End of the World escrita por Agatha, Amélia


Capítulo 15
Capítulo 15


Notas iniciais do capítulo

Como sempre, pedimos desculpas pela demora. Agora que estamos de férias, poderemos postar com mais frequência.
Esse capítulo exigiu um pouco mais de dedicação (até fizemos uma playlist no Youtube!), porque é muito importante (estamos abrindo um novo arco), além do fato de termos escrito esse durante a época de provas, por isso a demora. Acabou ficando maior do que queríamos, mas foi necessário. Esperamos que gostem.
Agradecimento especial à nossa linda leitora, Kaya Levesque, pela perfeita recomendação deixada em Last Hope. Também agradecemos pelos comentários deixados por todos vocês e deixamos uma menção especial às meninas do grupo (vocês vão saber).
Boa leitura!



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– Para o carro.

– Kate, o que foi? – Matthew questionou com sua voz fraca e abatida.

– Para o carro, Matthew.

Assim que o pedido de Katherine foi realizado, e o veículo passou de noventa e sete quilômetros por hora para zero, ela abriu a porta e saltou do carro. Aconteceu em um piscar de olhos: em um momento a loira estava sentada, no outro, correndo sem rumo em meio às árvores. Gabriela ficou atordoada, sem conseguir entender muito bem o que estava acontecendo. Matt e Max, porém, foram mais rápidos e seguiram atrás dela como duas flechas.

Por mais uns bons segundos a morena tentou compreender. É a dor pela perda do irmão, ela concluiu. Dor e todos os outros sentimentos que vinham acompanhando do luto, algo que a mulher conhecia tão bem. Hopper ainda estava na fase da negação, as palavras e a feição de Maximilian poderiam ter dito que o homem estava morto, contudo sentia que ele poderia aparecer a qualquer momento, sorrindo como sempre. Passara tão pouco tempo com o Harris... Ela compreendia um pouco a garota, um pouco pela tristeza que sentia, muito mais por conta de já ter perdido duas vezes pessoas que amava muito.

Quando voltou de seus pensamentos, viu Avery, sentada do banco do meio, entre Gabriela e o local anteriormente ocupado pelo jovem Wayne, prestes a sair do carro, provavelmente para seguir os outros. Instintivamente se esticou até a porta e fechou-a com um estrondo. Em seguida, para apaziguar a situação, tocou o ombro dela e, sem dizer uma palavra, lançou-lhe um olhar de negação assim que a menina fixou seus olhos esbugalhados nela.

– Eles já foram atrás dela. Fique aqui – disse sem explicar direito o motivo da repreensão. A resposta ainda não era o bastante para a loira. – Está escuro lá fora, Kate saiu correndo e ninguém sabe para onde ela foi... Não é seguro.

– Nenhum lugar é seguro – ela retrucou, parecendo sábia e experiente como uma pessoa nascida no apocalipse.

– Aqui é mais seguro. Se todos saírem, pode ser que nem todos voltem.

Não foi a melhor frase que ela poderia dizer, sentiu isso quando os olhos já marejados de Dickens começaram a derramar lágrimas. A vontade que teve foi de abraçar aquela pequena criança, tão jovem e indefensa quanto Scott fora, porém ela nunca tivera intimidade com o ruivo, muito menos com a garota. Seus braços chegaram a se mexer, entretanto acabaram voltando para a posição normal, repousados sobre os joelhos. Tinha muita afeição por ela, e gratidão também, mesmo assim não parecia o bastante para tal ato.

– Sinto muito – foi o que conseguiu falar com uma voz débil, enquanto tentava lutar para encontrar palavras decentes, que não provocassem mais choro e fossem reconfortantes. Não consigo formular nem frases direito, parece que voltei aos primeiros dias depois do acidente... Avery fungou mais uma fez e fechou os olhos por um longo tempo, como se tentasse controlar as lágrimas. Estava exausta, todos estamos depois da fuga e da...Não gostava nem de se lembrar daquilo. Por um motivo estranho, tinha simpatizado com o homem do tamanho de uma porta, com seu rosto bonito e os olhos bondosos, e, por ele, lágrimas que ela julgava terem secado depois de tanto choro voltaram, mas ela nãos as derramou. Não era a hora. – Gostaria de dormir, Ave?

Ainda de olhos fechados, ela concordou com a cabeça. Não havia muito que fazer naquele carro, essa era a verdade. Ao menos o estofado era aparentemente novo e confortável. Travesseiros não possuíam, e a única solução viável veio à sua mente. Não eram próximas para um abraço ou para que tivessem um momento adequado de luto pelo homem, contudo ela poderia trazer algum conforto à garota, mesmo que fosse servir de travesseiro para ela.

Passou um braço ao redor do ombro da loira e puxou-a para perto de si, deitando a cabeça dela em suas pernas. Era desconfortável para ela e uma situação esquisita, mas aquilo pareceu acalmar Dickens. Sem saber o que fazer com as mãos, Gabriela retirou seu casaco e colocou sobre a jovem, cobrindo-a. Assim ela não sentiria frio.

Eu fui tão idiota... Nos primeiros instantes depois de entrarem no carro, Hopper havia se lembrado das coisas do pai que deixara para trás, como seus amados CDs, e sentia um profundo arrependimento por isso. Não pelos objetos, mas pelo fato de ter pensado em bens materiais quando alguém havia perdido a vida. Joshua Harris fora uma pessoa fácil de gostar, ele era um homem extrovertido e educado, além de ser muito atraente. Apesar de não ter trocado muitas palavras com o professor, a latino-americana havia se afeiçoado a ele, mesmo não se sentindo nesse direito. Imaginá-lo morto, sendo dilacerado por mordedores e se tornando um deles era totalmente impossível para ela. Não conseguia sentir um luto de verdade porque era como se aquilo fosse um pesadelo, um grande e assustador pesadelo. Como pude pensar no machado quando ele estava ficando para trás e nos salvando? Não que o fato de ter morrido por uma causa nobre ajudava, talvez só piorasse aquele sentimento de tristeza. O ato final de Josh apenas reforçava suas qualidades, deixando claro que a sua morte era uma perda gigantesca para toda a humanidade.

No seu colo, Avery ainda chorava. A mulher pensou em dizer algo, mas não sabia o quê. Tinha medo de se atrapalhar e entristecê-la mais ainda. Ao mesmo tempo, sabia que a garota precisava ouvir algo para melhorar sua situação. Depois de um longo tempo, Gabriela colocou as mãos sobre o braço dela e tomou coragem para falar.

– Está tudo bem. Todos nós gostamos dele – ao ouvir essas palavras, a loira começou a chorar mais ainda. Sem saber o que fazer mais uma vez, a morena apertou o braço dela de maneira reconfortante e começou a passar os dedos pelo tecido que a cobria. Não era um casaco qualquer, era o casaco. Talvez fosse a hora errada para ter pensamentos materialistas, mas Gabriela estava compartilhando o presente de sua mãe com outra pessoa.

– Tem algo errado comigo. Eu sou uma pessoa horrível. Eu vi meus pais morrerem e mal consegui chorar. Agora que o Josh morreu, eu... Não deveria estar me sentindo assim.

– Ave, você não pode se culpar por isso. Josh conseguiu fazer por você em alguns dias o que seus pais nunca fizeram a vida inteira.

Hopper esperou que estivesse certa. Não sabia muito sobre o passado de Avery, apenas o que ela ouvira de Kate ou que a própria garota mencionara. Pelo que tinha entendido, o pai nunca fora muito bom para com a filha, e a mãe não tinha se esforçado muito para mudar a situação.

– Eu gosto dos meus pais, quero conseguir amá-los, mas... Não é a mesma coisa. Eu sei vou sentir muito mais a falta do Josh, e isso parece errado. Eles eram meus pais.

– Você não ama alguém porque quer, as coisas não funcionam assim. Se não consegue sentir isso pelos seus pais, a culpa não é sua, é deles. Sinto muito se eles não mereciam o seu amor.

– Você sabe muito sobre pais – Avery parecia mais calma, apesar de sua voz ainda denunciar o choro. Por algum motivo, Gabriela sorriu ao ouvir aquilo, não porque era engraçado, mas porque a loira não sabia que estava imensamente enganada.

– A maioria das coisas que aprendemos vem da experiência. Você pode aprender algo por bem ou por mal. O que aconteceu comigo foi o último caso.

– Não pode ser verdade. Você fala tão bem de pais, que eu aposto que vocês sempre foram muito felizes.

– Sim, nós fomos... Até que eu cheguei à estúpida conclusão de que eu tinha que construir a minha vida sozinha e ser independente.

– E depois?

– Eu me mudei para outra cidade e passei muito tempo sem ter notícias dos meus pais. Na verdade, passei quase um ano sem vê-los e, até aquele dia, tinha passado três meses sem falar com eles. Não parecia tão ruim assim, mas... Estava perto do Natal, e eu terminava de arrumar a minha árvore antes de ir para o trabalho. De repente, minha tia apareceu lá. Na época, eu sabia que ela deveria estar na Europa, por isso fiquei um pouco assustada com aquilo. Então ela contou que meu pai tinha sido atropelado... e que tinha morrido – sua mente voltou para aquele dia. No começo, parecera um como outro qualquer, no entanto acabou se tornando um dos piores de sua vida. Não se lembrava do que tinha feito depois da notícia, mas o choque e o sentimento horrível que a invadiram em seguida nunca saíram da sua memória.

– Os vulcanos tinham sentimentos muito fortes, tão fortes que eles acabavam tendo problemas com isso. Então eles decidiram não sentir mais nada. Acho que não somos muito diferentes deles, nós apenas não conseguimos bloquear os sentimentos completamente.

– Talvez...

Gabriela não tinha uma resposta para aquela suposição. Com tudo que tinha acontecido, a lembrança da morte do pai, o apocalipse, a perda da mãe e a recente morte de Josh, talvez não sentir nada fosse uma boa ideia. Porém, infelizmente, não dava para se desligar da dor, e Hopper sabia que teria que conviver com ela, por mais difícil que fosse. A mulher teria que suportar a ausência de Samuel e Barbara, assim como todos deviam aprender a seguir em frente sem Joshua. Lembrou-se do homem que falara com ela pelo rádio, em Columbus, e percebeu que tinha sido ele.

Ele havia falhado.

Havia falhado com todos. Com os pais, Kate, Alexandra, Mike. E com Josh.

Ele está morto... Essa frase era pesada, forte de mais para Matthew. A morte em si, mesmo sendo inevitável, era horrível, pois significava que alguém tinha ido embora para nunca mais voltar. Harris nunca mais teria uma daquelas agradáveis conversas com Joshua, nunca mais ouviria a sua risada, nunca mais seria zombado por ele. Nunca mais o veria.

Por mais que tentasse, e o homem tentava muito, esses pensamentos não saíam de sua cabeça. Como se fazia para não pensar em alguém que tinha representado praticamente toda a sua vida? Matthew Harris tinha sido tio, pai e irmão. Talvez esse fosse o motivo da dor tão forte que sentia. Os sobrinhos eram a razão de ele ser o homem que era e, em retribuição, falhara. Não podia ter deixado seu melhor amigo morrer daquela forma. Mesmo que fosse absolutamente impossível, Matt sentia que precisava ter tentado. Poderia ter deixado Josh buscar o carro, uma tarefa muito menos arriscada. Poderia ter voltado a casa. Tinha que ter feito isso.

Sempre imaginara que os sobrinhos o enterrariam. Era a lógica. Matthew era dezessete anos mais velho que Kate e tinha sete a mais que seu outro sobrinho, obviamente deveria ter morrido antes. E isso era o que ele mais queria no momento, não havia algo que pudesse desejar mais. Se não era capaz apagar a morte de Josh, podia ao menos ter ido com ele, ou no lugar dele. Dessa forma, não estaria sofrendo tanto. Era difícil pensar no que restava em vida, quando aquilo que havia morrido era uma parte de si. Joshua sempre tinha sido mais que um sobrinho, ele fora seu irmão. Desde o momento em que o garotinho havia ido morar em sua casa, os dois se tornaram inseparáveis. Naquele momento, pensando em tudo que tinha compartilhado com o falecido sobrinho, Harris percebia que Josh fora o único ser humano capaz de compreendê-lo. Ele sempre o apoiara, dera os melhores conselhos sem nunca julgar. Como poderia seguir em frente sem Josh?

Te vejo do outro lado. Aquela tinha sido a última vez que ouvira a voz dele. Pensava em quanto tempo demoraria até ouvi-la novamente. O que era o outro lado? Olhando por esse ângulo, a morte parecia algo quase convidativo. O outro lado. Quando proferira tais palavras, Joshua nunca poderia ter pensado no que o esperava de verdade. Nunca teria suspeitado de nada, da cruel armadilha que a vida lhe fizera. E era tão jovem... Ainda estava no começo de sua vida, ou estivera. Como algo tão lindo poderia acabar assim?

Matthew tentava imaginar como o jovem irmão se sentira no momento da morte. Pensava em como seria sentir seu corpo sendo consumido por criaturas frias e asquerosas, sentir sua vida se desvanecendo sem nada fazer. Definitivamente, Joshua não merecia aquilo. Sempre tinha sido um bom garoto, alegre e compreensivo. Nunca existiria no mundo alguém como ele.

Também era inevitável pensar em Michael e na esposa. Sempre que pensava nele, via-o se despedindo dos filhos antes da viagem fatal. Alexandra estava em sua mente como no dia em que fora pedida em casamento, desalinhada e cansada depois de uma corrida de motos, porém orgulhosa com seu lindo anel de ouro. Os pais também estavam entre os fantasmas, um casal de idosos lendo um livro na varanda da casa. A visão que o engenheiro tinha e sempre teria do sobrinho era do dia de sua morte: Josh Harris usando uma touca negra sobre a cabeça, segurando seu rifle enquanto caçoava dele. Aquilo que mais amava no irmão era o sorriso, com toda a certeza. E Katherine, mesmo não tendo morrido, aparecia de vez em quando para assombrá-lo, uma adolescente alegre que usava aparelho nos dentes.

A sobrinha estava com raiva dele, isso era tão óbvio quanto a inexistência do Papai Noel. Ele não sabia o porquê, mas era verdade. O homem não a culpava por isso, ele também tinha raiva de si mesmo, merecia ser odiado. O grupo estava sentado ao redor de uma pequena fogueira, e a jovem fizera questão de se sentar na extremidade oposta, no local mais afastado possível. Além disso, em momento algum fizera contato visual com ele. Matthew suspirou mais uma vez, cansado de mais para pensar a respeito disso. Não havia o que fazer naquele lugar, por isso apenas se concentrou em fitar as chamas, que tremeluziam com a passagem da menor das brisas.

E aquilo o fez pensar em Josh. Uma coisa não tinha nada a ver com a outra, entretanto, nas últimas horas, qualquer coisa banal o fazia pensar no sobrinho. Se ele ao menos estivesse ali, Harris teria com quem conversar. Era com o sobrinho que dividia seus planos, suas dúvidas, frustrações... Tudo. Mas ele não estava. Era difícil de acreditar, quase impossível, contudo Matthew se forçava a repetir isso para saber. Iludir-se era pior que enfrentar a verdade.

Tinha aquela sensação estranha e terrível, a mesma que sentia sempre que algo muito, muito ruim acontecia e não podia ser mudado. A morte é irremediável. Alguém tinha lhe dito isso em algum momento da vida, não sabia dizer quem, onde ou quando. Era como se tudo aquilo tivesse se passado em outra vida, em outro mundo, quando Josh ainda era vivo.

Quase se sentia aliviado por nada de ruim ter acontecido depois da perda do carro. A fuga maluca de Katherine tinha sido algo realmente ruim, no entanto acabaram recuperando-a sem nenhum dano além do chinelo quebrado. Quando a encontrara, Matthew havia abraçado a sobrinha e os dois choraram juntos por algum tempo, sem dizer uma palavra. Aquela dor pertencia aos dois, ambos tinham perdido um irmão, ambos tinham perdido Joshua.

A fogueira não era capaz de aquecê-lo, todavia não sentira frio, fome ou sono durante todo o dia. Nada mais importava. Matt só sabia dos sentimentos que o dilaceravam: dor, sofrimento, angústia, raiva, culpa, tristeza, saudade, medo, confusão e coisas que ele não tinha palavras para descrever.

Gabriela tinha o olhar perdido em um ponto qualquer no céu, talvez alguma estrela. Avery dormia com a cabeça repousada no colo da mulher. A garota havia chorado bastante para um dia, era certo que estava cansada. Matthew deveria ter chorado, porém não conseguia mais. A dor era tamanha que o impedia de fazer isso.

Maxmillian também estava bastante afastado, ao lado de Kate. Isso, pelo menos, era bom. O engenheiro não se importava nem um pouco com isso, desejava que o rapaz ficasse o máximo afastado possível e que pudesse dar o conforto que ele não conseguia para sua sobrinha, do outro lado de preferência. Não havia nenhum motivo para esse ódio todo, mas era difícil pensar que aquele idiota continuava vivo enquanto a melhor pessoa que conhecera tinha morrido. Talvez Matthew só estivesse esperando por um erro vindo do jovem para descontar tudo nele. Max estivera no local, sabia exatamente o que tinha acontecido, provavelmente ouvira os gritos de dor do sobrinho. Max esteve com ele nos seus últimos momentos. E eu, onde estava?

O homem mais velho não sabia o que fariam no dia seguinte. Descobriu que era muito complicado pensar com o luto dominando sua cabeça, mas sabia que tinha responsabilidades. Era como se a situação atual o obrigasse a superar tudo rapidamente para lidar com suas preocupações. Da mesma forma que fizera na adolescência, quando a mãe ia até o quarto para chamá-lo, Matthew só queria continuar deitado, pensando naquilo que havia perdido. O grupo não tinha mais um veículo para se locomover, e caminhar pela floresta com aquelas pessoas não seria nada seguro.

Tinha sido um longo dia, e ele sabia que os seguintes seriam tão duros e longos quanto este. Mas Matthew Harris daria todos os seus amanhãs para voltar um dia no tempo, pois Josh ainda estaria lá.

Seus cabelos estavam trançados de forma tosca, porém Avery não podia reclamar. Gabriela lhe contara que sua mãe, Barbara, havia dito que sempre dormia com uma trança para que seus cabelos não embolassem. Hopper tinha alertado que era ruim fazendo aquilo, e Dickens insistira mesmo assim, sem nunca imaginar que o resultado teria sido tão desastroso.

Desde que perderam o carro, a loira aprendera bastante. Estavam sem casa, sem carro e sem Josh, o melhor sobrevivente, mas a garota tentava extrair o lado bom daquilo. Não que fosse bom ter suprimentos escassos, dormir ao relento, caminhar do nascer do Sol até sua retirada e terem perdido alguém tão bom quanto Joshua Harris, contudo Avery podia dizer que estava aprendendo e se fortalecendo. Na manhã daquele dia, enquanto Matthew arrumava suas coisas para mais um longo dia de peregrinação, ela havia matado seu primeiro errante. A sensação ainda lhe era estranha, sentia-se assustada e orgulhosa ao mesmo tempo.

Max era o instrutor oficial, apesar de estar mais interessado em parecer um professor de Educação Física durão e sem educação que pegava pesado com as alunas, sendo um pouco suave com Kate. Os dois estiveram melosos demais naquela manhã, possivelmente conta de Josh, porém ninguém naquele grupo dizia o nome do finado, apesar da névoa de sua morte permanecer entre eles. Sempre que olhava para qualquer um do pequeno grupo, Avery sabia que não poderia estar pensando em outra coisa. De certa forma, isso a ajudou a aprender, perdera três pessoas para aqueles bichos nojentos e não estava disposta a se entregar também. Finalmente despertei e estou aprendendo...

Além de Joshua, tinha deixado a maioria dos seus pertences no casebre, sendo um agravante a mais para o local percorrer seus sonhos à noite. Sonhei com a casa duas vezes, é mais do que tenho com minha antiga casa. Gabriela tinha dito que pensar dessa maneira naquela noite não era ruim, e ela queria mais do que tudo acreditar na morena, pois não dava mais para remoer o passado. O passado distante e o tão próximo que era chamado de ontem não podiam ser modificados, e a visão que as duas tinham de seus falecidos pais nunca mudaria, assim como seu amado taco de beisebol ficaria naquela casa de campo até o fim dos tempos.

Matar era eletrizante e mais uma dos itens de sua lista que faziam Avery ficar com raiva de si mesma. São só errantes! Queriam matá-la, o que tinha de mal em se defender? Gostar do ato talvez... Não era com se vingasse a morte de todas as pessoas por aquelas mãos imundas e decompostas, era um sentimento poderoso que não conhecia havia muito tempo, que tinha adormecido e despertado quando o primeiro caminhante caíra no chão sem vida. Dickens nunca fora uma garota com autoestima elevada, não poderia ter sido com um pai como John Dickens, que nunca a aceitara como filha apesar de tê-la criado. E assim, ao longo dos anos, ela havia se tornando o que era nos dias atuais. O orgulho inflava seu peito e a tornava corajosa, como se fosse capaz de salvar o mundo com suas incríveis e mortais habilidades de sobrevivência. Mas não era verdade.

– Não acha que está se aventurando demais? – Gabriela tentou com um tom de voz delicado. Quem ela pensa que é? A loira admirava muito as habilidades que a mulher tinha com o machado, mas isso não significava que podia ficar podando-a como se fosse a sua mãe.

Os cinco caminhavam em fila pela estrada. Matthew ia à frente, obviamente, seguido por Max, Kate, Avery e Gabriela. De vez em quando a jovem se afastava um pouco, nunca passando do acostamento, à procura de algo que nem ela sabia o que era. Provavelmente mais um mordedor para matar. Percebeu que diminuía a sua raiva do mundo, por isso desejava mais daquilo. Quando um errantes surgira do meio das árvores, a loira tinha se destacado do grupo para ir matá-lo, e por causa disso Matt lhe tirara a faca, para evitar que fizesse mais burrices.

– Estou só andando. Checando a área – respondeu com o tom juvenil de uma adolescente irritada.

– Claro, se esgueirando ocasionalmente até a beira da estrada.

– Eu estou com a pistola – o olhar que Hopper lhe lançou dizia “Isso pode não ser o suficiente.” Havia alguns fatores que a tornavam mais do que certa: em primeiro lugar, Avery Dickens não sabia atirar direito, nem mesmo destravar, era uma negação como filha de um oficial; segundo, os sons dos tiros só atrairiam errantes; terceiro, e mais importante, distanciar-se do grupo era praticamente suicídio, mesmo com uma pistola.

– Certo. Só não saia da formação. Não podemos perder tempo, nem outra pessoa.

– Sim, senhora – Avery pensou em bater continência para completar a zombaria, mas não havia necessidade para tanta acidez. Ainda sentia muito a morte do amigo, mas a administradora não tinha nada a ver com aquilo. Sua recente liberdade também influenciava, não gostava de ser limitada naquele momento tão bom. – Sabe para onde Matt está nos levando?

– Estamos seguindo a estrada, com certeza vamos encontrar uma cidade pelo caminho – ela parou por um tempo, pensativa e olhando para o céu cinzento. Sua voz não transmitia confiança. – Concordo que ir para o norte não é a melhor escolha em tempos como esse, mas ele garante que conhece a região e que as cidades mais próximas estão por aqui. Não se preocupe só precisamos andar...

– Não parece muito agradável caminhar por aí como se não tivéssemos rumo.

– Eu sei – assumiu olhando para o chão, e Avery jurou ter visto o vislumbre de uma careta em sua face. Isso fez com que a loira sentisse que estava diante de uma adolescente, tal como se sentia com a Kate. Só que Kate é uma adolescente, por mais que ela nunca admita isso... – Ainda tem água aí?

– Não! – a loira teve vontade de dar um tapa em sua própria testa, contudo aquilo faria com que ela parecesse mais estúpida. Havia bebido todo o seu estoque naquela mesma manhã, quando quebraram o jejum com alguns biscoitos, daqueles que pedem um acompanhamento líquido.

– Quer? – Gabriela mostrou sua garrafa, com um pouco mais da metade de água. Dickens pensou em ser educada e recusar, afinal, a mulher fora mais inteligente que ela e estocara seus suprimentos, não tinha a obrigação de ajudá-la. Apesar disso, a garota sentia muita sede.

– Mas você não vai precisar?

– Não. Eu sou um vulcano, certo? – ela sorriu, estendendo sua garrafa de plástico. Avery pegou, bebeu um longo gole e devolveu, com os olhos arregalados.

– Como você sabe?

– Sei o quê?

– Vulcanos podem passar mais tempo sem beber água...

– Foi apenas um chute – Hopper encolheu os ombros, parecendo satisfeita por ter acertado.

– Vulcanos não chutam, eles usam a lógica! Sabe, você tem muito a aprender. Posso te ensinar como diferenciar vulcanos de romulanos, ou como o Chewbacca é o melhor co-piloto que existe... Mas isso é Star Wars, você vai ter que saber a diferença.

– Mas não são a mesma coisa? – dessa vez, Avery deu um tapa em sua própria testa de maneira exagerada, mostrando seu descontentamento.

– Prometo que te explico tudo. Não vou deixar que passe o resto da sua vida alienada desse jeito.

– Gabriela – a voz abatida de Matthew interrompeu o diálogo, fazendo com que a mulher fosse imediatamente até o homem.

A fileira parou de andar, e a jovem aproveitou esse momento para sentar-se no asfalto e descansar os pés doloridos. Seus cabelos bagunçados pareciam tentar se libertar da trança mal feita, por isso ela terminou de soltá-la. O vento jogou os fios loiros contra o rosto, e Dickens fechou os olhos para aproveitar o momento. Gabriela e Matthew discutiam em voz baixa, de forma que só podia ouvir murmúrios contidos e uivos do vento. Avery fitou os dois atentamente, tentando entender algo. Ambos estavam bastante cautelosos em relação ao assunto, e se esforçavam para impedir que os demais ouvissem a conversa. Kate não parecia dar muita importância, pelo menos era isso que seu olhar vago demonstrava com aqueles olhos azuis voltados para uma árvore qualquer sem vê-la de fato. E Max estava muito ocupado enrolando um cigarro.

– Vamos passar por uma zona perigosa agora, quero que fiquem muito atentos aqui. Esses carros foram abandonados na estrada, criando um ótimo esconderijo para errantes. Mas também podemos encontrar coisas úteis, por isso iremos procurar dentro dos veículos enquanto passamos. Gabriela vai ficar na frente, mas nós devemos continuar na formação. Certo? – Matthew explicou rapidamente, tentando manter a voz baixa. Ninguém objetou, por isso ele fez um sinal com a cabeça para que a mulher seguisse, mantendo o machado em posição de ataque.

Avery respirou fundo e entrou no labirinto de carros, torcendo para que não encontrassem nada. Na verdade, quem realmente corria perigo era Gabriela. Se houvesse algum morto na região, a primeira a ser vista seria ela. De qualquer forma, a garota sentiu medo. Depois do que acontecera, não conseguia mais se sentir segura de forma alguma, nem com paredes, armas ou pessoas. Nada disso impedira Josh de morrer...

Matt iniciou as buscas, abrindo a porta de um sedã velho com a tinta desbotada. Como não encontrou nada, fechou-a lentamente e prosseguiu. Dickens tentou o mesmo, encontrando no porta-luvas um saquinho de balas de hortelã. Guardou a embalagem no bolso, sentindo-se animada pelo achado. O grupo continuou abrindo portas e procurando, todos exceto Gabriela, até que Katherine gritou. Matthew correu até a sobrinha e empurrou a porta da van contra o mordedor, partindo o tronco dele ao meio. No chão, Kate continuava gritando, apavorada com a figura de metade do corpo de um cadáver que tentava comê-la. O barulho só cessou quando Max pisou a cabeça dele, fazendo sangue voar em todas as direções.

Outros não demoraram muito para aparecer. Os caminhantes escondidos debaixo dos carros foram os primeiros, seguidos pelo restante. Avery viu dezenas deles brotarem da floresta, saindo da parte de trás de árvores, do chão e de dentro de carros abertos. Sentiu novamente aquela sensação ruim que sentira no dia do ataque à cabana, a sensação de que poderia morrer. A van que Harris abrira cuspiu mais três errantes, que se jogaram sobre a jovem ainda sentada no chão.

– Avery, vai! – Gabriela gritou, lançando-lhe um olhar penetrante. A garota hesitou, não queria fugir. Fugira da outra vez, e seus pais tinham morrido. Se fosse embora, podia ser que nunca mais visse o grupo. – Eu disse pra ir embora! Não dispare, só corra e se esconda! Vai logo!

O tom duro da latino-americana a fez estremecer por dentro, nunca ouvira a mulher falando daquela forma. O susto serviu para estimular a ação, e logo a loira se viu correndo alucinadamente pela floresta, sem olhar para trás ou para os lados, sem pensar em nada. De repente, começou a ouvir a música. Abertura 1812, Tchaikovsky. Lembrou-se do mês que passara ensaiando, do movimento do braço, da melodia fluindo pelo violino, do sorriso de contentamento do pai, do filme V de Vingança... A música parecia sair do alto das árvores, perseguindo-a enquanto corria para algum lugar que não conhecia, como se fosse a sua trilha sonora. Ela sentia que os caminhantes estavam bem atrás dela, a alguns metros, prestes a matá-la. Avery não tardou a cansar, porém não conseguia parar de correr, não com aquela música ressoando por seus ouvidos e com a imagem dos mordedores logo atrás. Por um momento, virou-se para checar se estavam realmente em seu encalço.

A loira esqueceu-se do que estava fazendo, apenas continuou a correr, fugindo de algo que não sabia o que era, por uma floresta feita de vultos e notas musicais. A adrenalina cessou quando Avery encontrou o chão de terra úmida e fria. Não teve forças para se erguer novamente, por isso deixou o corpo tombar ao lado de uma árvore torta, apenas para que seus pulmões de enchessem desesperadamente de ar e as dores começassem a invadir cada um de seus músculos. A perna, acima de tudo, latejava e pulsava, dando sinais de que não voltaria a servir tão cedo.

Gabriela encontrou-a poucos minutos depois, correndo com o machado em diagonal, pronto para abater qualquer ser que aparecesse em seu caminho, e com uma expressão de alívio e preocupação. A garota deixou que ela se aproximasse e a tirasse do chão sem dizer nenhuma palavra. A mulher observou-a com cuidado, procurando um ferimento ou algo do tipo.

– Eu estou bem.

– Será que ficou maluca? Por que diabos saiu correndo feito uma louca? – a preocupação sumiu de seu rosto, parecia estar com raiva.

– Pensei ter ouvido você me mandando correr – Avery rebateu.

– Mandei você correr e se esconder, não se enfiar no meio da mata! Como esperava que eu te encontrasse aqui? Queria ficar perdida para sempre?

– Eu corri... – tentou se explicar.

– Sim, e quase se perdeu. O grupo teria se dividido para te procurar, iria anoitecer e pessoas morreriam. Tudo isso porque você correu! Estamos do lado de fora agora, não temos mais espaço para erros.

– Eu já vivi do lado de fora, esqueceu isso? Droga, eu errei! Não vou mais fazer isso de novo! – o olhar da administradora foi penetrante, obviamente não tinha dito o que ela esperava escutar. Aquela discussão estava começando a deixar Avery irritada.

– Um erro pode ser fatal. Precisa entender isso antes que seja tarde de mais. Pode ser que da próxima vez eu não te ache.

– Para de agir como o meu pai! Por que você está tão estressada? Eu podia ter morrido, mas não morri. Discutir o passado não vai levar a nada já que ele foi concretizado!

– Nós... Depois que matamos todos, ficamos preocupados com você. Eu... – ela respondeu a pergunta, parecia mais controlada. – Kate ficou assustada, pensou que tivesse morrido também, e isso atrapalhou um pouco as coisas.

– Onde estão eles?

– Estão vindo pra cá. Matthew está muito ferido. Precisamos parar em algum lugar, não acho que ele consiga andar por muito tempo.

Avery olhou para o lado, e só então notou a construção que parecia se erguer do meio das árvores. E se parecia com uma igreja.

Irmã Johanna rodou pelo corredor da igreja com cuidado, já que carregava a pequena e irritadiça Judith Grimes nos braços. Tentara de tudo para fazer com que a menina se acalmasse, e talvez até dormisse, contudo fora em vão. Sarah havia dito que ela não estava cem por cento curada e que seria normal um comportamento mais agressivo do bebê, comportamento este que só a médica conseguia explicar, mesmo que possuísse uma estranha aversão por crianças.

Comida, chupeta e brinquedos foram facilmente ignorados pela garota, que ameaçava o choro a qualquer momento. Sem armas, Johanna estava sozinha, uma vez que os integrantes do grupo de Rick Grimes estavam resolvendo outros assuntos. Por fim, praticamente exausta, a ruiva começou a cantar e a rodopiar lentamente com ela. Se cantar aquela musica a acalmava, com toda a certeza Judith também se acalmaria.

I simply remember my favorite things, and then I don't feel so bad.

Definitivamente não cantava bem, Johanna decidiu ao ouvir sua voz. A canção, que conhecera ao ver o filme A Noviça Rebelde, era boa, contudo o seu timbre não a favorecia. Era seu filme favorito, gostava da mensagem passada por ele e adorava a música, pois fazia a freira lembrar que as coisas ruins eram passageiras. O mundo poderia ter se tornado um lugar horrível, porém ainda valia a pena viver, tal como sempre fora. Só preciso pensar em bons momentos, nos meus momentos favoritos, como as risadas de Michonne e Carl e o sorriso largo da pequena menina, que finalmente apareceu.

Havia outras coisas boas também, o grupo em si era muito bom. Tão bom que até chegava a pensar em procurar seu irmão mais novo para que ele pudesse se estabelecer na igreja junto com o filho, tal como Sarah estava fazendo com Fred. Hill passara os últimos dias tentando ao máximo conhecer o pessoal de Rick, e tinha descoberto que gostava deles. Claro que havia pessoas mais amigáveis, como Michonne, e outras mais fechadas, como Daryl Dixon.

O grupo já tinha sido maior. Certa tarde, Carol lhe contara que alguns deles saíram rumo a Washington, com o nobre objetivo de salvar o mundo. Segundo a mulher, um homem chamado Abraham Ford os encontrara e explicara a sua missão de proteger um cientista, Eugene Porter, que seria capaz de curar os humanos do vírus maligno caso chegasse à capital. Rick teria ido com ele, entretanto a saúde de sua filha fizera com que optasse por ficar. Dessa forma, Glenn, Maggie, Tyresse, Sasha, Bob e Tara se uniram a Abraham e Rosita nessa perigosa jornada. Depois de ouvir aquilo, a ruiva fora até o altar da igreja para acender uma vela por cada um deles, pedindo a Deus que obtivessem êxito na missão. A possibilidade de ter um mundo sem mortos-vivos a animara bastante.

Johanna foi até o altar, onde Carl e Michonne estavam sentados no chão, muito concentrados fazendo palavras-cruzadas em um antigo jornal. Os dois pareciam estar se divertindo com o jogo, apesar de não terem uma caneta ou algo do tipo, por isso a freira resolveu parar e observar um pouco.

– Acho que aqui é “peregrino” – a mulher apontou para uma coluna qualquer.

– Mas a terceira letra não era “f”?

– Quem tinha que decorar as horizontais, Carl? – Michonne ergueu uma sobrancelha, tentando não rir.

– Como se você tivesse decorado todas as verticais... Deixa, depois a gente volta nessa parte. Olha essa: “sinônimo de insuperável”.

– Impenetrável?

– Mas a segunda letra é “n”, não dá...

– Inexpugnável – Johanna disse de repente, e só então os dois notaram a sua presença.

– É isso mesmo! Por que não pedimos a sua ajuda antes? – Carl comentou animado.

– Tem pessoas lá fora – a freira não viu quando Daryl entrou no recinto, apenas ouviu a sua voz rouca. Quando olhou para Carl e Michonne, teve a impressão de que estavam tendo um déjà vu...

– Quantas? – o filho de Rick não perdeu tempo.

– Cinco. Parece que um deles está ferido.

– E o que nós estamos fazendo aqui? – imediatamente, Johanna entregou Judith para o caçador e foi até as portas da igreja. Quando as abriu, os raios solares impregnaram o ambiente.

Tudo aconteceu rápido demais. Um jovem e uma mulher com traços latinos carregavam com dificuldade um homem, o ferido, que sangrava pela perna esquerda. Uma garotinha loira seguia ao lado da mulher, carregando com dificuldade um machado e uma pistola. Uma jovem igualmente loira os seguia de perto, provavelmente a mais atordoada do grupo. Quando eles entraram na igreja, o homem ferido tropeçou em algo e caiu sobre Johanna, atirando-a ao chão. A pele dele estava quente, e seus olhos azuis traziam um brilho insano. Hill sentou-se no chão, confusa, enquanto ele apoiou-se nos cotovelos.

– Sabe, eu gosto de ruivas.

– Eu... Eu sou freira.

– Gosto de freiras, principalmente das bonitas – o homem só teve tempo de dar um sorriso estranho antes de desmaiar.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? O que acham que vai acontecer?
Caso alguém tenha curiosidade, estamos colocando o link das músicas mencionadas:
https://www.youtube.com/watch?v=G4h7NGMz2RI
https://www.youtube.com/watch?v=33o32C0ogVM
Reforçamos que o Tumblr está sendo atualizado constantemente, então se quiserem ir...
Até a próxima!



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