Boa Sorte, Katniss escrita por Hanna Martins


Capítulo 11
Nem Freud explica


Notas iniciais do capítulo

Voltei de capa NOVA. A linda da Eletryka me presenteou com uma capa INCRÍVEL para a fic! Ai, meu coração, eu não aguento isso, é muita felicidade para uma pessoa só!!! Capítulo dedicado a Eletryka pelo presente maravilhoso. Eu simplesmente AMEI!



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― Estúpido Peeta! Peeta estúpido! Se eu pudesse eu... argh!

― Katniss, o que você está resmungando aí? ― pergunta Madge, olhando para mim.

― Nada!

― Nada? Sei... Você passou a noite inteira prometendo que bateria no Peeta...

― Aquele idiota! ― resmungo.

― Vamos, estamos quase atrasadas para a primeira aula, que é de matemática! Eu que não quero ser morta pela Enobaria! ― diz Madge, apressando o passo.

Estamos nos portões do colégio.

Ontem, depois daquele ataque de loucura, fiz o que qualquer pessoa sensata faria, pedi abrigo na casa de Madge. Eu que não iria ficar no mesmo ambiente que aquele babaca, não mesmo.

Somos quase as últimas a chegar à sala, meus colegas (muito sensatos, porque sabem que suas vidas correm perigo) já chegaram quase todos. Até mesmo o grupinho dos populares, já chegou. Aliás, ex-grupinho, depois daquela briga de sexta, duvido que voltem a formar um grupo, mas nunca se sabe quando se trata dos populares. Clove e Glimmer estão sentadas no fundo da sala, com uma cara que diz claramente “só estou aqui porque fui obrigada, nem ousem aproximar-se de mim”. Embora estejam sentadas no fundo da sala, várias carteiras a separam. Já Cato e Marvel estão emburrados, sentados bem longes das garotas, eles desferem olhares assassinos para quem se atreve a levantar os olhos na direção deles. Alguns de meus colegas cochicham e discretamente olham em direção aos populares. Não é preciso ser um gênio para descobrir o assunto da conversa, né?

Olho de relance para Glimmer, sua cara nunca viu tanta maquiagem como hoje. Aposto que está cobrindo os hematomas da briga que teve com Clove. Por falar em briga, espero que elas não tenham prestado muito atenção na garota que estava junto com Peeta, que por acaso era euzinha aqui, isso não seria legal. Quando penso que fui arrastada por aquele oxigenado para um mar de confusões, quero bater nele até sobrar pó. Pó? Não, porque ainda existiria vestígios da existência daquele ser, quero que nem mesmo pó sobre.

Procuro pelo idiota. Porém, não o encontro. Será que ele resolveu faltar no colégio? Alguém estará bem encrencado se fizer isso... Mas o que eu tenho a ver com isso?

Abro meu caderno e meu livro de matemática. Enobaria não demora para chegar. Chega até mesmo antes do sinal bater. Ela olha para a turma, fazendo uma vistoria, averiguando se tem alguma coisa fora do lugar. Essa professora me causa escalafrios.

― Desculpa, posso entrar? ― fala Peeta, abrindo a porta.

Enobaria lhe lança um olhar mortífero. Mas regras são regras. E ela apenas pode impedir a entrada de um aluno após o sinal bater, o que não aconteceu até agora.

― Pode ― diz a contragosto.

Quero só ver aonde o idiota vai se sentar? Antes ele sentava-se junto com os populares. Mas agora, depois de tudo o que aconteceu?

Tenho minha resposta, quando ele senta-se atrás de mim. Fala sério, tantos lugares para se sentar e ele senta-se a onde?

As aulas de matemáticas ficaram ainda mais perigosas, até parece que estou no meio de uma guerra, já que noto os olhares mortais dos populares e os olhares curiosos do restante da turma recaindo sobre Peeta. E por eu estar bem na frente do oxigenado, às vezes, sou vítima de algum desses olhares.

Tenho que me controlar bastante para não me virar para o idiota e lhe dar um soco no meio da face, por me ter colocado em uma situação assim (eu tenho amor a minha vida, sabe? E Enobaria me expulsaria da sala se fizesse algo assim).

O jeito é tentar me controlar e me concentrar na aula. Madge apenas olha para mim com um olhar sugestivo. Se até a sua melhor amiga te olha assim é porque a coisa está critica.

Enobaria com um ótimo humor (ela sempre fica bem humorada quando nos tortura) passa vários exercícios na lousa. E isso ajuda a não pensar no oxigenado que está atrás de mim.

Mas tenho que confessar que quase começo a dançar Macarena, quando o sinal bate anunciando o final da aula. Pego rapidamente minhas coisas e vou para próxima aula, história medieval. Até parece que estou fugindo da cadeira elétrica.

Quando chego à sala, suspiro aliviada. Nada como uma boa aula de história medieval!

― Oi, Katniss! ― diz Gale, sentando-se perto de mim.

Ele também é meu colega de turma nessa disciplina. Com tudo o que aconteceu nessa última semana, não tenho colaborado muito com a aproximação de Gale de Madge. Sou um completo fracasso como cupido, fato.

― Já comprei os cds da Mockingjay e escutei as músicas! ― diz Gale.

Alguém precisa dar um prêmio a ele de garoto empenhado!

― O que achou?

― Gostei da banda.

― Sabia que iria gostar! ― digo toda orgulhosa por contribuir para o crescimento do fã-clube de minha banda predileta.

― E agora?

Olho para Gale que me olha com aqueles grandes olhos que parecem os do gato de botas do “Shrek”, todo esperançoso.

― Estou pensando em algo... ― minto. Não tenho coragem para dizer ele que não pensei em nada. Não me culpem, não há como decepcionar alguém que te olha assim!

Gale sorri e me dá uma barra de chocolate. E que te olha dessa maneira e te dá comida.

A próxima aula é de artes que, infelizmente, tem a presença do oxigenado.

Eu e Gale vamos juntos até a sala. O oxigenado não perdeu tempo e já está aqui, constato. Finjo que nem o vi. Gale se senta ao meu lado, trocamos algumas anotações da aula anterior.

Cressida, a professora de arte, não demora a entrar na sala.

― Bom dia, classe! ― cumprimenta. ― Hoje tenho uma surpresinha para vocês, vou passar um trabalho que tenho certeza que vocês vão adorar fazer.

― Vai ser em um grupo? ― pergunta um garoto.

― Vai!

Todos comemoraram. Como se a resposta da professora fosse o anúncio que a Mockingjay vai fazer uma nova turnê. Menos uma pessoa não comemora, eu. Detesto trabalhos em grupos. Por quê? Eu não sou lá muito social. Ok, não sou nada social. E acontece que nesses trabalhos em grupo sempre acabo caindo em um grupo do tipo: “não estou nem aí com a paçoca”, ou seja, tenho que me virar sozinha para fazer o trabalho. Já me preparo para a tragédia, quero dizer trabalho.

Gale me cutuca.

― Vamos fazer juntos? ― indaga.

Uma luz no final do túnel se acende para mim. Ainda existe salvação nessa vida!

― Claro! ― respondo imediatamente, não querendo perder essa chance. Gale é bem responsável, e não irá deixar todo o trabalho sujo para mim.

― O concurso de vídeo fez muito sucesso por aqui, na semana passada! Até temos entre nós uma celebridade! ― olha para Peeta, que sorri. ― Aliás, Peeta, meus parabéns, aquele vídeo ficou incrível!

Sério? Ele acabou de ganhar um elogio pelo vídeo? O vídeo que eu fiz? Fui eu que tive a ideia, fui eu que a executei, com muito trabalho duro, e ele ainda fica com os créditos? Ok, eu sei que meu plano original era envergonhar o oxigenado publicamente, por isso nem coloquei meu nome no vídeo, nem nada (não queria estar associada com aquela que acreditava ser a maior pagação de mico dos anais de Panem), mas vê-lo levando os créditos, me faz ver como eu sou ainda mais azarada do que pensava.

― Por isso, eu pensei que vocês poderiam fazer um vídeo como trabalho final para a disciplina.

Perfeito. Agora também minha ideia fracassada me rendeu um trabalho escolar.

― Vou anotar na lousa os nomes dos integrantes dos grupos. Podem passar o nome para mim, por favor?

Gale levanta a mão.

― Sim?

― Eu e Katniss ― informa Gale.

― E eu, Peeta ― acrescenta o oxigenado.

Espera um momentinho! Peeta acabou de se intrometer em meu trabalho? É isso mesmo, produção?

O oxigenado levanta-se da carteira e vem até onde eu e Gale estamos sentados.

― Faremos um ótimo trabalho juntos, não é mesmo equipe?

Dá para acreditar nesse cara?

― E quem disse que eu quero você na minha equipe? ― rebato. ― Vou falar para a professora tirar você da nossa equipe!

Gale me olha interrogativo, sem compreender nada da situação.

― Katniss... eu acho que não há problema nenhum com Peeta fazendo parte de nosso grupo.

Até você, Gale? E eu que pensei que estava do meu lado.

― É, Katniss, não há problema nenhum em eu fazer parte do grupo ― fala como se fosse uma grande vítima da minha tirania e eu a vilã, nível Paola Bracho, da história. Que tipinho mais irritante, ele, com certeza, não é Paulina!

Não acredito que o team Peeta conseguiu mais um integrante, enquanto o team Katniss não tem praticamente nenhum. Acreditava que Madge estava do meu lado, mas ultimamente, estou revendo isso... Nem minha melhor amiga é cem por cento team Katniss.

― Acredito que Peeta pode nos ajudar muito! ― insiste Gale. Ele realmente não sabe nada sobre o oxigenado.

― É, eu vou ajudar muito! ― reforça Peeta.

Bufo, derrotada.

― Só ele prometer que vai fazer o trabalho direitinho! ― é impressão minha ou soei como uma mãe que impõe uma condição para o filho trazer um animal de estimação para a casa?

― Eu prometo! ― fala o “bom moço”.

Peeta só dificulta as coisas para mim. Além de ter que conviver com ele em casa, agora também tenho que fazer um trabalho escolar com ele! Respiro fundo, tentando ver o lado positivo da coisa toda (se há algum), pelo menos posso fazer o louro oxigenado trabalhar bastante. Ele que não pense que eu e Gale iremos fazer todo trabalho duro e ele irá ficar com os créditos, pode ir tirando sua lourice da chuva, se pensa assim. Ele fará o trabalho, e eu cuidarei disso pessoalmente.

As outras aulas passam rápido e logo é hora do almoço.

Encontro Madge no refeitório. Pego minha bandeja de comida e nos sentamos em uma mesa no fundo do refeitório. Avisto Gale procurando por uma mesa, aceno para ele. Está na hora de ser um cupido mais ativo.

― O que você está fazendo, Katniss? ― pergunta Madge, me vendo acenar para Gale. ― Ficou louca de vez?

― Eu e Gale vamos fazer um trabalho juntos, esqueceu? Pensei que poderíamos conversar um pouco sobre isso enquanto almoçamos...

Madge suspira.

― O que eu não faço por você, Katniss? Até aturo o pestinha do Gale.

― Esquece isso, Madge, te garanto que o Gale mudou um pouquinho e que não vai colar nenhum chiclete no seu cabelo.

― Se ele colar algum chiclete no meu cabelo, já sei quem culpar... ― ela olha sugestivamente para minha trança.

Gale caminha até nós e senta-se na cadeira vaga perto de mim.

― Oi, Katniss... Madge ― diz timidamente.

Gale tímido... Tenho muito que trabalhar aqui.

― Gale ― cumprimenta Madge, dando uma garfada em seu macarrão.

Ficamos em silêncio. Um silêncio bem constrangedor. Até posso ouvir um cri-cri-cri de um grilo.

― Estava falando para Madge sobre nosso trabalho de artes ― falo para preencher o imenso vazio que há na mesa.

― É... podemos fazer um... bom trabalho ― fala Gale desajeitadamente.

Quando Gale me disse que era péssimo com garotas que estava a fim, eu não pensei que era tão ruim assim.

― Olha só quem eu encontrei aqui, meus colegas de trabalho! ― a voz do louro oxigenado interfere em nossa conversa. É claro, intrometido como ele, precisava se intrometer aqui também.

Sem ser convidado, Peeta senta-se na cadeira vazia ao lado de Madge. Esse oxigenado realmente está querendo tirar minha paz, só pode, até resolveu estragar meu almoço! Depois que saiu do grupinho dos populares, ele deve ter ficado sem pessoas com quem almoçar.

Noto que os outros alunos ficam olhando para nossa mesa. Até parece que estou almoçando com a estrela do rock ou algo assim. Sei que depois da briga, a popularidade de Peeta só aumentou. Não se fala em outra coisa no colégio. Há muitos boatos circulando. Dizem que Cato e Marvel, depois da briga, foram chorar no banheiro. Também dizem que Peeta, após a briga, pegou mais dez garotas e as levou para um hotel para uma festinha particular. Há garotas que juram que viram Clove e Glimmer indo para essa festinha. É óbvio que tudo não passa de fofoca sem fundamento. Se bem que tenho minhas suspeitas sobre a veracidade da parte de Cato e Marvel...

Ignoro a presença de Peeta e me concentro em meu almoço. Praticamente, engulo a comida sem mastigar.

Pelo menos Peeta me deixa em paz pelo resto das aulas. É claro que minha paz não dura muito, mal chego no apartamento, ele também aparece. Estou começando a pensar seriamente em fazer os populares e Peeta voltarem a ser amigos, sem ter os populares para aturar sua chatice, agora ele está com todo o tempo do mundo para me atazanar. Pelo antes, ele não ficava tanto tempo por perto.

Peeta liga a TV e se joga no sofá. Ótimo. Preciso fazer um trabalho de biologia, e agora não tenho nem mais sossego para fazer.

― Louro oxigenado, será que não dá para você desligar a TV, preciso usar o computador?! ― digo ligando o computador.

Ele dá os ombros, o que me deixa bem irritada.

― Qual é o seu problema? Sentiu minha falta tanto ontem que hoje resolveu matar a saudade me seguindo por todos os cantos? Primeiro senta perto de mim na aula de matemática ― começo a enumerar. ― Depois resolve fazer parte do meu grupo para o trabalho de artes, sem ser convidado, e não satisfeito com tudo isso, ainda vai almoçar na mesma mesa que eu!

Ele me olha com a cara mais normal do mundo.

― Você é que estava com saudades de mim, para ficar reparando nesses pequenos detalhes ― rebate, como se fosse dono de toda a verdade existente.

― Argh! Idiota! Pequenos detalhes? ― falo ironicamente. ― Eu não te entendo. Nem Freud te entenderia! Você é um ET só pode! Até agora eu não entendi por que você foi tão burro e pegou Glimmer e Clove de uma vez só, sabendo que Glimmer tinha namorado, e Clove era a ex-namorada de Cato. Eles não eram seus amigos?

Peeta se deita no sofá.

― Elas deram mole para mim. Já disse que nenhuma garota resiste a mim!

― Você deveria mais pensar com a cabeça de cima do que a debaixo! Só faz burrada!

― Mas foi divertido... ― diz olhando para o teto, estranhamente não há sarcasmo em sua voz, nem nada.

― Estou começando a acreditar que você é uma espécie de psicopata que gosta de brincar com os sentimentos das pessoas ― digo, o analisando.

― Você não iria entender... ― ele me olha.

O que há com esse olhar? Por que é tão triste, tão confuso?

― Tampinha, há muitas coisas que você não sabe sobre mim... ― diz se levantando no sofá. ― Aposta que adoraria descobrir ― repentinamente, ele volta a ser o louro oxigenado de sempre.

Ele coloca um sorriso provocante nos lábios. Não me diga que vai começar com aquele joguinho novamente? Mas dessa vez, ele vai ver só, não vou cair em suas garras.

Peeta se aproxima de mim. Para em minha frente e me encara.

― Sai daqui! ― me coloco na defensiva. Ele que não fique pensando que pode ficar me seduzindo por aí.

― O controle...

― O quê?

― Me passa o controle. Está atrás de você... ― aponta para o controle da TV que está em cima da escrivaninha.

Eu juro que esse idiota ainda vai acabar com minha sanidade mental. Pego o controle e praticamente jogo em suas mãos.

Peeta desliga a TV.

― Vou ajudar Greacy Sae no restaurante... Talvez, chegue atrasado para o jantar.

Eu ouvi direito? Peeta vai trabalhar de livre e espontânea vontade? O que fizeram com o louro oxigenado?

Antes que eu possa perguntar se ele está fumando substâncias ilícitas, se foi sequestrado por ETs, ou se seu ele tem um irmão gêmeo que usurpou seu lugar, Peeta abre a porta e sai.


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Notas finais do capítulo

O que acharam do capítulo? Nem mesmo Freud conseguiria explicar o que se passa na cabecinha do Peeta, tadinha da Katniss! E agora ele ainda inventa de ficar a seguindo por todos os lados! No que dará esse trabalho? Katniss conseguirá ser um bom cupido e unir Gale e Madge?