jogar seu peso sobre ela, apoiava-se na cama, os braços firmes com veias saltadas.

Hinata sentia-se única com o toque dele. Tinha arrepios quando o sentia na carne nua. Vibrava quando, com a ponta do indicador, ele descia por sua espinha.

Amava cada parte dele, mas talvez as mãos e os braços fossem sua parte favorita de todas.

—

— Sasuke, tome cuidado.

Pediu cuidadosa, levantando o travesseiro dele na maca, para que ficasse mais confortável. Olhou-a com dificuldade, sentindo-se melhor do que no dia anterior.

— Vá para casa – pediu, com a voz rouca. A mulher pegou o copo d’água e o virou gentilmente na boca dele, fazendo-o beber.

— Já estou nela. – Voltou a se sentar, olhando-o de forma carinhosa. – Minha casa é onde você está.

Sasuke nunca havia chorado na frente dela todo o tempo em que se conheciam. E isso era bastante, muito mesmo. Mas, naquele dia ensolarado de quarta-feira, Hinata viu pela primeira vez os olhos dele cheios de lágrimas. Sua garganta trancou. Lembrou-se da hora em que lhe ligaram, da hora em que disseram que ele havia se acidentado. Hinata só rezava para ele estar bem – saiu de pijama de casa, pegou o carro e dirigiu como louca até o hospital. Não lhe importava mais nada além dele.

— Você não pode mais ficar comigo. Eu não posso deixar... Eu não quero que você fique com alguém como eu. Você não deve passar o resto da sua vida me ajudando a... me ajudando com isso, Hinata. – A voz dele era como vidro prestes a quebrar. Encarava-a bem fundo nos olhos perolados, quase podendo ver toda a sua existência.

Hinata segurou o braço direito enfaixado, levando delicadamente os dedos até sua própria bochecha, segurando-o com a sutileza de uma fada. Era a fada dele.

— Eu nunca vou te abandonar, Sasuke – murmurou baixinho, uma oração para ele. – Sou seu braço esquerdo a partir de hoje. – Um minuto de silêncio se fez entre eles. Então Hinata sorriu ao ver que seu namorado chorava. Parecia ser de emoção, isso a deixou feliz. Entrelaçou os dedos nos dele.

— Você é canhoto, não é?