As aventuras de Charlotte escrita por Vlayk


Capítulo 3
O que não planejamos.




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A garota riu, levantando as mãos e dançando, até parar e olhar para a garota no chão, Charlotte piscou, por um instante, e olhou cética para o primo, então retirou os óculos e pendurou-os na camisa, colocando as mãos na cintura.

–Primo. Você abusou da menina? Tsc tsc. Vou falar pro jardineiro! – ela suspira dramática, jogando a mão na testa e rindo.
O primo por sua vez meneou a cabeça, negativamente, fingindo (de um modo realmente suspeito) sua desaprovação e decepção.

–Pensei que tivesse aprendido com o mestre aqui, Lotte, mas, pelo visto... – ela franziu as sobrancelhas, confusa. –Definitivamente um gênio? Você acabou de trancar a gente, cabeçona. Que tipo de mente definitivamente genial encurrala a si própria pra se dar de mão beijada pro inimigo? – ele faz uma careta, divertindo-se obviamente.

A francesa riu, dando de ombros e sentando-se na bancada, puxando uma lixa de sua bolsa e delicadamente passando a parte de metal ritmicamente contra as unhas bem pintadas em uma cor escura, que destacava em demasia sua pele branca.

–Querido primo, eu sou a responsável por criar as artimanhas e executá-las, você cuida para que possamos escapar em segurança. Em todo o caso, se vira, o problema sequer é meu, eu já proporcionei muita diversão para você. – balançou a lixa em descaso. Mas o primo sequer prestava atenção para o que ela dizia.

–Está tentando me seduzir assim? Porque eu acho que existem posições que me agradariam mais... – a francesa riu, então o primo parou de súbito –Nós temos um trunfo, Lotte! Temos uma refém – e apontou para a garota. A francesa levantou-se e parou ao lado do primo, analisando rapidamente a menina encolhida ao chão.

–Poderíamos utilizar algum feit... – parou a frase, ao lembrar-se que estavam em um estabelecimento trouxa. –Uma corda. – completou sorridente, feliz com a própria genialidade.
–Claro, porque todo mundo leva uma corda na mochila. – o francês revirou os olhos, ironia pingava de cada palavra, Lotte, como era mais conhecida, encarou-o inexpressiva retirando uma corda fina, bem enrolada, de aproximadamente meio metro, de sua bolsa. Gérard abriu a boca, incredulidade estampada em seu rosto –Porque diabos você tem uma corda?

–Eu poderia precisar de uma. – ela da de ombros, ignorando a cara perplexa do primo, ela inclinou-se em direção à garota, disposta a amarrá-la. –Certo, moça que eu sequer conheço, você aceita, ham... ser amarrada e usada para que nós, escapemos? – perguntou sorrindo encantadoramente, como se amarrar alguém e usar de refém fosse algo corriqueiro, algo que não podia ser contestado.

A garota morena piscou, incrédula por alguns instantes, enquanto Charlotte prendia a corda em seu pulso habilmente, a francesa sorriu brilhante de seu feitio. Então a outra finalmente tocou-se do que acontecia. Ela berrou, indignada e puxou a corda, fazendo a francesa tropeçar nos próprios pés e segurar-se no primo.
Então, para comprovar que as santidades bruxas realmente não gostavam dos Le Vasseur, em especial porque a garota francesa era loira e branca em demasia, sua tia Emilly sempre dizia que não parecia ser saudável. Quanto amor tia Emi.

Enfim, a porta arrebentou-se, e uma mulher morena entrou, os cabelos eram tão desgrenhados que certamente, um pente quebraria ali. A prima Anne certamente ficaria horrorizada e obrigaria a moça a passar todos os cremes do mundo. A idéia era mesmo tentadora.

–Olha só, temos um aprendiz de comensal? – ela rosnou, Charlotte franziu as sobrancelhas e riu.

–Depende, até onde eu sei, ninguém anda usando drogas aqui, você ta vendendo? Eu sei, pela decadência das suas roupas, deve estar precisando de uns trocados. Tsc Tsc. – balançou a cabeça compreensiva, como se compreendesse a situação.

–Será só um pouquinho menos ridículo. Grummus ira adorar espalhar sêmen nessa bundinha branca.... Espera – ela sorriu lasciva para Gérard, ignorando a francesa. Charlotte revirou os olhos. Outra louca querendo o corpo de seu primo.

–Sério? Você sabe, tia, tem a idade para ser a mãe dele. Se respeite, por favor. – abanou as mãos, em descaso, como se a mulher a enojasse.

–Você insulta a mim, garota? – Charlotte a encarou, olhando ceticamente, um Sério? Você duvida? incrédulo estampando em seu rosto. –O Dragãozinho iria adorar um presentinho de natal. Ariannum Detectum. – Charlotte piscou, ela conhecia bem o feitiço, havia aprendido-o lendo os livros de Gérard. Ela piscou ao ver a luz emanar de Gérard...

... Seu primo, seu querido e adorado primo era mestiço. Aquilo era impossível! Gaguejou em busca de ar, e a comensal ergueu novamente a varinha, ela ouviu as primeiras palavras, mas estava muito chocada para mover-se.

Sentiu o corpo desfalecer e caiu na inconsciência, abraçando-a de mal grado, furiosa com aquela mulher escrota.

...

A cabeça pesava e ela teve dificuldades em sentar. Piscou, pois sua visão estava nublada, estava amaldiçoando todas as entidades bruxas e não bruxas. Uma vaga memória de uma moça de cabelos emaranhados surgiu em sua mente. Mas a cabeça doía muito para que pudesse pensar, realmente.

–Merde. – murmurou em francês, irritada. –Gérard! – chamou, sem resposta. –Primo? Gérd... Vassoura? – levantou-se rapidamente, zonza, tentando entender o que se passava. A garota morena olhou para ela, parecia assustada demais.

–Ela... seu primo... – ela parecia não saber como contar. Gesticulou para um dos box do banheiro e Charlotte correu para lá.

Sangue manchava a parede em alguns pontos. O azulejo estava quebrado, na exata altura da cabeça de Gérard. A Francesa sufocou um grito.

Flashs brilharam em sua mente, a dor de cabeça intensificou-se e ela sentou-se ao chão. Um brilho capturou sua atenção e ela puxou o fio. O colar brilhou em sua palma.

Era o colar Schoir do primo. Gérard jamais deixaria aquele colar cair. Ela sabia.

Lagrimas escorreram pelo rosto bonito, abundantes. Seu primo havia desaparecido. Raptado, seqüestrado e ela fora uma inútil, uma babaca infeliz que não pudera protegê-lo.

A dor ficou mais forte e Charlotte abraçou os próprios joelhos, cansada e esgotada demais. Tinha ciência da garota a suas costas, mas não conseguia falar.


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Notas finais do capítulo

Não sei se alguém leu, mas... apenas uma pergunta... esta ficando bom?