Miley escrita por Nymeria Martell


Capítulo 2
Cap. 2: Noite Anormal


Notas iniciais do capítulo

"Não ligo. Subo correndo, entro no meu quarto e tranco a porta. As lagrimas começam a brotar. Ele vai embora... vai me largar; minha mãe acha que sou uma lésbica, maluca e irresponsável. Talvez os dois últimos sejam verdade"



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Será que ouvi direito? Minha mãe acha que sou lésbica? Simplesmente pelo fato de eu estar sem sutiã no meu quarto e abaixo da janela estar minha amiga Mari – ela é homossexual. Pelo menos ninguém suspeitou do Thiago.

Minha mãe decidiu falar pra todos, na hora do jantar, sobre mim. Ela começou a falar sobre algo tipo: “sair do armário”, “nova geração” e “os pais precisam compreender” Blá blá blá... Mas dava pra ver que ela detestou o fato de eu ser “diferente”.

− Acho que deveríamos deixa-la namorar com quem quiser... mesmo que isso signifique menos netos ou seja contra a natureza humana... – Dizia meu padrasto Cézar...

− Eu... não... sou.... LÉSBICA! – pois é... eu não precisava ter gritado, mas eles estavam me irritando.

− Pra que negar filha? Nós compreendemos...

− Não! Vocês entenderam errado... eu não estava transando com a Mari!

Mamãe me censurou com o olhar, obviamente porque as gêmeas estavam ouvindo.

− Vai ver ela só estava masturbando... – disse Thiago – É completamente normal.

Apontei em sua direção e bati palmas sorrindo.

− viu só? É normal.

− Mas filha, você é tão estranha. Cabelo azul, comportamento anormal, tem um pôster de uma mulher nua no quarto e bebe feito um homem.

Olhei aterrorizada para minha mãe.

− não tenho pôster nenhum de... disso, Mãe. Aquilo é um desenho e está com roupa!

− Muito pouca roupa... mas tem. – Thiago olhou pra mim e mostrou a língua... Ele quer me ferrar de vez? – Afinal de contas, já que é um jantar revelação, quero contar minhas novidades.

Todos pararam e olharam pra ele, esperando.

− Vou morar com a mamãe, ela está mal e lá há uma boa faculdade...

− Nem pensar! – Fui eu quem disse... pensando alto... Droga!

Todos me olharam. Thiago fez um gesto negativo com a cabeça.

− Quer dizer que ele pode ir pra uma faculdade de fora e eu não?

− Você só tem 14 anos... – Disse Thiago.

− E você 17... – mostro a língua pra ele.

Minha mãe suspira.

− Parem de brigar – ela pega em nossas mãos – parecem irmãos de verdade... Como eu fico contente de ver que finalmente vocês se reconhecem como família! Viu isso amor?

Cézar sorri.

Um sentimento de culpa me consome. Como eles nos veem como irmãos e não como um casal? Será que nunca perceberam? Coitados...

Minha expressão facial fica vazia. Me sinto triste.

Alevanto e me retiro para meu quarto.

− Meu bem! – minha mãe me chama – Eu falei algo errado?

Não ligo. Subo correndo, entro no meu quarto e tranco a porta. As lagrimas começam a brotar. Ele vai embora... vai me largar; minha mãe acha que sou uma lésbica, maluca e irresponsável. Talvez os dois últimos sejam verdade.

Só agora noto que Harris está aqui dentro, em cima da minha cama!?

− Harris desce! – Ele nem se move... só me encara.

Mas quer saber? Que se dane tudo. Preciso de carinho... e Philly, meu gatinho, sumiu.

Subo na cama e abraço Harris, ele me lambe e eu finalmente percebo... Por que odiava esse cão? Ele é mais carinhoso e legal comigo do que minha mãe ou minhas irmãs... Pego no sono, abraçada com ele.

Sinto cocegas. Abro os olhos e vejo que é Harris se mexendo, ele quer sair, talvez, querendo fazer as necessidades.

Alevanto da cama. Vejo uma sombra na janela e ao olhar lá fora vejo que já escureceu, o vulto sumiu. Abro-a e no mesmo instante entra uma brisa fresca no quarto. Me dá uma vontade de olhar as estrelas... esqueço Harris e pulo a janela, me segurando na arvore, e desço.

Meus pés descalços tocam o chão. Parece que faz uma eternidade que não sinto a grama.

De repente ouço um barulho vindo de trás do tronco do enorme carvalho. São folhas sendo esmagadas e galhos quebrando. Vou com cautela até perto da casa e pego um rastel que havia ali. Vou até a arvore. Tem uma pessoa ali.

Estou prestes a atingir o ladrão quando algo se crava nas minhas pernas. Grito e a pessoa percebe minha presença. Algo me puxa e eu caio de cara no chão. Sinto sangue escorrendo, quente, pela minha panturrilha. Olho para ver quem foi que me atacou e vejo Harris. Com a boca toda cheia de sangue e rosnando pra mim.

A criatura atrás da arvore sai a luz da lua e vejo que é uma garota. Está usando uma capa preta com o capuz abaixado, seu cabelos são pretos e extremamente lisos, e seus olhos... são incrivelmente azuis... Assim como os do Harris. Como foi que ele desceu até aqui? Essa deve ser a dona dele. Ela sorri malvadamente pra mim e tira um amuleto de dentro de sua capa. O pingente é uma estrela dentro de um circulo. Um símbolo satânico.

Ela é uma bruxa.

Logo depois desse pensamento vejo estrelinhas e apago.

Acordo em minha cama. Será que foi um sonho? Harris não está comigo. Talvez o jantar tenha sido parte do pesadelo.

Pego uma muda de roupa e vou ao banheiro.

− Dormiu bem?

Que susto! É minha irmãzinha... bom, meia irmã. Ela estava com um pijama rosa floreado, pés descalços e seus cabelos ruivos – herdou da mamãe – estavam espantados. Ela acabou de acordar, é o que tudo indica. Seus olhos são castanhos... Ao que minha mãe tem olhos pretos como os meus...

− Anne? – O que eu posso dizer? As duas são idênticas!

Ela faz uma careta e nega.

− desculpa Katia... é que eu estou com muita dor de cabeça, parece que cai da janela.

− Eu acho que você caiu, olha. – Ela aponta para meus cabelos.

Passo a mão neles e sinto algo. Uma folha. Maus olhos ficam arregalados.

− Caramba! – Souto uma exclamação – não... – penso melhor − Foi só o vento que a trouxe.

Entro no banheiro... vejo que minha calça está rasgada, bem onde o cão me mordeu! Tiro as calças e me deparo apenas com uma cicatriz, mas a marca de mordida ainda está ali. Talvez eu tenha ido lá fora e um cão louco me atacou e agora estou delirando... Mas isso não explica como uma mordida daquelas tenha cicatrizado tão rápido.

Tomo um banho e visto um league com uma blusa cinza de caveira. Ponho um tênis e amarro meu cabelo alto.

Desço até a cozinha. Como cereal com leite, e escovo os dentes; pego uma garrafa de agua, meu celular e meus fones; e saio para uma corrida.

Não vejo Harris em lugar nenhum. Descido passar pela casa dos vizinhos novos.

Uma casa antiga, tipo aquelas dos filmes de terror. Mas está reformada e parece uma clássica. Ela é maior do que a nossa. Tem tijolos cinza avista e um pátio bem grande. É cercada por uma cerca viva. Até que eles têm bom gosto

Mas então, me deparo com uma figura na sacada. Uma garota branquela, cabelos pretos presos num coque, usava um suéter púrpura e uma calça rasgada. Deve ser da minha idade, parece uma adolescente comum. Mas o que me intriga é que ela é idêntica a garota do meu sonho. Mas deve ser tudo loucura minha. Certo?

Errado. Abaixo da sacada há um cão. Harris.

Então temos uma bruxa como vizinha e um cão possuído. Interessante. Acho que está na hora de alguém tomar uma atitude aqui. Uma atitude radical.


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Notas finais do capítulo

Próximo cap.:"Sorrio para ela, e vejo que a garota é uma pessoa boa. Eu é que fui a vilã da história. Mas, se querem saber… eu não gostaria de ser a mocinha. Quero se má. Mas não quero. É como se você quisesse comer cenoura com gosto de chocolate."



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