Guardados A Sete Chaves escrita por Jiinga


Capítulo 10
Dia do Triunfo


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal!
Desculpa ter demorado tanto para postar esse capítulo, estava com um horrível bloqueio criativo, mas viajei com meus amigos nos quais baseei os personagens da história no fim de semana e me inspirei!
Espero que gostem!



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Dia do Triunfo. A data que marcava o dia em que a Bretanha havia mudado seu nome, após a junção da Inglaterra com a Irlanda e a Escócia, e sido proclamada a nova potência mundial. Era uma data muito importante para os britânicos e a maior e melhor escola do país não podia deixar de comemorá-la.

Naquele ano, o feriado caía numa quinta-feira, o que significava que o dia de folga seria emendado com o fim de semana. Dessa forma, após a cerimônia do Dia do Triunfo, todos os alunos que quisessem visitar as famílias poderiam ir, apesar de terem se passado apenas algumas semanas desde a reunião de pais e mestres.

Os jovens da Elite do primeiro ano, porém, não voltariam para casa. Com todos fora da escola, era a oportunidade perfeita pra eles investigarem a origem de seus poderes e o motivo pelo qual logo eles, os sete membros da Elite, os haviam desenvolvido.

Na manhã de quinta-feira, eles vestiram roupas das cores da Bretanha – azul, branco e vermelho – e dirigiram-se ao mesmo auditório onde a reunião de pais e mestres havia acontecido.

Dessa vez, os professores e o diretor Brenningham não estavam no palco, e sim na primeira fileira de cadeiras. No palco, havia um complexo equipamento ao qual os jovens já estavam acostumados.

Alguns minutos após o auditório todo ser ocupado, deu-se início ao hino da Bretanha e todos ficaram de pé. Com as mãos no peito, os alunos e funcionários cantaram em uníssono as palavras de liberdade, prosperidade e, obviamente, triunfo. Quando o hino acabou, todos se sentaram novamente, prontos para o discurso que viria a seguir.

O holograma do presidente Collins ocupou o centro do complexo equipamento sobre o palco. O presidente era um homem amado e venerado por toda a nação da Bretanha, desde os mais ricos até os mais pobres. Havia sido graças a ele que a Bretanha havia chegado onde estava, então não era surpresa que ele havia sido reeleito nos últimos cinco mandatos.

Mas o presidente já estava velho, e todos sabiam disso. Seu sexto mandato acabaria no ano seguinte, e mesmo que ele vivesse até lá, era certo que não concorreria novamente, devido a seu estado de saúde.

– Bom dia, queridos cidadãos da Bretanha! – sua voz ecoou por todo o auditório, mas ele tossiu logo em seguida – Há vinte e nove anos, os países da Inglaterra, da Irlanda e da Escócia foram unificados para formar nossa amada Bretanha. Como todos sabem, foi um período difícil, por isso devo dizer que ter assinado o acordo unificação é a coisa de que mais me orgulho e minha vida. – ele tossiu novamente.

– Ele não vai durar muito. – murmurou Bree.

– Com a modernização da cidade de Londres para se tornar nossa atual capital, fomos capazes de chegar ao topo, e hoje assumimos com louvor a posição de maior potência do mundo. Por esse motivo, meu discurso desse ano é sobre aproveitamento. Passamos os últimos anos nos desenvolvendo e nunca parando para aproveitar tudo que já havíamos produzido. Está na hora de parar. Está na hora de darmos um tempo no progresso e aproveitarmos o aqui e o agora. Aproveitarmos nossas famílias, nossos amigos, nossos momentos de lazer. Antes que seja tarde demais. – ele tossiu novamente, como se fosse um efeito dramático para ressaltar a tenebrosidade de sua afirmação – Sendo assim, desejo a todos um bom Dia do Triunfo.

O recinto se encheu com palmas e logo o holograma desapareceu.

– O Diretor Brenningham deve estar possesso depois desse discurso. – comentou Astrid assim que eles escaparam da multidão que deixava o auditório.

– Como assim? – perguntou G.

– Quer dizer, ele é o cara da inovação. Ele fundou a LATT e acabou de fazer um discurso sobre a importância do centro de pesquisas. E agora o presidente simplesmente diz para pararmos de inovar e focarmos em aproveitar a vida.

– Não foi meio assustador o jeito que ele falou? – perguntou Meg – “Antes que seja tarde demais”. Foi meio profético.

– Foi um pouco mesmo. – comentou Bree – Mas e aí, o que vocês vão querer fazer? Começar a investigar nosso passado, já?

– Calma, Bree, temos o fim de semana todo! – falou Clarisse – Vamos fazer o que o presidente disse a aproveitar o momento.

– O que você tem em mente? – perguntou Bree.

***

Assim que a escola ficou completamente vazia, os sete colocaram roupas de banho e correram para a piscina do campus. Como o time de natação viajando pelo feriado, as raias eletrônicas haviam sido desligadas, então eles teriam a piscina toda só para eles.

Infelizmente, parecia que o clima não estava tão a fim de deixá-los se divertir assim. As nuvens de tempestade começaram a se formar sobre o prédio principal do colégio assim que eles entraram na água.

– Vocês têm certeza de que isso é uma boa ideia? – perguntou Jo – Parece que vai chover, e piscinas atraem raios.

– Não tem problema, a nuvem tá bem longe ainda – comentou Astrid e mergulhou.

G. mergulhou logo atrás dela e eles começaram a fazer uma guerra de água.

Bree estava sentada na beira da piscina, ainda sem conseguir tirar a cabeça dos recentes acontecimentos. Ela não podia evitar, fazia parte de sua natureza investigativa. E foi justamente ao pensar isso que as coisas se encaixaram.

– Pessoal, vocês perceberam que nossos poderes têm a ver com as nossas habilidades?

– Como assim? – perguntou Lena.

– Olha, a Astrid é praticamente uma médica, e ela pelo jeito consegue curar as pessoas. A Clarisse é boa em esportes, e ela já costumava saltar bem alto, e agora pode voar.

– Mas e você? – perguntou Meg, apoiando os braços na borda da piscina – O que ilusões têm a ver com habilidades de investigação?

– Bom, eu consigo perceber coisas que as outras pessoas não percebem. Com as ilusões, eu consigo fazer vocês verem coisas que eu sei que não são verdade.

– Você está dizendo que nós não temos habilidades, então? Que são só os poderes? – perguntou Lena.

– Não. Mas talvez os poderes sejam uma evolução das nossas habilidades. Esperem um pouco. – ela se levantou, indo até sua mochila.

Clarisse, que estava deitada tomando sol, ergueu o dorso e abaixou os óculos:

– Bree, nós estamos nos divertindo!

– Mas isso não vai fazer a gente parar de se divertir. – ela se sentou novamente com os pés na água, dessa vez segurando seu Padscreen – Certo, o que todos nós temos em comum, até agora?

– Somos todos filhos únicos. – disse Jo.

– Boa. – Bree anotou o fato.

– Também tem aquela dor no peito que nós comentamos que seníamos. – lembrou Lena.

– Vocês também? – Bree ergueu uma sobrancelha e anotou isso também – Bom, nossos aniversários não têm nada em comum, e cada um de nós veio de um lugar diferente... Talvez haja algo em comum entre os nossos pais. Teríamos que investigar isso de algum jeito.

Ela havia acabado de falar quando um trovão ressoou no ar, fazendo com que Lena gritasse.

– Acho melhor sairmos daqui. – disse Meg.

– Calma, vamos aproveitar mais um pouco. Quando a nuvem chegar no campo de futebol, a gente... – um raio cortou o céu acima do campo de futebol – Ok, acho melhor sairmos.

Ela, Meg e Jo saíram da água e se embrulharam em toalhas.

– Astrid, G., saiam daí! – exclamou Clarisse.

– Tudo bem, Clarisse, não tá chovendo ainda.

– Mas isso não quer dizer que não possa cair um raio na piscina. – falou Jo – Piscinas atraem raios.

– Gente, sério, sem problemas. Quando começar a chover a gente sai.

– Que seja. Eu não vou ficar aqui vendo vocês dois morrerem queimados. – disse Clarisse e se levantou – Vou comprar comida, alguém quer alguma coisa?

– Eu aceito um refrigerante. – comentou Lena.

– Certo. – Bree também havia se embrulhado em uma toalha e virou-se para as outras três – Quantos anos tem as mães de vocês?

– Quarenta. – responderam as três ao mesmo tempo e todas se entreolharam.

– Devo presumir que os pais de vocês têm quarenta e dois, então. – ela ergueu uma sobrancelha e todas assentiram – Definitivamente tem alguma coisa a ver com os nossos pais. Talvez devêssemos perguntar a eles.

– Eles não vão dizer nada. – afirmou Lena – Minha mãe sabe de alguma coisa, tenho certeza, mas ela deixou bem claro que não vai abrir a boca.

– Acho que vamos ter que descobrir sozinhos, então. Vamos ter que fazer algumas pesquisas. – concluiu Bree.

***

– Ok, agora vamos tentar com três pesos. – disse Astrid. Ela e G. haviam passado a última meia hora brincando de fazer exercícios com pesos de piscina. Eles o seguravam, mergulhavam até que não conseguissem mais respirar, e então sinalizavam para que o outro os ajudasse a sair.

Ela mergulhou com dois pesos e G. mergulhou para colocar o último no colo dela. Após alguns segundos, Astrid sinalizou para que ele a ajudasse, mas G. não conseguia levantar os três pesos ao mesmo tempo. Ela olhou para ele, desesperada, e tentou empurrar os pesos para longe, sem sucesso.

Quando Astrid estava quase ficando completamente sem ar, G. finalmente conseguiu tirar os pesos do colo dela, um de cada vez, e ajudou-a a se impulsionar para cima.

Ela tossiu quando o ar encheu seus pulmões, e respirou várias vezes seguidas até estabilizar sua respiração. G. surgiu ao lado dela alguns segundos depois e ela o abraçou, rindo.

– Achei que eu não fosse voltar dessa vez!

– Falei que era um exercício de confiança! – ele disse.

Outro trovão soou no céu e Astrid se afastou de G.

– Acho que as meninas têm razão, precisamos sair daqui.

– Beleza, vou mergulhar só mais uma vez.

Astrid assentiu e nadou até a borda, saindo da água em seguida. Ela virou-se para chamar G. novamente, mas antes que pudesse sequer abrir a boca, um raio atingiu a piscina.

***

Clarisse colocou as moedas na máquina de bebidas e pressionou os números do chá gelado, que apareceu na pequena portinha acima do teclado. Ela o pegou e estava digitando os números do refrigerante de Lena quando ouviu um barulho.

Ela congelou imediatamente. Alguém estava ali.

Não era estranho que alguém além deles estivesse no campus, mas por que uma pessoa estaria perambulando pela área da piscina em meio a um temporal, e por que essa pessoa não havia entrado na água em nenhum momento?

Ela não sabia por que, mas sentiu medo. Como quando você está sozinho em casa e escuta um barulho na sala, e vai checar segurando o primeiro objeto levemente ameaçador que encontrou pela frente.

Antes que Clarisse pudesse se virar e correr, uma mão tampou sua boca e envolveu sua cintura. Ela tentou gritar, mas não era possível. Estava prestes a chutar quem quer que fosse, mas a pessoa a beijou na bocheca e se afatou.

– ADAM? – ela quase gritou.

– Surpresa.

– Eu achei que era alguém perigoso! – ela socou o ombro dele de leve.

– Desculpa, eu quis fazer uma surpresa.

– O que você tá fazendo aqui, afinal?

– Meu pai é o diretor da escola, então, bem, minha família meio que está aqui, então não tinha pra onde eu ir no feriado. Ouvi dizer que vocês estavam aqui na piscina e vim fazer uma surpresa.

Clarisse abriu a boca para responder, mas um grito a interrompeu. Os dois se entreolharam e correram para a piscina.

***

O grito havia sido de Astrid. As outras três viram a cena logo depois, mas estavam assustadas demais para gritar.

O corpo de G. flutuava na água com a cabeça submersa de um jeito assustador, e um pouco de fumaça saía dele.

– Temos que tirá-lo de lá! – exclamou Jo, largando sua toalha no chão e mergulhando na água. Astrid balançou a cabeça e pulou logo atrás dela.

As duas seguraram o corpo dele, tentando ignorar o quão quente ele estava, e o arrastaram até a beira da piscina, onde Bree e Lena as ajudaram a tirá-lo da água e deitá-lo ao lado da piscina.

A chuva se aproximava e o vento ficava cada vez mais forte. Astrid e Jo saíram da água e se ajoelharam ao lado de G.

– Você pode fazer alguma coisa? – perguntou Lena, desesperada, para Astrid.

– Eu... Eu não sei... Eu nunca aprendi o que fazer com pessoas que foram atingidas por raios! – ela balbuciou, as lágrimas se formando em seus olhos - Eu nem sei se tem alguma coisa a ser feita!

As quatro caíram em silêncio após essa frase. Foi Bree quem criou coragem e colocou a mão no ombro de Astrid:

– Tem sim uma coisa que você pode fazer.

Astrid olhou para ela, com as lágrimas escorrendo por suas bochechas.

– Eu... Eu não sei se consigo. Eu não sei como...

– Você tem que tentar, por favor! – implorou Jo, a que mais estava chorando.

Astrid engoliu o choro e colocou as mãos sobre o peito de G. Ela tinha que salvá-lo, ele havia ficado naquela situação por sua causa. Se ele morresse por causa do raio...

Ela livrou-se rapidamente do pensamento e concentrou-se em transmitir a energia de seu corpo para o dele, como havia feito com o tornozelo de Lena meses atrás. Seus olhos brilharam de um jeito diferente, e segundos depois, G. recuperou o fôlego e abriu os olhos, sentando-se imediatamente.

– Funcionou! – exclamou Astrid, abraçando-o.

– Ok, isso com certeza é um poder. – as meninas olharam para cima e depararam-se com Adam, que havia acabado de chegar junto com Clarisse.


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