O gosto de uma revanche escrita por Lara Campos


Capítulo 1
Capítulo Único - Numa mesa de bar


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas. Estou aqui postando esta nova fanfic, com apenas um capítulo, relatando um devaneio da minha mente. A história é contada a partir da perspectiva de Piper, como vão notar e é uma ilustração de uma cena que sempre imaginei acontecendo. Espero que gostem!

Ps: não leiam sem comentar, mesmo que para criticar algo. Afinal de contas, somos movidos pela recepção que recebemos de nossos textos. E apesar de fazê-los pelo amor e divertimento de escrever, é sempre bom receber um respaldo. Beijocas.



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Vingança?

Acho que não.

O melhor termo para descrever meu impulso insano era o de quitar uma dívida que fora feita. Digamos que eu não me julgava a senhora mais santa do universo, a ponto de imaginar que tudo que acontecera, que o fato de Polly e Larry terem se apaixonado e destruído minha, então, ínfima vontade de tê-los por perto, era uma injustiça dos deuses mais perversos. Pelo contrário. Enquanto estive em Litchfield, meus sentidos ficaram tão absurdamente embaralhados que me vi, por diversas vezes, jogando dos dois lados para não ficar sozinha. Eu pensava em Alex nua, desejava seu corpo como um homem do Saara deseja uma gota d’água; ao mesmo tempo, voltava minhas imagens a Larry, à nossa casa, ao bebê que prometeramos ter e ao apoio incondicional de meus pais ao meu relacionamento estável e normal.

Confesso ter sido uma vadia. Mas quem já não fora, ao menos uma vez na vida?

Vesti minha jardineira de malha verde clara, uma jaqueta de couro marrom por cima dela e escovei meus fios loiros penteados para um lado só. Passei um batom cor de boca, rímel, um filete quase imperceptível de delineador sobre as pálpebras e pouco pó ao redor de minhas olheiras arroxeadas. Avistei Alex pelo espelho do banheiro enquanto me maquiava, ela em seu conjuntinho de baixo roxo escuro, de perfil, apoiada num pé só, enquanto o outro dançava acompanhando a música de fundo, solto pelo ar.

This is a man’s world, this is a man’s world

But it woudn’t be nothing, nothing without a woman or a girl

Alex entonava James Brown com o cabo de sua escova de cabelo apontado para a boca. Deixei um sorriso escapar e ela, sem pressa nenhuma em se arrumar para que saíssemos, veio em minha direção a passos largos - passos de rockstar - e ritmados, enquanto levantava seus óculos com um olhar provocador refletido no espelho e direcionado a mim.

_Você sabe que esse é o mundo das mulheres, não sabe? - Alex me abraçou por trás na altura da cintura, parando seu queixo no encontro de meus ombro direito com o pescoço -.

_E qual é a dessa cantoria toda aí então?

Ela sorriu deixando um beijo em meu pescoço marcado de vermelho: a cor de seu batom.

_Nada como perdurar em alto e bom tom a ideia de que estamos por detrás das cortinas, ainda, ou no encalço de algum homem. Deixe que pensem isso. Deixem que se iludam.

Alex Vause era a figura mais sarcástica que já conhecera. A mulher com a língua afiada me conquistou ao caçoar de mim. Não seria isso, no mínimo, estranho? Digamos que meu humor era meio autodestrutivo. Então, nenhum pouco estranho.

_E com certeza todos vão pensar isso. Ainda mais saindo de uma boca tão linda como essa.

Virei-me para colocar-me de frente a ela, com as costas apoiadas no espelho, e beijei sua boca bem devagar para não borrar seu batom.

_É assim que você espera que eu vista o resto de minha roupa? - indagou ela mantendo seus olhos em meus lábios agora com um tom leve de vermelho -.

_Sim, é exatamente assim - empurrei-a sorrindo - Vai logo, ou mais tarde vou por calças jeans pra dormir.

Alex saiu saltitando e resmungando do banheiro e logo estava vestida em seu corpete preto, acompanhado de uma jaqueta de linho arroxeada e calças jeans simples. Ela preferia exagerar em seus delineadores e no batom marcante, do que nas roupas, quando saíamos.

Particularmente naquele dia, parecíamos estar nos divertindo mais do que o normal. Alex recusara minha ideia de nos encontrarmos com Larry, inicialmente, pois dizia que só de olhar para ele, sentia vontade de amarrotar seu colarinho bem passado e suas camisas polo engomadinhas. Passada a primeira impressão sobre o convite, ela simplesmente aceitou de bom grado e lembrou-me de que não pôde, ainda, expôr ao mundo a mulher maravilhosa que estava de novo ao seu lado. E muito menos, pôde exibir a Larry nossa relação. Ela, sim, parecia querer algum tipo de vingança.

Uma hora se passou e estávamos prontas. Descemos o elevador de nosso hotel de mãos dadas, em silêncio e ao saírmos, um táxi nos esperava na porta, como o combinado, às 20:00. Descemos a pequena escada que separava a calçada do prédio à comum, pública, e adentramos o veículo.

_Para o Bouley na Duane Street, por favor.

_Sim, senhora.

O taxista manteve seus 60 quilômetros por hora, numa pista vazia, e minha paciência se esvaziava a cada minuto perdido dentro de um carro e não no restaurante. Havíamos marcado de encontrar Larry em um local requintado, assim seríamos forçados, todos, a nos mantermos elegantes, com bate-bocas moderados e vozes inalteradas. O clássico barraco gourmet – que só aquela classe mais alta dos programas de TV novaiorquinos para donas de casa insatisfeitas com o quanto seus maridos ganhavam sabiam fazer.

Chegamos, enfim, ao nosso destino. Desci primeiro do carro, deixando Alex encarregada de pagar pelo serviço do taxista e ao sair, dei-lhe um beijo agradecendo. Um segurança parado na porta do estabelecimento fitou Alex de cima a baixo, depois a mim e se conteve para manter a pose estática. Entramos, então, em um hall de espera com iluminação amarelada e meio nauseante e contatamos uma moça simpática que tomava conta da recepção. Ela nos mostrou nossa reserva, acrescentando o fato de que o Sr. Larry já estava nos aguardando. Alex tomou a frente em nossa caminhada e estendeu a mão para que eu a seguisse.

Eu não podia encarar suas feições, mas tinha certeza que sua marcha em direção à mesa em que Larry estava vinha acompanhada de um olhar duro, severo e, de certa maneira, ameaçador.

_Olá, Alex… Vause. - disse Larry se levantando da mesa quando nos aproximamos -.

_Olá, Larry Bloom.

_Oi, Piper - seu olhar se acalmou um pouco ao pousar seus olhos em mim -.

_Oi, Larry. Obrigado por vir hoje - e sorri meio desajeitada -.

Quando sentados, percebi que todo o chão do restaurante era coberto por um tapete único com design elegante: algo como uma espécie de mandala desenhado por todo ele, repetidas vezes. Tive vontade de tirar meus pequenos saltos para evitar a tensão, mas nem isso parecia ser o bastante para aliviar, naquele momento.

_E então? - perguntou Larry - O que as duas desejavam com esse convite?

Ameacei iniciar uma frase, mas Alex tomou conta do discurso, praticamente interpelando o pobre rapaz.

_Você aprecia um bom vinho francês? Estamos aqui para nos divertirmos, tem algum de sua preferência?

Larry gaguejou, inicialmente, sem montar uma sílaba junto a outra, de fato.

_Eu, particularmente, amo os dos Vinhedos de Bordeaux. Franceses sabem muito bem como deixar uma espécie de assinatura em seus vinhos, uma particularidade. É divino.

Ele, ainda se sentindo acuado, forçou algumas palavras para responder ao interrogatório de Alex.

_Acho que nunca provei muitos vinhos franceses, talvez alguns mais simples… não me lembro exatamente quais e…

_Claro, você não aprecia o requinte. Já era de se esperar.

Olhei para Alex querendo deixar um riso escapar de minha boca, mas não consegui deixar que ele viesse à tona. Larry parecia acuado, mas suas mãos permaneciam firmes sobre a mesa e, então, ele chamou o garçom.

_Por favor, maitre, traga para essa bela senhorita um de seus melhores vinhos de Bordeaux.

_Com prazer, senhor.

O rapaz saiu de nossa mesa e sorri ao perceber que Larry se esforçara para pronunciar seu melhor francês americanizado. Foram palavras bem ditas, devo admitir.

_Vou perguntar de novo, já que já pedimos nosso vinho. O que estamos fazendo aqui?

Alex, então, virou-se para mim esperando palavras ácidas, mas eu sabia que se decepcionaria.

_Vim em voto de paz - Larry arregalou os olhos - Imaginei até que Polly viria.

_Oh.

Larry limitou-se a se manter surpreso e limpou suas mãos, que com certeza, suavam frio.

_Tem uma outra coisa também - acrescentou Alex - Ela queria mostrar a você nosso anel de noivado.

Alex pegou minha mão e esticou a Larry, que ficou boquiaberto ao se deparar com tanto brilho em minhas mãos.

_Você voltou a traficar, Vause?

Um sorriso preencheu seus lábios, repuxando-os para o lado num tom sarcástico.

_Não, na verdade coloquei sua mãe a prazo.

Larry ameaçou sair de sua cadeira e levantar a mão a Alex, mas meu repentino tapar de boca com as mãos, fez com que ele percebesse que faria uma bobagem. Por um instante me fiz a mesma pergunta. Alex voltou a traficar? Eu não sabia o porquê de ainda ter aquela dúvida. Eu sabia que parte do dinheiro que ganhara com seus antigos trabalhos tinha sobrado em uma conta no exterior, o qual ela teve acesso recentemente. Mas aquele anel era bastante caro. Deixei-me num estado de torpor, então, e esqueci o assunto, parando de pensar somente besteiras e pedindo um pouco de calma.

_Vocês dois comportem-se, por favor!

_Não foi você quem me disse que queria esfregar na cara dele nosso relacionamento?

_O que? - disse Larry -

_Alex! - lancei-lhe um olhar enfurecido -.

_Eu estou dizendo a verdade, Larry. E sabe o que mais? Eu fiquei bastante contente em vir aqui te dizer o quanto ela anda simplesmente… gostosa.

Alex enfatizou sua última palavra apertando os olhos e sorrindo com uma malícia que quase escorria pelos lábios e Larry pareceu atingido pela provocação.

_Ah, é? Pois saiba que também estou me divertindo muito com Polly… e ela está cada vez mais… digamos, quente na cama.

_Oh, céus, poupe-me dos detalhes nojentos - interrompi-os -.

_Ah, querida, porque? Foi ela quem começou.

Por um instante fomos interrompidos, forçados a nos esticar sobre nossas cadeiras elegantes e forradas de um couro bege-claro, pois nosso garçom estava com o vinho em mãos.

_Posso servi-los? - perguntou-nos educadamente -.

O rapaz encheu as três taças, mantendo alinhadas suas extremidadades com a boca da garrafa para que o líquido não formasse um colarinho indesejável.

_Obrigada - sorri com sinceridade e deixei que se retirasse -.

_Pois voltando ao assunto - Larry insistiu em continuar - Outro dia fomos à praia, sabe… Oh, Polly, ela tem as melhores ideias. Deixamos todos os pudores pra trás e o mar ficou pequeno pra tanta… tanta…

_Falta de criatividade - completou Alex -.

Eu estava de espectadora naquela briga de galos. Perguntei a mim mesma se havia feito certo ao querer acertar as contas com Larry, mas aparentemente parecia que havia marcado um jogo de basquete entre o Lakers e o Chicago Bulls.

_É? Então me fala algo mais criativo, Alex. O que é que você pode fazer de criativo com uma mulher?

Senti as têmporas de Alex começarem a vibrar mais raivosamente, enquanto ela abria a boca num riso sarcástico. Oh, como ela odiava ser menosprezada por ser mulher e não ter um mero quesito a mais: um pênis.

_Moscou? - ela se virou para mim arqueando as sobrancelhas, como quem pedia permissão para contar -.

_Claro - assenti, já apreciando a competição -.

Os olhos de Larry foram se arregalando à medida que Alex contava como eu havia dado a ideia de que invadíssemos um monumento histórico que estava com portas lacradas; como eu havia levado ela a ficar de frente a uma escultura de Stalin enquanto eu tirava minhas roupas e como eu havia pedido que ela gritasse God bless America! quando gozasse.

Comecei a rir em desparado e senti meu rosto ficar quente com tamanha criancisse.

_Acha isso criativo o bastante? - indagou Alex levantando seus óculos e prendendo-os aos cabelos -.

_Acho legal - Larry deu de ombros -.

Tomamos uns copos de vinhos, esvaziamos duas garrafas. Alex alternou o Bordeaux com um dos Vinhedos de Champagne e nem eu nem Larry nos decepcionamos com seu bom gosto. Boa parte do resto de nossa noite fora regado a Alex e Larry contando o que planejavam dar a suas mulheres num futuro próximo - eu e Polly - e minha voz fora tão pouco ouvida que acreditava que àquela altura àlcool demais já rodava em nossas veias para que eu pensasse, de fato, a que viemos ali.

Pedi a conta, meio atordoada por tanto vinho e quando saímos do bar, já eram quatro da manhã. Poucas almas vagando pelas ruas de Nova York e menor ainda era o número de táxis. Pedimos que a recepcionista chamasse algum veículo para nós, mas nada de as empresas responderem seus telefones. Já enjoados de olhar um para o outro, Alex virou-se de costas para Larry e me envolveu num abraço. Ele olhou para mim de relance, apertando os lábios como quem dizia Ok, é isso aí, mas seus olhos denunciavam um certo pesar.

Mantive meu corpo preso ao de Alex, parado ali em frente ao Bouley e fitei Larry por alguns instantes. De repente ele enfiou uma das mãos no bolso lateral de sua calça bem cortada e retirou um maço de cigarro.

_O que é isso? - perguntei embasbacada -

_Um cigarro, não reconhece? - ele dizia o óbvio para debochar - Achei que sua experiência em tragar tinha crescido com a traficantezinha aí.

Alex estava tão alcoolizada que nem sequer se virou para Larry.

_Eu sei o que é um cigarro. Mas você? Desde quando?

Ele fitou um chão meio vagamente, chutou uma tampa de garrafa à sua frente e levantou sua cabeça.

_Desde que Polly voltou para casa.

_Casa? - eu já não entendia mais nada -.

_Sim, ela decidiu voltar para a Austrália, onde o marido está morando.

_Eles não se…

_Divorciaram? Não, nunca.

Por um instante tive vontade de abraçá-lo. Alex parecia estar recuperando os sentidos, enquanto se agarrava a mim, mas eu sabia que deixar ela ali no vácuo e ir aos braços de Larry faria com que ela ficasse furiosa.

_Eu não sei exatamente o que dizer - ele apenas assentiu - E eu aqui, querendo dar uma espécie de, sei lá, troco em você.

Ele sorriu verdadeiramente, chutando mais algo a sua frente.

_É, eu sei que fui um idiota. Eu sei que fomos idiotas. Mas a vida segue, não é?

E de repente um táxi milagroso se materializou a nossa frente. Larry entrou no banco da frente e logo o motorista o repreendeu, dizendo não gostar de passageiros ao seu lado.

Que senhor desagradável!

Entramos todos, então, no banco de trás, eu no canto direito, Alex no meio e Larry do lado esquerdo. A configuração não fora exatamente a mais agradável, mas decidimos ir logo, antes que o taxista decidisse nos expulsar de seu carro. Nosso hotel ficava mais perto do que o Brooklin, mas mesmo assim, antes de chegarmos, Alex caiu no sono, bêbada e ainda por cima, no ombro direito de Larry. Pude sentir seu desconforto emanando dos poros, mas nem eu nem ele sabíamos direito o que fazer. Ao chegrarmos na porta de meu hotal percebi que Alex não acordaria e eu não sabia direito o que fazer com aquele corpo estendido.

_Você vai ter de me ajudar.

Olhei para ele com um olhar pedinte e Larry abriu a boca em uma desaprovação que quase beirava o ódio.

_Por favor, Larry.

Minha súplica fora tão veemente que ele saiu bufando do carro, trazendo Alex em seus braços. Aquela cena era extremamente bizarra, tanto pelo fato de os dois se odiarem, quanto pelo fato de Alex ser maior do que o próprio Larry, o que fazia com que ele parecesse carregar um grande poste. Passamos a portaria, entramos no elevador e subimos até o quinto andar. O quarto 501 era nosso. Abri a porta e deixei que ele entrasse primeiro com Alex no colo e entrei em seguida, fechando a porta atrás de mim. Larry ajeitou o corpo dela na cama, devagar, numa delicadeza que nem era de se esperar.

Olhei para ele sorrindo.

_Você está morando onde?

_Na nossa antiga casa, ainda.

_Não é estranho? - perguntei-lhe num tom meio nostálgico -

_Um pouco. Meio cheio de lembranças. Mas nada que uns episódios de Grey’s Anatomy não me façam esquecer - Larry ainda tinha aquele senso de humor genuíno -.

Logo que olhamos ao redor, percebemos que o último táxi disponível na face da terra tinha ido embora, quando nos deixou na porta. Larry pareceu meio desorientado, com raiva e alguns xingamentos saíram de sua boca.

_Pode dormir nesse sofá aí - apontei para uma poltrona reclinável que ficava em frente à cama minha e de Alex -.

_Aqui, olhando pra vocês?

_Nada de extraordinário vai acontecer, exatamente. Ela está morta - apontei para Alex estirada na cama e sorri -.

Ele me acompanhou com um sorriso meio irônico para si mesmo.

_Era só o que me faltava.

E se esticou na poltrona-sofá, enquanto ajeitei Alex na cama para que eu coubesse ao seu lado.

A noite fora tão tranquila, tão estranhamente normal, que eu até tinha me esquecido que Larry estava ali. Acordei assustada ao perceber que nem Alex nem Larry estavam em seus leitos e logo sai da cama num só pulo imaginando os piores horrores. Quando saí do quarto rumo à pequena cozinha que era aglutinada ao nosso aposento, deparei-me com os dois sentados à mesa comendo brioches e tomando um suco alaranjado cujo sabor eu desconhecia.

_Bom dia, dorminhoca - Alex puxou meu braço para que eu sentasse em seu colo e beijou minha boca -.

_Por favor, amor, eu nem escovei os dentes…

Larry sorriu de olhos baixos, parecendo não se importar muito com a cena à sua frente.

_Pelo amor de Deus, Alex, nem eu tinha essa coragem.

Os dois gargalharam como se aquilo fosse uma piada interna e eu simplesmente fiquei olhando para o nada sem entender o que estava acontecendo.

_Melhores amigos, então?

_Mantendo os amigos perto, e os inimigos mais perto ainda - disse Alex e sorriu arqueando a sobrancelha direita para Larry -.

_Exatamente isso - retribuiu Larry -.

Passado meu susto inicial, percebi que o clima estava leve como uma pluma. Logo Larry terminou de por seu suco para dentro e de comer mais alguns brioches e então alegou ter de ir embora para resolver alguns problemas do trabalho. Deixei que ele se fosse sem fazer mais muitas perguntas e abracei-o com força antes que ele cruzasse a porta. Olhei para trás e Alex estava parada esperando por mim. Senti seu rosto ainda leve, sem preocupações e fui ao seu encontro, abraçando-a e beijando sua boca mais uma vez.

_O que foi isso? - perguntei, enfim -.

_Ele não é um babaca por completo.

A frase me fez sorrir e apenas deixei que as outras perguntas pairassem no ar. Chamei Alex para tomarmos um banho juntas e o fizemos. Ela estava tão deliciosamente linda, molhada e divertida debaixo daquela ducha quente, que não pude deixar de olhá-la com um ar provocativo. Encostei-me na parede lateral do box e ela me olhou sorrindo, ainda ensaboando os cabelos. Enxaguou-os e então veio em minha direção, colando seu corpo no meu e segurando meu rosto com as duas mãos. Deixei que meu corpo ficasse bem maleável ao seu toque e por vários minutos, fizemos amor ali mesmo.

Saí primeiro de dentro do banheiro, abri uma das gavetas da escrivaninha para procurar por minha escova de cabelo e me deparei com um diário. Meu diário. Por um instante fiquei atônita encarando-o e percebi que havia deixado esse pequeno caderno em minha antiga casa, a que eu dividia com Larry. Se ele estava ali, pois, Larry devia ter dado a Alex.

E foi então que tudo começou a fazer sentido. O sorriso dela. A leveza dele. A harmonia entre os dois. Aqueles pedaços de folhas meio rasgadas continham todos os meus anos com Larry. Todos os dias em que eu estava com ele e me lembrava de Alex. Todas as confissões sórdidas de anos em que eu não conseguira negar me arrepender de ter deixado a mulher que amava, apesar de me sentir honestamente feliz com Larry.

Eu tinha certeza, agora, que Larry fora ao nosso encontro num voto de paz. E por um instante, imaginei que fora um tanto criança, perto daquela atitude dele. Passei algumas páginas, então, e encontrei um pequeno bilhete num pedaço de papel azul com a letra dele.

Cuide dela como eu nunca pude cuidar.

Larry escrevera aquilo para Alex. E a julgar pelos sorrisos quando acordei, os dois simplesmente estiveram o tempo todo lutando para que eu fosse cuidada. Para que conseguissem me fazer feliz.Eu não podia pedir por ser mais sortuda.

Meus dias com Alex Vause não seriam mais os mesmos. Creio que melhores, agora que nenhuma culpa me prendia ao passado.


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Notas finais do capítulo

Beijos e até a próxima!



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