Você é minha droga escrita por Krueger


Capítulo 49
O carro negro


Notas iniciais do capítulo

Uhuhuhuh. Aqui estou eu...



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Pov Joe:

–Eu estou desconfiado. - sussurrei a Santiago. - Clary se levantou com muita vontade.
–Acha que ela esconde algo? - perguntou Santiago. Confirmei com a cabeça. - Vocês estão realmente bem?
–Claro que não. - confessei. - Primeiro ela muda de repente, e me perdoa do nada. Segundo, recebe mensagem e não vê na minha frente e terceiro sai toda ansiosa com Anne.
–Vai atrás dela.
–É isso que vou fazer. - falei levantado com a perna esquerda, peguei a muleta e me apoiei. - Vem comigo?
–Não. Vou esperar Anne. - sussurrou acenando. Bufei enquanto voltava para a imensa multidão que dançava, alguns se afastavam percebendo a minha dificuldade com a perna.
Avistei Clary conversando com uma loira e saindo da casa. Sabia que havia algo de errado! Persegui seu caminho para o estacionamento, fiz questão de me esconder a tempo de ouvir sua conversa com um cara. Foi quando vi que o conhecia, era Black, o cara que estava com a polícia. Algo estava errado.
–Olha o que encontramos. - disse uma voz atrás de mim. Virei-me e dois tiras apontavam armas para mim e sobre o meu rosto apontavam uma forte luz de lanterna. - Kurt Slater.
–Mãos para o alto garoto! - disse o outro. Fiz o que foi pedido, um deles se aproximou e me revistou por inteiro. Pegou a minha arma e celular afastando-se.
–Christopher disse que se conseguíssemos prendê-lo, a garota se renderia. - sussurraram entre si. Não baixo o suficiente para que eu não ouvisse. - Algeme-o.
Porra. Já havia sido preso, e algemas eram um dos objetos que eu mais detestava, por apertar meu pulso. E foi o que aconteceu, não entendi mais nada depois.
Só se via luzes vermelhas e azuis em toda a floresta e estacionamento. Vi alguns Touros sendo presos, milhares de policiais armados e preparados. Esta era a ação que ia acontecer. Como fui burro de não pensar nisso quando peguei o cara no flagrante.
Depois de me arrastarem no estacionamento pararam diante ao tal Black. Minha vontade era cuspir em sua cara.
–Detetive Floyd, este é o garoto? - perguntou um dos dois que me prendiam.
–Sim, ponham ele na mesma viatura que ela. - disse o outro. Ele sorriu cinicamente para mim. Fui jogado dentro de um dos carros escuros, a companhia era agradável.
–Oi querida... - sussurrei tentando não parecer assustado e com medo de onde acabaríamos.
–Joe... - ela se inclinou e com dificuldade nos beijamos rapidamente. - Estou com medo.
–Está tudo bem! - tentei acalmá-la. - Você não matou ninguém, não traficou nem sujou suas mãos. Será solta.
–E você? - a preocupação era evidente em seu rosto. Apesar da pouca luz eu conseguia ver aqueles olhos castanhos brilhando.
–Talvez eu pegue anos e anos atrás das grades. - respondi dando de ombros. - A pior tortura é ficar longe de você.
–Ah... - ela suspirou e acabou chorando em seguida. - A culpa é minha, eu confiei no cara errado.
–O que fazia aqui? - perguntei.
–Ele pediu para que eu o encontrasse, então me diria tudo o que eu precisava saber sobre o que estava acontecendo. Foi por isso que Kevin e Yara fugiram. Eles sabiam que a polícia nos pegaria. - disse tão rápido que demorei a processar seu raciocínio.
–E pegou mesmo. - brinquei. Não havia graça.
–Joe... Eu não quero ser presa.
–Você não vai. - sussurrei.
–Ah... Meu Deus! Santiago e Anne? - exclamou olhando pela janela. - Eles estão prendendo todo mundo!
As portas de ambos os lados foram abertas e dois policiais sentaram-se nos bancos da frente. Um deles ligou o motor enquanto o outro trocava códigos por rádio.
–Estamos com a garota e o garoto. - disse um deles rindo. - Tiramos a sorte grande.
Clary me fitou ainda com medo.
–Ótimo! Traga os dois para mim. - o rádio foi desligado em seguida.
Arrastei-me no banco até colar meu corpo ao lado de Clary. Ambos estávamos com os braços presos por algemas atrás de nós, ela sorriu quando beijei sua testa.
–Pelo menos estamos sendo fudidos juntos. - sussurrei. - Veja o lado bom.
–O lado bom seria eu terminar esta noite na cama com você. - sussurrou e gostei da idéia. Mesmo que agora seja impossível de ser realizada.
–Eh...
–Vocês dois, silêncio! - repreendeu um dos tiras.
Aos poucos fomos deixando a floresta e a casa afastada para trás. Clary acabou adormecendo e sua cabeça tombou sobre meu ombro, minha perna doía pelo modo que os polícias me arrastaram para dentro daquele carro. Em silêncio pude observar pela janela que a cidade se aproximava. Os outros carros vinham atrás, todos com aquelas sirenes irritantes acesas, não sei como Clary conseguiu dormir. Os dois caras não falavam nada, nem aquelas brincadeiras idiotas de policiais, tudo sério e perfeito demais. O que me fez pensar que essa operação"Prender todo mundo" havia sido planejada a muito tempo atrás.
O carro parou e Clary se inclinou olhando pelas janelas. Estávamos na frente da polícia investigativa, no mesmo lugar que a poucos dias eu fotografei Black e a loira gostosa. Os dois homens saíram, e as portas foram abertas. Puxaram Clary para fora com delicadeza, nem parecia aqueles dois que me jogaram lá.
–Joe! - gritou ela assim que nos separamos. Eu já estava sendo arrastado para outro corredor, gritei seu nome.
Quando a cela foi trancada, me senti vazio. E culpado. Não podiam trancafiar Clary, não fez nada. Não matou ninguém, muito menos roubou. A única coisa que fez foi se apaixonar por mim, e talvez por isso estava sendo presa por algo que não tinha culpa. Maldita gangue. Maldita polícia que resolve prender todo mundo quando finalmente estava tudo bem.
Sentei-me no chão sujo com dificuldade, minha perna direita doía por ter sido forçado a caminhar sem apoio. Fechei os olhos e encostei-me a parede. O que seria de nós agora?

Pov Clary:

–Me solta! - gritei quando deixaram a sala. Malditos. Eu derramava diversas lágrimas, olhei ao redor. Apenas uma mesa e duas cadeiras, uma de frente para a outra. Toda a cor das paredes se resumia a um cinza triste, e espelhos negros. Eu já havia visto isso em filmes, sempre ficava alguém do outro lado daqueles espelhos observando.
Mordi os lábios confusa. Tinham levado tudo, até minha bolsa. Sentei-me numa das cadeiras derrotada, no espelho vi meu reflexo, cabelos despenteados e maquiagem transbordando pelas bochechas. Eu parecia uma roqueira em fim de carreira ou uma alcoólatra drogada. Minha mão se fechou ao redor do terço pertencente a Joe, ainda tinha seu cheiro. Onde ele estava? Onde eu estava? Tudo estava tão confuso, apenas me lembro de Black pedindo perdão. A viatura e a rápida conversa com Joe, Joe não... Kurt.
A porta foi aberta e a garota loira que havia me recebido na festa entrou. Agora usava um traje negro, com um enorme decote e tão justo que definia suas curvas. Era mais bonita que eu.
–Olá Clarice. - disse com um sorriso cínico no rosto. Sentou-se a minha frente, e jogou uma pequena chave na mesa. - Vou tirar suas algemas, se prometer não me atacar.
–O que está havendo?
–Pensei que soubesse. - disse se fazendo de inocente. Que vadia! - Você deve ficar presa aqui.
–Isso eu percebi.
–Então não faça perguntas idiotas. - revirou os olhos e levantou-se com as chaves. Caminhou para trás de mim e abriu as algemas, meus pulsos foram aliviados daquela dor.
–Eu só quero saber o que está havendo.
–Eu vou lhe dizer. - voltou-se para minha frente enfiando as algemas em seu cinto. - Meu nome é Sarah Palin, sou do grupo de ações especiais da policia de Nova York, vamos por assim dizer, uma caçadora de recompensas.
–E o que faz em Scottsdale? - perguntei encolhendo os ombros.
–Estou prendendo pessoas más. E especificamente, nesta cidadezinha fim de mundo, existe um homem que vale milhares de dólares e se eu levá-lo para Nova York... Serei rica. - continuou sorrindo descaradamente. Seus olhos não deixavam de fitar os meus. - Quer adivinhar um nome?
–Owen Drewnick. - sugeri ainda com a minha expressão desafiadora.
–Como você é inteligente! - disse batendo palmas. - Então eu acho que já deve estar montando o quebra cabeças.
–O que eu tenho haver com isso? - cuspi.
–Você é filha dele. - pôs a mão na cintura. - Se me entregar à localização de seu pai, eu reduzo a pena de seu namorado.
–Não.
–Não? - franziu a testa confusa. - Acha que tem escolha? Se não entregar seu papaizinho, seu namorado vai cumprir pena por tráfico de drogas, matar um policial e tantas outras coisas como formação de quadrilha...
–Que policial ele matou? - questionei. Ela revirou os olhos.
–Gastón. O meu parceiro nesta grande missão!
Oh. Acho que fiquei boquiaberta, pois Sarah riu. A porta atrás de si foi aberta e Black entrou, senti-me um pouco aliviada.
–Pode nos deixar a sós Sarah? - perguntou ele. A loira se virou dando-me as costas e saiu rebolando. Meus olhos não saíam de cima dele. - Clary.
–Como pode? - gritei furiosa. - Você prendeu a todos que diziam serem seus amigos! Até a mim!
–Você não entende. Não tive escolha.
–Por que nos traiu? Por que se uniu a polícia? - perguntei decepcionada com ele, e comigo mesma.
–Eu não me uni. Sempre fui da polícia. - ele retirou algo do bolso e pôs sobre a mesa. Um distintivo. - Meu nome verdadeiro é Christopher Floyd, especialista em disfarces do FBI. - molhei os lábios processando a informação. - Há dois anos, trabalho disfarçado como Black.
–E Wanessa? - perguntei confusa. Seria ela também uma mentira?
–Foi um acidente. - disse sentando-se. - O FBI achou que se eu, casasse com a garota e criasse a filha que fiz, seria ainda menos notado. E a irmã dela é uma traficante poderosa.
–Você é um desgraçado. - gritei. - Enganou a minha amiga o tempo todo.
–Essa não é a questão. A questão é: As gangues sempre acharam que pagando propina para a policia, libertariam-se para praticar seus crimes e ilegalidades. Pena que o FBI e alguns caçadores de recompensa como Sarah e seu parceiro Gastón se interessou pela recompensa por Owen Drewnick.
Continuei a olhar para minha imagem no espelho atrás de si. Ele suspirou.
–Por que todo mundo quer meu pai? - perguntei.
–Ele está na lista dos dez criminosos mais procurados pelo país! Só perde posições para terroristas. A recompensa em dinheiro por ele é grande, como Sarah deve ter dito, ela também o quer. Todos querem o dinheiro.
–Então prendessem apenas Owen. - sugeri e arrependi-me em seguida, minha mãe ficaria péssima se isso acontecesse.
–Fomos mais práticos. Montamos um plano começando por você. - disse calmamente. - A policia sempre soube que ele não estava morto e que mais cedo ou mais tarde viria atrás de sua única filha.
–Existe Kevin também.
–Kevin não é filho de Owen, por que acha que ele queria que Joe matasse o pai? Para que ninguém descobrisse isso. E em seguida mataria você e sua mãe, tendo consigo as duas gangues e muito dinheiro.
–Ele não...
–Seria capaz? Ou inteligente o suficiente para pensar nisso? - ele esfregou as mãos. - Eu nunca menti para você Clary, tudo o que estou dizendo é verdade. Kevin foi sempre falso, e esperto. Ele soube pelo irmão Raphael que a policia acabaria com as gangues, pegou a mãe de seu filho e fugiu para o México, onde o governo não colabora com o nosso.
–Eu não entendo por que estou aqui. Não fiz nada.
–Fez. Sabe onde Owen está. Se me disser Clary, eu juro que reduzo as penas de Joe e Santiago. Anne será solta, afinal os pais dela têm influência e bons advogados.
–O carro... – falei de repente. Black franziu a testa. – O carro negro na frente de minha casa esse tempo todo, era da polícia?
–Era Sarah vigiando a sua casa. – respondeu. – Não mude de assunto, aceita a proposta?
–Não adianta reduzir os anos de prisão deles se não os soltar.
–Ah claro, então invés dele ser solto daqui a dez anos, será daqui a trinta anos. O que prefere?
–Não é justo. - cuspi furiosa e ele mordeu o lábio irritado.
–Eles são criminosos. Acha que se seu namoradinho fosse um cara de bem, estaria sendo preso? - se levantou. - Você tem apenas essa opção.
–Não a quero.
–Ok. Ficamos sem Owen, mas Joe terá longos dias atrás das grades enquanto seu paizinho vive bem longe daqui e feliz. - caminhou para a porta.
Estava entre Owen e Joe. Só havia uma opção... Se eu der um perco o outro, e não quero isso. Eu tinha que pensar. Qual dos dois eu devo escolher?
–Espera! - gritei. Christopher virou-se aguardando minha continuação. - Eu tomei uma decisão.


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Notas finais do capítulo

Mais uma vez Clarice Krueger está entre o pai e o namorado... Qual decisão ela vai tomar? Últimos capítulos...