Os olhos violetas escrita por Flávia Monte


Capítulo 23
Capítulo 23 - Desligada


Notas iniciais do capítulo

Quanto mais comentário, mais rápido são os capítulos!!


“‘Como consegue ser tão mágico?’
‘Facil, eu não existo’”



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Não consigo entender por qual motivo, minha vida se transfomou em “treinamento para guerreiro”. É serio! Vivo pensando que alguns meses atrás eu era quase uma adolescente comum! Por que minha mãe tinha que me deixar com a minha tia, para inicio de conversa? Por que minha tia tinha que ser do lado estranho da família?

Admito que esse lado louco da minha minha vida tem algumas vantagens. Por exemplo, quem não gostaria de “controlar” outras pessoas, como eu? Com apenas um comando fazer com que qualquer um faça exatamente o que você disse. Quem não gostaria de ter amigos tão malucos quanto você e que tenham poderes legais também? É bem divertido quando você vê por esse lado.

Mas não posso esquecer de jeito nenhum quem anda atrás de mim e dos meus amigos. E eu já estou cansada de treinar contra esses. Os olhos de fogo nunca cansam, nunca desistem. Se vai lutar contra eles, você terá que aguentar e parar de agir como uma menininha, disse James nosso professor de educação física.

Estou a quase duas semanas nesta ilha e parecem anos. Segunda, quarta e sexta tenho os mesmos horários. Terça e quinta são os dias que mais variam. Pelo o que eu entendi, nesses dois dias, os supervisores colocam preso na porta da cabana o horário e é para todos os componentes da cabana. Sabado e domingo depois da hora do almoço é livre. Amém.

– Afinal, Susanna, o que está fazendo? – Perguntou o Professor aluno, Cole.

Ele tinha um e noventa e desenove anos. Muito novo para ser professor, na minha opinião. Porém, ouvi boatos que ele já é professor por que aos doze anos lutou sozinho contra três duzias dos olhos de fogo. Assustador, eu sei. Porém, o que dizem deve ser verdade.

– Eu... Er... – Olho para o que deveria ser um machado e entrego a ele – Um machado...?

– Um machado... – Cole mexe o pedaço de madeira que eu deveria estar fazendo dele uma arma de luta. – Está impecável, como conseguiu fazer isso sem nem olhar para as suas mãos? – Perguntou a mim.

Dou de ombros. E ele vai até a mesa dele. Seu cabelo bate até um pouco abaixo da sua orelha. Seus olhos me encantam por um momento, pois percebo o quanto feroses são. Não deve ter sido fácil sua vida. Não sei como posso deduzir isso apenas por olhar seu corpo. Como, por exemplo, que sua arma favorita é um machado.

Olho no relógio da sala. Está quase na hora da minha próxima aula. Hoje ainda é segunda. Falta um mês para o meu aniversário. Pensamento bobo, ninguém aqui sabe disso. Vejo que todos os meus colégas já haviam saído da sala, menos eu. Suspiro.

– Cole? – O chamo e ele volta até perto de mim.

– Fale, Susanna – Ele é realmente sexy. Me dei um tapa mentalmente

– Aqui tem algo de notas, avaliações, atividades extracurriculares?... Ou coisa assim? – Pergunto

– Você já me perguntou isso. Hoje mesmo até. – Ele sorriu por me ver constrangida. – A resposta é: Sim, temos notas, e você pode até ser reprovada. Mas não há “regras”. Então posso simplesmente te fazer repetir na minha matéria, se eu quiser. – Pelo seu sorriso de canto de lábio percebo que está falando sério.

– Então... Será que tem algum trabalho para fazer por enquanto? Para me ajudar e tal?

– Está querende ser a queridinha do professor, Susanna? – Cole riu

– Não! Claro que não. – Me levantei e arrumei as madeiras. – Só que ando meio... Ando pensando em algumas coisa... E saber mais sobre me defender, e sobreviver, seria uma boa idéia.

– Sério? Por que você quer aprender isso? – Cole respondeu agora bem mais sério do que eu esperava.

– Esquece, professor, preciso ir, se não vou acabar me atrasando. – Eu estava saindo pela porta ao falar, então só ouvi metade da sua frase.

– Lembre-se, aqui não tem regras, relaxe mais um pouco. – Eu estava saindo pela porta, então, só ouvi metade da sua frase. Sai correndo até o outro lado do gramado.

Perto, a uns metros de distância, da minha próxima aula, derrubei minhas coisas no chão. Algo tinha se chocado contra mim. Logan. Sorri destraidamente e peguei meus materiais da grama. Logan estava muito “radiante” hoje, insisto em dizer que é pela cor dos olhos, mas tudo bem.

Antigamente, eu poderia até pensar “Ei! Ele esta querendo me ajudar, não está sendo tão romantico e gentil assim”, agora só consigo pensar “Ei! Logan, por que você não tenta ser menos atrapalhado? Se continuar perto de mim sua namorada vai tentar me matar, e conseguirá dessa vez!”

Já é a quarta ou quinta vez que eu e Logan nos esbarramos nessas duas semanas, mas sempre, um ou dois segundos depois aparecia Valentina, pelo menos não dessa vez. Se ele estivesse comigo a controladora de espiritos chegava e se jogava para cima dele. Contudo, ela sempre me insultava quando ele não estava por perto. Será que ela não nota que já é namorada dele? E que não precisa se preocupar comigo?

– Oi, Su! – Ele exclamou e beijou minha bochecha – Faz tempo, não? Só te vejo nesses momentos – Sorri – Ou em algumas aulas, mas não conseguimos nos falar direito.

– Pois é... Sempre tem algo impedindo – Lembro de Valentina. – Estou atrasada. E obrigada por não me chamar de doce Susanna hoje, tchau, Log. – Aceno com a mão e ele a pega.

– Nossa! Ainda usa esse anél? – Ele sorriu – Isso ajuda mesmo a concentrar seus poderes?

– Dons, e sim, ajuda muito. Por isso que ando pensando em treinar sem o anél. Pois, se eu perde-lo já saberei controlar...

– Entendo – Logan olha para trás de mim, para minha próxima sala – Já entraram muitos na sua sala, é melhor você ir.

– É sim – Digo me virando.

– Ei! Só para você saber, prefiro Log – Logan gritou e sorri. E eu sabia do que ele estava falando. O Logan que conheço odeia ser chamado de Lolinho. Pelo amor dos deuses, como não iria odiar?

– Qual é Hestings? – Ouso uma voz famíliar no corredor, já era tarde. Umas cinco da tarde. Eu tinha acabado a última aula do dia.

Olho de cima abaixo quem me chama. Seu corpo é atlético, apesar de eu não o ver fazendo nada. Seu cabelo é negro e seus olhos são verdes. Faz sentido ele ter sobrevivido entre a mata.

– Oi, professor.

– Pode me chamar só de Cole. “Professor” me faz sentir velho – Cole sorri.

– Você é professor – Dou de ombro e espero ele chegar até onde estou. – Olha, se é sobre o assunto mais cedo, esquece. Não preciso de ajuda.

– Tem certeza? – Ele pergunta. Aiai... Que calor.

– Sim, ela tem certeza - Bê chega ao meu lado e me abraça. Visivelmente mostrando possessividade.

Por estarmos em um lugar que procura ser tão... Diciplinar? Não sei exatamente por que ele age assim. Bernardo não consegue parar de ser super protetor, tanto por eu ter contado a ele sobre Valentina tanto por já conhecer os seus “irmãos” matadores.

A vida dele foi bem complicada e ele não achava boa idéia eu treinar contra os olhos de fogo, pois eu não devo nem lutar contra eles. São fortes como eu, e treinados quase a vida inteira. Não pode contra eles, então fingir que eles não existem seria uma ótima ideia, Bê disse no meu segundo dia na Ilha.

Mas ele está errado, tenho que saber com o que estou lidando, certo? Ele, nem Sofia, nem Rob me fariam mudar de idéia quanto a ficar por ali. Apesar... Se eu fosse Robert eu voltaria para casa logo, mas ele insiste em ficar. Diz que o lar dele é com a família, e agora eu sou o que mais fica perto disso. Me sinto bem por estar aqui, como se tudo o que fosse feito exatamente como deveria.

– Pensando em que? – Me pergunta Bê, quando enfim chegamos a cabana.

– Em ... Ah... Sabe com é... – Não quero voltar a esse assunto – Aulas, notas, trabalhos. Além disso, era o que eu estava falando com o Cole quando você o chutou daqui..

– “Professor Cole”, certo? – Ele sorri, mas não o sorriso bonito de sempre.

– Isso. – Olho para os meus pés – Nunca vi um caso de verdade. Sabe, contra os olhos de fogo... Queria poder lutar contra um deles... Saber exatamente o que fariam se me vissem...

– Eu sou um deles, e quanto te vi quis te beijar, não sei se é uma boa idéia eles te verem – Bernardo tenta me dar um beijo e eu viro meu rosto e ele acerta minha bochecha – Vai continuar com isso?

– Isso?

– Não nos beijamos direito a duas semanas. Desde ... hum... O dia que viemos aqui. E isso é bem chato. – Ele cruza os braços e se encosta na porta.

– Han... É claro... – Dou um beijo no canto da boca dele, mas não me sinto arder. Não estou sentindo a mesma coisa por ele? Sério? Pois ele é tão.. – Ai! – Gritei e toquei na minha marca. Aiai... Devia parar de pensar...

– Isso significa que ainda arde por mim – Ele sorri e abre a porta. – Você sabe que ainda acho melhor você se livrar da vida dos clãs, não é?

– Sei... Mas... Seria tão legal! – Olhei-o nos olhos – Você gostava de lutar?

– Eu “caçava”. Eu amava isso, antes de você aparecer. – Bernado da um sorriso sem graça. – Deixei isso para trás. Você também deveria deixar.

– Eu falei com a minha mãe. Ela vai ficar dois dias por aqui e depois voltar para a companhia de dança. Marquei com ela para nos encontrarmos lá na casa da tia rosa. – Sorrio andando até a geladeira, agora já tinha comida.

– Quando?

– Esse final de semana – Abro um enorme sorriso, quanta saudades estou da minha mãe.

– Quer dizer que vou conhecer a sogra? – Ele sorri coçando a cabeça e eu sinto um frio desgrasado. – Já conheci a tia e ela me amou – Diz em ironia.

– Não precisa ir comigo – Sorrio e penso “Não quero que você vá junto” – Sério, não é nescessario.

– Ah, mas eu quero, adoraria conhecer sua mãe – Disse Mike chegando por trás de mim e me puxando pela cintura, ao seu lado aparece Ash e as crianças. – Ela não seria minha parente, não é, senhorita?

– Ei, Mike – Ashley balança a cabeça. – Fica numa fila

– É “fica numa fria” ou “não se esquenta”. – Diz Rob rindo dela – Relaxa, ainda está aprendendo.

– Aprendendo... – Ash pede para ele continuar.

– Também estou aprendendo, senhorita – Robert acenou com a cabeça e veio até mim – Também quero ir! Com você – Ele abre um enorme sorriso

– Não sei dizer não para esse rostinho – Aperto-lhe as bochechas e os outros dois mais velhos olham para mim. – O que?

– E o meu rosto? – Bernardo cruza os braços ao ouvir Mike dizer a mesma coisa.

– Para os de vocês ela sabe – Sofia ri – É óbvio. – Ela vem até mim e senta na pia – Então, vamos todos conhecer sua mãe, certo?

– Er... Isso, mas só no sabado, domingo minha mãe é só minha, Ok? – Perguntei para todos.

– Certo, a mãe é só tua – Michael ri, mas não entendo o motivo. – E até lá... Aula normal?

– Acho que não precisamos pegar tão pesado no treinamento de vocês – Diz Bê

– “De vocês”? E o seu pode? – Perguntou Mike com um ar competitivo.

– Eu já expliquei que sou melhor que vocês... – Bernardo comenta calmamente. – E prefiro continuar bom o suficiente para protejer minha princesa aqui – Ele me abraça, para mostrar posse. De novo

– Ela é MINHA princesa, ache outro apelido – Diz Mike e o Bernardo da de ombros. – Eu sou o principe, então se eu a quero, e eu realmente quero, ela será a minha princesa!

– Ela é ligada a mim esqueceu, retardado?

– Ela tem nome! – Eu grito entre eles – E você não precisa pegar pesado no treinamento, pois como nós, você não está em perigo, certo?

– Ok... – Sinto a voz dele baixa perto do meu pescoço, minha marca arde e eu me afasto. Não havia ardido tanto assim em um dia desde que chegamos.


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Notas finais do capítulo

Como escrevi antes do texto, quanto mais comentários, mais rápidos são os capítulos!!