Just Listen escrita por Lenora


Capítulo 4
Capítulo 2 - Surda


Notas iniciais do capítulo

Feliz 2015, pessoal!
Sabe, fiquei decepcionada com a quantidade de comentários (mas não com a qualidade, adorei todos), apesar do número de acompanhamentos ter aumentado, mas por ser final de ano, eu compreendo.
Mas enfim, quero agradecer as lindas Yume Matsushita e Delirium por comentarem no último capítulo ( e em todos os outros *w*).
Fico muuuuito feliz ao ler o comentário de vocês. Me dão inspiração e esperança para continuar HAHA
Tenham uma boa leitura!
Nos vemos nas notas finais



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Surda.

Tenten estava surda.

Pelo o que entendera, sua filha tivera um traumatismo sonoro. Devido ao barulho da explosão do veículo, o ouvido da menina sofrera danos irreparáveis, a deixando surda.

Sua filha não ouviria mais a sua voz ou qualquer outro som.

Céus! Logo agora que ela estava tão empolgada com sua música, que todas as meninas que estavam alegres e sonhando com grandes apresentações.

– Fique calma - disse Shikaku, que havia acabado de visitar o quarto da filha - talvez seja reversível.

– Não é - a mulher só chorava - Surda! Ela está surda! O que é que eu vou fazer agora? Não é algo que se trate com remédios.

– Vai fazer o que faz todos os dias - respondeu Inoichi depois de colocar uma mecha de cabelo atrás de sua orelha - vai cuidar da sua filha como sempre fez.
Nessa hora, o celular da mulher tocou e ao ver o nome que indicava na tela, recusou a chamada.

– Não quero criticar você ou algo parecido, mas você merece coisa melhor, querida - disse Inoichi acariciando as costas de Hana.

– Não posso deixá-lo - a mulher soluçava desesperada - não sei o que ele é capaz de fazer, principalmente agora que ela está tão frágil. Não posso arriscar a minha filha, não posso!

– E a sua vida?! - retrucou o loiro nervoso - Saia de casa quando ele não estiver e suma. Não atenda suas ligações nem nada.

– E o que eu faço depois? - suspirou a mulher sem esperanças. Por mais que quisesse acabar com o casamento há tempos, não tinha um emprego para manter ela e a filha, além de morrer de medo do marido. Não sabia o que ele era capaz de fazer - Não tenho com quem contar mais e o dinheiro que estava guardado ele encontrou e gastou tudo!

– Fique conosco, - propôs Shikaku pela terceira vez desde que conhecera o marido da mulher. Lembrava-se perfeitamente do dia em que as meninas haviam ido comer sorvete depois de uma apresentação na escola e o indivíduo com quem Hana se casara, Shikaku recusava-se a reconhecê-lo como homem, apareceu e levou as duas embora aos berros - sabe que odeio pensar naquele estúpido perto de você e da menina.

– Sim. - concordou Inoichi - Pense, meu bem, Tenten precisará de pessoas que se importam com ela agora.

A mulher ouviu o celular tocar novamente e por fim tomou sua decisão. Limpou as lágrimas e levantou seu rosto.

– Vocês estão certos - disse decidida - perdi uma vida inteira perto daquele homem - os dois assentiram - e preciso tomar minha vida de volta e posso muito bem cuidar da minha filha sozinha, como sempre fiz.

– Claro, meu bem - concordou o Yamanaka.

– Acho que vou aceitar a oferta - sorriu agradecida para o moreno - Tenten não precisa mais saber da existência daquele inútil.

–Posso saber quem é o inútil? - perguntou o homem que recém entrara no corredor.

– O que está fazendo aqui? - perguntou Shikaku levantando-se para confrontar o homem.

– Estou falando com a minha mulher, seu viadinho - rosnou ele e depois voltou-se para a esposa - por que não me atende? Perdeu o celular? Fique sabendo que eu não vou comprar outro pra você.

– Eu não quis - respondeu ela se colocando na frente de Shikaku - como soube que estava aqui?

– Fiquei dependendo da televisão, já que a minha querida esposa não quer atender minhas ligações.

– Por que veio? - perguntou Inoichi, se colocando ao lado do marido - Não me diga que decidiu ser um bom pai e que está preocupado com a filha.

– Quero saber o que aconteceu com aquele cara que estava dirigindo o outro carro - cruzou os braços - vou processar aquele filho da puta.

– Aquele que estava dirigindo o outro carro morreu! - cuspiu Hana - Agora que já sabe, pode ir embora, sua presença não é bem vinda aqui - o homem cerrou os olhos e se aproximou da mulher.

– Olha bem como fala comigo, sua vagabunda - agarrou o braço dela com força e a puxou em direção a saída - vamos embora, preciso de você em casa.

– O que? Não! Estou indo embora daquele inferno! - o homem estancou no lugar.

– E aonde você pensa que vai? - perguntou debochado.

– Pra nossa casa - disse Inoichi colocando uma mão sobre o ombro dela.

– Querem colocar minha mulher no meio da safadezas de vocês?! - agarrou a mulher com mais força - Nem por cima do meu cadáver você fica com essas bixinhas.

– Quem é você pra falar de masculinidade? - disse Shikamaru dobrando o corredor - Tem que bater em alguém mais fraco pra se sentir mais homem? - estalou a língua - Tsc, ridículo - se tinha uma coisa que ele odiava, era que falassem mal de seus pais.

– Ouça aqui, seu moleque - gritou apontando o dedo para o garoto.

– Já cansei de você desrespeitando a mim e a minha família - Shikaku aproximou-se do homem com os olhos em chamas - saia daqui agora mesmo, se não o fizer, eu mesmo garanto que você nunca ande mais. Antes de falar sobre mim ou meu marido, olhe para si mesmo e se pergunte se você é mesmo um homem.

O homem ficou sem fala. Abriu e fechou a boca diversas vezes, mas decidiu por fim ir embora sem dizer nenhuma palavra.

Dois dias depois

Estava sentada na cama já há algum tempo. Hinata a havia avisado que Tenten ainda estava dormindo e Ino sendo bajulada pelos pais, nunca vira pais tão babões como aqueles dois.

Sorriu de canto ao lembrar do escândalo que a família de Ino fez ao receber a notícia. Não que tivesse visto, já que estava acordada somente há um par de horas, mas as enfermeiras fizeram questão de sair comentando pelos cantos.

Por um momento, teve uma fagulha de inveja por Hinata e Ino, os pais delas não saíam do quarto das filhas nem para ir ao banheiro, enquanto os seus próprios ficavam um tempo para ver se ela estava bem saíam. Sempre sozinhos, se revezando, para que não brigassem.

Precisava sair daquele lugar antes que a enfermeira que cuidava de si chegasse com a comida. Tinha certeza que não conseguiria fazer com que a mulher lhe deixasse ir ao banheiro novamente, para que pudesse fingir que fazia xixi, quando estava na verdade colocando tudo para fora no vaso.

Tentou levantar-se da cama e assim que colocou os pés no chão, sentiu o corpo inteiro formigar e sua visão escurecer gradualmente. Se apoiou na cama novamente e esperou a tontura passar. Sabia que isso não era somente uma sequela do acidente, mas também das inúmeras horas que passara sem comer.

Após a visão voltar, e sentir mais controle sob seu corpo, deu um passo bem devagar, para testar o seu peso, e como não desmoronou, deu outro e mais outro. Quando chegou no corredor ouviu uma gritaria e estranhou. Aquele era o quarto de Tenten.

– Pare de gritar, querida - a mãe da morena lhe acariciava os cabelos embaraçados enquanto chorava baixinho - está tudo bem - ela tentava acalmar a garota que continuava a gritar enquanto tampava os ouvidos - vai ficar tudo bem.

– O que aconteceu? - Sakura perguntou para ninguém em particular. Hinata, que estava mais próxima da porta a encarou com os olhos cheios de lágrimas.

– Tenten não está conseguindo ouvir nada - sussurrou ela. Ino então chegou ao quarto abraçada aos seus pais, que lhe faziam carinho na cabeça. Sakura não sabia como reagir. Como assim a amiga não ouvia nada? Ela mesma estava quase tampando os ouvidos com suas mãos desobedientes tamanho eram os gritos da garota.

– Nós achamos que isso aconteceu por causa da explosão - disse uma enfermeira - isso já aconteceu uma vez, pode ser reversível.

– Como aconteceu com Ino, que reclamou de dor nos ouvidos - disse outra.

Sakura apenas encarou a amiga e encaminhou-se para a cama dela com passos instáveis. Tenten estava com inúmeros arranhões pelo corpo além de uma faixa enrolada em sua cabeça - assim como ela mesma, devido a contusão - suas mãos apertavam o lençol da cama enquanto sua mãe abraçava seu tronco repetindo que tudo iria ficar bem.

A Haruno sentou-se do lado da amiga e apoiou seu rosto no ombro da morena. Não faria sentido ficar jogando palavras de consolo pra ela, - ela nem ia ouvir mesmo, disse para si mesma - então apenas tentou mostrar que estaria ali com ela, lhe dando apoio. As outras seguiram seu exemplo e cada uma abraçou a amiga da forma que podia.

Tenten estava assustada, aquele silêncio estava lhe deixando perturbada. Ainda pensava que tudo aquilo era um sonho, um sonho muito ruim, mas apenas um sonho. Porém quando Sakura se aproximou de si juntamente com as outras garotas, percebeu que o toque delas eram reais demais para serem coisas de sua imaginação. E por perceber que tudo aquilo era verdade, chorou ainda mais.

Depois de dias jurando para sua mãe que estava bem, Hana finalmente concordou em deixá-la ir pra escola. Fizeram um acordo com Ino, no qual a loira lhe prometera que levaria sua filha para a escola e depois direto para casa em seu novo carro - sim, no fim das contas os pais de Ino lhe deram um carro em seu aniversário e a loira teve que choramingar para conseguir seu bebê de volta depois do acidente - sem nenhuma parada.

Não conseguindo nada melhor, Tenten concordou e lá estava ela, se encaminhando para a primeira aula do dia, após a chegarem em sua sala, viu Ino balançando as mãos da porta, dizendo que se veriam no intervalo.

Era extremamente difícil fazer leitura labial, mas ela se preparara com a ajuda das amigas.

Após o início da aula, ela estava sentada na primeira carteira, mais perto da professora do que jamais esteve, e se concentrou nos lábios da mulher, ela rira deste pensamento.

– Bom dia - disse a mulher desinteressada - Vamos retomar hoje com a aula da semana passada quando terminamos o livro que possui diversos traços da escola literária...¹ - não que conseguisse entender mais de duas palavras que a mulher dizia, mas ficou impossível tentar entender o que ela dizia, pois esta virou de costas para escrever no quadro.

– Além de falar rápido ainda faz o favor de virar de costas - resmungou baixinho para si mesma. Apesar de não ouvir, ela ainda mantinha manias como colocar seu celular para tocar músicas enquanto tomava banho e resmungar só para si.

– Creio que não está prestando muita atenção na aula, Tenten - disse a mulher.Ou não tão baixinho assim. Por não conseguir ouvir, ela não tinha muito controle do volume da sua voz - Preciso escrever a matéria no quadro para que os alunos estudem para a prova que será daqui a duas semanas e não é porque você possui....

– Para, para - gritou a menina tampando os ouvidos. Não que tivesse algum efeito, mas ela achou que ficaria mais dramático desta forma - chega! Eu não posso ouvir nada! Não consigo ouvir nada, porra! - levantou-se e saiu, fazendo questão de bater a porta, deixando a mulher e todos os alunos espantados pelo ataque da garota.

Sentia as lágrimas descerem quentes pelo rosto. Não sabia ao certo o que sentia, estava triste, estava nervosa e sua única certeza era que queria sair daquele lugar, porém foi parada por alguém que segurava seu braço. Olhou para trás e viu Ino e Hinata falando.
Falavam com ela e entre si. Algo normal quando se está com pessoas que conseguem ouvir e acompanhar a conversa, mas não era o caso dela. Tudo o que ela ouvia era o silêncio.

– Não sei o que estão dizendo, droga! - gritou ela puxando seu braço de volta - Eu só quero ir embora, me larguem!

Uma semana depois e Sakura já não aguentava mais aquele cheiro de hospital, aquela cor de hospital e muito menos aquelas enfermeiras chatas do hospital. Prometera a si mesma que ficaria de porre quando colocasse os pés para fora daquele lugar.

Estava assistindo um daqueles canais de propaganda, onde uma mulher de mãos perfeitas fica exibindo um anel cheio de pedras entre os dedos finos quando Kurenai foi vê-la.

– Está acordada? - Sakura não respondeu, não era preciso, sabia o motivo da mulher estar no quarto. Ás vezes, Sakura a achava-a extremamente irritante, quase como sua mãe - que fora visitá-la somente nos primeiros dias - . Achava injusto ser a única a ficar internada por todo esse tempo.

Até mesmo Tenten fora libertada!

– Então... - começou ela incerta - Tenten não ouve mais. Asuma está se matando por isso, ele acha que...

– A culpa não é dele - cortou-a - Aconteceu, simples assim - ela, mais do que as amigas, sabia como era aquilo. Ela nunca subiria em um carro novamente. Não depois do irmão, não depois de Tenten, não de novo.

– O que faremos? - ela suspirou, ainda falava devagar, quase como se testasse o terreno em que pisava. Era sempre assim, Kurenai tinha medo de Sakura, da explosão da garota. Ela era como uma bomba-relógio - Digo, com a banda. Vocês estavam indo tão bem, é uma pena que tenham que trocar de baterista.

–Pode ser reversível - retrucou.

– Eu não esperaria muito - Kurenai saiu de frente a cama de Sakura e sentou-se ao seu lado, na beirada do colchão - é um tratamento um pouco caro e nós duas sabemos que Hana não tem como pagar e você sabe como o marido dela é. Estamos de mãos atadas.

–Vamos juntar dinheiro de algum jeito - ela encarou a mulher - não é como se eu, Ino ou Hinata não tivéssemos dinheiro. Vamos concertar tudo.

–E nós vamos ajudá-las com o que pudermos, mas você tem que entender que estão no início da carreira. Começaram bem, mas uma pausa agora pode acabar com vocês - a mulher molhou os lábios com a ponta da língua, não queria soar mesquinha nem nada disso, mas não podia ver tudo aquilo pelo que lutou desmoronando.

– O que sugere então? - A garota olhou diretamente em seus olhos pela primeira vez.

– Encontramos uma nova garota, arrecadamos dinheiro para Tenten e vemos o que acontece - teve como resposta uma negativa.

–Não procuraremos outra pessoa, substituição está fora de cogitação.

– Vocês nem se conhecem direito e pense bem Sakura, não banque a adolescente que pode resolver tudo.

– Você não entenderia - balançou a cabeça novamente, mesmo que ela doesse ao menor movimento - nos dê três meses, se não conseguirmos nada, deixaremos em suas mãos então.

Kurenai suspirou, odiava bancar a adulta malvada, mas alguém tinha que ser sensato ali.

–Vocês virarão fantasmas nesse tempo.

– Tenho escrito coisas novas - olhou para a porta, encarando a maçaneta como se tirasse forças do objeto para que pudesse sair dali - Vamos fazer dar certo. Te deixo fazer o que quiser, apenas nos dê esse tempo, dê a ela um tempo para se recuperar.

Kurenai não pôde retrucar, Ino e Hinata entraram correndo no quarto com sorrisos enormes, como se tivessem descoberto um pote de ouro no fim do arco-íris. Achava incrível como aquelas enfermeiras deixavam aquelas garotas fazer o que quisessem. Principalmente a loira metida. Revirou os olhos.

– Olha só o que encontramos - Ino berrou e Sakura fez uma careta para a loira. Hinata então sentou-se ao seu lado e colocou o notebook em seu colo. Ao olhar para a tela, entendeu o motivo da felicidade - uma escola para surdos! E olha só - Ino foi para o lado de Hinata e apontou um balãozinho na tela - estão aceitando alunos normais também.

– É uma escola cara - Kurenai massageou as têmporas. Hinata negou com a cabeça, mas foi a loira quem respondeu.

– É mantida pelo governo, por isso estão abrindo vagas para qualquer aluno também, o lugar está caidinho - Ino continuou passando o mouse pela tela.

– É em outro estado, não vou morar com quatro adolescentes, é muita dor de cabeça pra mim - a mulher retrucou.

– Hana iria com a gente, é claro e meus papai também quer ir - Ino respondeu brilhante - só precisaríamos alugar uma casa grande e a autorização dos pais de Hinata e Sakura.

– Conversei com o meu pai e ele disse que tudo bem - elas então olharam para a rosada que encarava o endereço do lugar com um sorriso de canto. Não acreditava que depois de tantos anos ela voltaria para aquele lugar

– Quando iremos? - Ino começou a gritar novamente e Hinata apenas a abraçou.

Claro que sua saída de casa seria mais um motivo para seus pais brigarem - eles brigavam por absolutamente tudo -, mas depois de uma conversa com Inoichi e Hana eles acabaram concordando.

Prometeu ligar para Sasori todos os dias antes de dormir e pediu para que ele, quando tivesse pesadelos, ligasse para ela imediatamente, independente do horário e pediu para que ele lhe passasse relatórios da guerra civil que residia em sua casa.

Chegaram na cidade por volta das onze da noite e ela descobrira que no fim das contas, não moraria longe de sua antiga casa, na verdade eram apenas dois ou três quarteirões de distância.

Por ser tarde da noite, decidiram pedir uma pizza e ela disse que daria uma volta pelo bairro para conhecer o lugar, negando qualquer companhia, dizendo que voltaria logo.

Enquanto caminhava, lembrou-se que ainda não tinha cumprido sua promessa, que havia feito a ela mesma, e decidiu procurar por uma festa, já que por ser menor de idade, seria complicado comprar alguma bebida. Andou mais alguns metros até uma casa cheia adolescentes e copos vermelhos pelo jardim.

Uma festa.

Perfeito.

Bateu na porta da casa e um garoto moreno atendeu a porta, apoiando-se nesta em busca de equilíbrio, e a mediu de cima abaixo com uma sobrancelha arqueada.

– Sou prima do Jhon - esclareceu. De tanto que mentia para os pais, isso acabou por se tornando uma coisa natural para ela - ele me ligou e pediu pra eu vir - o garoto deu de ombros e abriu mais a porta para que ela passasse.

– Acho que ele está no andar de cima - deu um sorrisinho de canto - se quiser, posso te mostrar onde fica o quarto dele - ela podia sentir o terrível bafo de cerveja emanando dele.

– Tenho certeza que sim - ela o empurrou para o lado e foi em direção a mesa na qual estavam inúmeras bebidas - mas eu passo.

Não falou com outras pessoas além daquele garoto, que logo desistiu de conversar com ela. Pelo menos era isso que se lembrava.

Sua cabeça já pesava depois de alguns copos e a casa parecia dançar com a música extremamente alta que tocava e ela decidiu que já estava na hora de ir. Estava ficando com sono.

– Quer uma carona, gatinha? - perguntou um loiro. Ela recusou com um aceno de cabeça.

– Não, obrigada - e então riu de como sua língua estava enrolada - se minha mãe ver você, ela come meu fígado.

E então saiu pela rua aos tropeços e descobrira que sua casa ficava a apenas três ruas daquela em que a festa ainda rolava. Por sentir-se tonta, acabou por tropeçar na calçada e foi ao chão.

– Droga de pernas inúteis - levantou-se e limpou as mãos na calça jeans - sempre disse que essa calçada era alta demais - resmungou. Abriu o portão e adentrou o jardim para então subir as pequenas escadas grudada no pequeno corrimão para não cair de novo. Ao forçar a maçaneta da porta, constatou que ela estava trancada.

– Não acredito que a mamãe está na casa da tia Kushina até essa hora - resmungou - onde está aquele vaso ridículo? - procurou por um vaso laranja que guardava uma samambaia e o levantou, encontrando a chave escondida no pequeno prato que ficava embaixo - sempre disse que esse é o esconderijo mais óbvio -. Tentou encaixar a chave na fechadura, porém teve duas tentativas falhas - Por que papai ainda não concertou essa luz?! Não enxergo nada nesse escuro.

Quando finalmente conseguiu abrir, subiu as escadas - sempre grudada no corrimão - em silêncio para não acordar Sasori. Encontrou sua porta, não sem antes tropeçar de novo em um tapete e derrubar um enfeite que ficava em cima de uma mesa - quando foi que sua mãe havia colocado aquilo lá? - , e foi tirando suas roupas, jogando-as pelo chão, para então se atirar na sua cama quentinha. Não se importou quando algo se mexeu embaixo das cobertas.

– Fique quietinho, Totó² - acariciou os pelos do cachorro, que estavam mais macios do que ela se lembrava, talvez ele tivesse ido tomar banho naquele dia - se não a mamãe vai colocar você pra fora - bocejou e fechou seus olhos - boa noite - e caiu no sono imediatamente

Estava tão cansada.

Estava dormindo confortavelmente em sua cama, mas acordou ao sentir alguém mexendo em seus cabelos.

Não acreditava que sua mãe continuava a fazer isso. Para Mikoto, não importava se ele tinha dezesseis ou seis anos de idade, ela sempre o veria antes de dormir.

Aconchegou-se melhor e virou para o outro lado, notando o cheiro bom da roupa de cama, com preguiça até de abrir os olhos. Amanhã pediria para que ela parasse com isso.


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Notas finais do capítulo

Bom, é isso.
Agora algumas explicações:

1- A fala da professora está com falta de vírgulas e tal, porque queria dar a impressão da fala apressada da mulher.

2 - Totó é o nome do cachorro que a Sakura teve quando criança.
Nessa parte, Sakura está um pouco tonta e acaba voltado para sua ANTIGA casa, e não para a atual com as meninas.
Ou seja, Sakura é a antiga amiga do Naruto, que morava na atual casa de Sasuke.

Outra coisa, Sakura no começo tinha cabelos castanhos ( sua cor natural ), mas no prólogo ela já está loira, porque queria se aproximar das meninas de sua escola e agora ela está com os cabelos cor-de-rosa mesmo.
Só queria deixar isso claro, pra dar ênfase nessa fixação pela imagem que ela tem ;)
Ah, e Sasori é o irmão mais novo da Sakura, acho que deu pra sacar, né?

Comentários?
Até o próximo,
Beijos!