Manhattan, Nova York.

Era um dia de Verão quando Percy, Nico e Jason eram um pouco mais novos. O jovem filho de Hades acabar de fazer doze anos e os hormônios borbulhavam naquele pequeno ser. Assim, ele reconhecia a primeira paixão da vida, após estar chegando ao fim do ensino médio.

Nico di Angelo era um pequeno gênio, superdotado, entrando no último ano do ensino médio, após pular séries e séries por conta da facilidade que ele tinha de absorver e reproduzir os conteúdos mais variados das salas de aula. Gostava de conhecer mais sobre as coisas mais variadas, porém, seu pai era muito relutante quanto a ele entrar numa faculdade, ou algo do gênero.

Nesse meio tempo, seu tio Poseidon resolveu leva-lo junto de Percy e Jason para um final de semana em Long Island. Hades autorizou, e assim estavam eles a caminho da casa de verão da família, de frente para uma região praiana, em pleno verão estadunidense.

— Quero chegar logo, tá demorando de mais isso. — Jason pedira. Ele havia brigado com seu pai na noite anterior, mas ninguém sabia o motivo que levara Zeus a se estressar tanto com seu menino de ouro.

— Cala um pouco a boca Jason, vamos escutar o que o radio está dizendo. — Percy disse um pouco sincero, o que fez o loiro fechar a cara.

— Eu concordo com você, Perseu. — Nico adorava chamar Percy pelo nome naquela época.

Jason encarou o mais novo com ar de chateado, e revirou os olhos, contando os momentos para estar na casa de paia e poder se ver livre das cobranças paternas por um fim de semana.

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Thalia chorava ao ver Jason naquele estado. Ele falava no telefone irado, após ser acordado por um toque de telefone. Isso, na visão de Thalia a salvou do que estava acontecendo.

— Encontraram seu informante? Não acredito que você escolheu alguém tão fácil! — Jason gritava e esse som ressoava no interior do encanamento de esgoto da ilha de Manhattan. — Você tem que ficar de boca calada se te pegarem, senão, eu vou me vingar de você, não importa onde você esteja! Entramos nessa, juntos, por ódio ao meu primo retardado, e vamos sair dessa, juntos, entendido?

Thalia chorava com a face de Jason. Ele tinha ganhado um arranhão na cara e uma parte de suas roupas estava rasgada, com outra estando jogada numa parte mais limpa daquele lugar horrendo. O olhar de Jason se virou para ela, e ele apontou a arma para a sua cara, e então ouviu um barulho, e um gato apareceu. Jason atirou no gato, errando e provocando a fuga do felino.

— Vamos sair daqui pra nosso outro lugar. — Ele falou vestindo uma camisa de manga longa e um casaco, que estavam na parte observada por Thalia como a mais limpa. — Temos que garantir que não vão nos encontrar até que eu queira te trocar por Percy.

Ela não acreditava que ele tinha a capacidade moral de ter tentado fazer aquilo com ela. Agradecia aos toques de celular até o momento em que ele tocou o revólver na sua face e a obrigou a andar.

O caminho pelo esgoto era fedorento e frio. Logo, porém, Thalia pode ouvir o barulho de água, ainda que pouca, e distante, como se o rio de esgoto estivesse a quilômetros dali, porém, mais duas viradas de esquina, e chegaram na parte onde a água podre corria. A nevasca de inverno havia congelado partes do rio sujo, porém uma parte ainda dava curso aos dejetos de Nova York.

— O que você pretende? — Thalia abriu a boca depois de horas sem falar nada, forçando seu irmão a um monólogo que ele já enjoara, e o que ele tentara fazer com ela era a prova daquilo. — Por que não anuncia logo que quer Percy no meu lugar? — A cara dela estava vermelha de frio, raiva e choro. — O que houve com você? Por que querer ser Percy?

Jason a ignorou por mais alguns metros, até encontrar uma escada com um lenço pendurado nela. Ali, ele soltou uma das mãos de Thalia, que estava amarrada com a outra por uma corda.

— Sobre, e se tentar correr, você morre. — O irmão da cantora sussurrou para ela em tom ameaçador.

Thalia foi obediente, e quando chegou ao destino, ela podia ouvir algumas vozes, e sentia mais o frio que pairava sobre Nova York. No lugar escuro, ela queria saber onde estava, mas Jason, ao subir e se encontrar com ela a amarrou de novo, e silenciou-a novamente, colocando um lenço sobre a sua boca.

— Daqui a poucas horas, eu vou saber se já atenderam ao pedido que fiz. Nessa neve toda, poucos seriam os loucos a te procurar longe de um porto seguro, então, nada melhor que deixar você num porto seguro. — Jason falou dando uma coronhada na irmã, que apagou.

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Jason tinha acabado de entrar no seu quarto na grande casa de praia, naquele fim de semana de verão. Ouvia Percy correr no quarto ao lado, e com a cara mais irritada possível, olhava para as roupas que trazia, e como elas não lhe vestiam como as Percy o vestiam.

O primo do loiro estava para conquistar a garota mais inteligente do colégio, Annabeth Chase, filha da diretora da instituição, após um pequeno romance entre ele e a irmã de Jason, Thalia. Ele era o suprassumo dos meninos, aquele desejado, por causa dos impactantes olhos verdes. Jason queria olhos verdes como os de Percy, pois talvez, o fizessem menos parecido com seu pai.

— Jason, cadê você? Eu e o Percy estamos te procurando. — Nico gritou, possivelmente do quarto do filho de Poseidon. Quando o jovem gênio apareceu na porta, Jason notou que ele estava com trajes de banho. — Vamos nadar? O dia está excelente para isso.

— Eu já vou Niquinho, tenho que me trocar antes, Bro. — Ele falou sorrindo.

— Ah, então vou descendo, pra encontrar com o Percy, e segurar ele, para irmos juntos, ok? — Nico disse, enquanto corava ao falar sobre Percy, algo que foi percebido por Jason.

Assim que Nico saiu e fechou a porta, o loiro voltou ao estado emburrado de antes. Era o mais velho dos filhos dos três grandes, sem contar Tyson e Thalia, que na sua visão eram um adotado, apesar de tudo, e sua irmã não era um varão. Ele pensava na admiração que Nico tinha por Percy.

Jason, então, pegou uma de suas roupas na mochila que tinha trago e começou a rasgá-la, para logo fazer o mesmo com a camisa que tinha no corpo, e quando mal percebeu, já havia rasgado toda a sua roupa após um ataque de fúria, que parou quando ele se encarou nu, em frente ao espelho do quarto, e, após o surto, envergonhando-se, vestiu os trajes de banho, saindo do quarto desejando que Nico e Percy não notassem o seu estado naquele fim de semana.

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Nico estava atordoado. Amanhecia em Nova York, e ele não sabia o que fazia primeiro naquele hospital.

Hazel estava internada para uma bateria de exames, enquanto, Annabeth estava com o pequeno Daniel Alexander, que ele queria muito conhecer. Pensou em dar uma passada no quarto da filha de sua ex-diretora, mas logo desistiu, tentando encarar Hazel.

— Ainda não Nico, só depois de ela acordar. — Hades falou com ele em tom professoral, o que o fez entender o quanto ele estava preocupado e ao mesmo tempo enraivecido, com certeza com a presença dele ali.

Nico então foi ao encontro que ele pensou que evitaria, ao entrar no quarto onde estavam Annabeth e o bebê, após passar por uma revista do policial que estava na porta. O primo de Percy ficou incomodado, mas entendia perfeitamente a situação.

Tyson estava com a cunhada, que dormia nas primeiras horas da manhã daquele ano novo. Daniel Alexander também ressonava após ver o mundo, ainda que borrado.

— Tudo bem Tyson? — Nico treinou uma tentativa de diálogo.

— Tudo sim, Nico. — Tyson falou simpático com o primo. — Como andam as coisas, após, hã, esses dias confusos?

— As coisas? Confusas. Com certeza essa seria a melhor resposta, porém, é muito clichê. — O universitário riu da afirmação de Tyson com ar soturno. — Eu estou transferindo meu ódio pelo seu irmão para o nosso querido primo. Ele no fim das contas é quem devia ser o alvo de todo amargor que eu fiz questão de esconder por tanto tempo, pra fingir que eu ainda conseguiria ser uma pessoa normal, mesmo depois de ter sofrido o que eu sofri, meu caríssimo primo.

— Eu fico longe de todas essas fofocas de família. Prefiro ficar longe, mas pude sentir a sua dor no Natal, além de ter de lutar com as minhas próprias. — Tyson se surpreendeu um pouco com a sinceridade de Nico. — Meus pais podem estar se separando, e isso me deixa mal, além de outras coisas.

— O que pode ser pior pra você do que ver eles se separando Tyson? — Nico sussurrou. — Você deve tudo a eles, a Tia Sally em especial.

— Eu vou ficar cego Nico. — o irmão de Percy falou encarando o primo, que se chocou com a informação.

Tyson tinha problemas de visão desde criança, porém, muitos tratamentos bancados por seu pai o deixavam ver o básico, e óculos especiais eram quase parte de seu corpo. Nico nunca pensou que isso iria ocorrer com ele, que é aproximadamente da idade de Thalia.

— E como isso vai ocorrer? Que merda é essa Tyson? — Nico demonstrou preocupação na voz ao falar com o filho de Poseidon. Tyson riu.

— Ceratite. Depois te explico melhor. — A voz do gigante primo estava um pouco embarcada, como se ele fosse chorar. — Tenho que ir agora, tchau, e feliz ano novo!

— Feliz ano novo! — Nico desejou de volta, e de surpresa, deu um abraço em Tyson, que retribuiu, antes de sair.

— Vai tudo acabar bem. Jason vai ser preso. — O irmão de Percy falou antes de fechar a porta do quarto.

Nico sorriu, e se virou para encarar a garota que por muito tempo considerou uma rival no amor por Percy. Viu Daniel Alexander, e quis o abraçar. Aproveitou e fez uma oração, e pediu a Deus que o protegesse de todos os males. Também rogou a Virgem e a Todos os Santos para que intercedessem sempre por ele.

— Vai ser um grande garoto, Daniel, um grande garoto. — Nico falava sozinho, contemplando o recém-nascido.

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O dia na praia tinha sido incrível para Percy e Nico.

O sol que estava terminando de se pôr deixava o céu com poucos raios de laranja, enquanto o escuro da noite já arrotava as estrelas distantes que apareciam ao longo do espaço sideral. Nico apreciava cada estrela da areia da praia onde ficavam em Long Island.

Para ele, cada estrela seria uma testemunha do que aquela criança sentia por seu primo. Percy era muito especial para o filho de Hades e Maria di Angelo, tão especial que o pequeno sabia exatamente o que ele sentia pelo primo mais velho. Com doze anos, Nico tinha no primo o seu amor e o seu desejo mais puro e mais proibido ao mesmo tempo. Nico tinha a certeza de que as meninas não atraíam seus olhares, como faziam com Percy, Tyson e Jason, e ao contrário, achava os meninos mais atraentes aos seus olhos, algo que não sabia ainda como descrever, mas sabia ter medo de que descobrissem.

Seu primo então pegou sua mão e correu com ele para a casa da família. Foram numa velocidade que impressionou Nico, por causa de Percy ser mais velho e por consequência, mais rápido.

— Calma, Perseu! — Nico falava rindo enquanto Percy batia desesperado na porta dos fundos do lugar. Era por ali que tinham que entrar para não sujar a sala. ­— Já, já, alguém vem nos atender.

— Jason! Isso explica porque não vimos você hoje! — Percy falou com um tom debochado para o primo, que riu, e os deixou entrar na casa. — Por que você não foi com a gente, Jason?

Percy perguntou isso num sussurro, enquanto Nico estava se afastando da porta, indo de encontro ao banheiro, no andar de cima.

— Não estava com vontade, e achei que vocês não mereciam ficar com um chato ranzinza como eu atrapalhando a tarde de diversão. — Jason falou em tom de ironia.

— Qual é Relâmpago? Você nunca nos atrapalharia, sabe disso! — Percy riu enquanto comentava o apelido de Jason, que enrubesceu. — Nós te amamos Jason, e queremos você por perto.

— Bom saber. Vou comer algo, e depois vou subir. — Jason balbuciou, indo na direção da cozinha. O loiro estava cansado, dava para ver, mas Percy não sabia do quê.

O garoto de olhos azuis então subiu para encontrar o outro primo. Nico tinha ido tomar banho. Percy, então, resolveu ir fazer o mesmo no seu quarto, e depois ir conversar mais com o primo mais novo.

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Annabeth estava sozinha no quarto, enquanto Daniel Alexander foi levado para fazer exames. Percy entrou, porém o silêncio continuou a reinar no ambiente, apesar de tudo. Annabeth estava exausta, sem animação para o animo de Percy.

— Calma, querido. — Ela pediu enquanto via o filho de Poseidon correndo para cima e para baixo.

— Estou calmo Annie, vai dar tudo certo! — Percy respondeu com um sorriso que Annabeth sabia que era forçado. — Vamos sair daqui em breve! Dará tudo certo, e Jason será capturado pela polícia.

— Maravilha, Percy. — A jovem loira estava incomodada com algo que tinha retornado a sua cabeça tempos depois. — Sabe Percy, eu uma vez estava conversando com meu irmão, e foi uma conversa bem interessante, para não dizer, curiosa.

— Muito bom. — Falou Percy. — E qual o tema da conversa?

O jovem estava eufórico.

— Você e Nico. — Annabeth respondeu tirando um pouco do sorriso do filho de Sally e Poseidon. — Sobre o passado de vocês.

Percy ficou curioso sobre o porquê daquilo. Sua cara mostrava um misto de confusão e curiosidade, aplacando um pouco da euforia em que ele se encontrava.

— Você já teve algo com o Nico no passado? Alguma relação? — Annabeth falou com firmeza para o namorado. — É isso que seu tava falando com o meu irmão.

— E de onde veio isso? Você ou ele? Quem teve essa ideia? — Percy falou abismado.

— Eu, eu observei o comportamento do Nico, desde que eu o conheci, mas depois que ele gritou aquilo tudo na véspera de Natal eu comecei a ter essa certeza no meu coração. — Annabeth falou.

— Como assim? Você se apoiando em suposições? Annie, por favor, você é a menina mais sábia de Nova York. — Percy ria de nervoso.

— Sou, e por isso mesmo cheguei nessa conclusão. Jason nunca estupraria o Nico se não tivesse uma prova da ligação de vocês dois, Percy. — Annabeth foi categórica. — Ele viu algo, ou ouviu. Não foi só imaginação, porque Jason nunca foi um garoto de fazer as coisas baseadas em suposições. Ele tinha pelo menos alguma coisa. Tanto que, depois de que ele tocou no Nico uma vez, ele não fez mais nada com ele.

Percy ficou em silêncio. Andou até a namorada e a abraçou, dando um sorriso de canto.

— Eu nunca tive nada com Nico, a não ser um beijo, um único beijo, que eu não consegui negar. — Percy falou.

— Isso explica um pouco. — Annabeth falou. — Mas você nunca desconfiou dele, por causa desse beijo?

— Não. — Percy se sentou onde a loira estava. — Pra mim ele só estava curioso. Só queria saber como as coisas funcionavam, e eu fui lá, e fiz.

— Isso com certeza foi perigoso, Percy. Pra você, pro Nico... — Annabeth não terminou a frase, ao ver que Percy chorava.

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Nico tinha acabado o banho, e estava no quarto, olhando para o celular.

Quando se deu conta, já era perto de oito horas, e seu estômago roncava. Ele se levantou, e saiu do quarto, mas quando ia descer a escada, percebeu Percy subindo com dois hambúrgueres em uma bandeja, além de outros acompanhamentos. Assim, o jovem di Angelo sorriu e voltou para o quarto.

— É praticamente seu último verão como criança, Nico, então, é a última vez que podemos te tratar assim. — Percy brincou com o primo.

— E o Jason, onde ele tá? — Nico perguntou coçando a cabeça para o primo.

— Ele queria terminar de ver umas noticias antes de subir, tá com os olhos abertos encarando a tevê como um zumbi. — Percy falou. — Tem relação com a escola pra onde ele vai agora, depois do verão. Fica lá na Califórnia.

— Nova Roma, não é? — Nico fez uma cara de dúvida.

— Sim, essa mesma. — Percy assentiu comendo o primeiro pedaço do hambúrguer. — Nem sei o porquê do Tio Zeus mandar ele para lá.

Conversaram sobre mais alguns assuntos, rindo bastante de algumas coisas, e falando sobre casos de família, até que Nico tinha terminado seu hambúrguer, e com isso veio a coragem de perguntar algo que ele queria muito ao primo mais velho.

— Percy, posso te fazer uma pergunta, mas que você não vai estranhar? — Nico tentou entrar no assunto.

— Bem, desde que não envolva usar corante azul pra matar alguém, acho que tá de boa. — Percy riu d que tinha falado, mas percebeu o nervosismo de Nico. — Ei, o que foi que houve Nico?

Nico ficava cada vez mais vermelho, e estava com a boca aberta, mas nenhum som saía dela, o que fez Percy se preocupar com o primo um pouco mais.

— Percy... — Ele travou e não completou.

O filho de Poseidon pegou as mãos do primo e encarou os olhos dele.

— Pode falar Nico. Eu não vou rir, nem nada do tipo. — Percy falou com uma calma que não era seu costume.

— Eu queria saber como é beijar, quer dizer, como é beijar um garoto, quero dizer, como se beija alguém, é... — Nico soltou as palavras de uma vez, gaguejando e se enrolando com elas. E Percy ainda o encarava.

Nico tentou se levantar, mas Percy segurou suas mãos mais forte ainda. Nico se sentou de novo, e ali Percy o abraçou e o beijou, sem perceber que Jason olhava pela fresta da porta, com sangue nos olhos, e uma promessa mental de ter tudo o que Percy tinha.