Acontecimentos Sobrenaturais escrita por Misaki


Capítulo 4
Capítulo III : Espelho




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Eu ainda estou assustada com as visões que eu ando tendo. Isso está cada vez mais estranho. Vesti-me para ir à aula. Hoje Sasuke não apareceu. O que será que aconteceu ? Qualquer coisa que seja eu não me importo. A única coisa que Sasuke faz é me importunar durante as aulas.

Após as aulas fui ao banheiro e me arrependi ao ver que a única pessoa que havia lá era Karin. Eu já iria dar meia volta e sair do banheiro quando ela me chamou:

— Ei coisa rosa.

Virei-me lentamente para encará-la.

— O que você quer ?

— Eu já não disse para você deixar Sasuke-kun em paz ?

—Eu não fico atrás dele.

— Você pensa que eu sou cega ? Eu vi que ontem quando você saiu da Educação Física ele foi atrás de você.

— Como você mesma disse, ele foi atrás de mim e não o contrário. Esse cara fica me perseguindo, eu não posso fazer nada.

— Você é uma oferecida. Deixe-o em paz.

— Ou o quê ?

— Ou a sua vida vai virar um inferno.

— Eu não tenho medo de você e adivinhe ? Minha vida já é um inferno.

— O que ? Agora vai vir para cima de mim com essa sua historinha de garota sofrida que comeu o pão que o diabo amassou só porque perdeu os papaizinhos idiotas. E você acredita que eles agora estão no céu rezando por você ? Você é muito idiota.

— Como você sabe disso ?

— Eu olhei sua ficha. O cara que cuida das fichas dos alunos devia um favor pra mim.

Isso foi a gota d’água. Ela não tem o direito de falar dos meus pais. Eu abaixei minha cabeça e o meu cabelo cobriu o meu rosto.

— Cala a boca.

— O que ? Não me diga que agora você vai chorar.

— Eu já disse, cala a sua boca, você não tem o direito de falar dos meus pais. Acho melhor você se calar.

— Ou o quê ? Você vai gritar e chorar.

— Ou eu mato você — nessa hora eu levantei o meu rosto para encará-la com um olhar feroz.

Acho que isso deu certo porque eu senti um certo medo vindo da parte dela. Mas eu ainda achava que isso não era suficiente para assustá-la. Essa garota merecia morrer. Eu acabei me descontrolando e senti aquela coisa vindo. Não! Droga! Eu devia ter sido mais cuidadosa.

Agora é tarde demais. Ela tomou conta de mim. Não estou mais conseguindo me controlar. Essa coisa me fez socar o espelho com tanta força que o quebrou.

Minha mão estava toda cortada e sangrando.

Mas mesmo assim aquela coisa me fez pegar um enorme e afiado pedaço do espelho e apontá-lo em direção a Karin. Essa coisa adora machucar as pessoas de quem eu gosto, mas agora ela está descontrolada, eu consigo sentir isso, ela quer machucar qualquer um que estiver na sua frente.

Eu consegui ainda falar conscientemente:

— Karin. Se afaste de mim. Isso é sério.

Mas essa coisa só fazia eu me aproximar ainda mais da ruiva apontando o pedaço de espelho para ela. A coisa ainda me fez rosnar:

— Está pronta para morrer, vadia ?

Eu estava com um olhar feroz. E a coisa me fazia apertar o pedaço de espelho cada vez mais forte.

Já havia um enorme e grotesco corte na minha mão de onde estava pingando sangue.

Karin estava com um olhar assustado.

— Você é louca. Completamente louca — disse ela se afastando o tanto quanto pudesse.

Ela se encostou à parede oposta tremendo de medo.

Mas a coisa fez-me aproximar-me novamente dela. Dessa vez eu estava quase colada a ela. A coisa me fez colocar o pedaço de espelho encostado à garganta dela.

Eu não quero matar mais ninguém. Eu tenho que parar por aqui. Eu gritei. Gritei o mais alto que pude. Aquilo pareceu atormentar a coisa que largou o pedaço de espelho. Eu coloquei as mãos ensanguentadas na cabeça e me agachei no chão. Eu tenho que sair daqui. Eu gritei e as pessoas viriam correndo ver o que aconteceu. Pelo menos agora eu já estou me controlando novamente.

Eu abri a janela que havia em uma das paredes e saí direto do lado de fora do prédio.

Saí correndo e para o dormitório feminino. Eu estava com vontade de chorar, mas eu não posso chorar aqui.

Pelo menos não encontrei ninguém durante todo o trajeto até o meu quarto. Abri a porta e a fechei rapidamente. Sentei no chão mesmo e coloquei as mãos no rosto. As lágrimas vieram quentes e doloridas.

Pelo menos aqui no meu quarto ninguém me veria chorar. Foi o que eu pensei. Mas eu estava errada.

— O que aconteceu ? — escutei uma voz vinda de um canto do quarto.

Eu levantei o meu rosto e vi que era Sasuke.

— O que você quer ? — eu perguntei.

— Vim ver você — disse ele com um sorriso provocativo.

— Como entrou aqui ?

— Eu entrei pela varanda que por acaso estava destrancada, você deveria ter mais cuidado. Subi pela enorme árvore aí ao lado.

— Saia daqui.

— Você ainda não respondeu a minha pergunta — disse ele me ignorando totalmente — O que aconteceu com você ?

— Comigo ? Nada. Dê o fora daqui.

— Certo, como se fosse muito normal uma pessoa estar com a mão sangrando e chorando — disse ele irônico.

— Não é da sua conta. Deixe-me em paz.

Ele foi até o banheiro e voltou com uma caixinha de primeiros-socorros nas mãos. Ele se agachou ao meu lado e delicadamente pegou a minha mão e começou a tratar dela. As vozes se agitaram.

Ele limpou o sangue e passou algum remédio que ardeu.

— Desculpe — ele disse — Ardeu muito ?

— Nada que eu não possa aguentar.

Ele sorriu.

Quando ele terminou de passar o remédio ele enfaixou a minha mão.

— Está melhor ? — ele perguntou.

— Sim. Obrigada.

— Desculpe, não escutei direito.

— Calado, você escutou sim só está querendo tirar uma da minha cara.

— Certo, certo. É a primeira vez que a escuto dizer obrigada.

— Não enche.

— Mas agora me diga, o que aconteceu ?

— Nada.

Ficamos em silêncio um instante. Eu olhei pela porta da varanda que estava aberta e vi que já era noite. O tempo voou.

Eu ainda estava sentada no chão encostada na porta. Sasuke, que agora estava sentado na cadeira da escrivaninha, se levantou e sentou-se ao meu lado.

Mais uma vez as vozes se agitaram: “ saia daqui “ diziam elas. De repente a lâmpada do quarto piscou um instante enquanto as vozes gritavam. Sasuke colocou a mão no meu ombro e a luz se acendeu novamente ao mesmo tempo em que as vozes se calaram. De novo isso ?

— Você está bem ?

— Estou.

— Você não quer mesmo me dizer o que aconteceu ?

—Não.

— Certo, se não quiser me dizer não diga, de qualquer forma eu já vou indo.

Ele foi até à varanda e saiu por lá. E eu fiquei naquele chão gelado me perguntando o que eu fiz para merecer isso.


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