Silver Snow ESPECIAL DE NATAL DO TAP escrita por Matheus Henrique Martins


Capítulo 20
Culpados




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Depois de um momento silencioso, Rael se levanta e olha a queda do precipício. Olho para suas costas e o vejo arfar e levar a mão à boca.

– Oh... não – ele sussurra. – Não, não, não, não, não – seu tom fica estridente. – Isso não pode estar acontecendo.

Sinto o mundo dar voltas quando me coloco em pé. Rael se vira para mim, os olhos castanhos arregalados e leva as mãos aos cabelos.

Quero abrir minha boca e dizer as palavras, mas não consigo. Henrique está morto. Morto. A palavra revira meu estomago e minhas pernas ficam bambas.

– Por favor, diz alguma coisa – Rael chora para mim. – Por favor – ele grita. – Por favor, diz alguma coisa.

As lagrimas descem pelo meu rosto.

– O que você fez? – sussurro. – O que você fez, Rael?

Ele me olha como se esperasse que eu fizesse algo. Posso ver a indecisão cruzar sua expressão.

– Eu não – ele funga o nariz. – Não era o que eu queria. Eu não planejei isso, Rafa.

Algo em suas palavras faz com que meu cérebro trabalhe e de repente estou olhando suas roupas. Usa o mesmo par de jeans e tem um furo perceptível na altura do joelho. Mas o que mais me chama atenção é seu moletom verde berrante.

De repente me vejo em uma revelação. Um capuz verde se escondendo na calçada, quando me encontrei com Henrique no Dropcoff depois que Taffara me zombou com suas amigas. Depois o mesmo capuz se escondendo do meu campo de visão no dia anterior, quando Henrique me beijou debaixo do visco. E outras milhões de vezes sempre quando estou com Henrique. O mesmo capuz verde berrante, a mesma figura sombria se esgueirando.

– Era você – eu sussurro olhando Rael. – Era você o tempo inteiro.

Ele olha para a blusa, sem compreender nada.

– Você esta me seguindo desde aquele dia em que me ligou – eu balanço a cabeça. – Você vem seguindo a mim e ao Henrique?

Uma expressão louca passa pelo seu rosto, mas ele se recompõe.

– Sim – ele me olha no olho. – Eu estou seguindo vocês dois, a um bom tempo.

Olho ele de cima a baixo, me perguntando quem é o garoto na minha frente.

– Eu vi a coisa toda. Vi vocês dois conversando na calçada, o jeito como ele ficava... Flertando com você na maior cara de pau. Estava do lado de fora da sua casa quando ele teve a ousadia de ir na sua própria casa te chamar pra sair. Também vi quando aquele desgraçado te beijou debaixo do visco! Como ele pode? Vi você com ele e a Taffara no Pizza Hut, também vi ele quase perto de te beijar. Eu estava bem ali, no canto da loja, me segurando pra não avançar no pescoço dele.

Engulo em seco.

– Então é isso? – eu cruzo os braços. – Você nunca confiou em mim?

– Não com aquele cara! – ele guinchou. – Não com um filho da mãe que só sabe ficar sendo um enrustido enquanto arrasta uma asa por você!

– Arrastava – digo friamente. – Até porque você acabou de mata-lo.

Ele trava na hora e fica mais calmo.

– Esta feliz agora?

– Claro que não! – ele guincha. – Eu não queria que nada disso acontecesse!

– Bem, aconteceu e tudo por culpa do seu ciúme doentio! – eu guincho. – E agora olha isso, olha onde seu ciúme te levou!

Ando até ele e o pego pela gola da blusa.

– Não podia simplesmente confiar em mim? – grito. – Não podia simplesmente me ouvir?

– Simplesmente confiar em você? – ele retruca. – Ah, não sei, me diz você? Eu podia Rafa?

– Eu não te trai! Eu nunca traí você, em momento nenhum!

– Você só pode estar brincando comigo!

– Eu não estou, droga! – eu o empurro. – Será que você não viu em todas às vezes em que me espionava? O quanto eu tentava afastar ele de mim? O quanto eu praticamente corria dele por sua causa?

O olhar dele parece de alguém que foi traído e posso ver a dor na sua expressão.

– Mas ele gosta de você – ele se interrompe. – Gostava.

– Sim, realmente – eu o largo. – Ele gostava de mim. Mas você me viu beijando ele alguma vez?

Ele esta prestes a abrir a boca.

– No visco não conta – eu o interrompo. – E foi ele praticamente me beijou.

– Ah, por favor!

– Mas não importa mais – eu olho a queda e olho de volta para Rael. – Faz ideia do que você fez aqui?

– Lógico que eu sei! – a voz dele treme.

Eu o encaro, esperando alguma reação e ele passa a mão no rosto. Parece prestes a explodir, mas então entra em desespero e sua respiração fica pesada.

Ele esta chorando. Rael esta ajoelhado na minha frente, as mãos cobrindo o rosto. Esta chorando de novo, mas dessa vez as lagrimas não saem, ele apenas esta respirando com muita dificuldade.

Vejo sua dor e penso por um segundo: Ele merece tudo isso. Mas então, olho a queda do precipício e tomo uma decisão. Por mais que Rael tenha sido uma pessoa horrível recentemente, eu não posso deixar as coisas assim.

Pego meu celular do bolso e começo a discar um numero.

Rael levanta a cabeça.

– Se vai mandar os policiais – ele se levanta e funga. – Ao menos foge daqui. Assim eles não vão prender você também.

Franzo a testa para ele.

– Quem disse que estou ligando para a policia?

Ele me encara interrogativo e apenas espero ela entender a ligação.

Alô? – ela atende, a voz inocente.

– Oi, Vick, sou eu – respondo e engulo em seco. – Eu preciso da sua ajuda.


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