– Tia, mas... Não está tudo esclarecido. Aquela mulher, Rei, era então uma das Sailors?

– Sim. Ela é a Sailor Marte e tem o poder do fogo.

– Mas como você pode derrotá-la?

– Eu tenho ajuda, Lynn.

– Mas tia. Ainda são muitas perguntas e poucas respostas. Aquele quarto vermelho tem algo á ver com essa história?

– Lynn, você quer saber demais.

– Mas tia... – Ela me interrompe.

– Nada de “mas”. Nem tudo eu posso lhe contar.

– Quem é a sua ajuda?

– A pergunta não é “Quem é”mas sim “quem são”. Você saberá um dia, Lynn.

– Tia, por fav... - Tia Fadinha me interrompe.

– Preciso ir, Lynn. Tchau!

E mais uma vez, Tia Fadinha sai sem me dar nenhuma explicação. Parece que essa não iria ser a hora em que tudo poderia ser esclarecido.

Durante o intervalo da escola no dia seguinte, procurei por um lugar bem calmo e achei apenas o Jardim. Eu tentei chamar Rei, Sailor Marte. Sabia que era uma péssima idéia por ser inimiga de minha mãe adotiva e de minha Tia Fadinha, mas ela me diria a verdade. De repente uma fogueira sobe e eis que aparece ela. Sailor Marte.

– Espero que seja importante. Eu estava em uma reunião.

– É sim. Eu quero saber de toda a verdade, Sailor Marte.

– Oh, então a Fadinha já deve ter lhe contado sobre a história.

– Sim. E parece que não é uma boa idéia nós ficarmos por perto.

– Também acho. Filha de bruxa, bruxinha é.

– Como?

– Ah... Acho que sua tia não contou a história por completo. Pois então eu lhe conto tudo que sei Lynn. Escuta, Guerreiras e Bruxas são inimigas de natureza, portanto a maioria não se suportam ficarem juntas e se odeiam. Mas algo de muito ruim anda acontecendo em que todas nós precisamos nos juntas e esquecermos as guerras entre nós. Alguma sociedade secreta planeja ter um controle total desse planeta e isso é algo muito bem bolado. Não é aqueles vilões de desenho animado em que você derrota ele e simples assim. É algo em que precisamos realmente de ajuda e não sabemos quem são essa sociedade e nem onde vivem, só sabemos que pode ser qualquer um de nós, inclusive pode ser eu mesma.

– Sei que não é você, pois não me contaria isso.

– Bem pensado. Mas quem sabe isso não seria um plano meu? – Sorriu.

– É uma possibilidade. – Olhei para as laterais. – Mas por que guerreiras e bruxas se odeiam por natureza?

– É algo bem mais antigo, isso já não tem muito á ver. Eu acho... – Ela olhou para o lado esquerdo.

Eu não sabia se perguntava ou não á respeito de minha mãe, Luna.

– Rei, o que você sabe sobre a Luna?

– Ela é sua mãe, certo? – Sorriu.

– Sim. Mas você sabe algo dela?

– Até sei. Mas é algo que você iria ficar muito chocada casou soubesse. Lynn, em qualquer hipótese, não confie demais em sua tia.

Deve ser por que elas têm uma rixa.

– E não é só por sermos bruxa e guerreira. – Completou Rei, olhando em meus olhos.

Deve ser por ela odiar minha mãe.

Bom... Agora seria a hora. Elas não queriam me contar, mas eu mesma posso buscar informações. A internet será meu guia. Eu busquei no Google e encontrei respostas para “A historia de bruxas e guerreiras.” Fiquei curiosa quanto á isso.

“Conta a história que haviam quatro deusas. Solária, deusa do sol com o poder do fogo, luz e energia. Luna, deusa da lua com o poder da justiça, do amor e da sabedoria. Acqua, deusa das águas com o poder da água, ar e da vida e Flora, deusa das terras com o poder da terra, das plantas e dos animais. Elas criaram o universo, mas também as guerreiras para combater os demônios do inferno e maus espíritos. Mas alguns humanos comuns cansaram de serem apenas comuns e pediram ajuda aos demônios, eles também queriam ter poderes. ‘Vocês terão todo poder e conhecimento!’ – Disse o demônio. Eles obtiveram tudo isso, se tornaram pessoas com muito conhecimento de rituais, magias, segredos sobre demônios e muito mais. Mas pra esses demônios, toda magia tinha um preço e o preço foi sua bondade, amor e felicidade. Se tornaram pessoas infelizes, más e frias. Os demônios haviam dito que eles estavam assim por culpa das Deusas e das guerreiras e acreditaram. Desde então, o ódio entre bruxas e guerreiras cresceu cada vez mais e nessa história quem ganha é o mau.”

Então... Se minha mãe era uma bruxa e minha tia também, quer dizer que elas eram más? E eu também? Mas eu não sou má... Mas espera, o que é isso que está acontecendo com a minha vida? Eu realmente me sinto um pouco confusa, mas não é como se tudo fosse estranho pra mim. Esse colar, ele está brilhando tão fortemente agora, por quê? Eu queria saber a resposta de tudo, eu queria ter o conhecimento enquanto só tenho perguntas e mais perguntas.

– Você se sente de fato um pouco chateada, não?

Dei um leve pulo de susto e me arrepiei.

– Q-quem está aí?

– Oh, querida, eu sou você, não reconhece a voz?

– Você é eu? – Paralisei.

– Olhe para o espelho.

“Essa não! Li um conto de terror mês passado, onde o próprio reflexo da pessoa sai do espelho e a mata.”

– Fique tranqüila, não vou matá-la. Muito menos sair do espelho. – Completou a voz.

“Espera... Como ela fez isso?” – Pensei assustada.

Fui enfrente ao espelho e me surpreendi. Era como eu, só que mais madura.

– Eu sou Pandora.

– Mas você disse que você sou eu.

– Exato. Mas eu sou o seu lado ruim. Eu sou você no futuro, uma bruxa poderosa que matou todas as guerreiras e aprisionou todas as Deusas. Até os Demônios têm medo de mim. Eu sou alguém que sofreu muita dor na vida. Foram decepções de amigos, decepções amorosas, traições, mortes... Eu fiquei completamente deixada, sozinha e esse é meu maior medo e sei que é o seu também. É confuso isso de voltar ao passado por quê o meu eu do passado havia voltado ao futuro e fez exatamente o mesmo. Todas elas eram suas antecessoras e minhas também. Você pode usar teus poderes pro bem, você pode ser uma guerreira. Se escolher isso, mudará todo o rumo dessa história. No futuro, você visitará o teu passado, você poderá dizer que foi uma boa menina e assim mudando todo o destino. Você poderá me libertar e libertar todas essas almas passadas. Não se esqueça para não confundir, eu sou você, mas sou de um futuro paralelo, portanto somos pessoas diferentes. E então, como se sente, Lynn?

– Eu me sinto confusa...

– Normal.

– Você deveria se chamar Lynn ou eu que deveria ser chamada de Pandora?

– Aff... *Facepalm*

Pandora desaparece.

Por que será que me sinto tão diferente? Tão incapaz de mudar, de ser uma bruxa ou algo assim... Eu não me sinto confiante o bastante para ser má, apenas de seguir o bem... Eu sinto que sempre devo ajudar as pessoas, sinto que o mal faz mal á mim mesma e para os outros. Eu me sinto desconfortável quanto á isso. Vou tomar uma ducha.

Enquanto eu me banhava, pensei em algumas coisas.

Percebi o por quê de minha tia ser tão misteriosa e de quartos tão estranhos existirem em minha casa. Afinal, ela é uma bruxa. Será que ela evoca espíritos? Demônios, ou algo do tipo? Eu me sinto um pouco com medo disso. Não acho que vá conseguir. Mas eu sou meio otimista agora e talvez eu deva tentar.

Minha vida está tão diferente de antigamente... Eu percebo que tinha medo de mudanças e agora vivo esperando isso. Achava que seria muito difícil uma garota como eu conseguir mudar... E me sinto orgulhosa de ter feito isso á tão pouco tempo. Acho que agora me sinto mais confiante para seguir em frente e continuar tentando. Quero ter o poder da sabedoria sem ajuda de demônios. Quero ter a resposta pra tudo por esforço próprio.

Mas... Será que vou sofrer tanto assim como Pandora sofreu? Preciso parar de fazer tantas perguntas, se não, enlouqueço.

Determinação é tudo, digo isso pois agora sei que tenho e é muito bom.

“Então... Acho que já sei qual caminho escolher... Não seguiria o mal nem se eu quisesse, pois não posso, não consigo. Algo me impede.” – Pensei alto.

– Talvez um dia você realmente saiba a resposta de tudo. – Pandora aparece novamente no espelho do meu quarto.

– Você vai ficar aparecendo assim sem avisar?

– Á propósito, ótima escolha você fez.

– Escuta... Esse negócio de você ser eu ficou confuso... Me explica direito?

– Ta certo... Olha, vamos supor que exista um presente, por exemplo agora. Esse é o tempo real. Se você faz uma escolha, você está vivendo isso. Mas vamos supor que você pense o seguinte “E se... Eu tivesse escolhido o mal?...” Esses tempos paralelos são criados conforme a mente da pessoa.

– Posso te fazer uma pergunta mais complexa?

– Depende...

– Você é meu futuro paralelo, certo? Você é o que se eu tivesse escolhido o mal, certo?

– Certo.

– Onde está então... Onde está o meu futuro paralelo bom?

– Oh... Eu a matei. – Pandora apenas sorriu e sumiu.

“O que...?” – Apenas disse e arregalei os olhos.

O mundo agora existem ainda mais perguntas sem respostas do que eu imaginava que poderiam ter. Eu não sou mais uma garota com depressão se perguntando o por quê daquilo. Eu agora sou uma mulher que pergunta o por quê de tudo e que ir atrás das respostas. Como saber que esse tempo que vivemos é o tempo real? E esse esse for mais um dos paralelos?

– Garota... Se eu sou o teu paralelo mal, você é o futuro bom, esse é o tempo real e não tem como existir um paralelo do seu futuro bom. Sinceramente, você é muito burra. – Só ouço apenas a voz de Pandora.

– Mas o quê... – Faço a cara da indignação.

Algumas perguntas parecem tão complexas porém se compreendidas, podem ser facilmente respondias.

– Para de filosofar, você é ridícula. – Pandora novamente.

– Ah cara, fala sério!