Uma vida diferente... Sonho ou pesadelo? escrita por Arianny Articunny, MoonyB


Capítulo 17
Noite no Chalé




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Pov's Hana

–Que? Por que você está falando isso? -Kenzo perguntou nervoso, ele quase parecia estar com medo.
–E porque você está tão nervoso? -pergunta Nick seria e desconfiada.
–Minha imouto me bateu, como eu não estaría nervoso? -ele respondeu. Eu sei que ele está mentindo.
–Já disse pra não me chamar de irmã. -falei tentando me controlar.
–O fato dela ter te batido não o faria ficar nervoso. E sim magoado e preocupado. -diz Nick fria.
–Para de mentir. Acha que eu acredito em você? -perguntei séria.
–Onde você quer chegar com isso? Eu estou falando a verdade. -ele respondeu com a voz trémula.
–Não parece. -diz Nick- Suas mãos estão suando, seus olhos não param enquanto fala.
–Qual o problema de vocês? Por que tantas perguntas? -ele preguntou ainda mais nervoso.
–Deve ser porque você está agindo de forma suspeita. -rebateu Nick.
–Claro que não. Vocês é que são loucas. -rebateu. Dei outro tapa na cara dele. Odeio mentiras.
–Vamos Nick, não quero fica aqui nem mais um minuto. -falei enquanto me virava e ia em direção ao estábulo.
–Claro. Eu também. -ela concordou e fomos andando. -Mas me diga, porque estamos voltando pro estábulo?
–Por que o Toby ficou lá e o Gabi também. -falei simplesmente. Segui o caminho sem olhar pra trás, perdida em pensamentos.
–Gabi? O cavalo? -ela perguntou meio perdida. Lembrei que não tinha falado o nome pra ela.
–Esse mesmo. Ninguém tinha dado um nome pra ele. Achei que Gabi combinaria. O que acha? -perguntei.
–Perfeito. -respondeu animada. -Eu quero um cavalo também. -falou emburrada e com uma voz fofinha.
–Nem vem. Você tem o Toby. Uma conexão só é especial quando é única. -falei rindo e olhando pra ela. Ela não pode ter um cavalo e essa foi a melhor desculpa que eu arranjei.
–Isso não é justo. E não é um motivo pra mim não ter um cavalo. Relaxa eu não quero um igual ao seu. -falou.
–Nick, um cavalo não. Você já tem o Toby. Isso devia ser o suficiente pra você. -falei séria, parando de andar pra encará-la.
–Eu já tive um cavalo, Hana. Só que ele ficou pra trás. E não era um pegasus. -ela respondeu parecendo triste com a lembrança.
–Sem cavalo. -falei fria. Não quero discutir, mas não posso contar o motivo pra ela.
–...- ficou quieta me encarando surpresa- Porque?
–Não vou falar. Apenas entenda, você não pode ter um cavalo. -respondi fria. -Agora vamos.
–Aposto que você não gostaria nada que eu proibisse você de ter um bichinho de estimação. E se a situação fosse contraria sabe que eu iria encorajar e apoiar você. -ela falou um pouco magoada.
–Pare de tentar fazer chantagem emocional. Você tem o Toby, que é um lobo. E eu nunca tive um bichinho de estimação. E se você ao menos entedesse os cavalos você saberia por que não pode ter um. -falei séria, olhando-a nos olhos. Será que é tão difícil entender? Eu odeio quando as pessoas fazem isso. Me virei e continuei andando.
–Eu nunca teria tido um se eu não tivesse enchido o saco com isso e não tivessem roubado a minha casa quando estávamos viajando. -ela falou.
–Você realmente não entende. Seu forte realmente é estratégia e não animais. -sussurrei a última parte.
–Se isso fosse mesmo verdade eu não me daria bem com os animais. -ela falou.
–Se dar bem é diferente de entender. Vamos parar de discutir. Por favor. -falei.
–Eu sei, eu sei. As vezes parece que os animais são os únicos capazes de nós estender e serem sempre sinceros. -falou.
–Vamos logo então. Quero voltar pro chalé pra tomar banho. -pedi. Andamos mais um pouco e chegamos ao lago.
–Ah! A lua acabou de aparecer... -Nick falou baixinho e suspirando. Ela havia parado e estávamos a alguns passos de distância.
–Só vamos tomar um banho, depois voltamos pra cá ou vamos pra floresta. -expliquei.
–Não precisa. Acho melhor aproveitarmos essa rara privacidade. -ela comentou divertida, passando na minha frente e me puxando para o chalé brilhante.
–Onde vocês pensam que vão? -perguntou Leo. Ele e Nico estavam sentados em frente ao chalé.
–Eu sei que eu vou pro chalé. -respondi.
–Idem. Mas eu pergunto o mesmo pra vocês. Onde é que vocês pensam que vão? -questiona Nick de braços cruzados de frente a eles.
–Junto com vocês. -Nico respondeu.
–Vocês estão brincando né? -perguntei surpresa.
–Não lembro de ter dado permissão para tal. -fala Nick tão incomodada quanto eu. Logo agora que pensamos que teríamos privacidade.
–Não precisamos de permissão. Avisamos pra vocês de manhã que não as deixaríamos sozinhas. -ele respondeu cruzando os braços ao lado de Leo.
–Veremos se realmente precisamos de proteção... Toby! -diz seria. E logo depois o lobo os derrubou e imobiliza-los e amarra-los com um cipó. De repente vimos fogo e eles estavam de pé outra vez. Droga de poder de fogo que o Valdez tem!
–Acabaram com a brincadeira? Falando sério, não vamos deixar vocês sozinhas. -Leo falou.
–Brincadeira? Acho que vocês que estão de brincadeira! Não precisamos que vocês cuidem da gente!! -exclamou Nick séria.
–E nós já falamos que vamos cuidar de vocês. -responderam ao mesmo tempo.
–Não precisa. Não precisamos disso. -falamos juntas.
–Não estamos pedindo. Estamos apenas avisando. -Leo rebateu.
–Porque vocês insistem tanto nisso?! -falou Nick.
–Por que vocês não aceitam. -eles responderam em coro.
–Não foi isso que eu quis dizer. Porque vocês insistem tanto em quererem cuidar de nós? -ela reforçou a pergunta.
–Por que vocês são importantes pra nós. -Nico falou olhando pro chão.
–Importantes? -perguntei incrédula.
–Vocês entenderam. -Leu respondeu emburrado.
–Então vocês não vão nós deixar sozinhas nunca? -perguntou a Nick e me olhou preocupada.
–Bem, por nós é isso. Mas acho que vocês não vão querer tomar banho com a gente. -Leo falou com um sorriso safado.
–O-olha só a merda que vocês estão pensando! -falamos constrangidas e irritadas.
–Pena que não vai acontecer. -ele falou rindo.
–Com certeza não! -exclamou Nick. Me contive pra não rir ela estava corada que nem um pimentão.
–Façamos assim. Vocês podem ficar no chalé se trouxerem filmes de terros pra assistirmos. -falei. Estava louca pra ver filme de terror.
–E latas de leite condensado! -acrescentou Nick pois já tínhamos acabado com as que tinha no chalé.
–Vocês são abusadas em? Porque temos que trazer tudo isso? -perguntou Nico.
–Vocês estão tirando nossa privacidade, é o mínimo que podem fazer. -falamos juntas.
–Okay... -eles concordaram no final suspirando e indo buscar o que pedimos. Entramos e a Nick foi separar os refrigerantes e o milho pra pipoca.
–Quem vai primeiro? -perguntei enquanto separava nossos pijamas.
–Tanto faz. Embora provavelmente seja melhor eu ir primeiro antes deles chegarem sabe lá o que o Valdez vai aprontar. -ela falou séria. Eu ri e joguei o pijama pra ela.
–Não demora tá? Quero ver se também tomo banho antes deles chegarem. -falei enquanto pegava um livro e me sentava na cama para esperar. -E pode deixar que o Valdez não vai aprontar nada, caso você ainda esteja no banho quando eles chegarem.
–Eu sei lá! Ele é louco! Ele até falou aquela parada... -ela começou a corar e não conseguiu terminar de falar. Mas eu entendo o que ela quis dizer.
–Ok, já entendi. Vai logo pro banho. -falei rindo.
–Nem precisa falar duas vezes! -ela disse rindo e indo pro banheiro. Não demorou muito pra escutar o chuveiro ligando. Fiquei lendo por um tempo, até que que alguém tira o livro da minha mão.
–Sua vez. -Nick falou.
–Tá bom. -falei e corri em direção ao banheiro. Senti que estava esquecendo alguma coisa, mas ignorei. Entrei no chuveiro e me arrepiei com o toque da água quente. Começei a cantarolar sem perceber. Depois de um tempo desliguei o chuveiro e me enrolei na toalha. Não acredito, esqueci minha roupa. Como posso ser tão distraída?
–Niiiick! Por favor traz a roupa pra mim? -pedi gritando. Porém não ouve resposta, quando de repente um barulho estranho e um grito da Nick. Fiquei preocupada então me enrolei na toalha pra ver o que tinha acontecido.
–Aaaah! -gritei enquanto atirei um pente que estava na minha mão na cara da primeira pessoa que eu vi. Pelos deuses! Os meninos estavam aqui! E eu meio que acabei de atirar um pente no meio da testa do Nico que caiu pra trás meio tonto e derrubou o Leo que caiu em cima da Nick no chão. Ok. Pelo jeito o efeito dominó realmente acontece na vida real.
–O que vocês estão fazendo? -perguntei assustada.
–Trouxemos as coisas que vocês pediram. -Nico respondeu esfregando a testa. -Precisava mesmo disso? -ele completou.
–Desculpa, foi reflexo.-respondi um pouco sem graça.nDaqui a pouco ouvimos um barulho e vimos o Leo voando de cara pra parede e uma Nick raivosa com o punho fechado. Acho que ela acabou de bater no Valdez. Eu e o Nico, que estava boquiaberto, só ficamos encarando cena. Então ela me olhou e arregalou os olhos.
–HANA! -ela gritou.
–QUE? -perguntei assustada.
–Foi SUA culpa isso! -ela gritou novamente.
–Minha? -falei indignada.
–Sim! Foi por sua causa que o garoto em chamas caiu em cima de mim! -ela exclamou.
–Você queria que eu fizesse o que? Eu saio do banheiro de toalha e encontro dois garotos aqui. Esperava o que? -falei.
–...- ficou quieta e desviou o olhar um pouco corada -HANA. -ela gritou.
–Que foi? -perguntei.
–Você saiu só de toalha do banheiro né? -ela perguntou olhando sugestiva.
–Sim. E... -falei sem entender.
–Você não saiu do lugar até agora. -ela me lembrou. Senti meu rosto esquentar. Corri até o banheiro e me tranquei lá.
–NIIICK. -gritei.
–Pronto! -ela falou enquanto me entregou as roupas pela porta. Me vesti rápido e saí.
–Que filmes vocês trouxeram? -perguntei para os meninos.
–Trouxemos "A Entidade", "Premonição 5" e "O Iluminado". -Leo falou enquanto esfregava a cabeça.
–E também trouxemos os ingredientes que pediram. -Nico completou.
–Uhuul! Brigadeiro! -exclamou Nick pegando os ingredientes e foi fazer o brigadeiro.
–Eiii. Você faz a pipoca. Foi o combinado. -falei indo atrás dela.
–Oook! -ela respondeu enquanto dividíamos as tarefas e fazíamos as coisas. Pude sentir o olhar dos garotos e algumas risadas e cochichos.
–Vocês não tem noção do quanto eu estou gostando dessa cena. -Leo falou.
–Vocês não acham que esses pijamas são muito curtos? -Nico perguntou.
–Hã? -falei e ficamos meio em dúvida e olhamos para nossas roupas. Senti minhas bochechas esquentarem e sabia que a Nick estava na mesma situação.
–Q-qual o problema? Está tão ruim nossas roupas? Querem que troquemos de roupa? -Nick perguntou.
–De jeito nenhum. Estão perfeitas assim. -Leo respondeu com um sorriso safado.
–Nós vamos trocar. -ouvi Nick afirmar de imediato após ele falar aquilo.
Ela foi até o armário e pegou pijamas pra nós duas. Me arrastou até o banheiro e trancou a porta.
–Por que eu tenho que trocar o pijama? -perguntei cruzando os braços e fazendo biquinho.
–Não te incomoda a forma que eles estão nos olhando? -ela responde com outra pergunta.
–Eles estavam olhando? Pra você, só se for. -falei inocente.
–Eles estavam olhando pra você também! Só que como sempre você não percebeu né? -ela disse.
–Claro que não estavam! -falei firme. Tirei a blusa e coloquei a outra.
–Ok, ok. Sei que não importa o que eu disser você não vai acreditar em mim. -ela respondeu suspirando e terminando de se trocar.
–Vamos logo, quero ver filme. -falei animada. Puxei seu pulso e saímos do banheiro.
–Sim, eu também quero. Mas esqueceu que não terminamos de fazer a pipoca e o brigadeiro? -Nick lembrou rindo.
–Então vamos fazer. -falei indo pra cozinha.
–Meninas, por que trocaram de pijama? -Leo perguntou com carinha triste.
–Porque é mais confortável e seguro usar esses! -Nick respondeu rapidamente olhando pro garoto sem demostrar qualquer emoção.
–Seguros? Vocês acham que a gente ia fazer o que? -Nico perguntou ofendido.
–Eu estava me referindo aos olhares. -disse Nick ainda indiferente.
–Que olhares? -Leo falou fingindo inocência.
–Hm. Você sabe que olhares, Valdez. -ela falou olhando de lado pro garoto com um olhar de tédio.
–Ok. Vamos parar com esse amor e vamos fazer os doces e a pipoca. -falei tentando evitar brigas.
Alguns minutos depois já havíamos terminado de fazer tudo e estávamos colocando o filme pra gente ver.
–Por qual filme começamos? -Leo perguntou.
–Vamos começar pelo mais fraco. -falei segurando "O Iluminado".
–Fraco? Esse filme é fraco? -Leo perguntou abismado.
–Sim. Nem assusta. Ou vai dizer que o garoto em chamas tem medo desse filme? -falei provocando.
–Gente que tal pararmos de falar e irmos ver o filme? - Nick falou impaciente.
–Vamos. -falei enquanto colocava o filme. Tínhamos colocado os colchões no chão. Me sentei ao lado de Nick.
–Meninos, vocês podem trazer a comida e a bebida? -pedi tentando ser fofa.
–Está bem. -eles disseram e trouxeram as coisa. Tínhamos decidido começar com a pipoca. Eles se sentaram, cada um em uma ponta. Começamos a assistir, aí quando filme acabou conversamos um pouco.
–Eu disse que não dava medo. -falei.
–Ok, você tinha razão. -Leo admitiu.
–Que filme vamos ver agora? -Nico perguntou.
–Sua vez de escolher Nick. -falei olhando pra ela.
–Se vamos começar com os leves. Vamos ver Premonição 5. Esse também não da medo. -ela falou.
–Ok. Vamos continuar na pipoca e deixar os doces pro final. Pode ser??? -perguntei.
–Pode. -ela respondeu.
–Só eu que estou com frio? -Nico perguntou.
–Só você. -respondemos juntas.
–Cara, eu sempre estou quente. -Leo fez piada.
–Você não conta. -falamos todos juntos encarando o garoto em chama.
–Vamos parar com isso e ver o filme. -falei enquanto apertava o play.
Como praticamente todos os filmes escolhido nós duas já tínhamos visto antes apenas esperávamos as melhores cenas pra rir das caras e reações dos garotos. Que por sinal eram cada vez mais cômicas.
–Como vocês conseguem rir de um filme de terror? -eles perguntaram depois que tivemos mais um ataque de risos.
–Por que são divertidos. Sem falar nas caras de vocês. -respondi ainda rindo.
–Pode crê! -Nick concordou caindo na gargalhada depois pois tinha acabado de passar uma das cenas e os meninos pularam.
–Eu amo essa cena. -falei enquanto prestava atenção. A cena era um cara morrendo com a cabeça esmagada.
–Como diabos você pode gostar de uma cena como essa?! -pergunta Leo fazendo careta.
–Mas... É tão legal! -Nick respondeu por mim animada.
–Não é não. É horrível. -ele falou com cara de nojo pelo sangue.
–Não me diga que você tem nojo de sangue Leo? -indagou Nick meio incrédula.
–Claro que não. Só é nojento ver a a cabeça de alguém. -ele explicou.
–Hm... Sei... -disse desconfiada.
–Gente. Vocês vão ver o filme ou não? - Nico perguntou irritado.
–Eu estou vendo. -Nick respondeu -Além disso só tem mais 5 minutos de filme.
Ele olhou feio pra ela. O filme tinha acabado.
–E agora? -Leo perguntou.
–O mais legal! A entidade! -ela falou animadíssima.
–Espera um pouco. Eu quero doce. -falei enquanto tentava me levantar. Acabei me embolando nos cobertores e caí. O problema é que eu caí em cima do Nico. Meu rosto estava queimando e mesmo no escuro pude ver ele ficar vermelho. Que fofo.
–Se queriam se agarrar era só dizer. Nós teríamos dado privacidade a vocês. -Leo falou provocando.
–Pare de falar besteira Leo! Gente vamos ver o filme logoooo! -Nick pediu.
–Só porque você pediu. -ele falou voltando a se sentar.
–Ok. Mas primeiro vou buscar uma coisa muito importante. -falei me levantando novamente e buscando o brigadeiro algumas colheres. -Pronto! -sentei no meu lugar e dei play no filme. Aquele era o único dos filmes que nós ainda não tínhamos visto.
–Agora vocês pararam de rir né? -Leo falou.
–Claro! Esse vai ser mais emocionante! Temos que prestar atenção! E pelo que eu já vi no trailer é algo meio muito sinistro! -exclama Nick animada.
Esse filme realmente dava medo. Admito que morri de medo de algumas cenas. Olhei pro lado e percebi que a Nick também estava com medo, mas ela não ia demonstrar isso. Então na cena em que do nada o Mr's Boggie aparece todos levaram um surto. Eu dei um pequeno gritinho, os meninos deram um pulo pra trás e a Nick pulou e fechou os olhos com força. Coloquei as mãos no rosto. Senti dois braços me apertando. Tirei as mãos do rosto e olhei para a Nick achando que seria ela. Dei um pequeno sorriso. Ela não estava me abraçando. Ela estava sendo abraçada pelo Leo.
–Me solta. -ouvi Nick mandar baixinho.
–Só se você falar que não quer que eu te abrace, mas tem que olhar nos meus olhos. -ele respondeu. Percebi que ela ficou rígida e que estava suprimindo qualquer tipo de emoção.
–Eu já falei uma vez pra me soltar. E não vou falar de novo. Pare de ser infantil e me largue. Não somos tão íntimos pra você ficar me abraçando e me beijando. -ela falou lentamente enquanto o encarava friamente.
Todos paramos de olhar pro filme e olhamos a cena. Senti que ela estava irritada e se contendo.
–Com licença. -ela disse educadamente se levantado- Vou no banheiro. -logo depois dela passar pela porta e tranca-la ouvimos um barulho de soco. E depois outro. Dei pause no filme e me levantei. Fui até a porta do banheiro.
–Nick. Quer que eu tire eles daqui pra gente poder conversar? -falei baixo. -Pode deixar Hana, está tudo bem. Daqui a pouco eu saio só preciso me acalmar. -ela respondeu.
–Ok. -saí da porta e voltei para os colchões.
–Já que paramos o filme vamos arrumar um pouco esse lugar. -falei para os garotos.
–Porque ela sempre faz isso? Quando acontece alguma coisa ela foge e se esconde? -pergunta Nico. Se levantando pra ajudar.
–Esse é o jeito que ela encontrou de se proteger e proteger os outros. Cada uma tem o seu. E vocês não tem nada com isso. -respondi fria e séria.
–Proteger os outros? Como assim? -eles perguntaram confusos.
–Já disse que vocês não tem nada com isso. -falei tentando ser menos fria.
–Espera. Você disse que cada uma tem o seu jeito. Qual é o seu? -Nico perguntou.
–E porque você não pode explicar? E sempre da um fora na gente? -questiona Leo.
–Por que eu não sei explicar. E mesmo que soubesse não explicaria, vocês não tem nada com isso. -falei ainda controlando a voz.
–Nenhuma de vocês dão respostas muito claras e úteis né? -concluiu Nico meio frustado.
–Sobre nós mesmas? Não. -falei e ri da cara emburrada que ele fez.
–Mas responde só essa pergunta: A Nick se esconde e foge, você faz o que? -ele pediu.
–Eu me escondo atrás de ironias e piadas e me depreciando. -falei em um sussurro, olhando para o chão. Levantei a cabeça, vi que eles tinham os olhos arregalados e fixos em mim.
–Nenhuma de vocês demostra o que realmente estão sentindo? Nunca? -perguntou Leo, um pouco confuso.
–Jamais. -respondi.
–Como isso é possível? -ele perguntou.
–Guardar e suprimir suas emoções não tem nenhuma consequência? -questiona Nico. Ele parecia... Preocupado?
–Tudo tem consequências. Mas depois de tanto tempo nós nos adaptamos. -expliquei.
–Consequências? Se adaptar? Do que você está falando com eles Hana? -pergunta Nick seria, ela tinha acabado de sair do banheiro.
–Bem... eles insistiram. Você sabe que não consigo ser grossa o tempo todo. Eu acabei contando um pouquinho sobre nós pra eles. -admiti, olhei pra baixo sem graça.
–Droga, Hana. O que exatamente você falou pra eles?! -ela questionou transtornada.
–Quase nada. Só a parte de como nos escondemos. Você sabe que isso não é quase nada. -expliquei.
–Eu sei que não. Mas você sabe muito bem o porque de termos combinado de jamais revelar algo sobre a gente! -ela exclamou nervosa.
–Calma Nick. Pensa bem, já contamos isso. Não vamos ter que contar mais nada. -falei tentando acalma-la.
–Por enquanto! Hana! Você sabe muito bem que rumo as coisas tomam após isso! Sabe que nada vai acabar bem! -ela diz.
–Já chega. Não é o momento pra discutir isso e você sabe. -falei calma.
–Eu sei bem disso. E principalmente na frente deles! -ela conclui. Eu sabia e entendia o porque dela estar assim. Eles já sabem disso quem disse que não vão nós pressionar até saber todo o resto?
–Vamos esquecer tudo isso e ver o filme. -falei.
Olhei para a Nick e nós comunicamos com o olhar.
–Vocês podem pegar mais colchões e cobertores enquanto fazemos panquecas? -pedimos com voz fofa.
–E por acaso nós temos alguma escolha? -eles perguntaram derrotados e um pouco esperançosos.
–Não. -respondemos rindo da cara deles.
Fomos pra cozinha e começamos a fazer as panquecas. Não sei como, mas quando dei por mim estavamos sujas de massa.
–Pelos deuses! Olha o caos que está aqui! Tem massa até no teto! -comenta Nick rindo -Eu estou até com pena da gente quando formos arrumar e limpar tudo!
–Como exatamente chegamos a isso? -perguntei rindo e tirando um pouco de massa do cabelo.
–Essa é realmente uma ótima pergunta. -ela fala balançando afirmativamente a cabeça pensativa -Não faço a menor ideia.
–O que aconteceu aqui? -Nico e Leo perguntaram assustados. Eles tinham acabado de entrar na cozinha.
–Nem nós sabemos direito. -respondemos juntas rindo da situação.
–Já acabamos de fazer a panqueca. Agora só falta darmos um jeito nessa "pequena" bagunça. -Nick suspira.
–Pequena? -eles falaram abismados.
–Vocês vão nos ajudar né? -perguntei fazendo carinha fofa.
–Era sarcasmo. Nunca ouviram falar nisso não? -questiona Nick irritada.
–O que ganhamos com isso? -Leo perguntou sem ligar pro que Nick tinha dito.
–Não serem mortos agora mesmo! -responde Nick com um olhar assassino antes mesmo que eu pudesse responder qualquer coisa.
–Sabe que podemos sair daqui a qualquer momento né? -Leo falou com um sorriso de lado.
–Vamos dar outra chance pra vocês. O que ganhamos com isso? -Nico falou o acompanhando.
–Vão embora se quiserem. Não fará a mínima diferença pra gente. -fala Nick. Acho que ela está no modo "dando foras".
–Sabe que não é verdade Nick. -falei em tom de censura. - O que vocês querem em troca? -perguntei me virando pra eles.
–Nós queremos... -começaram a falar mas foram interrompidos.
–Você é louca Hana?! Sabe lá o que diabos eles vão perdir! Provavelmente vai ser que a gente responda as perguntas deles ou contemos nossa historia! E eu não vou fazer nada disso! Definitivamente! -reclama emburrada e cruzando os braços.
–Você acha que eu sou idiota? Eu perguntei o que eles querem, não disse que vamos fazer. Só faremos se não for algo absurdo. -expliquei.
–Eu estou fora de qualquer jeito! Mesmo que eu tenha que arrumar a bagunça sozinha! -ela fala. Céus! Porque ela as vezes é tão teimosa?
–Ai, Nick! Pelo amor dos deuses! Pare de ser tão cabeça dura sempre! -repreendo-a. Ela apenas virou o rosto ignorando o que eu disse.
–Não estou sendo cabeça dura. -ela rebateu emburrada.
–Está sim. E você sabe muito bem que vamos levar a noite toda pra arrumar essa bagunça sem eles. -tentei convencê-la.
–Você está exagerando! Da muito bem pra acabar de arrumar em no máximo 1 hora! E eu não preciso da ajuda deles! -ela diz.
–Nick, tem massa na pia, no chão, no teto e na gente. Temos que tomar um banho, que provavelmente vai demorar já que temos. Você pode não admitir, mas sabe que vamos resolver isso muito mais rápido se eles ajudarem. -falei. Odeio quando ela faz isso. Tenho que me controlar... tenho que me controlar. 1, 2, 3, 4, 5, ... calma, calma, calma.
–Eu já disse que não precisa! Vai tomando banho e eu vou limpando aqui! Assim vamos terminar rapidinho. -ela fala já na pia lavando as coisas.
–Porque você está complicando tudo Nick? -pergunta Nico meio abismado.
–Fiquem quietos. Eu vou falar com ela. -falei séria e fria. -Nick, vamos conversar no quarto rapidinho. -pedi.
–Não precisa. Se você quer tanto assim a ajuda deles, tudo bem. Mas lembrem-se que foi você que quis, não eu. -ela fala indiferente, terminando de lavar a louça.
–Vamos tomar banho. Eles vão arrumando, quando voltarmos ajudamos com o resto. -falei enquanto me comunicavá com ela pelo olhar.
–Ok... -ela disse me acompanhando.
Entramos no banheiro e eu me sentei no chão. Ela tomaria banho primeiro. Ela entrou no chuveiro.
–Você sabe que não teremos que fazer nada né? -perguntei rindo.
–Hm. Por isso que eu disse que não precisávamos de ajuda. Não era nada muito trabalhoso. -ela diz simplesmente, saindo do boxe e se secando.
–Só que enquanto estamos tomando banho eles estão arrumando tudo. -falei mostrando a língua e entrando no chuveiro.
–Sabe que eu não gosto de depender de alguém né? -ela fala calma olhando pro lado oposto do que eu estava.
–Você sabe que eu também não gosto. Mas não é dependência. Tenho que te ensinar a tirar proveito da situação. -falei enquanto tentava inutilmente tirar a massa do meu cabelo.
–Eu sei tirar proveito das situações. Porém evito se for por algo bobo e desnecessário. Se fosse algo urgente eu não pensaria duas vezes. -ela fala desaprovando em parte o que eu havia dito anteriormente.
–Você não entendeu. Nesse caso eu não tirei proveito. Foi apenas uma "acerto de contas". -expliquei. -Que merda. Essa massa não quer sair. -falei irritada.
–Acerto de contas pelo que? Por eles irem sempre contra nossa vontade? -ela fala séria mas logo começa a rir da situação. -Você tem que lavar o cabelo mais de uma vez e deixar bastante água cair nele pra diluir e tirar a massa.
–Por terem estragado nossa noite sozinhas e por terem nos deixado sem graça. -falei. -Por que você não teve que fazer isso? -perguntei com um biquinho. A massa não queria sair de jeito nenhum.
–Talvez porque eu leve jeito com isso. E também porque desde pequena eu arrumava um jeito de ficar com lama e folhas grudadas no cabelo. Aí a gente aprende a se virar. -ela fala divertida dando os ombros.
–Nós duas fazíamos isso. Eu só não sei por que você conseguiu fazer mais rápido. -expliquei. Finalmente. A massa tinha saído. Acho que ela vai mais rápido por causa do tamanho do cabelo. Nota mental: cabelo no quadril dá muito trabalho. Terminei de me lavar, peguei uma toalha e botei em volta do corpo enquanto usava outra pra secar o cabelo.
–Cadê minha roupa? -perguntei.
–Sim mas eu fazia isso a mais tempo. Lembra que só nos conhecemos depois que minha mãe se casou com seu padrinho? Isso faz o que? Uns 7, 8 anos? -ela falou - Hana não me diga que esqueceu sua roupa!
–Mas eu já fazia essas coisas quando eu era menor e morava com o meu pai. E tem uma outra coisa chamada tamanho. Seu cabelo é mais curto que o meu. -falei. -Esqueci. Você sabe que eu sou distraída. Eu vim direto pro banheiro, esqueci completamente da roupa.-expliquei.
–Sua coisa. Eu lembrei de pegar minha roupa e já estou vestida e como eu te conheço trouxe uma roupa sua de reserva. -ela falou me entregando a muda de roupa rindo da situação.

–Obrigada Nick. -falei enquanto pegava a roupa e me vestia. -Que horas são? -perguntei enrolando o cabelo na toalha.
–Eu sei lá! Estou sem o meu celular lembra? -ela respondeu emburrada ao lembrar do fato.
–Eu sei. Relaxa. Vamos fazer o que agora? -perguntei abrindo a porta.
–Que tal tentarmos terminar de ver A Entidade? Comendo panqueca e brigadeiro? -sugeriu andando na direção da cozinha pra ver como ela estava.
–Ok. Mas antes temos que limpar a cozinha. -falei rindo ao lembrar do ocorrido. -Ainda estou tentando lembrar como chegamos nesse ponto. -completei pensativa.
–E você falando que eles já teriam arrumado tudo. -comentou sarcástica indo na pia terminar o que tinha começado. -Sabe? Acho que garotos não servem pra limpezas.
–Ei. Não falem como se nos não estivéssemos aqui. -Leo falou em protesto.
–Eu sei que vocês estão aqui. Mas com ou sem vocês presentes eu ainda falaria a mesma coisa. -ela fala indiferente.
–Vou ignorar seu comentário. -ele respondeu enquanto limpava as paredes.
–Faça o que quiser. Eu não ligo. -ela diz terminando de lavar a louça e começando a seca-la.
–Nick. -falei em tom de repreensão. Já estávamos quase terminando a limpeza. Faltava apenas a geladeira.
–Qual é Hana! Do que você está reclamando agora? -ela fala impaciente pegando panos pra limparmos a geladeira.
–Não sou eu quem está reclamando de tudo. -respondi. Peguei um dos panos e comecei a limpar.
–E eu não sei como você agüenta eles grudados na gente o tempo todo. Não sei como você consegue aguentar o sexo masculino. Eles são tão irritantes e idiotas. -ela diz esfregando a geladeira com raiva.
–Tenho problemas maiores com algumas coisas do sexo feminino. Não fale como se só os homens fossem errados. Alguns são legais. Assim como algumas mulheres são frescas, chatas e fúteis. -falei. Tentava me controlar ao máximo. Não gosto de discutir com ela.
–Eu sei que também tem mulheres insuportáveis. Mas homens não são confiáveis. -ela fala baixinho terminando de limpar um lado da geladeira.
.-É melhor falarmos disso depois. -falei. Terminamos de limpar a geladeira e fomos pegar as panqueca e o brigadeiro.
–Concordo. -ela fala me ajudando a levar as coisas- Nada melhor que um filme de terror pra melhorar as coisas! -diz animada sentando no seu lugar já colando os olhos na tv.
–Meninos. Apertem o play do filme. -falei enquanto sentava ao lado de Nick e colocava muito brigadeiro nas minhas panquecas.
Então recomeçamos a ver o filme de onde tínhamos parado. Durante ele é claro que houveram bastantes sustos e momentos de da nervoso afinal era o filme mais pesado, tínhamos deixado pro final por isso. Ideia da Nick, que já havia visto o trailer e comentários do pai sobre o filme. Por falar nela, ela não pareceu prestar muita atenção ao filme, parecia estar imersa em seus pensamentos. Que me deixavam curiosa. Iria descobrir o motivo dela estar agindo tão estranha hoje. Em breve, com certeza.


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