25

Paula Adams

No dia seguinte, Paula acordou cedo e foi para o Arsenal. Não tinha muitos campistas acordados. Ela estava sem fome e não queria sentar à mesa de Poseidon e ficar encarando seus meio irmãos como se fosse uma retardada.

Paula estava chegando ao Arsenal quando reparou nos Estábulos, ela não estava tão animada em ir treinar então entrou nos Estábulos e ficou andando pelas baias dos Pégasos. Eles eram lindos. Cada um com cores diferentes, tamanhos diferentes e, com certeza, com personalidades diferentes. Paula passou por três deles que estavam um ao lado do outro. Paula parou na frente de um, onde tinha uma placa escrito:

Blackjack

Percy Jackson

Paula imaginou que o Pégaso era de Percy. Era um Pégaso muito bonito, seu pelo era negro e seus olhos a fitavam com uma certa curiosidade, mas o "cavalo" logo se desinteressou e foi fazer algo melhor do que ficar encarando uma desconhecida.

Paula andou mais alguns metros e encontrou um Pégaso dentro de uma baia que chamou sua atenção. Ele estava deitado no chão e relinchava baixinho, como se estivesse chorando. Paula queria saber o motivo dele estar daquele jeito. Ela se aproximou da baia do Pégaso e ele olhou na sua direção. Seus olhos cor de âmbar fitaram os de Paula. O Pégaso tinha o pelo negro e as asas da mesma cor, assim como Blackjack. Logo depois ele voltou a relinchar baixinho. Paula olhou para cima e viu que na madeira da baia estava escrito: FÊMEA. Então, percebeu que os Pégasos eram identificados por fêmea e macho e quando encontravam um dono, eles tiravam o “fêmea” e o “macho” e colocavam o nome que o dono escolhera para o animal e o nome do dono. Paula abriu a baia e entrou naquele espaço. Ela agachou-se ao lado do Pégaso e fez carinho na sua cabeça. O Pégaso pareceu gostar, pois aconchegou a cabeça no colo da garota e fechou os olhos.

–O que aconteceu com você, garota? – Paula perguntou ao Pégaso, mesmo sabendo que ela não responderia.

“Minha pata. Tem algo na minha pata.”

Paula escutou a voz na sua cabeça. Não parecia uma voz humana. Era como se fosse o relinchar de um... Cavalo. Paula olhou para o Pégaso que estava com a cabeça na sua perna, seus olhos cor de âmbar a fitavam com certa confusão. Paula saiu de perto daquele Pégaso e se espremeu no canto da cela, tentando acalmar suas mãos que começaram a tremer. Aquele Pégaso falou com ela!

“Filha de Poseidon? Está aí? Preciso da sua ajuda!”

A voz de novo penetrou os pensamento de Paula. Aquele Pégaso sabia que ela era filha de Poseidon? Como...? Então, Paula lembrou vagamente de ter lido em algum lugar que Poseidon criou os cavalos e que os Pégasos eram filhos dele com a Medusa... Paula fez uma careta ao imaginar. Foi Poseidon que criou os Pégasos, por isso aquele Pégaso que estava deitado podia falar com ela. Paula saiu do cantinho que estava e sentou novamente perto do Pégaso.

–Deixe-me ver sua pata – Paula disse.

O Pégaso levantou sua pata direita e colocou na frente dela. Paula ficou analisando a pata dele, aparentemente não tinha nada ali, mas quando tocou, o Pégaso relinchou alto e afastou a pata para longe de Paula e ela ficou com medo de que alguém a pegasse ali e esse alguém fosse Quíron. Bem, ela poderia dizer que estava indo treinar com um Pégaso e parou para ajudar.

–Calma garota, não vou te machucar. Eu prometo! – disse Paula, afagando o pelo do Pégaso.

O Pégaso colocou a pata perto da perna da garota novamente e deixou Paula tocá-la. A filha de Poseidon analisou cada parte e finalmente encontrou o motivo da dor do Pégaso. Tinha um espinho muito grande preso ali. Paula sentiu pena do Pégaso, porque se ela tirasse dali doeria ainda mais. Mas Paula precisaria fazer isso ou então esse Pégaso morreria de dor, o ferimento poderia infeccionar e poderia causar coisa muito pior na pata dele. Paula pegou uma toalha que achou ali, colocou debaixo da pata do Pégaso e fez carinho em sua cabeça.

–Vai doer, mas vai ser melhor pra você – disse Paula.

Então ela fez logo de uma vez, se enrolasse ia se pior e mais dolorido. Puxou o espinho rápido e com força, o Pégaso relinchou tão alto que os ouvidos latejaram. Assim que tirou o espinho, limpou sua pata e fez um curativo. Logo depois fez carinho no Pégaso.

“Obrigada, filha de Poseidon.”

–De nada – Paula disse, sorrindo.

Depois de alguns minutos, Paula ouviu barulhos vindos do Estábulo. Ela ficou quieta para que ninguém pudesse a escutar ou a ver ali. Ela esperava que não tivesse nenhuma punição por ajudar um Pégaso.

Segundos depois ela viu os cabelos loiros de Ivan passarem na frente da baia. Ele sussurrava: “Paula! Cadê você?”, ela sorriu ao imaginar que ele tinha ido ali para procura-la.

–Ivan! – Paula sussurrou, ficando de pé e indo até a portinha da baia.

Ele deu meia volta e olhou diretamente para Paula, abrindo um sorriso logo em seguida.

–O que você está fazendo aí? – ele perguntou.

–Eu estava ajudando um Pégaso – Paula respondeu.

–O que?

Ivan andou na direção de Paula e ela deu passagem para ele entrar na baia. O Pégaso que ela havia ajudado alguns minutos atrás agora estava de pé e encarava Ivan como se ele fosse algum intruso. Paula ficou com medo de que o Pégaso pudesse machucar Ivan, então fez carinho atrás de sua orelha, enquanto dizia:

–Ele é meu amigo, não o machuque.

O Pégaso pareceu entender, pois se distanciou de Ivan deixando ele um pouco mais a vontade. Ivan sorriu e fez carinho no Pégaso também.

–Nós semideuses podemos ter um Pégaso, sabia? – Ivan disse.

–Eu percebi. Então quer dizer que eu posso ficar com ela? – Paula perguntou, encarando o Pégaso.

–Sim, ela escolheu você como dona – ele sorriu.

–Me escolheu? – Paula franziu o cenho.

–É, aqui são os animais que nos escolhem e não ao contrario, entendeu?

–Ah claro – Paula sorriu. – Na House Of Night é assim também, são os gatos que escolhem os donos.

–O que? – Ivan olhou para ela, com uma expressão confusa. – Do que você está falando?

–Hã? Nada. Deixa pra lá.

–Certo. Qual nome vai dar pra ela? – Ivan encarou Paula.

–Blue – respondeu.

–Blue? Nome estranho para um cavalo negro – ele riu.

–É, mas cá entre nós, é melhor que Blackjack – Paula murmurou. Ivan gargalhou.

–Percy, não vai gostar de saber disso – disse ele.

–Você não vai contar, eu não vou contar e Blue não vai contar. Como ele vai saber? – Paula perguntou, rindo.

–É, ele não saberá. Segredo nosso – Ivan piscou para Paula e depois para Blue.

Paula e Ivan ficaram rindo enquanto fazi camarinho em Blue. Segundos depois, pararam de rir e Ivan a encarou. Seus olhos brilhavam e um sorriso se formou em seus lábios. Hoje os olhos de Ivan não se decidiam entre o cinza e o verde o que Paula, particularmente, achou bem bonito. Ela não havia percebido que estavam tão próximos até Ivan colocar uma mão em seu rosto e colocar uma mecha do cabelo de Paula para trás da sua orelha.

–Pode parecer clichê, mas você é a garota mais bonita que já vi – Ivan sussurrou.

Paula sentiu suas bochechas corarem. Ela não gostava de ficar com vergonha, achava frescura demais, mas quando estava perto de Ivan isso sumia. Talvez pelo fato dele não a deixar ficar com vergonha de sentir algo.

Blue saiu do meio dos dois como se entendesse que queriam ficar um pouco mais próximos. O caminho ficou livre para Ivan se aproximar mais e assim ele fez. Logo o único espaço entre os dois era o de suas bocas separadas.

–Posso? – ele perguntou.

Espera aí, ele pediu permissão para me beijar?, Paula pensou. Ela tinha escutado isso mesmo? Seu sorriso não podia ter ficado maior. Era o primeiro garoto que ela conhecia que pedia permissão para beija-la. Paula assentiu.

Então Ivan a beijou. As mãos de Ivan seguravam o rosto de Paula enquanto as mão dela seguravam blusa dele. Eles se separaram e sorriram. E então foi a vez de Paula pedir permissão para beijá-lo, ele disse que sim e então o beijo se intensificou.

Ivan passou os braços ao redor da cintura da garota e Paula colocou suas mãos na nuca dele. Eles não finalizaram o beijo por falta de ar, finalizaram porque Blue se intrometeu no meio dos dois. Isso fez Paula e Ivan rirem e fazerem carinho nela.

–Temos que ir treinar – Ivan disse. – Quíron pode notar nossa ausência.

–Sim, é verdade – Paula disse.. – Venho mais tarde aqui, Blue.

A garota deu um beijo no seu Pégaso e saiu dos Estábulos com Ivan a seguindo. Quando chegaram do lado de fora dos Estábulos, Ivan entrelaçou seus dedos nos de Paula e sorriu para ela, lhe dando um selinho em seguida. Eles caminharam até o Arsenal de mãos dadas e quando chegamos lá Ivan e Paula foram para cantos diferentes colocar suas armaduras e escolher suas armas.

Antes de saírem do Arsenal, Ivan surpreendeu Paula com mais um beijo e depois eles seguiram em direções opostas. Paula ficou rindo durante todo o percurso até a Arena. Talvez, a garota fosse ter um ótimo dia.