Just Listen escrita por Lenora


Capítulo 9
Capítulo 7 - Engano


Notas iniciais do capítulo

Olá, Feliz Páscoa, pessoal!
Eu sei que hoje não é domingo, mas o que vale é a intenção, certo?
Bom, não é chocolate, mas chego aqui com um capítulo mais cheio de beijos da fanfic. Pois é! Prometi para vocês que depois que a parte "introdutória" terminasse, eu iria desenvolver o romance. Aqui está!
Espero que gostem

Ps: sei que demorei. Eu doente + período de provas + poucas pessoas comentando = capítulo demorado =(
Peço desculpas por quem acompanha e me deixa palavrinhas depois de ler (os dedos dessas pessoas não caem, podem acreditar!), mas a falta de comentários me deixou tão desanimada, que nem tive vontade de abrir o editor de texto.
Se vocês gostam de Just Listen, deixem-me nem que for um "gostei". Se não gostar, me diga como posso melhorar, posto a fanfic aqui para receber opiniões também!
Enfim, tenham uma boa leitura.



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Andava apressada, pisando firme.

Além de ter que ouvir um monte de baboseiras, ainda teria de voltar a pé, já que não via um maldito táxi na rua, que, por já ser tarde da noite, se encontrava escura e vazia.

Karin não fazia o tipo de menina medrosa, porém quando viu um grupo de homens conversando em uma esquina, sentiu seu coração bater mais rápido e as mãos gelarem de pavor.

Apesar de sentir as pernas tremerem de medo, obrigou-se a andar depressa e olhar somente para o chão. Talvez eles não a vissem ou apenas não ligassem.

– Não seja paranoica - sussurrou para si mesma - está tudo na sua cabeça.

Continuou a andar e a contar seus passos, já sentindo-se um pouco mais tranquila, porém toda sua calma foi embora quando eles começaram a cochichar entre si, apontando em sua direção.

– Ei, gracinha - disse-lhe um deles - aonde vai com tanta pressa?

– É, fica aqui com a gente - disse outro. Ela apenas queria correr para longe ao vê-los se aproximarem. Seus olhos se arregalaram e deu um passo para trás, vendo-os caminharem para frente. Quando estava prestes a virar e sair correndo, ouviu um som alto de motor bem ao seu lado.

– Posso não ter um cavalo branco - disse com uma voz brincalhona - mas vim ao seu resgate - ofereceu-lhe seu capacete preto - sobe aí, Ruiva.

Sentindo as pernas bambas, aceitou o objeto e o pôs na cabeça, subindo rapidamente na moto. Preferia Suigetsu mil vezes a ter que passar por mais ruas sozinha.

Após isso, pôde ver que os três homens continuaram vindo em sua direção, ainda mais rápido, sem que percebesse, suas mãos agarraram com força a cintura do rapaz, enquanto mantinha os olhos há uns poucos metros de distância.

Suigetsu não era burro, conseguia ver o medo da garota de longe. Ele a olhou pelo espelho e colocou uma de suas mãos grandes por cimas das dela, notando o quão fria ela estava.

– Está tudo bem - disse-lhe antes de ligar o motor.

Ao perceber que os caras que estavam mexendo com ela não haviam ido embora, ele rapidamente deu meia volta e colocou a moto em movimento para longe dali.



Estava tão perdida em pensamentos que somente percebeu quando haviam chego em seu bairro depois de Suigetsu virar seu rosto em sua direção. Desceu rapidamente e entregou-lhe o capacete.

– Obrigada - disse sem jeito, encarando os pés.

– Não há de que - respondeu-lhe sorrindo de canto. Karin olhou para seu rosto.

– Não, sério, obrigada - passou um mão pelos cabelos vermelhos, sentindo seus dedos travarem nos pequenos nós, que haviam se formado devido ao vento - se você não tivesse chego...

– Pois é, quem diria - ele soltou uma risadinha. Não queria nem ao menos pensar no que aqueles caras fariam com ela - Eu bancando o príncipe e salvando o dia, acho que mereço uma recompensa por isso, princesa.

Vendo o garoto abrir um sorriso malicioso quase a fez xingá-lo. Ali estava o Suigetsu com quem ela estava acostumada. Garoto atrevido.

– Achei que Sakura fosse sua princesa - cruzou os braços entrando em seu jogo. Ele a encarou dos pés a cabeça, porém ao invés de sentir irritação, como há minutos ele a fizera sentir na lanchonete, seu corpo parecia formigar.

– Tem razão - ele aproximou-se. Ela não sabia o por quê, mas não gostou de vê-lo concordar - Mas se eu posso bancar o príncipe encantado, acho que não faz mal você ser minha princesa agora, não concorda? - Karin engoliu a seco.

Quando uma brisa bateu em seus cabelos ruivos, trazendo-os para frente do rosto, Suigetsu tomou os fios em seus dedos e colocou-os atrás de sua orelha, mantendo sua mão ali e, ao invés de afastar-se, aproximou-se devagar de seu rosto, matando cada centímetro de distância que os separava, porém de repente parou, observando sua reação.

– E você é muito mais meu tipo - sussurrou olhando para as esferas castanhas, que miravam seus lábios. A Uzumaki conseguia sentir a respiração quente do rapaz batendo em seu rosto quente.

Não pensava em nada. Para ela não existia um depois ou qualquer outro empecilho que a fizesse parar com aquilo tudo. Nem se ela quisesse poderia mandar alguma ordem para seu cérebro, para que este pensasse com clareza e o afastasse.

E, por Deus, esta era a última coisa que queria.
Vendo que ela não dera indícios de esbofeteá-lo ou algo do gênero, o loiro acabou com a distância que havia. Fechando os olhos e torcendo para que ela não mudasse de ideia neste instante.

Quando sentiu os lábios tocando de leve os seus, fechara os olhos por puro instinto e este fora o único movimento que fizera, enquanto Suigetsu movia a boca vagarosamente sobre a sua, ora beijando o canto de seus lábios, ora dando uma pequena mordida no canto direito inferior.

Não saberia responder quanto tempo durara a ação - porém sabia que fora tempo suficiente para que seu coração batesse descontroladamente a ponto de quase sair pela sua boca - mas quando o garoto se afastou, ainda podia sentir as pequenas cargas elétricas que dançavam pelo seu corpo.

O Hozuki ria interiormente da cara de surpresa que Karin fazia, a garota estava em choque, enquanto ostentava lábios vermelhos inchados, isso só o fez querer aquela boca sobre a sua novamente.
Optou por afastar-se antes que as coisas saíssem do controle, subiu em sua moto e ligou-a.

– Preciso ir - colocou o capacete - até mais, princesa - piscou um dos olhos e saiu em disparada, deixando Karin acompanhando-o com o olhar até que não pôde mais enxergá-lo.

Ainda sem acreditar no que acontecera, a ruiva virou-se e deu um conjunto pequeno de passos até ver Sasuke de pé com Sakura ao seu lado.

Sentiu seu coração falhar uma batida ao pensar na possibilidade de Sasuke ter visto alguma coisa e sentiu-se extremamente culpada, tanto pelo que acontecera quanto pela vontade de querer esconder aquilo, porém, no fundo, não se sentia arrependida.

E isso só aumentou o sentimento de culpa dentro si.

De alguma forma, Suigetsu conseguira a fazer sentir como se lava corresse por suas veias e a feito sentir-se de um jeito como nunca antes apenas com um breve encostar de lábios. Nem mesmo Sasuke, uma das pessoas que ela mais amava, conseguiu deixá-la em tal estado.




– Puta que pariu! - exclamara Sakura depois que Kain havia terminado de contar toda a história - Sabe que Sasuke poderia ter visto vocês, não sabe?

Karin olhou para a garota, que a encava como se fosse uma alienígena. Não sabia por que estava contando tudo isso para a rosada, mas algo a fazia confiar nela.

– É claro que sim, mas tudo aconteceu rápido demais - ela levou a ponta de seus dedos à boca, tocando de leve seus lábios onde sentira Suigetsu poucos minutos atrás - eu não esperava que ele fizesse isso - completou baixo.

– Mas também não o afastou quando ele beijou você - rebateu a Haruno, fazendo com que a outra a olhasse feio.

– Eu sei, tá legal? - a Uzumaki ficou encarando seus pés enquanto mordia a ponta de seu dedo.

– Você gosta dele? - perguntou Sakura arqueando uma sobrancelha, pelo silêncio que recebera como resposta - O que vai fazer? - Karin suspirou.

– Eu não sei - levantou-se e foi para a sua cama, pegando seu pijama que estava sobre o travesseiro. Quando estava para sair do quarto, encarou Sakura que a olhava sem disfarçar - Não quero que conte pra ninguém, entendeu?

Em resposta, a garota fez com que fechava sua boca com um zíper, usando uma chave imaginária para trancá-la e depois jogou a chave sobre os ombros.



Acordou sem saber o motivo. Apenas sabia que era mais cedo do que o horário que ela costumava levantar, porém ao sentir uma vibração embaixo de seu travesseiro, descobriu o que a despertara.

Ao ver o nome de Neji estampado na tela, recusou a chamada e pôs-se a pensar no que Hinata dissera sobre o primo. Ele realmente precisava de uma explicação.

Depois de encarar o teto durante minutos, abriu a caixa de mensagens do telefone e escreveu um texto para o garoto, explicando tudo o que acontecera desde o acidente, porém percebeu que ainda não era o bastante, e que também não era justo com ele, precisava encontrá-lo para que pudessem resolver de fato a situação da melhor forma, seja ela qual for. Apagou tudo.

Tenten: Precisamos conversar

Tenten: Qdo vc vem ver Hinata?

Já estava colocando o celular de volta na cômoda para que pudesse tentar dormir de novo quando foi impedida pela vibração.

Neji: Quero ver você hoje

Neji: Sinto sua falta

Tenten sorrira ao ver a mensagem. Podia facilmente enxergá-lo passando as mãos nervosamente pelos cabelos longos que ela tanto gostava. Por Deus, como queria vê-lo neste momento também.

Tenten: Vc tem aula hj!!

Tenten: Ñ pode pegar um avião e vir pra cá!

Neji: Pq não?

Neji: Já tenho a passagem

Neji: Meu avião sai em menos de uma hora

A morena ficou encarando a tela do telefone totalmente estática. Não estava preparada para vê-lo ainda. Quando dissera que precisavam conversar, ela imaginou que teria tempo de criar um discurso, esperava vê-lo, pelo menos, no fim de semana.

Neji: Te pego na saída da escola

Quando terminou de ler, levantou-se rapidamente para ir até Hinata, que a esta hora já estava fora da cama, mesmo sendo cedo demais, para pedir socorro.




Ino teve seu sono de beleza interrompido por Hinata e Tenten que estavam fazendo um tremendo barulho logo pela manhã. Não sabia e não tinha a menor curiosidade de saber o motivo de tamanha agitação, apesar de ter seus palpites.

Viu que estava certa quando foi até o banheiro e viu a Mitsashi encarando-se no espelho enquanto escovava os cabelos cor de chocolate.

– Decidiu falar com o Neji? - perguntou no meio de um bocejo. Não se preocupou em falar virada para a garota, o espelho ajudava Tenten a ler seus lábios.

A garota sorriu em resposta e balançou os punhos cerrados em um sinal de concordância. Nunca a vira tão empolgada com os estudos - a morena conseguia ser a pior das quatro quando se tratava de assuntos escolares - quanto ela ficava ao ir nas palestras de linguagem de sinais.

Elas já tinham aprendido uma porção de gestos e, apesar de Ino não ter decorado todos eles, a garota até usava um ou outro durante as conversas com Tenten, que ficava radiante toda vez que via as amigas sinalizarem. Era realmente uma pena que Sakura tivesse desistido.

Ino sabia que a rosada não havia largado as aulas por falta de vontade - diferente de Tenten e Hinata, que até haviam se distanciado um pouco da garota - a loira percebera o problema nas mãos, que Sakura tentava esconder de todos, e sabia também que este não fora somente uma consequência do acidente.

Quando todos já estavam reunidos, Ino tomou distância e tirou uma foto da mesa de café da manhã, para que mais tarde pudesse mandá-la para seus pais antes que eles começassem a mandar um quadrilhão de mensagens perguntando como ela estava.

Comia suas frutas enquanto encarava Hana dar conselhos à Tenten sobre o que esta deveria dizer ao (ex) namorado quando ele chegasse. Revirou os olhos.

Ela não entendia o motivo da amiga ter chutado o garoto. Pelo que sabia, eles gostavam um do outro desde o dia em que se conheceram, e ela achava que ainda iam continuar a fazê-lo por um bom tempo.

Na verdade, ela sentia-se de saco cheio - assim como lembrava de Sakura ter resmungado outro dia - daquele drama todo. Talvez estivesse de mau humor porque não estava recebendo mais toda a atenção a qual estava acostumada. Sem seus pais por perto, as únicas pessoas com quem falava eram Sakura e Sai, um garoto que era aparentemente fã delas e que havia se autoproclamado sua sombra.

Mas apenas não era o bastante para suprir sua necessidade de atenção diária. Como queria que pelo menos um dos homens estivesse ao seu lado - ela não tinha culpa deles terem a mimado até não poderem mais!

Ino estava quase concordando com o comentário que a rosada fizera na última vez que se falaram. Ela precisava de um namorado. E precisava parar de concordar com a Haruno também, sua cota já havia sido ultrapassada.

Após o café, seguiu as duas morenas até a escola, andando sempre atrás, excluída da conversa - não que se importasse. Quando chegaram ao destino, Ino se encaminhou até seu armário, onde encontrou Sakura com cara de poucos amigos, esfregando sua porta com um pano.

– O que aconteceu, Testa? - perguntou a loira enquanto abria o cadeado.

– Não me arrependo de ter vindo estudar aqui, mas estou realmente de saco cheio com essas brincadeirinhas idiotas - ela apontou para seu próprio armário, onde algumas ofensas estavam escritas.
Ino fez uma bola com o seu chiclete, estourando-a depois. Balançou a cabeça concordando com a rosada.

– Fiquei sabendo que pegaram um dos pincéis do Sai - comentou lembrando-se do doce garoto contando o furto que sofrera.

Quando terminou de abrir sua porta, diversos pedaços de papeis caíram aos seus pés, assim como diversas cabeças de bonecas loiras.

– Hey - chegou o garoto animado - olha só o que eu... - porém não completou a frase ao ver as duas rodeadas de papeis, bonecas e tinta - O que aconteceu ?

Ino cerrou os punhos e Sakura olhou ao redor, vendo diversas pessoas rirem delas enquanto apontavam em sua direção. Quando deu um passo na direção dos risonhos, Sai segurou-a pelo braço, tentando impedir a garota de reagir.

– Não liga pra eles - negou com a cabeça - não vale a pena - tentou puxá-las em direção ao saguão, onde os Uzumaki e o Uchiha estavam.

– Eu vou fazer valer daqui a pouco - rosnou para os garotos. Foram até os amigos pisando firme, Sakura quase espumava pela boca.
Quando Naruto viu a expressão da rosada, que estava suja com tinta vermelha em suas roupas, ergueu uma sobrancelha.

– O que aconteceu com você? - perguntou examinando o estrago.

– Vamos nos atrasar pra aula - respondeu enquanto passava por eles, indo em direção à sua sala. Karin, desconfiada, olhou para o corredor de onde as garotas haviam saído e encontrou uma porção de colegas rindo enquanto as encarava.



– Certo - disse Suigetsu por fim - até quando você vai fingir que eu não existo?

Karin suspirou e continuou a copiar as anotações do quadro. As provas estavam cada vez mais próximas e ficar de exame não era um opção para ela.

– Hora da biologia - respondeu baixo, sem nem tirar seus olhos da folha. O garoto então chegou mais perto dela e a ruiva prendeu a respiração.

Suigetsu tinha consciência dos efeitos que tinha sobre ela e, sabendo disso, debruçou-se, circulando a garota com os braços, porém sem encostar nela de fato, e pegou o lápis que ela usava para escrever, voltando para seu lugar depois.

– Hora das respostas - encarou a garota que já olhava irritadiça para ele.

– O que quer saber então? - perguntou cruzando os braços - Não tenho certeza, mas acho que foi a galinha.

O garoto não riu de imediato, porém depois que compreendeu sobre o que ela dizia, deu mais um de seus famosos sorrisos de canto.

– Bela tentativa - apontou ele. Apoiou o rosto em uma das mãos e ficou encarando-a descaradamente.

– Não estou te evitando - ela olhou ao redor para ver se alguém prestava atenção neles, ao ver que não, continuou - O universo não gira ao seu redor, se não percebeu.

– O fato de você ainda não estar comigo me comprova isso - rebateu de imediato. O Hozuki tinha o dom de deixá-la sem resposta. Decidiu optar pela mesma saída de usava em todas as outras as vezes.

– Qual é a parte que você não entendeu? - ela o encarou - estou com Sasuke.

– Você nem gosta do cara.

– Isso realmente não é da sua conta! - aumentou o tom de voz. A professora, que antes explicava a matéria, virou-se para eles.

– Espero que saibam tudo sobre botânica para estarem conversando durante minha aula - disse com aquela voz que Karin tanto detestava. Seu tradutor repetia suas falas com as mãos com uma cara de nada, sempre a encarando como se a culpa fosse dela.

Quando a ruiva não continuou a conversa, Suigetsu bufou e pegou sua mochila, pendurando-a em um dos ombros, e saiu da sala batendo a porta, fazendo com que Karin e o resto da turma ficassem encarando suas costas.



– Não fica assim - disse Sai bagunçando-lhe os fios loiros - logo eles vão parar com isso, você vai ver.

Ino suspirou e levantou a cabeça, que antes estava apoiada sobre os braços cruzados.

– Eu só não entendo. Essas pessoas devem ter sofrido com brincadeirinhas desse tipo em escolas comuns - Sai concordou.

– Ser diferente não é bom, quer dizer, os surdos são a maioria aqui, certo? Eles devem estar querendo proteger o território ou algo assim - deu de ombros.

– Estou preocupada com a Sakura - disse por fim. Ino sempre fora apontada por colegas de turma pelo preconceito que as pessoas tinham por seus pais, e estava acostumada com isso, diferente da amiga, que se deixava afetar muito mais do que o saudável.

– E eu estou preocupado com você - o moreno encarou os olhos azuis sem vida da amiga - anda tão desanimada ultimamente, o que houve?

– Tudo mudou, sabe? - encarou os olhos negros que lhe fitavam atentamente - Depois de virmos pra cá as coisas mudaram. Tenten se isolou do mundo e só fala com a Hinata, que é outra que está super estranha agora.

– Você tem a Sakura ainda - ele lembrou.

– Ela é outra - abaixou a cabeça novamente - só fica com aqueles três para cima e para baixo - Sai sorriu de canto ao perceber o motivo do estado da garota.

– Você tem a mim - Ino lhe sorriu, não era algo radiante como antes, mas para ele já servia. Ficaram um tempo em silêncio até a loira voltar a falar.

– Acho que ela gosta dele - Sai ergueu uma sobrancelha, pedindo por uma explicação - Sakura. Acho que ela gosta do Uchiha - Sai parou para pensar.

– Acho que não - negou com a cabeça - e ele tem namorada, ela não faria nada disso.

– Eu sei, por isso estou preocupada, Sai. Sakura tenta se mostrar muito mais forte do que na verdade é - mesmo vendo a cara de interrogação do garoto, Ino não lhe explicou, não cabia à Yamanaka espalhar informações que Sakura contara somente para ela.

– O que acha de um filme, então? - ele cutucou-a com o cotovelo nas costelas - Eu, você e nossa amiga cor-de-rosa preferida - ele levantou-se do banco e puxou-a para junto de si.

– Depois dessa aula de história com o professor jurássico eu só quero dormir - ela arrastava seus pés no chão, fazendo drama.

– Se demorarmos muito não vamos conseguir encontrar Sakura - a loira então endireitou-se e eles andaram mais rápido, até avistarem um ponto rosado na multidão.

– Sakura, querida! - chamou Sai circulando-a pelos ombros - O que acha de uma sessão pipoca esta tarde?

Sakura os encarou enquanto fazia uma expressão que Ino conhecia muito bem. Ainda mais ultimamente.

Uma expressão de culpa.

– Ah, foi mal - enrolou a ponta de seu cabelo - mas acabei de combinar de ir com a Karin até a livraria.

– Ah, entendi - o sorriso de Sai foi murchando aos poucos, porém retornou rapidamente - podemos ir com vocês?

– Nós vamos estudar depois, Karin me pediu ajuda com algumas coisas - sorriu amarelo, enquanto a ruiva chegou, parando ao seu lado.

Ino teve vontade de empurrar a ruiva para longe dali e voltar a ocupar o posto de melhor amiga de Sakura.

– Vamos? - chamou a Uzumaki. A Haruno balançou a cabeça e acenou pra eles.

– Mande um olá para as meninas, faz tempo que não as vejo - se despediu enquanto era levada pela ruiva.

– Abandonada de novo - resmungou baixo - e quem é essa Karin? Aqueles óculos combinam mesmo com o cabelo dela?

– Acho que somos só você e eu então - ele olhou-a de canto, Ino virou-se de frente.

– É - suspirou observando-as se afastarem - acho que sim.

– Tenho sorvete de chocolate e bastante cobertura - ele empurrou-a em direção ao portão - pode escolher o filme hoje.

– Legal - respondeu ela sem nem ao menos prestar atenção no que o garoto dizia. Apenas pensava nos momentos que teve com as amigas, se perguntando se fizera algo errado que justificasse esse afastamento delas.

Porém não conseguiu pensar em nada.


Foi arrastada pela rua durante alguns minutos e quando deu por si, estava sentada no sofá da casa de Sai. O garoto logo aparecera com um pote de pipoca todo sorridente.

– O que temos pra hoje? - perguntou ele sentando-se ao seu lado - Esse aqui é bastante engraçado.

Ela mal olhara a capa da caixa que ele exibia.

– Vimos esse da última vez - respondeu. Sai pegou outro e ela apenas balançou a cabeça para ambos os lados.

– Você não está exatamente cooperando, sabia? - ele riu sem graça pegando outro. Ino bateu a mão no objeto, fazendo-o olhar para si.

– Qual é o problema comigo? - perguntou encarando aquele olhos puxados.

– Nesse momento? - ele arqueou a sobrancelha - Você está sendo mais chata que a Sakura - tentou fazer graça.

– Estou falando sério, Sai - rebateu séria. O garoto suspirou e encarou os olhos azuis dela.

– Nada, nenhum - ele arrastou um dedo por todo o contorno de seu rosto - você é linda, perfeita, e se está assim por causa daquelas brincadeiras...

– Não é só isso! - rebateu olhando para o chão - É tudo! Tudo está dando errado! As meninas nem falam mais comigo, Sai! - ela o encarou chorosa - Estou sozinha de novo.
– Não - ele negou e a alcançou pelos ombros, a abraçando - você sabe que não é assim, eu estou aqui, não estou? - ela aconchegou-se no corpo magro e ficou assim durante alguns minutos.

– Sai? - chamou - Você me faria um favor?

– Qualquer coisa - ele beijou-a na testa.

Ino desenroscou-se dele e ajoelho-se no sofá, ficando totalmente virada. Olhando Sai encará-la, ainda esperando por seu pedido, a loira aproximou-se do garoto, fechando os olhos no meio do caminho e colou seus lábios nos dele.

O garoto, sem saber o que fazer, apenas permaneceu parado, porém quando a loira tentou aprofundar o contado, ele a empurrou pelo ombro, a afastando de si.

– O que...? - Sai a encarou com os olhos arregalados.

– Eu achei que você...

– Sim, mas não! Não desse jeito! - Ino o encarou e encostou no sofá novamente.

– Tudo bem - sussurrou envergonhada, evitando olhar para o garoto.

– Não, olha - ele pegou na mão dela - o problema não é você, sério, sou eu que...

– Fala sério - ela o cortou e levantou-se, pegando sua bolsa que estava em uma poltrona.

– É sério, Ino! - ele se levantou e foi correndo até a loira, que já se encontrava na porta. Pegou um de seus pulsos, tentando fazer com que ela o encarasse - Olha pra mim, droga!

– Até depois, Sai - tentou desvencilhar-se dele, porém ele colocou ambas as mãos em seu rosto, forçando-a encará-lo.

– Eu gosto muito de você, de verdade - ele disse observando os olhos azuis que estavam cada vez mais brilhosos pelas lágrimas - mas eu sou.... Bem, eu sou gay.

– O que?! - ela o encarou atônita.

– Eu achei que você soubesse, pelos seus pais, quero dizer - coçou a nuca, sem graça.

– Eu... Oh, meu Deus, desculpa! - ela usou uma mão para tampar a boca aberta em um perfeito 'O' - Eu tenho que ir.


Sai apenas deixou-a sair apressada pela rua e adentrou novamente sua casa, se encaminhando até o sofá, onde estava antes, e algo brilhante dentro de seu campo de visão chamou sua atenção.

Pegou entre os dedos uma pequena pulseira de prata. Era de Ino.



Andava apressada enquanto remexia em sua bolsa até que finalmente seus dedos encontraram seu celular. Discou o número que sabia de cor, pouco se importando se a pessoa para a qual ligava estava ocupada.

– Alô? - ouviu através do fone.

– Eu sinto sua falta, sabia?! - ouviu a risada rouca dele.

– É claro que eu sei. Você bateu seu recorde, sabe? Seis dias e três horas, estou me sentindo abandonado.

– Deixe de ser dramático - ela riu. Sabia que o irmão tinha o dom para fazê-la esquecer de seus problemas.

– O que aconteceu? Meus instintos de irmão mais velho me dizem que aconteceu algum problema - ela revirou os olhos, era a cara de Shikamaru dizer coisas como essas - e não revire os olhos!

– Não sabia que irmãos adotivos tinham um sexto sentido - retrucou ela sorrindo.

– Por favor - ele fez uma pausa - irmãos adotivos há treze anos não é qualquer coisa - apesar de rir, ela não lhe contou nada, apenas ficaram em silêncio por alguns instantes.

– Você sabe que é o melhor irmão do mundo, não sabe? - perguntou ela.

– É claro que sim - ouviu o sorriso dele na frase - quando você vem? Sinto falta de pintar seu cabelo de azul, pequena.

– Se for pra você me deixar igual a um cosplay de avatar eu não volto nunca mais! - fingiu-se de brava lembrando-se do fatídico episódio em que um garoto moreno de oito anos passava suas lindas mãozinhas pintadas com tinta azul nos belos e reluzentes cabelos dourados da menina de seis. Fazia exatamente dois anos que eles haviam se mudado do orfanato para a casa de seus pais.

– Você não está entendendo o tormento que eu estou passando! - o drama era de família, Sakura dissera uma vez, era contagioso através da convivência - Inoichi e Shikaku pegam no meu pé quatro vezes mais do que faziam antes. Eu te proíbo de sair de casa!

– Vou tentar ir quando as provas acabarem - ouviu um barulho de fundo e encarou a tela de seu celular - Shikamaru?

– Hn? - perguntou ele.

– Pare de fumar, Shikaku odeia que você tenha pego esse vício, você sabe.

– Não preciso de uma bebezinha como você pegando no meu pé.

– Eu te amo - sorriu ela, sabendo o quanto ele não gostava dessas melosidades, que dizia ser somente para meninas. Pena para ele, porque a família deles era uma das mais melosas existentes.

– Ta, ta. Eu também - respondeu rápido, fazendo-a gargalhar.

– Tenho que ir, tem alguém me ligando. Até depois - encerrou a ligação e logo apertou o botão verde, aceitando a seguinte - Sakura?

– Acho que a minha melhor amiga precisa de uma daquelas sessões de abraços, sabe onde posso encontrá-la? - Ino sorriu de canto enquanto fazia o sinal para que o ônibus parasse.

– Ela está indo pra sua casa e chega em cinco minutos - encerrou a ligação e descansou a cabeça no vidro, enquanto sorria de canto.

Não estava tão sozinha quanto imaginava.


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Notas finais do capítulo

Bom, é isso. O que acharam?
As coisas estão começando a se desenrolar, não?
Sei que a Sakura e o Sasuke nem apareceram direito nesse capítulo, mas acredito que a história não anda só com esses dois personagens. Prometo que no próximo veremos mais eles dois.

Outra coisa, já me decidi sobre a Ino e sei com quem ela vai ficar. Uma leitora totalmente tiete de um certo casal vai me enforcar se eu não colocá-la com um determinado personagem. Pois bem, logo ele aparece. Acho que vocês vão gostar bastante do que planejo para nossa loirinha.

Sobre o próximo capítulo: eu já tenho metade dele. Fui viajar e escrevi bastante, mas não tenho uma data certa para postá-lo. Mas garanto que com mais pessoas dando as caras, mais animada eu fico e o capítulo sai mais rápido.

E isso é tudo, pessoal!
Até o próximo,
Beijos!