O que vocês precisam saber antes de tudo é que, eu vou abrir minha mente e o meu coração e vou lhes permitir entrar, mas, vocês também precisam saber que não vai ser fácil entender o que tem lá. As vezes nem eu entendo.

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    Meu nome é Sofhia, tenho 14 anos, bom, quase 15. Eu estudo, 2º ano do ensino médio. Não sou a mais inteligente da sala, mas estou entre os mais. Claro, minhas notas não são todas altas, também tenho notas baixas. Mas a questão é que eu nunca fiz e nem pretendo fazer uma prova final. Minha vida fora do colégio? Bem, eu venho de uma família pobre, não temos muito dinheiro, mas temos o suficiente para ter uma vida “confortável”, não sei se essa é a expressão correta, as é a única na minha cabeça agora.

    Moro em uma cidade bem pequena. Minha casa é modesta; meu pai e minha mãe brigam de vez em quando, e eu, bem, eu só observo, porque eu não posso fazer nada. Eles não se batem, ainda bem, é só discussão.

    Minha mãe é faxineira, não é um emprego bem pago; meu pai trabalha para a prefeitura, mas o salário atrasa constantemente. Eles só estudaram o primário, é por isso que vivem assim. E é também por isso que eu estudo, quero ser alguém, ter um bom emprego e uma vida melhor que essa. Mas isso parece estar mais longe à cada dia, é, você entendeu direito, mais longe, não mais perto; vou lhes contar o porquê, mas só depois. Isso é só uma pequena introdução.

    Eu não tenho irmãos, sou filha única, e isso é beneficente e prejudicial ao mesmo tempo pra mim.

          Beneficente porque eu me sinto sozinha.

          Prejudicial porque eu me sinto sozinha.

    Eu disse que não seria fácil de entender. Paciência, eu explicarei, mas só depois.

    Esqueci de dizer, hoje é o primeiro dia de aula; estou nervosa. Eu sei absolutamente o que vai acontecer durante o restante do ano; não, eu não sou vidente nem nada sobrenatural; é só que os últimos seis anos da minha vida foram absolutamente iguais. Calma, isso eu também vou explicar depois.

    Mesmo sem entender o que eu quis dizer, alguns de vocês talvez se perguntem: “Mas se ela sabe o que vai acontecer, por que ela está nervosa? Talvez justamente porque ela saiba o que vai acontecer, ou simplesmente por que é um ritual de todo começo de aula?”

    Então pensem nisso, nessa pergunta.

             Por que eu estou nervosa?

    Tentem adivinhar, vocês tem todas as opções de respostas que puderem pensar.

    Eu vou falar mais sobre isso, no próximo capítulo, como eu disse, esse é só uma pequena introdução.