Morfeu escrita por Ferbs


Capítulo 4
Você está apaixonado!


Notas iniciais do capítulo

Aí vai mais um capítulo pra vocês, espero que gostem.
E queria agradecer ao pessoal que está comentando, isso que me faz continuar.



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Fui guiando a mãe de Enry pelo caminho com ele ainda adormecido no meu ombro e isso só mudou quando Vivian estacionou o carro.

— Mas já chegamos? Sua casa é mais perto do que eu pensava. - dizia Enry enquanto se levantava do meu ombro e se espreguiçava, pegando o seu óculos que descansava no banco ao seu lado logo em seguida.

— Você dormiu no meu ombro metade do caminho, seu bobo. - respondi.

— O que?

Agora era a vez de Enry corar enquanto seus olhos se esbugalhavam por detrás dos óculos já colocados. Aquela era uma cena engraçada de se ver e não consegui conter o riso. E nem Vivian, que já estava sorrindo no banco da frente.

— Acho que é isso. - olhei pra baixo e logo após para Enry ao dizer essa frase. - Te vejo por aí.

— Até logo, Thomas.

Abri a porta e quando ia descer do carro Enry segurou meu braço. Olhei pra ele, ele estava sorrindo pra mim, eu sabia o que ele queria. O puxei pra perto, segurei seu colarinho com a mão esquerda e beijei sua bochecha. Pensei em lhe dar um beijo apropriado de "Até logo", mas me senti desconfortável com a mãe dele vendo tudo, mesmo ela aceitando a situação muito bem.

— Te vejo segunda? - ele disse com um tom um quanto tanto decepcionado na voz. Eu sorri.

— Mal posso esperar.

Desci do carro e Enry me observava pela janela enquanto sua mãe acelerava. Esperei que virassem a esquina até eu abrir o portão. Atravessei o caminho de pedras que cortava o muito bem tratado jardim de dona Vera e cheguei até a porta da sala que estava vazia. Já eram quase dez da noite e meu irmão mais novo, Arthur - ou simplesmente Thutuzinho - já deveria estar na cama. Fui até a cozinha e me assustei ao me deparar com minha mãe e Nana me esperando e me olhando com uma cara completamente ansiosa. Com certeza queriam saber todos os detalhes.

— Vão dormir! - passei pelas duas e fui direto para geladeira procurando algo pra beber, estava sedento.

— Aaahh!! - o grito de decepção veio das duas.

— Então o encontro foi um desastre? - dessa vez era Nana.

— Desastre? - fechei a geladeira com uma caixa de leite na mão e fui até o armário procurando um copo - Foi um dos melhores dias da minha vida! Mas eu não tenho que contar nada pra vocês. Principalmente pra você. - apontei pra minha mãe e depois coloquei o leite no copo.

— Eu troquei suas fraldas, mereço saber da sua vida amorosa!

— Não tem que saber de nada! - eu coloquei o leite de volta na geladeira e me sentei em uma cadeira junto à elas.

— Se fosse uma garota você contava...

Olhei pra minha mãe com um olhar de reprovação. Não esperava aquela frase vindo da boca dela. Mas pensei rapidamente a respeito, e talvez ela tivesse realmente razão. Se eu tivesse saído com uma garota, eu até contaria pra ela como foi, comentaríamos a respeito e ela me daria uns tapinhas nas costas dizendo que filho dela já estava virado um homenzinho. Minha mãe era provavelmente a mãe que mais bem aceitava o fato do filho ser gay. Ela nunca me repreendeu, nunca a peguei triste por isso, muito pelo o contrário, isso sempre foi motivo de piada pra ela. Dona Vera realmente não via problema algum em ter um filho homossexual, ela simplesmente me amava do mesmo jeito.

— Ah, tá legal. - respirei fundo - Mas se me interromperem eu vou pro quarto e ninguém vai saber de nada.

Nana fez um sinal de passar um zíper na boca e trancar com uma chave, depois a deu pra minha mãe, que trancou a dela e jogou a chave imaginária pra trás. Revirei os olhos, onde em todo o planeta eu encontraria duas pessoas assim pra me rodear?

Contei todo o encontro pra elas, desde o momento dele todo atrapalhado por eu dizer que nunca fui aquele circo, passando pela bolha com o mágico, nosso beijo, Enry dormindo no meu ombro e até o momento em que ele virou a esquina de carro com a mãe. Minha mãe e Nana nada falaram durante meu discurso, apenas soltavam uns grunhidos de emoção ou ficavam se olhando e sorrindo.

— E foi isso.

Olhei para as duas, mas elas continuavam caladas me olhando.

— Podem falar agora. - revirei os olhos e bati o copo, agora vazio, de leite na mesa.

Eu não entendi uma palavra do que aquelas duas soltaram, eram um monte de palavras e reações, tudo ao mesmo tempo, apenas fechei os olhos e esperei aquelas loucas terminarem o chilique.

— Você se beijaram?!

— Foi bom?!

— Uma bolha?!

— Que mágico é esse?!

— Que gracinha ele no carro!!

— Né!!

— Por que raios você beijou ele na bochecha??

— Coitado!!

— Você ama ele??

— Eiei!! - exclamei ao ouvir essa última pergunta eufórica. - Vamos devagar tá bom? Ninguém disse nada sobre amor.

— Mas a mãe dele disse. - Nana me respondeu e minha mãe concordou com a cabeça - E você não retrucou nem nada.

— Olha, o Enry pode ser uma das pessoas mais fofas e bonitas que já conheci. Nessas poucas horas ele se mostrou ser mais atencioso do que qualquer um que já saí, ou até namorei. Ele faz eu me sentir bem, faz eu me sentir cuidado, e tendo alguém pra cuidar também. E eu não consigo parar de pensar nele, ele está na minha mente o tempo todo desde que nos conhecemos no museu, mas isso não quer dizer nada.

As duas olhavam uma pra outra com um grande sorriso subentendido na face e só então percebi todas as coisas que havia falado.

— Droga.

— Você está apaixonado!! - as duas gritavam ao mesmo tempo e ficavam batendo na mesa de pedra com as mãos. Apenas esperei elas fazerem silêncio.

— Terminaram? - perguntei com a mão no queixo e o cotovelo escorado na mesa.

— Mas e o beijo? - minha mãe quem perguntou.

Não respondi instantaneamente, senti meu rosto esquentar e ser tomado por um grande sorriso primeiro. Não precisei dizer nada, elas entenderam a mensagem.

— Pelo visto foi melhor que o do japonês. - Nana deixou escapar. Olhei pra ela com uma grande expressão de reprovação e então olhei pra minha mãe.

— Que japonês? - perguntava ela.

— O Satoshi ué.

— Aquele que vinha aqui em casa às vezes? O Thomas beijou ele??

— Você não sabia? - Nana fez uma expressão de "que merda acabei de fazer?".

— Não! Thomas, você namorava o Satoshi??

— Não! Eu não namorei o Sato. A gente só saía às vezes.

— E você nunca me disse isso, mocinho?

— Não havia necessidade.

— Só sei que ele dizia que o garoto dos olhos puxados tinha o melhor beijo de todos. - Nana entrou na conversa novamente. Mas pelo visto esse posto foi superado, não é?

Nana me olhou com uma cara de safada, como se quisesse alguma coisa. Não tive tempo de responder, já que brotou uma vozinha baixa e fina atrás de mim.

— Vocês não vão parar com esse barulho?

Me virei e vi meu irmão, o Thutuzinho em pé ali esfregando olho. Pelo visto aquelas loucas o acordaram.

— Ah meu amor, já estamos indo pra cama. - minha mãe se levantou e pegou ele no colo se dirigindo às escadas e subindo até o quarto azul e cheio de estrelas do meu irmão caçula.

Nana esperou alguns momento e então chegou mais perto, falando com um tom mais sério, quase cochichando.

— Mas Thomas, sério agora, eu não queria falar isso perto da sua mãe, mas acho que é meu dever falar isso.

— Vá em frente. - respondi.

— Você não tá achando isso nem um pouco estranho? O Enry. Ele simplesmente aparece do nada e começa a te fazer bem. Caramba, olha pra esse cara, ele é perfeito. O cara misterioso que do nada te dá mole. Chega a ser clichê.

Fiquei olhando pra Nana, não acreditei que ela havia mesmo falado isso.

— Thomas, olha, sou sua melhor amiga, e é meu dever cuidar de você e considerar toda e qualquer possibilidade. - ela pegou na minha mão - Só não quero que você saia ferido no final.

Eu entendia o lado dela, e ela tinha um ponto ali. Eu não tinha nada de especial pra atrair caras como o Enry assim só com o olhar. Ela tinha motivos pra desconfiar, mas eu não queria aceitar isso. Porém, tentei ser calmo com as minhas palavras.

— Nana, eu não acho que Enry seria capaz disso. Ele é só um garoto, assim como eu. Eu não sei o que ele viu em mim, mas creio que ele viu algo, e fico muito feliz por isso. - coloquei minha outra mão sobre a mão dela - Mas obrigado por se preocupar assim comigo, mas acho que dessa vez você pode estar errada.

Nana sorriu pra mim, soltou sua mão e pegou sua bolsa.

— Bom, já tá ficando tarde, acho que já é hora de ir.

Apesar dela morar na casa em frente, Nana tinha razão, ficamos muito tempo ali na cozinha, e já deveria ser bem tarde.

— Dá um abraço de boa noite na sua mãe pra mim.

— Eu te acompanho, vem.

Me levantei e segui com ela até o portão. Esperei que ela entrasse para então entrar também. Tranquei o portão pequeno com a chave e me escorei nele. Estava pensando no que Nana acabava de me falar. Desviei esse pensamento da minha cabeça e comecei a atravessar o jardim. Enry não seria capaz disso.

Não, o Enry não.


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Notas finais do capítulo

Bom, por hoje é só, espero que tenham gostado. Por favor, comentem, essa é a maneira de eu saber se vocês estão gostando ou não.
Welll, That's all Folks



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