– Vejo que chegaram novos alunos neste semestre - disse o professor assim que subiu no palco do teatro - Meu nome é Iruka, ou I-R-U-K-A - soletrou em sinais seu nome - ou simplesmente assim, fazendo o sinal da letra 'i' - mostrou a todos seu punho fechado com somente o mindinho erguido - e fazendo uma linha reta de um olho ao outro, seguindo o trajeto da cicatriz que tenho no rosto - e assim o fez, com outras pessoas o imitando.

– Olha só! - disse Ino feliz da vida - Consegui!
Era difícil dizer se era Tenten ou Hinata a mais encantada com tudo aquilo, já que as duas mal piscavam ao encarar com os olhos brilhando o professor explicar cada vez mais sobre aquela nova língua.

Após a apresentação as garotas observaram, Iruka juntamente com alguns alunos, nos quais Karin estava inclusa, distribuírem diversas apostilas.

Quando recebeu a sua, Tenten olhava as figuras, juntamente com seus significados em seu rodapé totalmente abismada. Era incrível o modo como as pessoas eram capazes de falar entre si usando somente as mãos. Totalmente independente dos ouvidos.

– Primeiro - Iruka chamou atenção de todos - vamos começar com o alfabeto e depois quero que cada um sinalize o seu nome - o professor então pegou sua própria apostila em mãos - Assim é a letra 'A' - fechou todos os dedos, mantendo o dedão em pé, encostado no indicador - Não, faça o sinal de "joia", aquele símbolo de curtir da rede social, deitado - corrigiu uma aluna, ensinando a forma correta de sinalizar- exatamente! Agora encoste toda parte da frente do dedão no indicador. Pronto, agora temos a letra A!

E assim foi todo o alfabeto, com Iruka corrigindo quando necessário. Ás vezes alguns dos alunos monitores auxiliavam quando um aluno que precisava de ajuda estava um pouco longe do professor.

– Acha que já são capazes de soletrar seus nomes? - Iruka incentivou os alunos com um sorriso animador - Vamos começar por você - o moreno apontou para um aluno que estava sentado na fileira da frente - comece com o seu nome e se tiver sinal, nos ensine como fazer - porém antes que o garoto começasse a erguer a mão, Ino levantou o braço.

– Sim? - questionou com os olhos fixos na loira.

– Como assim "se tiver um sinal"? - perguntou a loira.

– Surdos batizam as outras pessoas com sinais - explicou não só para a Yamanaka, mas para toda a turma - soletrar o nome de uma pessoa requer muito trabalho, então seu sinal - o homem repetiu o sinal de seu nome - é como se fosse um apelido.

– Então quer dizer que eu posso criar o meu próprio sinal? - perguntou uma outra garota, que Sakura reconheceu como sua colega de turma.

– Não - ergueu o dedo indicador e o balançou de um lado para o outro, negando - esses apelidos sempre partem dos surdos para as outras pessoas. Normalmente, eles dão esses sinais baseando-se em algum aspecto físico que lhes chama a atenção - Iruka caminhos entre os alunos - Pode ser um óculos ou seu cabelo - o homem olhou diretamente para Sakura, para depois desviar o olhar para outros alunos - Eles tentam exemplificar esse detalhe com um sinal e esse passa ser oficialmente seu apelido pelo qual será conhecido entre os surdos.

– Quero que levantem a mão quem aqui já possui um sinal - dos treze alunos, sete levantaram a mão, sendo três alunos monitores - gostaria que vocês nos ensinassem seus sinais quando chegarem a sua vez. Começaremos pelo canto de lá - Iruka apontou para o mesmo aluno que antes fora interrompido por Ino. Este, desconcertado, soletrou seu nome vagarosamente, mirando a página em que estava descrito o alfabeto vez ou outra.

Sakura mirou suas mãos semi cerradas em seu colo e tentou copiar alguns dos desenhos da folha, porém acabou falhando. Seus dedos trêmulos não a obedeciam e pouco se dobravam para formar os símbolos.

Era como se seu corpo debochasse de todo seu esforço.

Quando foi a vez de Ino, que estava em seu lado, a loira sinalizou o seu nome perfeitamente, sorrindo para as amigas, comemorando o fato de conseguir fazer três sinais sem falhar ou ter que "colar".

Vendo que chegara sua vez, vários pares de olhos foram direcionados a sua pessoa. Sakura levantou-se prontamente e saiu as pressas da sala, não parando nem quando a loira gritou seu nome.
Andava pelos corredores pisando duro enquanto encarava suas mãos, agora suadas pelo nervosismo, tentando flexionar seus dedos. Até conseguia, mas a dificuldade era imensa para conseguir incliná-los apenas alguns poucos graus.

Lembrou-se dos - terríveis - primeiros dias no hospital. Assim que recobrou a consciência, não conseguia nem ao menos sentir as mãos e entrou em desespero, apesar de, aos poucos, ter conseguido recuperar a sensibilidade e o movimento. Logicamente, ela obrigou ao médico para que a explicasse o que havia acontecido e ele, depois de muitas ameaças, contou que devido a batida que sofrera na cabeça, era de se esperar que ela ficasse sequelada.

Problemas motoros e perda de memória fora o que ele lhe respondera.

Sakura ficara realmente mal. Teve ânsias de vômito, que a forçavam expelir o pouco que ingeria - não que ela sentisse muito por essa parte - sua cabeça latejava e ela não se lembrava de muitas coisas - na verdade, ela sabia que pedaços de si talvez ficassem perdidos para sempre - porém o que mais a assuntou foram suas mãos. As suas enfermeiras diziam que era só questão de tempo e se este não resolvesse, uma boa fisioterapia.

E por mais que ela já conseguisse sentir suas mãos, e até mesmo movimentá-las de maneira um pouco lenta, as enfermeiras lhe entupiam com aquela comida nojenta, já que ela não tinha como se alimentar - na opinião delas - sozinha.

Sakura havia esperado tempo demais para que seu corpo se recuperasse, iria atrás de Kurenai neste mesmo dia. Se até Naruto havia percebido seu problema, era questão de tempo para que Tenten e Hinata ficassem preocupadas e isso era o que mais queria evitar.

Ela não precisava que ficassem em cima dela.

Tirou sua atenção dos dedos desobedientes para as palmas, a direita mais precisamente, onde havia uma série de números agora já borrados. O celular de Naruto.

O que mais queria no momento era sair daquele lugar e internar-se em seu quarto, porém não podia ir sozinha. Além de não ter a chave, não lembrava-se do caminho, apenas poucos pontos de referência que talvez não a ajudassem.

Encaminhou-se então para a saída das laterais, a que dava para os fundos da escola. Pôde ver uma pequena quadra e mais ao longe a área das piscinas, que foi para onde se encaminhou.

Quando estava quase terminando de atravessar a quadra, uma bola de vôlei a acertara de modo certeiro nas costas, de modo que chegou até a empurrá-la um pouco para frente.

Abaixou-se e logo após pegar o objeto amarelo nas mãos, uma garota um pouco mais alta veio sinalizando algo para si em alta velocidade, de modo proposital para que ela não entendesse. Sakura então olhou pra o objeto aos seus pés e a chutou para longe, ignorando a garota que gesticulava já raivosa, e continuou seu caminho.

Chegando ao seu destino, procurou a cabeça loira entre as pessoas que lotavam o local. Além dos que estavam na piscina, alguns alunos sentavam-se na beira para molhar os pés e outros estavam simplesmente dando apoio moral, a maior parte formada por garotas - agora Sakura entendia o porquê de Naruto estar jogando Polo - enquanto seguravam toalhas ou faziam qualquer coisa inútil do gênero.

– Posso ajudá-la, senhorita? - Perguntou um homem alto de cabelos longos e escuros e de sobrancelhas grossas, tirando a atenção de Sakura que estava sob os garotos. O homem vestia uma bermuda verde e uma regata branca que estava escrito "TREINADOR" e um apito preso a um cordão que circulava seu pescoço complementava seu uniforme.

– Estou procurando o Naruto - respondeu colocando uma mão em forma de concha acima dos olhos, para que o sol não a incomodasse ao encarrar o homem.

– Ele está treinando - respondeu ele para depois mirar o canto da piscina onde Naruto apoiava-se na raia para conversar com um garoto moreno.

– Vou pegá-lo emprestado por alguns minutos - contornou o treinador do time, parando na borda da piscina, na frente do amigo - preciso de seus serviços.

Naruto reparou na garota antes de ela encontrá-lo. Aquele cabelo era inconfundível mesmo em meio a um mar de gente. Apesar de Sakura estar bastante diferente desde a ultima vez que ele a vira, ele gostava do novo visual. Agora parecia mais... Sakura.

"Eu não perder mais tempo com você" Sinalizou Sasuke irritado. Naruto tinha a capacidade de concentração de uma criancinha. Nada o conseguia prender por muito tempo. Nem mesmo uma conversa com menos de cinco minutos, pois o loiro já não olhava mais para Sasuke e sim para algo acima dele. No mínimo mais alguma das garotas do Uzumaki.

O Uchiha espirrou água com as mãos no rosto do amigo, vendo ele finalmente olhar para si com o mínimo de irritação.

"Campeonato ser mais importante" Seus gestos eram duros e rápidos. Naruto havia conseguido irritá-lo "Você cuidar de garotas depois".

Antes que o Uzumaki conseguisse respondê-lo, uma sombra pairou em cima dos dois. Sasuke olhou para cima - odiava ser interrompido - porém, diferente do que esperava, não encontrou nenhum par de pernas desnudas por saias minúsculas. Nada de cabelos pretos, loiros ou ruivos, esses, na verdade, eram rosas.

Uma movimentação ao seu lado chamou sua atenção e viu Naruto erguendo-se da piscina. Rapidamente puxou o loiro de volta para a água, o afundando o mais baixo que conseguiu. Ele sempre gostara mais da piscina da escola por esta ser ainda mais funda que a sua.

Quando o loiro voltou a superfície, jogou água em Sasuke.

– O que é?! - perguntou sem nem ao menos soltar as mãos da borda. Naruto quando nervoso, esquecia-se de sinalizar. O moreno pensava que era porque ele só conseguia se concentrar em uma coisa de cada vez.

"Você" Apontou para o loiro que o encarava "Treinar" E apontou para o fim da piscina "Precisa melhorar seu tempo"

– Sakura precisa ir pra casa - retrucou pegando impulso novamente e sendo impedido pelo amigo mais uma vez.

"Eu levar" Pegou impulso e saiu da piscina antes que o amigo discordasse. Uma vantagem de ser surdo, era o fato de que ele não precisava fingir que não estava ouvindo alguém, porque, obviamente, ele não ouvia nada o tempo todo.

A garota tirou os olhos de Naruto e pousou-os em Sasuke com uma sobrancelha erguida. O moreno então pegou-a pelo pulso e voltou-se para o loiro "Treinar. Agora" Apontou para a piscina mais uma vez antes de se retirar levando a garota consigo.

Sakura olhava para Naruto enquanto era arrastada pelo moreno. Pôde ver o treinador apitar e logo o loiro e mais alguns garotos saírem da piscina para logo pularem novamente. O Aperto em sua mão diminuiu e a garota então reparara que estava em frente ao vestiário masculino.

"Você esperar aqui. Eu voltar..." Sasuke começou a sinalizar, porém não completou o que dizia devido a cara de espanto que a menina ostentava.

– Eu não ex vou em metendo nada para você pra descendo - pelo menos era isso que ele havia entendido ao ler os lábios da menina.
Era - muito - provável que ela não havia dito isso, porém, por mais que fosse indiscutivelmente bom em leitura labial, ele sentia dificuldade para entender o que outra pessoa, quando esta não havia falado o suficiente para que ele aprendesse a forma como seus lábios formavam as palavras, falava em voz alta.

Sasuke encarou a garota e ergueu as duas mãos totalmente abertas, em um claro sinal para que ela esperasse. Foi rapidamente ao vestiário e substituiu suas roupas pelo uniforme do colégio, para logo pegar sua mochila e voltar para fora.

Sakura ainda esperava, e quando Sasuke voltou e se pôs a andar, a garota o seguia de perto até chegarem ao estacionamento. O Uchiha pegou suas chaves no bolso e destrancou as portas para adentrar o veículo, porém não foi seguido.

O moreno a encarou. Ela esperava que ele fosse abrir a porta do carro? Porque se fosse, ela ficaria esperando.

Sakura via-se perdida. Não sabendo o que fazer, apenas continuou a falar normalmente com ele, assim como fazia com Karin. Nunca havia ficado só com uma pessoa que não podia escutar e falar. Como ela pediria para que ele lhe explicasse o caminho se ele não proferia nenhum som?

Sasuke continuava a encarando, vendo sua boca se mexer porém sem entender direito o que a garota falava, pensando em algum jeito melhor de se comunicar com ela, já que a rosada não conhecia a linguagem de sinais. Sem querer, lembrou-se da primeira vez que falara com o loiro e chegou a conclusão que Naruto era esperto quando queria - não que ele fosse dizer isso a ele algum dia. Ele então buscou em seu bolso da calça pelo telefone e escreveu uma pequena nota para logo mostrá-la para a menina.

Não vou abrir a porta

Sakura leu e soltou uma risada sem graça. A garota demorou o dobro do tempo que deveria para escrever a pequena frase - mesmo abreviando o máximo que podia - porém teve de apagar diversos erros por seus dedos esbarrarem onde não deviam.

N esperava q fosse

N ando d carro

Sasuke continuou a encarando e deu de ombros saindo do automóvel. Seus dedos coçavam para perguntar o motivo, mas não o fez. Eles não se conheciam e ele não tinha o direito. Porém antes de saírem da escola, ele pegou o celular que estava nas mãos dela e ligou para seu próprio número, salvando o dela logo após.

Apenas para facilitar, convenceu-se.

– Onde Sakura se meteu? - perguntou Ino, que pela contagem de Hinata, pela quarta vez desde que chegaram no estacionamento há mais ou menos cinco minutos.

Tenten apenas continuava a ler a apostila que recebera na aula, pouco se importando com a impaciência de Ino. Ela não fazia o estilo estudiosa - isso ela deixava para Hinata e Sakura, que eram duas ratos de biblioteca - mas ficara tão encantada com aquilo tudo, que fazia questão de decorar a maior quantidade de sinais que pudesse no menor período de tempo.

Pela primeira vez desde o acidente, ela sentia-se incluída, era finalmente parte de alguma coisa. Devia isso á Hinata, sabia que sem a amiga, ela continuaria fechada e limitada por um bom tempo.

Naruto, logo após tomar uma ducha no vestiário, se encaminhou para a saída se preparando psicologicamente para aguentar Karin reclamar sobre ter que voltar a pé para casa. A ruiva era a pessoa mais sedentária que ele já conhecera.

E foi só lembrar-se da prima, que avistou a bela figura de cabelos avermelhados, com direito a braços cruzados e pé batendo no chão, aguardando a chegada dele e do namorado, que não vinha, ao lado do carro.

– Não sabia que a escola estava contratando novos seguranças - brincou ele postando-se a sua frente para que ela enxergasse suas mãos.

– Pode ter certeza que você não está qualificado para o cargo, idiota - rosnou enquanto lhe lançava um olhar nada bonito.

– Quanto mau humor - riu ele - Não adianta esperar pelo príncipe encantado, ele não está aqui para levá-la embora de carroça - assim que terminara de falar, a expressão de Karin passou a ser puramente de preocupação.

– O que aconteceu com ele? - os olhos castanhos já estavam arregalados e o rosto da menina estava ficando pálido - Ele está bem?

– Sim, ele está bem - assentiu ele - mas se sentiu cansado hoje e foi embora, acho que ele está com insolação, meu tempo foi até melhor que o dele e...

– Naruto, foco! - ela lhe chamou a atenção - Por que ele iria embora, passando mal sem o carro? - o loiro gelou por dentro, ele não sabia mentir com tanta facilidade, porém nem em um milhão de anos contaria que o amigo fora levar Sakura para casa , ele presava por seu pescoço, ainda mais sabendo que Karin estava mordida de ciúmes pela garota.

– Decidiu tomar um ar? - testou para ver a expressão dela amenizar só um pouco - Você sabe como ele é. Ás vezes ele fica perambulando por aí sem avisar ninguém, aquele irresponsável - fingiu-se de bravo - Vai nos fazer voltar a pé! Vou riscar o carro dele! Ah, se vou!

– Faça isso e perca sua vida, idiota - a ruiva bufou. Sabia que Naruto estava mentindo, mas não conseguia ficar brava com ele, principalmente com a possibilidade de algo sério ter acontecido com Sasuke.

Naruto já ia puxar a prima para irem embora quando viu as garotas que estavam com Sakura mais cedo. Imaginando que esperavam a amiga, o loiro se encaminhou até o pequeno grupo.

– Olá, garotas - sorriu ele quando chegou perto delas. Naruto não as conhecia muito bem, mas não entendia como Sakura podia ter arrumado amigas tão diferentes dela.

– Raptou Sakura novamente? - perguntou a loira enquanto mascava um chiclete cor de rosa.

– Tentei - disse colocando as mãos nos bolsos ainda mantendo seu sorriso largo. Por passar tanto tempo com Sasuke e Karin, Naruto esquecia-se que as mãos não eram necessárias em uma conversa com ouvintes - mas ela não quis e foi embora.

– Mas foi embora pra onde?! - Ino bateu um pé no chão. Odiava quando Sakura fazia coisas sem avisar, parecia que sentia prazer em deixá-las esperando por ela.

– Para casa - deu de ombros - a minha, eu digo - neste momento Karin o olhou com uma sobrancelha erguida.

– Ela não tem chave e a tia Kushina não está em casa - disse ela - você mandou a menina embora pra ficar esperando na calçada, gênio?

– Hey! Não mandei ninguém embora - rebateu - ela foi porque quis! Eu quis ir, mas Sasuke me obrigou a treinar e só pude sair agora.

– Você mandou ela embora com o Sasuke?! - respondeu a ruiva, que já estava ficando com raiva. Como assim seu primo mandava - seu - Sasuke para casa com uma garota que não era ela?! - Vamos logo, Naruto! O que é que você está esperando? -disse Karin puxando o primo pela mão em direção a saída da escola.

Ino encarava aquilo com um sorriso no rosto.

– Acho que não foi Naruto que ela encontrou naquela noite em que chegamos - sorriu de canto.

– Ino, não diga essas coisas - Hinata repreendeu a amiga - Sakura nunca se relacionaria com um garoto comprometido! - Ino riu em resposta.

– Veremos.

Tenten pouco prestava atenção nas amigas. Ao saber que Sakura já não estava mais ali, decidiu sair na frente em direção a sua casa, sendo seguida pelas duas amigas. Não queria perder seu tempo ali.

Quando chegaram em frente a casa e Sasuke perguntou pelas chaves, Sakura lembrou que não as tinha. Preparada para esperar por Naruto sentada na calçada, o moreno a chamou para a sua casa.

Espere na minha casa

A rosada apenas ergueu uma sobrancelha ao encará-lo, porém o garoto apenas deu de ombros.

Saí mais cedo do treino, você pode contar o tempo pra mim

Sem ter nada melhor pra fazer, ela acabou por concordar e agora lá estava ela, sentada de pernas cruzadas perto da grande piscina, que não estava lá quando esta ainda era sua casa, assistindo ao garoto atravessar a piscina várias e várias vezes enquanto ela contava seu tempo no cronômetro do celular.

– Dois segundos mais rápido - ela lhe respondera erguendo dois dedos quando ele emergiu novamente.

Sasuke bufou em descontentamento, porém não mergulhou de novo, apenas observou a garota, principalmente suas mãos que ainda mantinham os dedos mais dobrados que erguidos.

– O que? - perguntou ao sentir os olhos do garoto sobre si. Algo no modo como ele a olhava a deixava desconcertada. Podia sentir seu coração pulsar mais rápido que o normal enquanto encarava o dono daqueles olhos negros, cujos pensamentos não deixava transbordar. Sasuke chamou-a com as mãos e a rosada surpreendeu-se, sua respiração falhara - Nem pensar!

"Calor" Ele lhe respondera, porém ela não havia entendido. O moreno apontou para céu e abanou-se com uma mão logo após, proferindo a palavra sem emitir sons, arrancando um sorriso divertido da garota.

– Você - apontou para ele - Não - balançou a cabeça de um lado para o outro - Fala? - passou a mão pelo pescoço indo em direção a boca.

Sasuke a encarou, ele visivelmente não queria falar sobre aquilo e Sakura se arrependera prontamente de ter perguntado - sua questão inocente poderia ter soado extremamente rude - porém surpreendeu-se quando ele respondeu.

"Eu usar minhas mãos" Mostrou-lhe as palmas erguidas, mas Sakura balançou a cabeça.

– Com sua voz. Você sabe, em voz alta - ela mostrou-lhe novamente o pescoço e a boca, como se lhe indicasse as cordas vocais. Sasuke entendera - na verdade, sabia do que ela falava logo da primeira vez.

"Não" Negou com a cabeça.

Ficaram se encarando por mais algum tempo e Sakura, por mais que quisesse saber o motivo, não perguntou mais. Abaixou os olhos para o telefone, obrigando suas pulsações voltarem ao ritmo normal, porém descobriu que a desobediência de seu corpo não se limitava somente a suas mãos.

Sasuke por fim saiu da piscina e pulou na água novamente, ignorando qualquer tipo de pensamento - não precisava dar motivos para Karin ficar no seu pé - enquanto Sakura apertava o botão para correr o tempo. Quando ele voltou para perguntar-lhe como tinha ido, ela deu de ombros.

– Lento demais - disse-lhe e ele a encarou com o rosto um pouco inclinado como se a convidasse a fazer melhor - meu cachorro era mais rápido que isso.

O Uchiha não compreendera a última parte, pois ela lhe dissera aquilo enquanto ele estava de costas, para sair mais uma vez da piscina e pular na água. Sakura apenas apertou o botão para o tempo correr novamente.

Quando os Uzumaki avistaram a casa de Sasuke, Karin correu para o portão da casa vizinha a sua. Naruto revirou os olhos e foi atrás, principalmente por não ver nenhuma figura de cabelos rosados sentada na calçada.

Cruzaram todo o jardim da frente e, quando Karin ia subindo as escadas - indo para o quarto do namorado - o loiro segurou-a pelo braço e a puxou para os fundos da casa, onde estava localizada a piscina.

– Eles estão lá fora, dá pra ouvir o barulho - avisou o loiro.
Karin viu primeiro Sakura que estava sentada com os braços apoiados no chão para sustentar o peso em frente a piscina, onde encontrou o moreno submerso cortando a água em uma velocidade impressionante.

– Você é tão exagerada - Naruto disse para a prima, para logo a soltar e ir até a rosada, que só tirou os olhos da água quando o Uchiha voltou a superfície.

– Um segundo mais lento - disse ela pra o moreno, que a encarou desgostoso novamente com o seu tempo.

– Lento?! Sabe quantos anos eu levaria pra nadar tão rápido assim, seu maldito? - Naruto berrou movendo as mãos para o amigo que o encarava com um sorriso de canto.

"Um milhão de anos?" O amigo gesticulou.

– Por aí, droga! - ergueu os braços arrancando risadas da garota ao seu lado - Isso não é nada engraçado, Sakura, eu preciso ser bom em alguma coisa pra ganhar uma bolsa na faculdade.
– Você pensa em algo - ela lhe sorriu levantando-se do chão, puxando o amigo para a saída - vamos indo, ainda tenho que ligar para o Sasori.

Enquanto os dois iam embora, Karin aproximou-se da piscina, tirando os sapatos e as meias.

– Por que veio embora? - perguntou a garota.

"Gai gostar de encher o meu saco" Respondeu "Eu preferir treinar sozinho" Deu de ombros.

– Poderia ter me avisado, fiquei preocupada - sentou-se na beira, colocando apenas as pernas na água. Sasuke veio para perto de si e apoiou-se nela.

"Você se preocupar demais" Sorriu de canto e com um impulso, alcançou seus lábios, beijando-a de leve - forçando sua cabeça a se concentrar na namorada, Karin estava consigo há quase dois anos, estava com ela e ninguém mais - logo voltando e levando a ruiva consigo.

– Sasuke! - Gritou rindo ao sentir sua pele arrepiar com a água fria em contato com sua pele quente - Isso aqui está um gelo!

"Não precisar sentir ciúmes" Sinalizou para ela, agora sério.

– Promete? - sorriu largamente. Sasuke em resposta, fez um 'x' sobre o coração, fazendo a ruiva beijá-lo no rosto.

"Eu precisar treinar agora" Soltou-se da ruiva e a empurrou para a parede.

– Não precisa não - disse manhosa - quero ficar com você. Vamos aproveitar que Mikoto não está, Sasuke.

"É por isso que eu não chamar você enquanto eu treinar"

– Tudo bem - pegou um impulso e saiu da água e correu até a toalha que estava em cima de uma cadeira de plástico branca - vou me comportar.

Sasuke apenas revirou os olhos e saiu da água novamente, ainda precisava ser quatro segundos mais rápido e talvez a água levasse seus pensamentos sobre a rosada para longe.