Bom Moço escrita por Alena Santana


Capítulo 1
Amor absoluto


Notas iniciais do capítulo

Yo, minna-san!
Estava procurando fanarts e fics sobre esse casal, eis que não encontro quase nada. Poxa, eles são tão perfeitos! Sério, são demais.
Bom, nunca reescrevi tanto um texto. Foi difícil ficar satisfeita com ele... Mas, acho que realmente gostei do resultado final. Bom, espero que você também goste.
Boa leitura!



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Capítulo único – Amor absoluto

Hirako Shinji caminhava tranquilamente, aparentando toda a calma e serenidade que não possuía. Tal como há 100 anos, ele sustentava sua fachada impassível. Mas, não somente nessa época, sabia que o que sempre exibiu para as pessoas que o rodeavam era uma ilusão. Uma farsa.

Mas, aquela era a última vez.

Mesmo que por dentro, a dúvida o consumisse. Deveria realmente fazer aquilo? Não, óbvio que não. Ainda assim, continuava rumando à origem de seus problemas, seus pesadelos, seus sofrimentos, suas desilusões. A origem de seu desespero. Porque ele despertara exatamente isso. Conhecê-lo foi o limiar de sua ruína. Porque tudo que ele tocava se corrompia e deteriorava.

Shinji fora ingênuo ao pensar que sairia ileso.

Perguntava-se em qual momento a raiva e desconfiança que sentia se tornaram outra coisa. No mundo humano diziam que “há uma linha tênue entre ódio e amor”, ou algo assim, quem se importa no final das contas? Ele não, óbvio. Porque tinha a certeza de que o que sentia poderia ser qualquer coisa, menos amor. Primeiro, porque o amor posto que é chama, desvanece rapidamente. E, segundo, quem em sã consciência amaria seu carrasco?

Ninguém.

Fosse o que fosse, existia. E, mesmo não sendo amor era tão forte quanto. Talvez mais... Poderia definir como uma doença, quem sabe. Mas, doenças têm cura ou te consomem até que não reste nada. Infelizmente, depois de tanto tempo, ele ainda estava de pé e ainda se lembrava de tudo. Lembrava-se de cada toque, cada beijo, da sensação da respiração dele em sua pele enquanto murmurava mais de suas mentiras, do cheiro viciante que se impregnava em seus lençóis, do sentimento que o preenchia quando ele o possuía...

Aquele sentimento contraditório e perturbador. Porque quando ele o tocava, ao mesmo tempo em que era preenchido pela forte sensação de estar vivo também sentia que morria por dentro.

Porém, as lembranças não se resumiam a isso. Recordava-se, como se houvesse ocorrido há poucos minutos. Como se a qualquer momento ele pudesse aparecer e repetir tudo de novo e de novo. Odiosas memórias... Tão vívidas e nocivas que até o assustavam. Sentia que nunca, nunca conseguiria extingui-las, por mais que tentasse. E ele tentava de todas as formas, só para descobrir o quão forte elas eram.

Entretanto, o pior de tudo era lembrar perfeitamente a sensação daqueles olhos sobre si. Só aquilo o fazia queimar. Era tolice, mas, viu o inferno refletido naqueles olhos. E, ainda assim, nem mesmo isso o impediu de se entregar a ele.

O caminho até a prisão subterrânea nunca pareceu tão longo, mas, o pior era cumprimentar alguns poucos shinigamis como se nada estivesse acontecendo. Como se estivesse apenas caminhando por caminhar. Se fosse durante o dia já teria desistido daquela loucura, porém, precaveu-se quanto a isso. Era o motivo de estar indo até lá durante a noite. E, também, porque não é tão fácil ter acesso ao nível mais baixo daquela prisão. Na verdade, seria impossível se não possuísse bons contatos.

Refreou o que seria um longo suspiro. O que realmente pretendia com aquilo? Questionar o porquê de ele ter o traído? De ter feito tudo o que fez? De ter destruído a tudo e a todos?

Poderia fazer uma lista de perguntas relacionadas às atrocidades de Sousuke, entretanto, sabia que não era aquilo que queria saber. Shinji era muitas coisas, mas, não era do tipo que engava a si próprio. Ele sempre soube que Aizen não prestava, desde quando ele estava na barriga de sua bendita mãe. Só que isso não importava. Não importou antes, não poderia importar menos agora.

Hirako precisava vê-lo. Precisava encara-lo mais uma vez. Uma última vez...

Queria ter a coragem de pôr um fim a tudo. Porque sempre soube que aquilo só acabaria com a morte de um deles. Ainda assim, não o faria. E, conhecia Aizen o suficiente para saber que ele também não. Afinal, aquele “amor” desesperado não era unilateral. Entretanto, ao contrário de Shinji, ele não tinha tempo para perder alimentando aquela obsessão. Por isso, arrumou a forma mais eficaz e proveitosa para se livrar daquilo.

E assim, Hirako encontrou o verdadeiro motivo para aquela loucura. Queria mais um momento a sós com ele. Somente assim, ambos se livravam de suas fachadas. Pelo menos era dessa forma antes. Entre quatro paredes era o único lugar onde Aizen não era aquele “bom moço” que fingia ser. Mas, isso ele já não era há muito tempo.

Livrou-se de seus devaneios ao se aproximar de seu objetivo. Era uma longa descida, porém, não se importou com o processo. Não havia mais dúvidas, estava fazendo o que devia ser feito e depois acabaria. Não o veria nunca mais.

Sabia que lá não seria um local agradável, ainda assim, encontrar Aizen daquela forma não o deixou contente. Pelo contrário, era horrível vê-lo amarrado, como que preso a uma espécie de “trono”. Era irônico até. Entretanto, seu familiar sorriso provocante estampava seu rosto parcialmente encoberto.

– Você demorou, taichou. – Shinji não escondeu seu desagrado com o deboche evidente no tom de Aizen. Este rapidamente descartou sua habitual expressão perversa, apresentando um sorriso gentil e aquele velho semblante de bom moço. – Oh, perdoe-me. Assim está melhor?

– ... – Tentou dizer algo, mas, percebeu que não queria dizer nada. Assustou-se quando lhe deferiu o primeiro soco. Era covarde bater em alguém que não podia se defender, mas isso não o impediu de continuar. Cada soco parecia atingir alguma parte dentro de si. E essa parte clamava para que cessasse, porque sabia que quem mais sofria não era o objeto daquela agressão.

Mas, continuou. Sentindo o peso dos suspiros das noites que passara ao lado dele em comparação à tormenta e solidão das noites posteriores. Enquanto liberava toda sua ira, sua mente fazia um paralelo entre sua vida com e sem Aizen. O sofrimento de quando ele estava lá e de quando não estava. O desejo de se entregar e o desejo de destruí-lo. Tão contraditório, mas, sabia que suas piores noites eram as que ele estava ausente.

Quando finalmente parou, suas mãos doíam, sua respiração estava descompassada e tinha a vista embaçada por lágrimas, que não permitiria que fossem derramadas. Enquanto Shinji recuperava a compostura, Aizen permaneceu calado. Sentia dor nas costelas e o sangue escorria pelos lábios e talvez tivesse o nariz quebrado. Havia perdido a expressão maliciosa e não se preocupou em recuperar a falsa aparência de bom moço.

– Eu prefiro você assim.

– Sangrando? – disse, levemente irônico.

– Não. – Revirou os olhos. – Sem máscaras.

O silêncio se fez presente enquanto os dois encaravam-se. Shinji sentia que Sousuke desejava ser capaz de levantar, então, aproximou-se. Poderia ser vergonhoso, mas já haviam feito coisas tão íntimas, por isso não viu problemas em sentar no colo do outro. O contato visual não fora quebrado em nenhum momento. Hirako ainda via o inferno refletido naqueles olhos castanhos. Afinal, Aizen não era bom, nunca o fora. Sua ânsia em ser o mais poderoso continuava ali e nunca mudaria.

Então, repetiu o que havia feito anos atrás: ignorou. Sentindo a inesquecível sensação de queimar só por causa daqueles olhos, entregou-se. Sabendo que aquela seria a última vez...

O sabor férreo de sangue nunca lhe pareceu tão atrativo. Lambeu os lábios feridos do outro antes de aprofundar o ósculo. Não se ateu ao fato de Aizen estar machucado, beijou-o com urgência, com desejo, para mostra-lo que aquela seria a última vez. E, Sousuke sabia. E apenas por isso deixou de lado toda sua soberba.

As mãos de Shinji apertavam o rosto alheio com força, com violência, enquanto beijava, mordia, devorava-lhe os lábios feridos. Mas, aquilo ainda não era o suficiente. Com a mão direita, seguiu para os cabelos castanhos, puxando-os. O beijo doloroso terminou quando a necessidade de ar se tornou insuportável.

As trevas ardentes nos olhos de Sousuke estavam ainda mais proeminentes. Hirako era mais uma vez dominado pela sensação angustiante de queimar. Livrou-se do haori de capitão, mas não foi o bastante. A aprovação cáustica do outro apenas piorou o calor que parecia o consumir. Retirou todo resto sem sentir nenhum alívio. Porque só havia uma forma de aplacar aquela sensação.

– Só isso não bastará. – Aizen sussurrou em seu ouvido, excitando-o ainda mais.

Sabia que não bastaria, mas, não havia outra forma. O contato visual que nunca se partia, servia apenas para aguçar ainda mais os sentidos de Shinji. Encostou as costas no peito dele, dando-lhe total acesso a seu pescoço e ombro.

Enquanto sentia os quentes lábios alheios em sua pele, voltou sua atenção a extinguir aquele calor. Esperando Sousuke ordenar o que deveria fazer. Naquele momento, Shinji perdia todo o controle, obedecendo à risca cada instrução de Aizen. Imaginando a forma com a qual ele o subjugava. Dolorosamente, prazerosamente.

Aquele forte sentimento de estar vivo e ao mesmo tempo morrer por dentro, preenchia-o. Não conseguia mais conter os gemidos, ofegos, suspiros. Sabia que seu ápice se aproximava. Aizen, também. Por isso passou a marcar a pele de Hirako, onde sua boca podia alcançar. Somente aquilo bastou para que atingisse seu clímax.

A percepção do erro que havia cometido o assolava, como sempre acontecia. Mas, aquela era a última vez. E isso o consolou.

Levou o líquido esbranquiçado que lhe sujava os dedos até os lábios, provando-o. Dando, logo em seguida, o último beijo. E, como toda aquela relação, era errado, sujo, doloroso. Ao apartá-lo, afastou-se de Aizen rapidamente. Recolheu suas roupas e as vestiu. Não olhou novamente para o outro homem. O medo de ser preso por aqueles olhos maldosos o impediu de fazer.

Ainda assim, percebia que nada havia mudado. Aquilo não fora o suficiente para dar um basta à sua tormenta. A certeza da infinidade de noites silenciosas que teria pela frente abalava sua resolução. Mas, mesmo assim, aquela era uma situação insustentável. Não havia alternativa, a não ser dizer adeus.

E foi isso que ele fez.


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Notas finais do capítulo

Bom, comentários me deixariam muito feliz, mesmo se não tiver gostado. Não se acanhe, pode dizer.
Enfim, obrigada a quem leu...
Beijocas!



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