Os olhos violetas escrita por Flávia Monte


Capítulo 28
capítulo 28 - De volta ao acampamento.


Notas iniciais do capítulo

"Não interessa a dificuldade, não irei desistir."
OBS: Comentários movem os capítulos!



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Fico em silêncio e faço o que via meu pai fazendo. Medito, ou quase. Inspiro e respiro em sintonia uniforme. Começo a ouvir o barulho de água. Mas não está chuvendo. Percebo a discarga e vejo que minha mentalizasão foi até o banheiro.

Tento de novo. E de novo. A cada vez vou mais longe. Até o fim do corredor. Em outro andar. Um pouco mais longe da minha rua. Consigo passear por tudo, dentro da minha mente. Apesar de não ver nada, apenas ouvir.

Escuto as buzinas irritantes. E também os rádios. Escuto os passarinhos cantando. Consigo ouvir a ventania rasgando o espaço. Consigo tirar algo da mente e passar para outro lugar. Será que era isso que ele realmente fazia? Será que ouviu minhas conversas com Pedro? O garoto que eu estava saindo antes do ocorrido?

– Não tenho tempo a perder. – Ouso uma voz quase famíliar. – Se é o que preciso fazer, farei. – Não consigo indentificar, mas já ouvi esta mesma voz antes. – Sim, senhor, levarei-a viva. Sim, senhor. Farei o que me manda. – Uns minutos em silêncio e o som aumenta – Não, não, senhor. Farei meu melhor. – A voz soava cada vez mais famíliar – Ok, vou até lá. Até mais, senhor.

Clack, clack, clack.

Aos poucos o barulho da porta parou e eu enfim abri os olhos. Cinco pessoas me encaravam. Bernardo de braço cruzados. Ash apoiada em Rob, que estava com um livro. Sofia estava com a mão na masaneta e Mike no parapeito da porta.

– Alguém sabe o que significa privacidade? – Pergunto irritada.

– Privacidade é a habilidade de uma pessoa em controlar a exposição disponibilidade de informações e acerca de si. Relaciona-se com a capacidade de existir na sociedade de forma anônima – Solta minha inestimada amiga.

– Me diz, é um célebro ou vários dicionários que você tem dentro da sua cabeça? – Meu desgosto é evidente.

– Um célebro, por que? – Perguntou Sofi confusa.

– Tanto faz – Digo levantando da cama e indo até eles – O que querem?

– Estamos pensando em voltar para o acampamento – Diz Rob com sua voz fofa de criança.

– Vão na fé – Digo e passo por entre eles mas Be segura meu cotovelo – Que foi agora?

– Você vem com a gente – Ele diz sério – Não te deixaremos sozinha

– Se não me querem sozinha fiquem. Preciso salvar minha mãe.

– E o melhor jeito de conseguir é ficando segura – Diz o loiro calmamente. Ou quase – Vamos, ainda está cedo. Vamos treinar para ajudar sua mãe.

– E por acaso acha mesmo que um acampamento sem regras ajudará? – Cruzo os braços e espero a resposta.

– Sim. Melhor do que ficar aqui sem saber o que fazer – Diz Ash.

Percebo que não vão ceder e estão certos. NÃO FAÇO IDÉIA DO QUE FAZER.

Foram poucas, realmente bem poucas, horas até chegar finalmente no acampamento. Mesmo tendo nove horas de avião. E mais algumas horas de navio, foi rápido. E nem vi o tempo passar. Estavamos perto da Ilha. Já era o terceiro dia sem notícias de minha mãe.

Você já ficou mais que isso Suzanna, SUPERE. Dizia uma voz dentro de mim. A diferença é que antes ela não ficava em um estado de quase morte! Pare de ser estupida, ela já aguentou muito, é forte. Dizia a voz. Você segura é igual a ela viva. Salve-se.

E como se lesse minha mente meu celular tocou a musica “Don’t save me” da Marit Larsen.

Don't save me

Ill save you the hassle

Our little castle

In a house of cards

This empty heartache's pending

This is us ending

You say You were just kidding

And I say This is no joke

We've grown and we're not fitting

We've flamed now to a wisp of smoke

Levei um susto e procurei o meu celular que estava na minha bolsa de ontem. Encontrei-o em baixo da cama tremendo. Três mensagens perdidas. O celular tocou de novo e dessa vez atendi.

– Alo?

– Ah, finalmente, Hestings – Demorei para indentificar a voz, o sinal estava péssimo. Mas apenas por me chamar pelo sobrenome, eu já sabia quem era.

– Fala, Log – Digo

– Aonde você está? O sinal está péssimo

– Notei também – Olho para a Ilha bem mais perto – Estou voltando para o acampamento.

– Por que? E a sua mãe? – Ele me perguntou. Notei preocupasão em sua voz. – Você desistiu dela? Ou já conseguiu-a de volta?

– Não, Log... Ainda não. E não vou desisti. Estou voltando para o acampamento para me preparar.

– Preparar? – Senti seu tom de voz mudar – Preparar para que? Não faça merda, garota!

– Vamos ver se o meu objetivo é alcançado, certo? – Vejo Bernardo chegando perto – Bê está vindo, depois falo contigo.

– Bê? – Perguntou Logan antes que eu desligasse o celular.

Seus lisos cabelos loiros voavam. Estávamos no porto. Ele não sorria como normalmente. Estava sério e como da última vez que o vi, estava de braços cruzados. Eu queria que ele não estivesse assim comigo. Pensei triste.

– Vamos? É bom começar a treinar táticas de defesas? – Perguntou-me. – Você acha que deveriamos ter avisado a bruxa?

– Ela não é bruxa! – Disse defendendo minha “não tia”. Andando a caminho da nossa cabana. – É uma Maga. Filha do grande Mago! – Tentei me alcamar. - Certo, certo, Be. Mas acha que deviamos ter falado?

– Não. Acho melhor ninguém saber. Ninguém de fora. Pois estão te procurando. Quanto mais gente souber, mais perto estarão. – Tudo tão verde em volta. As árvores e a grama. Outras cabanas. Mas o que me chamava atenção não era isso. Seus olhos dourados me chamavam. E sua boca estava tão perto do meu pescoço. Nossas mãos se esbarrando a cada passo.

– Você ainda gosta de mim? – POR QUE EU FUI ABRIR A BOCA? QUE MERDA TEM DENTRO DA MINHA CABEÇA.

Sim, e não importa se você vai quebrar nosso laço. Ainda estaremos ligado, sabe disso não sabe? Que sentimento não surge por magia. – Bernardo respondeu me deixando sem graça. – É o que é. E continuará assim. Sabe disso, certo?

Olhei em volta. Coloquei a mochilona para dentro da cabana. Intocada. E me virei para ele. O garoto que diz que não me deixará. Mesmo eu o libertando.

– Pode ir indo. Vou comer alguma coisa – Ele disse. Acho que meu silêncio o desagradou.

– Você não era assim antes, sabe? Você era mais idependente, antes do beijo. Você era, sei la... mais ferroz. Mais você. Podia ser grosso e irritante, mas não era um cachorrinho para ficar me seguindo.

Assim que terminei de falar percebi a verdade em tudo aquilo, e também que foi muita grosseria dizer que ele parecia um cão.

Chego perto do garoto de cabelo tão castanho quanto o meu. Ele está lutando de espada contra outro garoto. Mais jovem. O de cabelo branco que quase me matou naquele teste. O que taca gelo. Passou um frio pela minha espinha depois parou quando se separaram e Mike veio até mim.

– Fale, princesa – Disse ele cordial. – O que deseja?

– Me soltar. Ficar livre do Bernardo. – Digo com minha voz vacilando. – Porque princesa?

– Por que você irá se casar comigo, um principe. - Ele deu de ombros.- Vai fugir e ir atrás da sua mãe? – Michael estava rigido, porém, sorrindo tentando mostrar que estava calmo.

– Só irei atrás da minha mãe quando eu estiver pronta. E preparada

– Ótimo – Vi alivio nos olhos do irmão da minha tataratatara... avó. – E quando quer que eu desfaça?

– Agora. Faz – Apontei para meu corpo. – Anda rápido. – Ele me olhou com curiosidade – Isso vai doer? – Pergunto de olhos fechados e Mike não me responde. Quando abro meus olhos e o garoto está sorrindo. – O que foi?

– Não é assim que funciona. E dói sim... Mas você deve ser forte o suficiente para aguentar – Ele sorriu. – Se eu aguentei.

– Você consegue fazer?

– Tem dois métodos – O moreno sorri com um pouco de malícia.

– Certo, como?

– O primeiro é te beijando – Ele coloca a mão na minha cintura, firmemente e ficando bem perto.

– E o segundo?

– Com um feitiço. E provavelmente vai fazer algum simbolo no seu corte. Nem sempre é o mesmo. Bem... Não sei muito como funciona. Mas não é só piscar – Sua voz era grossa

– Faça – Ele chegou mais perto - O segundo! Anta! – Mike provavelmente não sabia o que era uma anta mas sorriu.

– Certeza?

– Sim – Minha voz era muito firme e decidida

– É o que quer? – Me perguntou – Não gosta mais do Bernardo?

– Não faça essa pergunta apenas nos separe... – Antes que eu mude de opnião e volte correndo para ele, pensei.

Fomos para um lugar meio reservado. Estava escuro, apenas a luz da lua inuminava as pedras. Ele me pos sentado e conjungou o feitiço segurando algumas pedras que eu não indentifiquei. Mike disse que aquilo canalizava os poderes dos Magos. E para quem não era, apenas fornecia poderes.

Porém precisava das palavras certas.

As que ele tinha.

As palavras eram em outra lingua. No minimo três diferentes. Mudava o jeito de falar a cada grito meu. Eu tentava sufocar o grito mas era difícil. Doia demais ser arrancada do Bernardo. Mas eu já sabia o que era meu futuro. Eu poderia ser cortada, torturada. Não deixaria ele ser também. Por que me importo com ele.

A voz de Mike foi se abaixando. E a dor foi diminuindo. Olhei para ele, estavamos suando. Eu estava chorando, muito. A dor diminuiu mas não sumiu. Respirei melhor aos poucos e depois me encostei na parede.

– Ele sentiu essa dor que senti? – Perguntei entre arfadas.

– Sim

– Foi pior? Ou mais leve que isso – Continuo a me preocupar em como meu acorrentado estava. Ex acorrentado.

– Foi bem pior, creio. Mas vocês ficarão bem. – Michael tentava sorrir mas estava sem susseso.

– Tem alguma dica?

– Não beije ninguém que você goste... Se não... Você sabe o que acontece... – Ele disse olhando para o chão. – Só se for nescessario ou que você o queira para sempre. E não se importe em sofrer como sofreu. Ou até, não se importe com a dor que causar.

– Você queria me beijar – Eu disse inoscentemente – Por que está falando isso agora?

– Por que eu acabei de te ver sofrer... Se eu estivesse ligado a você e por algum motivo eu fosse torturado, ou você quisesse se soltar de mim... Iria sofrer... Não posso ver isso de novo – Ele soltou o ar e me olhou nos olhos. Chegou perto e beijou minha testa. – Não faça merda quando não estiverem olhando. – De olhos fechados e com um sorriso frio, Mike suspirou. – Eu só te beijarei quando souber que não há mais perigo. Não posso ver você chorar e sofrer assim.


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Notas finais do capítulo

Desculpa a demora esse ano! Logo postarei o próximo capíulo!



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