Temporits Actis escrita por Krika Haruno


Capítulo 8
Capítulo 8: Amicus e Zelume




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Passou rapidamente pelos templos, não estava muito a fim de falar com ninguém, a verdade é que nem queria voltar para o santuário, mas ter uma pessoa estranha em sua casa o fez mudar de idéia.

Abriu a grande porta dourada, dirigindo-se para o trono, onde uma figura imponente lia alguns papeis.

- Mestre Sage. – Deuteros fez uma leve reverencia.

- Pensei que não voltaria. – continuou a ler os papeis.

- Achei necessário. Ficarei por um tempo.

- Sim. – nem o olhou, mas o geminiano também nem se importava.

- Com sua licença... – já ia saindo...

- O que acha?

- Estranho. – respondeu sem se virar. – pode ser que estejam dizendo a verdade ou não. Mas creio que seu informante já lhe deve ter sido útil.

- Mal chegou e já percebeu? – pela primeira vez o olhou sorrindo.

- Tenho faro para essas coisas. – o fitou sorrindo. – ate mais.

Saiu, sendo apenas a conta da porta ser fechada, Hakurei apareceu.

- Ele está de volta?

- Sim.

- Sempre gostou de se isolar...

- Ele deve está desconfiado desses cavaleiros. Deixe-o tirar as próprias conclusões.

 

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Selinsa subiu a passos rápidos, não deixaria a afronta ao seu mestre. Tinha a noção que seu cosmo não chegava nem aos pés do virginiano, mas não deixaria por menos.

Com a respiração afobada, parou a entrada da sexta casa. Tomou fôlego e entrou.

No interior Asmita e Shaka tomavam chá.

- Temos visitas indesejáveis. – disse Asmita depositando a xícara na bandeja.

A amazona surgiu na porta.

- Errou de templo. – disse o dono da casa.

- Não é com você que vim falar. – disse feroz olhando para Shaka.

- Escute aqui menina....

- O que quer? – Shaka interrompeu o cavaleiro.

- Um combate.

- Perdeu o juízo... – Asmita deu um sorriso zombeteiro.

- Está certa disso? – o virginiano novamente o interrompeu.

- Sim. – disse firme.

- Pois deveria reconsiderar. – levantou. – você não tem cosmo para lutar contra mim.

- Não me subestime. – tomou posição.

- Não passa de uma aprendiz, você sairia machucada. Não sei por que quer lavar a honra de seu mestre, foi ele que provocou e deveria assumir seus atos.

- Não fale assim! Seja homem e lute comigo.

- Como quiser. Venha comigo.

Asmita os fitou se afastarem, já imaginava para onde ele a levaria: o jardim das arvores gêmeas. Calmamente Shaka seguiu para o meio do jardim. Selinsa permaneceu a certa distancia.

- Está bom aqui? – parou.

- Tanto faz. – tomou posição. – "preciso dar o primeiro golpe senão não terei chance."

- Pode começar.

Selinsa partiu para cima dele, tentou fazer o planejado, contudo Shaka tinha sido mais rápido, defendendo-se sem nenhum problema. A aspirante começava a ficar irritada, principalmente quando o cavaleiro deu um pequeno sorriso.

- "Idiota." – deu um soco que passou de lado.

- Minha vez. – era evidente que não usaria nem um por cento de sua força, só queria assustá-la. Nem elevou seu cosmo dando um soco, ele só não esperava que ela conseguisse desviar. Foi por pouco, mas desviou, mas nenhum dos dois viram a mascara dela trincar. Afastaram-se.

- Hasgard te treinou bem.

Ficou calada.

- No futuro será uma grande amazona.

- Não pedi sua opinião.

- Só estava pensando alto. – sorriu, mas no fundo estava nervoso, não esperava que ela fosse seguir adiante. Tinha que reconhecer que ela era persistente e valente.

Selinsa o encarava, não tinha forma de sequer encostar nele.

- "Ao menos um dente eu vou quebrar." – pensou tendo uma idéia, não era a mais correta, mas era a sua única chance.

Partiu para cima dando um soco, Shaka desviou o corpo, nesse momento ela elevou a perna preparando um chute, como tinha guardado os gestos de defesa dele sabia exatamente suas ações, então deixou-se ser acertada.

- Ai. – caiu de joelhos levando a mão à barriga.

- Você está bem? – agachou na frente dela.

A principio Selinsa ficou surpresa, não esperava que ele dissesse isso, mas... aproveitando fechou o punho direito e com toda força que possuía acertou-o bem no rosto. Foi inevitável, o virginiano foi ao chão.

- "Isso." – levantou depressa, afastando-se.

Ele ficou com ódio, não dá ação dela, mas sim da sua ingenuidade em cair num truque como esse.

- Vamos levante. – incentivou, porem com medo, estava brincando com fogo.

O cavaleiro rapidamente levantou. Sentiu o gosto de sangue vir a boca.

- Você me paga. – disse frio.

Selinsa tremeu, mas tentou passar indiferença.

O virginiano avançou, foi tão rápido que a amazona assustou ao vê-lo na sua frente. Em outras épocas Shaka não teria piedade por ser mulher, entretanto também não facilitou.

Selinsa acabou recebendo alguns golpes.

Caiu a certa distancia sentindo um filete de sangue escorrer pelo rosto.

- Levante-se. – sua voz saiu imperativa. – não queria uma luta de igual para igual?

- Quero.

Partiu para cima dele, contudo o cavaleiro segurou um dos braços torcendo-os levemente para trás.

- Me solte!

- Tente.

Foi para lhe da um soco, mas também foi impedida e desta vez ficou imobilizada.

- Não pode se mexer.

- Me solta cretino!

- Se eu não soltar vai fazer o que? – deu um sorriso cínico.

- Cretino. – tentava se soltar. – me solta.

- Não.

Usando uma das pernas a amazona tentou chutá-lo, contudo desequilibrou. Para não cair segurou em Shaka porem....

Os dois foram ao chão. O cavaleiro caiu por cima. Houve um silencio, os dois se encaravam, para complicar um pouco mais a vida da grega, com o impacto sua mascara acabou rachando, com um pedaço caindo de cada lado.

Selinsa tentou esconder o rosto, mas como estava imobilizada e a única coisa que fez foi fechar os olhos, ao contrario de Shaka que os abriu. O rosto dela era do jeito que imaginava....

- Você é linda.... – deixou as palavras escaparem. As madeixas azuis caíam pela relva verde, a pele rosada, assim como sua boca e olhos tão negros como a noite. Seu coração batia rápido.

- Sai de cima de mim. – Selinsa estava rubra, não esperava que aquilo fosse acontecer, que alguém visse seu rosto, quanto mais ele! Ele... a amazona o encarou. Ele realmente era lindo ainda mais de tão perto.

- Sabe da regra das amazonas, não sabe? – disse com os olhos cravados nela.

- Sei... – sua voz saiu num sussurro.

- E o que vai fazer?

A regra era taxativa: matar ou amar. Mas não queria fazer nenhuma das duas coisas. Matar era impossível e amar....estava fora de questão.

- Vai me matar?

- Deveria...

- Se disparar um golpe agora poderá me matar por causa da distancia.

- Ficou louco? – arregalou os olhos. – isso seria um ato covarde. Eu tenho honra.

- Eu vi seu rosto. – disse frio.

A grega ficou vermelha, ainda mais quando o virginiano aproximou ainda mais do rosto dela. Assustada fechou os olhos. Shaka tocou levemente seus lábios, ao sentir o toque a garota abriu os olhos, ainda mais assustada, contudo aos poucos foi cedendo. Se toda vez que o via sentia seu coração vibrar, desta vez parecia que ele ia saltar pela boca, era uma sensação única. Shaka também se sentia o mesmo. Não poderia está apaixonado. Durou pouco tempo, pois ela o empurrou.

- Não chegue mais perto de mim! – gritou arrastando-se para trás com o rosto rubro. – eu odeio você!

Pegou os pedaços da mascara saindo correndo.

Shaka continuou sentando, vendo-a se afastar.

- "Eu gosto de você." – pensou.

A amazona passou correndo pelo corredor, estava tão atordoada que nem viu Asmita sorrindo. Achava que ela corria pela humilhação de ter perdido, nem passava por sua cabeça o real motivo. Tempo depois Shaka voltou para a sala. Trazia a expressão séria.

- Ela aprendeu seu lugar?

- Aprendeu... e eu aprendi o meu. Vou me recolher.

Asmita o fitou curioso, o que ele queria dizer com aquelas palavras?

 

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Áurea e Lithos voltavam para o santuário na companhia de Athina, as duas mais velhas tinham ido ate Rodoria a convite da mais nova. Entraram em Áries achando que a casa estava vazia.... pararam na sala ao verem Mu num canto enquanto Shion andava de um lado para o outro nervoso.

- O que houve? – indagou Lithos.

O futuro mestre a olhou imediatamente.

- Desde que vieram para cá, só trouxeram problemas. Seu irmão principalmente. – sua voz saiu fria.

- O que tem ele?

- As vezes penso se são realmente cavaleiros, agem como crianças imaturas! – a ignorou. – o mestre Sage tem que rever. É completamente impossível a permanência de vocês aqui, está abalando a paz do santuário.

Mu ouvia calado, conhecia muito bem o "mestre" quando ficava nervoso. Athina era outra que estava num canto, já ouvira falar da seriedade do guardião da primeira casa, Áurea, porem parecia alheia, olhava para Shion reclamar de maneira contemplativa.

- "Ele não mudou nada, austero, responsável.... se bem que no futuro sua expressão é bem madura.... e que expressão.... – abanou. – mas esta lindo com essa cara de novinho." – sorriu.

Shion notando que era observando a fitou, arqueou a sobrancelha ao ver um sorriso estampado no rosto de Áurea.

- Qual é a graça?

- Nada. – respondeu. – só estou chegando a conclusão que a cara carrancuda é desde sempre.

Lithos e Mu abafaram o riso.

- Como?

- Nada. – Lithos interveio. – o que meu irmão fez?

Shion começou a narrar todos os fatos, inclusive da briga de Miro e Shaka. Depois de escutar tudo as três garotas seguiram para leão e Aioria podia esperar....

- Vou agora mesmo falar com o mestre. – disse Shion na porta. Ao longe fitava a figura de Áurea. – "menina abusada."

 

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Kamus e Dégel encontraram-se no caminho, o frances resolveu voltar para acompanhar o amigo de signo, seguindo para Escorpião.

Miro estava com a cara fechada, no próximo treino acabaria com Kárdia.

- Vou perfurá-lo... – murmurou começando a tremer. – que frio....

- Miro?

- Chegou as geladeiras ambulantes.... – sentiu o cosmo dos dois aquarianos. – no quarto!

Os dois apareceram na porta.

- Como você está? – Dégel sentou ao lado dele na cama.

- Vivo. Kárdia quase me matou.

- Ele é irresponsável.

- E como! Eu não fiz nada.

- Miro! – Kamus o repreendeu.

- Não fiz nada mesmo! Para de ficar defendendo.

- Estou sendo justo. Vocês dois erraram!

- Kárdia exagerou Kamus. Às vezes ele é muito impulsivo.

- Como se esse aí não fosse.... – cruzou os braços. - vou à enfermaria.

- Então eu faço companhia a você. – disse Dégel.

- Obrigado Dégel. – disse em alto e bom tom. – são de companheiros assim que precisamos.

Kamus ignorou saindo, Miro fechou a cara e Dégel ficou sem entender.

 

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Marin estava na cozinha e Aioria jogado no sofá. Não estava nem aí se Shion já tinha ido fofocar, as queimaduras em Sísifo tinha valido a pena.

- "Quero ver ele chegar perto dela."

- AIORIA!!

Assustou-se mais por quem gritara do que pelo grito propriamente dito.

- Aioria!

- Oi Lithos... – deu um sorriso amarelo.

- Eu já sei de tudo! Seu idiota! – pegou a primeira almofada batendo nele.

- Ai Lithos. – tentava se defender. – para!

- Você só apronta! Parece criança.

- Eu não fiz nada.

- Por que brigou com o Sísifo?

- Já foi fofocar...

- Foi Shion que me disse. – continuava a bater. – ele está possesso!

- Não tenho medo. – no fundo....

- Por que não parou ele? – indagou a Marin que acabava de entrar.

- Devia ter feito isso mesmo.

- Vocês duas, hein... Áurea me defenda.

- Eu? Com Shion roxo do jeito que estava? Nem quero está perto.

Athina observava a conversa sem entender.

- Idiota. – a grega bateu um pouco mais. – fazendo bagunça na casa dos outros. Queira que Gahan estivesse aqui! Athina onde fica a enfermaria?

- Perto da vila...

- Pode me levar ate lá?

- COMO? - Aioria deu um pulo do sofá.

- Vou ver como Sísifo está. Algum problema? – estreitou o olhar.

- Todos. Ele me bate e você vai visitá-lo? É minha irmã!

- Problema seu. – deu as costas. – vamos meninas. Marin se ele ficar chato, pode bater nele.

- Como quiser. – a ruiva segurou o riso.

- Cobras.... – jogou-se no sofá.

Na enfermaria Kárdia e Sísifo recuperavam-se. Regulus e Dohko ajudavam Lara na fabricação de alguns remédios.

- Bom dia senhorita Lara. – Athina apareceu na porta.

- Oi Athina.

- Oi Lara. – Lithos e Áurea surgiram atrás. – oi meninos.

- Oi meninas.

- Desculpe se estivermos atrapalhando, é porque queria ver como Sísifo está. – disseLithos. – já sei de tudo.

- Ele está bem. Entrem.

As três entraram, Dohko e Regulus olharam desconfiados e foram atrás delas. Na sala de recuperação, o escorpião resmungava pelo fato de Dégel ter ido atrás de Miro enquanto o sagitariano olhava distraído pela janela.

- Ele está aqui? – veio uma voz de fora.

Sísifo ao escutar olhou imediatamente para a porta.

- Bom dia. – a jovem de madeixas douradas entrou.

- Bom... dia.... – sorriu.

- Espero não está incomodando.

- De maneira alguma Lithos. – Kárdia abriu um sorriso ao vê-la

- Como vocês estão?

- Bem.

- Quebrado. Os dois disseram ao mesmo tempo.

A garota sorriu aproximando de Sísifo.

- Shion me contou. Aioria passou dos limites.

- Fomos culpados.

- Ele anda muito estourado.

- Não se preocupe.

- Está bem mesmo? – tocou na testa dele. – ele usou fótons em você, pode ate matar.

- Estou bem. – disse levemente corado.

- Eu mato o Aioria. – pegou na mão dele.

- Não precisa brigar com ele. – ficou ainda mais corado.

- Ele passou dos limites.

- E passou mesmo. – Dohko, acompanhado pelos outros entraram.

- Shion já foi contar? – indagou o cavaleiro.

- Aquela lá? – Áurea sentou num banco. – ele estava possesso. Aquele carrancudo, autoritário e sério.

Dohko a fitou, não gostou da forma que ela tinha falado, mas no fundo concordou, Shion era daquele jeito mesmo.

- Bem feito. – disse a irmã. – isso é para ele aprender.

O sagitariano nem a escutava olhava para sua mão segurada por Lithos. Lara que a fitava reparou.

- E eu? – Kárdia deu um grito. – ninguém se preocupa comigo não? Estou machucado.

- Tadinho...

Lithos foi ate ele.

- Como se sente?

- Mal.... seu amigo foi traiçoeiro.

- Dói algo? – colocou a mão na testa para ver se tinha febre.

- Não... – Kárdia ficou corado.

- Aioria e Miro precisam de uma lição.

- É o que parece. – Kamus tinha chegado. – como estão?

- Todo quebrado. – Kárdia ate fez bico. – que bom que veio.

Kamus abafou o riso, conseguia ser mais criança que Miro.

- Está bem mesmo?

- Um pouco.

- E você Sísifo? Sei que Aioria passou dos limites.

- Não se preocupe.

- Pelo visto Kárdia está bem. – disse Lara. – será que pode levá-lo Kamus?

- Sem problema.

- Eu não preciso de ajuda. – resmungou o escorpião.

- Não reclame. – Kamus aproximou. – vamos logo. Estou derretendo aqui.

Meio a contra gosto Kárdia aceitou a ajuda.

- Obrigada Larinha. – sorriu.

- Vê se não se mete em confusão. Se precisar de algo me chame.

- Obrigado.

Os dois seguiram.

- Bom....- Dohko esticou as pernas. – vou atrás de Shion. Vem comigo Regulus.

- Sim. Ele deve está uma fera.

- Shion é responsável demais. – disse Lara. – aposto que quando for a hora, Sage vai escolhê-lo para substituí-lo.

- É... – Sísifo concordou.

Áurea e Lithos trocaram olhares.

- Ate mais tarde meninas. – disse Regulus.

Dohko limitou a acenar. Logo só restaram as três, Lara e o sagitariano.

- Bem...

- Esqueci. – Lara levou a mão a testa. – a pomada do Kárdia. Áurea e Athina será que podem levar para mim?

- Sem problema. – Áurea gostou, daria umas voltas pelo santuário.

- Sim senhorita Lara. – respondeu a outra solicita.

- Aqui está. – embrulhou num pano. – obrigada.

- Disponha.

Retiraram-se.

- Lithos tome conta do Sísifo enquanto tomo algumas providencias, estarei no andar debaixo e não demoro.

- Tudo bem.

A sacerdotisa os deixou sozinhos. A principio ficaram calados. A grega caminhou ate a janela vendo a paisagem.

- Desculpe o meu irmão. – disse sem se virar para ele.

- Não tem problema Lithos. Só acho que foi infantilidade.

- Eu sei... – suspirou, voltando o olhar para ele. – Aioria sempre me protegeu muito. Acho que pelo fato de ter perdido o irmão tinha medo que repetisse.

- Perdeu o irmão? – estranhou. – mas o cavaleiro de Sagitário não esta vivo?

- Esta. É uma longa historia. – aproximou. – isso não vai se repetir.

- Já disse que não tem problema. – pegou na mão dela.

- Sim... – o rosto estava levemente corado, Sísifo tinha o toque tão firme ao mesmo tempo tão suave.

Lara que tinha voltado, pois se esquecera de algo, observava a cena em silencio.

- Voltei. – se fez presente.

Sísifo não se intimidou continuando a segurar a mão da grega.

- Pensei que talvez Aioria estivesse ferido. Não quer levar isso para ele? – mostrou um frasco marrom. – vai ajudar na cicatrização.

- Obrigada Lara. – Lithos puxou a mão, agradecendo mentalmente a ela. – vou agora mesmo. Obrigada. – e olhando para o cavaleiro. – melhoras.

- Obrigado.

- Ate mais. – saiu de lá rapidamente.

Lara aproximou da cama, ele trazia um fino sorriso nos lábios.

- Já entendi os motivos do leão.

- Como?

- Não se faça de bobo.

- É só impressão sua. É apenas amizade. – a fitou.

- Espero que sim. Afinal é um cavaleiro. – disse séria.

- Eu sei... – voltou o olhar para a janela. – sei muito bem disso.

Lithos voltava depressa, estava tão aérea que nem notou outra pessoa que em vinha na sua direção.

- Lithos?

- Selinsa?

- Oi. – notou a expressão de Lithos . – aconteceu alguma coisa?

- Não. Nada. – percebeu que ela estava agitada. – algum problema?

- Todos. Quero dizer não... nada... – por debaixo da mascara corou ao se lembrar do beijo. – céus...

- O que foi Selinsa?

- Nada. Preciso ir para a vila, ate mais tarde.

Passou por ela tomando outro rumo. Lithos estranhou, mas seguiu seu caminho.

 

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Kamus e Kárdia subiam a escadaria em silencio. O escorpião ainda sentia algumas dores nas pernas apoiando-se no dourado, mas o pior era que aquela dor voltara.

- Ainda sente dor? – indagou ao protetor da oitava casa.

- Um pouco. – respondeu sem olhá-lo. Já sentia o peito oprimido. – podemos parar um pouco?

- Claro. – estranhou, mas acatou.

Kárdia sentou-se nas escadarias que levava Libra ao seu templo.

- Levaram Miro para minha casa?

- Sim.

- Pode me levar ate Aquário?

- Miro não vai te importunar.

- Não é isso. – respondeu com a voz alterada. – é melhor irmos.

O aquariano havia percebido que Kárdia respirava com dificuldade mas não falou nada. O ajudou a levantar seguindo para o templo aquariano.

Ao passarem por Escorpião sentiram o cosmo de Dégel e de Miro, o cavaleiro pediu ao dourado que sumisse com seu, não queria que os dois percebessem.

Ainda com a respiração entrecortada, deitou no sofá da sala.

- Kárdia algum problema?

- Nenhum.

- Se está sentindo dor nas pernas eu posso aliviar. – colocou a mão na perna dele elevando seu cosmo.

Kárdia sentiu um alivio imediato, entretanto não era ali que doía. Sem dizer nada pegou a mão do dourado colocando a no peito. Kamus estranhou.

Com o ar gelado, a sensação de bem estar aumentou, já sentindo o coração bater no ritmo normal

- Obrigado.

- De nada... – o fitou. – o que você tem?

- Nada. Já pode ir cuidar do Miro.

- Você que precisa de cuidados. – estava preocupado, Kárdia escondia algo. – é melhor deitar numa cama. – o ajudou. – vou elevar a temperatura.

- Por que está sendo legal comigo? Não é obrigado a ser meu amigo só porque sou de escorpião.

- Não reclama. – disse sem olhá-lo. – faço porque somos amigos de causa.

O escorpião não disse nada. Apesar de não entender os motivos dele, estava achando bom ser cuidado por alguém.

- Obrigado. Fora o Dégel, você é o único...

- Somos cavaleiros. Precisamos nos ajudar.

- "Ele é uma pessoa legal... aquele idiota não merece tê-lo como amigo." – pensou antes de deitar.

 

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Shion andava rapidamente. O mestre tinha que saber que os "visitantes" haviam aprontado e, portanto punidos. Já estava a porta do templo quando encontrou o cavaleiro de Gêmeos.

- Deuteros.

- Oi. – disse passando direto.

- Estava com o mestre?

- Sim. – continuou a andar.

- Então já contou o que aconteceu.

- Não. – parou. – sabia que você iria contar, você ou o... – parou de falar. – em fim, resolvam.

- Seu testemunho é muito importante, afinal se não fosse você, Sísifo e o outro estariam mortos.

- Eles são fortes. – não o fitava.

- Foi por isso que voltou? Sentiu ameaça vindo deles?

Deuteros não respondeu. Seus olhos azuis frios fitavam o santuário a baixo. Uma leve brisa soprava.

- Não sei ao certo. – disse. – ainda é cedo para dizer alguma coisa. Cabe ao mestre decidir.

- Mas sua opinião é muito importante.

- Talvez. – o olhou. – se precisar de testemunho eu farei, mas não se esqueça que tanto Sísifo, como Kárdia e Hasgard também não são inocentes.

- Eles se defenderam.

- Eles também provocaram, em fim... – deu nos ombros. – estarei no meu templo. – saiu andando. – ate mais. – acenou.

Shion meneou a cabeça negativamente. Deuteros era um grande cavaleiro, mas às vezes parecia ser apenas um mero observador. Não participava efetivamente de suas obrigações.

 

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Obedecendo as ordens, Athina e Áurea adentraram no templo de Escorpião. Encontraram com seu morador e o aquariano no quarto.

- Oi Miro.

- Visitas! Oi Áurea, oi Athina.

- Como se sente? – indagou a grega mais nova.

- Recuperando.

- Kárdia não está aqui? – Áurea olhou para Dégel.

- Não. Está na enfermaria.

- Viemos de lá agora. Kamus o trouxe e Lara pediu que entregássemos esse remédio a ele.

- Aqui ele não chegou.

- Quer dizer que o Kamus foi ajudar aquela aranha de parede. – cruzou os braços contrariado. – idiotas... – murmurou.

- Miro!

- Talvez Kamus deve o ter levado para Aquário. – disse Dégel. – eu vou com vocês. Se importa Miro?

- Claro que não... – virou o rosto. – a aranha precisa de cuidados.... – ironizou. – pode ir.

- Obrigado. – Dégel não tinha notado o tom irônico das palavras. – vamos meninas.

Assim que os três saíram....

- Não vai roubar meus amigos.... – estreitou o olhar.

Décimo primeiro templo.

Kamus estava na biblioteca e Kárdia apesar de deitado não estava dormindo. Fora por pouco, que o dourado não tinha descoberto seu segredo. Teve sorte por sua crise ser fraca e apenas com o contato do ar frio seu coração voltar aos batimentos normais.

Athina e Áurea entraram seguindo Dégel.

- Fique a vontade meninas.

- Obrigada Dégel.

- Estavam certas os dois estão aqui. Kárdia, Kamus.

- Aqui! – gritou Kárdia ao ouvir a voz do amigo.

Os três encontraram com o aquariano do futuro no corredor e dirigiram para o quarto.

- Como está? – indagou Dégel.

- Pensei que nunca veria me ver. – o escorpião resmungou.

- Não começa. As meninas trouxeram seu remédio.

- Obrigado. Pode colocar na cômoda.

- Está bem. – Athina depositou onde ele havia indicado. – como se sente?

- Melhor.

- Apesar da palidez e do esforço em respirar, ele está bem. – disse Kamus.

Dégel e Athina olharam para Kárdia já sabendo do que se tratava.

- De novo? – indagou de maneira séria.

- Sim. – o cavaleiro nem fitou o amigo. - mas estou bem.

O frances percebeu que havia algo, mas não perguntaria, deixaria que Kárdia contasse quando fosse o momento.

- É melhor passar a pomada que Lara fez. – disse Dégel. – mas não tenho toalhas pequenas... Athina poderia ir ate Peixes? Sei que Albafica tem varias.

- Cla-ro... – respondeu engolindo seco, teria que vê-lo. – não demoro.

Subia lentamente as escadarias que levava a Peixes, o coração já batia depressa e a face rubra. No ultimo degrau parou, com a respiração suspensa, vendo um vulto, soltou um suspiro aliviado quando viu que não se tratava do cavaleiro.

- Bom dia. – disse.

- Athina. – Afrodite abriu um sorriso. – que surpresa.

- Estou incomodando? – olhou para a vassoura que ele trazia nas mãos.

- De maneira nenhuma. Gostou da festa ontem?

- Muito. – sorriu. – fazia tempos que não me divertia tanto.

- Também gostei.

Logo começaram uma conversa animada.

Estava trancado em seu quarto. A presença de Afrodite o incomodava bastante, pensava numa maneira de se livrar dele quando ouviu a voz do próprio e uma feminina. Saiu do aposento de maneira sorrateira, tinha quase certeza que ele conversava com alguma serva. Andou pelo corredor que dava acesso a entrada principal, estava pronto para xingá-lo contudo parou no meio do caminho. Um perfume entrou pelas narinas e conhecia muito bem aquele cheiro: era ela. Andou mais depressa parando porem a maneira que eles não o vissem, seu sangue ferveu ao ver Athina e Afrodite aos risos.

- É claro que ele tem. E nem vai se importar de emprestar.

- Tem certeza senhor Afrodite?

- Absoluta e não me chame de senhor. Meu nome é Gustavv.

- Nome bonito.

- Venha.

Ao ver que eles caminhavam em sua direção, Albafica entrou, ocultando sua presença.

Afrodite conduziu à grega ate um armário que ficava no corredor, era lá que o dono da casa colocava roupas de cama, panos, toalhas...

- Aqui está. – entregou-lhe quatro.

- Obrigada. O senhor Dégel trará assim que puder.

- Não se preocupe. Aceita um chá? Acabei de fazer.

- Acho que... – hesitou.

- Ao menos uma xícara. Venha.

O pisciano pegou na mão dela, Athina ainda tentou argumentar, mas uma xícara não faria mal a ninguém, alem do mais a companhia dele era agradável, mesmo sendo um cavaleiro a tratava de maneira cortes.

- Não sei se devo, sou apenas uma serva.... – sentou um pouco acanhada.

- Que bobagem. – a serviu. – não ligue para isso.

Albafica acompanhava pelo corredor. Afrodite tinha percebido o cavaleiro, mas ignorou, Athina era uma pessoa legal e merecia toda atenção.

- Obrigada pelo chá. Estava delicioso Gustavv.

- Sempre que quiser venha.

- Bom eu preciso ir. – levantou.

- Te acompanho.

Seguiriam, mas pararam ao ver alguém na porta. Albafica os fitava de maneira fria.

- Bom dia... – disse num sussurro.

- Quem deixou que pegasse minhas toalhas? – disse a queima roupa.

- Eu... – murmurou.

- Não tem porque dar ouvidos a ele.

- Eu sinto....

- Não tem modos.

Athina encolheu. Afrodite notou olhando com ódio para Albafica.

- Está tudo bem Athina. – colocou a mão no ombro dela. – pode levá-las. Não se preocupe.

- Não tem autoridade na minha casa. – o olhar estava fixo na mão do dourado nela.

- E não tem porque falar desse jeito com ela. Athina veio a pedido de Dégel.

- Poderia ter vindo sob as ordens do mestre, estaria errada do mesmo jeito. Não sei por que a defende. É uma apenas uma serva.

A grega encolheu ainda mais. Realmente sabia que seu lugar não era aquele, mas ouvir as palavras da boca dele, a deixou entristecida. Era uma das poucas que tentavam, ao menos, ser grata pela proteção do santuário e de Rodoria, não merecia ouvir aquilo. Afrodite estreitou o olhar. Albafica poderia despejar palavras ásperas contra ele, mas não deixaria que tratasse Athina daquele modo.

- Achei que fosse uma pessoa melhor, me enganei. Venha Athina.

Tomou a mão da garota a conduzindo para fora da cozinha. Quando passaram pelo cavaleiro, a grega sentiu o olhar frio dele. Durante o trajeto ate entrada do templo os dois ficaram calados, na porta...

- Perdoe-me Gustavv, não queria que...

- Xi... – carinhosamente a silenciou com uma rosa branca. – esquece ele. Para você. – entregou lhe a flor.

- Obrigada.

- Volte sempre que quiser e se por acaso ele te tratar mal me chame.

Concordou, despedindo.

Afrodite sorriu ate o momento que ela sumiu das suas vistas, o rosto endureceu e entrou em casa sério. O outro pisciano continuava na cozinha totalmente alterado. Arrependia-se pelo jeito que falara com ela, mas ver os dois juntos o deixou desnorteado.

- Você é uma pessoa baixa. – disse logo que o viu. – como teve coragem de falar daquele modo com ela?

- Falo como quiser. – nem o olhou.

O sueco estreitou o olhar e num movimento rápido segurou-o pelo colarinho, prensando-o contra a parede.

- Não dou a mínima por você ser um cavaleiro, muito menos se vai ou não com a minha cara, mas não vou admitir que a trate daquele jeito.

- Tomou as dores? Vejo que no futuro as regras não são muito seguidas. Amazonas sem mascaras, cavaleiros se envolvendo com servas...

Foi a gota d'água.

- Sei do seu segredinho Albafica, - sua voz saiu fria. – para o seu bem, é melhor moderar as palavras, meu sangue é imune ao seu, já o contrario pode ser fatal. Uma simples gotinha e o mestre Sage fica sem um dos cavaleiros. – o soltou. – avisado.

Saiu sem deixar chance de resposta. Albafica bufou de raiva.

- "Não vai tocar nela, não vai!"

Athina desceu as escadas correndo, não imaginava que Albafica poderia ter sido tão rude com ela, em compensação Afrodite tinha sido um doce.

- "Como podem ser tão diferentes?"

Entrou em Aquário, onde deixou as toalhas e se despediu de todos alegando que tinha muitos afazeres a realizar. Áurea também se despediu, iria procurar pela amiga.

Durante o trajeto ate Leão Athina permaneceu em silencio quebrado esse pela grega de madeixas prateadas.

- Athina me espera!

- Desculpe. – sua voz saiu mais baixa que o normal.

- Algum problema?

- Não... – silenciou-se e tomando coragem... – você conhece o senhor Afrodite há muito tempo?

- Um pouco por quê?

- Por nada... ele foi gentil comigo.

- Ele é assim com todos. Afrodite é um amor de pessoa. Alem de ser bonito e cheiroso.

- Ele cheira a rosas. – sorriu.

- Ah... Athina... o Shion sempre foi mandão rabugento?

- O senhor Shion? – a fitou curiosa.

- É.

- Nós moradores de Rodoria não temos tanto acesso aos cavaleiros, mas o senhor Shion desde que eu o conheço é assim. Meu pai me disse que nos treinos ele era o mais dedicado.

- Não mudou nada... – murmurou.

- Por quê?

- Eu tive essa impressão. Bom chegamos.

- Nos encontramos mais tarde.

Despediram-se. Como havia previsto Lithos estava em Leão. A grega porem lembrou-se de algo, sem que os moradores percebessem sua presença tomou o sentindo contrario em direção ao templo de Atena. Passou pelo caminho que Athina havia ensinado não demorando muito a chegar. Entrou pela passagem dos servos indo para o quarto onde dividiria com Marin. Pegou algo dentro da gaveta e saiu. Antes ajeitou o vestido e prendeu os cabelos num frouxo laço. Andava distraída pensando nas palavras que diria que nem percebeu, alguém vindo em sua direção.

- Bom dia Áurea.

- Bom dia senhor Hakurei. – tinha assustado, afinal não tinha percebido-o.

- Teve uma boa noite?

- Tive sim. A tonteira que senti ontem sumiu, me sinto bem melhor.

- Achou muito estranho?

- Um pouco... apesar do santuário ser igual... mas...a situação é diferente, principalmente ver Shion. Apesar do temperamento continuar o mesmo.

- Vocês ficaram espantados ao vê-lo. - riu.

- Muito. Ele tem um gênio... – suspirou desanimada. – não é atoa que será o grande mestre.

Hakurei a fitou. Nesses anos todos de sua vida, só havia achado uma mulher bonita, que conhecera quinze anos antes e que infelizmente morrera nesse igual período, no mais Áurea era a primeira que achava.

- Espero que goste daqui.

- Eu acho que sim. – sorriu, achava o cavaleiro de Altar bastante simpático e apesar da idade, bastante jovial.

- Bom, eu preciso ir, as obrigações me chamam. Nos veremos novamente.

- Claro.

De forma cortês Hakurei pegou na mão dela, beijando-lhe, para em seguida sair. A grega achou interessante e mostrava que ele era mais gentil que o futuro mestre e por falar nele....

... Dirigiu-se rapidamente para a primeira casa, entregaria o quanto antes o lenço que ele havia lhe emprestado. Na porta chamou por Mu, mas não obteve resposta. Resolveu entrar, estranhando o silencio que emanava da casa, dificilmente o ariano deixaria o templo desprotegido. Andou pelo corredor que levava ate a área intima da casa, onde escutou um barulho vindo da ultima porta. Parou, não fazendo som alguém. Seus olhos ficaram estáticos com a visão que teve. Era o aposento de Shion e ele arrumava seu guarda roupa, ate aí tudo normal, mas o ariano julgava-se sozinho e com o calor que fazia o uso de camisa era sufocante.

Áurea o fitou de cima em baixo, mas seus olhos fixaram na parte nu, reparando cada detalhe, cada músculo bem trabalhado. O cavaleiro sentiu-se observado virando para trás.

- O que faz aqui?

Ela sequer escutou. Olhava cada pormenor inclusive algumas cicatrizes que ao contrario do que aparentava, dava-lhe um charme, Shion notou o tipo de olhar dela.

- O que faz aqui? – indagou na tentativa dela parar de olhar, mas em vão.

Ficou incomodado, entretanto não podemos esquecer que apesar de ser um cavaleiro e futuro mestre do santuário Shion era um garoto de quinze anos e como tal tinha hormônios, muitos hormônios. Seu olhar de desaprovação passou a ser o mesmo dela. Áurea era uma garota bonita ainda mais naquele vestido fino que mostrava suas formas.

- O que... faz...aqui...? – gaguejou ao sentir a face quente e outras partes também.

- Te entregar. – saiu do estado de letargia, mostrando o lenço.

- Não precisava. – disse seco.

- Você me ajudou. Se não tivesse chegado a tempo...

- Fiz minha obrigação de cavaleiro.

- Mesmo assim. Obrigada. – estendeu-lhe o lenço.

O cavaleiro aproximou para pegar o lenço, Áurea suspendeu a respiração por alguns segundos.

- "O grande mestre é perfeito." – pensou.

- Já me entregou, pode ir. – queria que ela fosse embora rápido, a presença lhe incomodava.

A garota dava meia volta, quando sentiu sua mão sendo retida.

- Não fizeram nada com você? – demonstrava preocupação. – te toca-ram?

- Não, você chegou a tempo. – sorriu diante do leve rubor na face dele. – "sempre zeloso."

- Menos mal. – desviou o olhar.

Ele não esperava aquilo, muito menos que seu ser fosse reagir a tal contato. Áurea o tinha abraçado.

- Obrigada por sempre cuidar de nós.

Não entendeu a frase, nem tentou entender, as narinas estavam embriagadas pelo perfume que exalava dos cabelos dela, o contato com a pele, a respiração dela, tudo contribuía para o ato que se seguiu, ele correspondera ao abraço.

- Se precisar de ajuda me chame. – disse de forma carinhosa.

- Sim.

Talvez ficassem daquele jeito por um bom tempo, entretanto o senso de dever de Shion voltara a tona, aquilo era errado, muito errado. Sem cerimônia, a soltou, dando uma leve empurrada.

- Vai embora. – disse frio. – tenho muito a fazer.

Áurea compreendeu na hora, havia cometido um ato leviano, independente da época, aquela pessoa a sua frente era o mestre do santuário e como tal merecia respeito.

- Me desculpe.

Abaixou o rosto, saindo. Shion, voltou aos seus afazeres.

 

X.x.X.x.X.x.X


Saga passava um pano sobre os moveis da sala, sendo observado atentamente pelo irmão, que estava jogado no sofá. A cada deslocamento de Saga, Kanon o acompanhava com o olhar e isso já estava irritando o cavaleiro de gêmeos.

- Para de me olhar e ajuda.

- Para que?

- Somos hospedes, o mínimo que podemos fazer é manter a casa limpa.

- Já está limpa, - cruzou os braços. – você não me deixa fazer nada, não tem o que limpar.

- Seu imprestável! – Saga jogou o pano na cara dele.

- Saga!

- Quando voltarmos para o futuro, você me paga.

Na porta Deuteros acompanhava a pequena discussão.

- Você é muito chato.

- E você preguiçoso.

- Isso eu tenho que concordar. – Deuteros fez presente.

Os dois geminianos calaram na hora, nem tinham percebido o cosmo do anfitrião.

- Podem continuar brigando. – pegou o corredor. – façam de conta que não estou aqui. – fechou a porta do quarto.

- Ele é estranho. – Kanon sussurrou.

- Concordo.

No quarto, deitou. Agora que estava de volta ao santuário tinha que ter a mesma rotina dos companheiros.

- Treinos... – bufou. – detesto essa palhaçada.

Os olhos azuis fixaram no teto. Esperava que ninguém desconfiasse de um dos principais motivos de voltar para o complexo de templos. Realmente a chegada daqueles homens era motivo de preocupação, mas havia algo ainda maior. Passou a se lembrar da ultima vez que a vira antes que partisse a procura de Atena, era exatamente o mesmo tempo que permanecera fora do santuário.

- Não voltei por isso... – tentava se convencer. – não posso ter voltado por isso. – tinha a mania de falar sozinho. – não voltei. – deu um pulo da cama, andaria pelo santuário, se deixasse brecha para sua mente ela começaria a inventar coisas.

Na sala depois da surpresa a discussão voltou.

- Não sei como te suporto.

- Quer voltar para o cabo Shunion? Tenho certeza que nessa época, deve ser bem pior.

- Vocês não se dão bem mesmo. – o terceiro geminiano apareceu.

- É o preço de se ter uma mala como irmão. – Kanon o olhou debochado.

- Apesar de estarem a pouco tempo aqui, qual é a rotina?

- Treinos. Shion assim o determinou. – disse Saga.

- O ariano... é tão obvio. – disse mais para si mesmo. – aposto que Sage vai escolhê-lo para a sucessão. – balançou a cabeça negativamente. – e eu o que tenho com isso? – deu nos ombros. – vou sair, apareço na hora do treino. – saía. – não suje minha casa. – olhou para Kanon.

Os dois fitaram-se sem entender.

- Sujeito estranho.... – murmurou o mais novo. – vou indo também, apareço para o treino.

- Kanon volta aqui!

- Fui.

Nem lhe deu ouvidos.

Deuteros descia com sorriso nos lábios, aqueles dois eram um capitulo a parte, não tinha um rumo certo a ir, deixaria que suas pernas o conduzissem e elas o levaram para o ultimo lugar que queria ir.

Parou a porta de uma casa de dois pavimentos, logo após a vila das amazonas. Fitou a placa que indicava o que era aquele lugar: "Enfermaria."

- Tanto lugar....

Deu meia volta para ir embora, contudo...

- Veio visitar o Sísifo?

Deuteros não se virou.

- Talvez....

- Está no segundo pavimento. – a voz que era feminina aproximou. – Deuteros.

- Oi Lara. – a fitou. – continua a mesma.

- Você também não mudou. Pensei que não voltaria tão cedo.

- Também pensei, - desviou o olhar. – mas as circunstancias me obrigaram a voltar.

- Não confia neles?

- Ainda é cedo para julgá-los.

- Foi de extrema ajuda ao parar aqueles dois inconseqüentes. Tudo poderia terminar mal.

- Estão treinando serio demais. – continuava a não olhá-la.

- Não foi um treino qualquer. Outras coisas estavam envolvidas.

- Eu não consigo entendê-lo, tão obstinado em seu dever e peca por sentimentos como esses. Isso vai levá-lo a ruína.

- Como quase foi levado não é?

O cavaleiro manteve a postura fria.

- Recuperei o bom senso a tempo. – disse seco. – vou ver como ele está.

Passou por ela sem olhá-la. Lara o acompanhou com os olhos, soltando um suspiro desanimado ao vê-lo entrar. Caminhou ate um banco próximo onde sentou.

Era por isso que não queria voltar para o santuário, não queria vê-lo novamente.

- Caspita...

- Esse tipo de palavra não fica bem numa sacerdotisa.

Lara deu um pulo assustada.

- Kanon?!

- O único.

A amazona ficou apreensiva, não tinha sentido o cosmo dele, portanto não sabia há quanto tempo ele estava ali.

- Pelo jeito não pressentiu o meu cosmo.... as vezes não sinto o cosmo de ninguém. – disse para si mesmo. – será que é por causa de Cronos?

- Quem sabe. O que faz aqui?

- Estava andando a toa. – sentou. – ficar naquela casa com o meu irmão é tedioso. Atrapalho? – a encarou.

- Não... – a grega o observou, ainda era difícil de acreditar que ele era um marina. – como se tornou um servo de Poseidon.

- Longa historia. Longa e triste historia. – murmurou. – como Sísifo está?

- Melhor.

- Aquele golpe do Aioria é letal.

- Ele deve ter consciência do que o mestre tomará providencias.

- Deve ter. Mas se Sage não agir, Shaka vai. Ele está ferrado de todo jeito.

- Seu companheirismo me comove. – riu sentando ao lado dele.

- Ele fez a bobagem, agora que assuma.

No segundo andar Sísifo e Deuteros conversavam.

- Só podemos esperar a decisão do mestre. – o geminiano esticou os braços.

- Por que voltou? – desde o inicio da conversa queria perguntar.

- Sem um grande motivo. – respondeu por responder.

- Te conheço.

- Será mesmo?

- Não foi só por causa da aparição deles, existe um outro motivo.

- Esse motivo não existe. – disse felino. – deixou de existir a muitos anos.

- Você ainda...

- Não. – disse categórico. – e quanto a você deveria tomar cuidado com suas atitudes. Você é um cavaleiro.

- Esta equivocado.

- Estou? – sorriu desdenhoso. – te conheço.

Sísifo não retrucou.

- Vou indo. – ainda com um sorriso cínico nos lábios. – melhoras.

Continuou calado.

Deuteros saia despreocupadamente, mas seus orbes estreitaram ao ver Kanon e Lara numa animada conversa. Não que aquilo fosse da sua conta, ela poderia conversar com qualquer um, mas...

- Não deveria está no templo? – indagou aproximando.

- Agüentando o meu irmão? Nem morto.

- Kanon! Não fala assim. – ela abafou o riso.

- É uma mala mesmo.

- Sísifo está te chamando. – disse seco.

- Já vou. – e olhando para Kanon. – trate seu irmão melhor. – sorriu.

- Vou pensar. – sorriu de volta.

- Ate mais tarde.

Quando deu um passo sentiu um cosmo entrando em contato com o seu, os outros dois também sentiram.

- "Compareçam imediatamente ao templo." – era voz de Sage.

Os três tocaram olhares, aquilo não era boa coisa.


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Notas finais do capítulo

Titulo: Amigos e Ciúmes



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