Eu tinha um jantar marcado está noite com uma velha amiga, estava quase tudo pronto, mas percebi que faltava algo, minhas pulseiras que Fitz havia me dado no nosso primeiro encontro, dificilmente eu as tirava.

Por Deus como eu estava atrasada, mas também não poderia sair sem elas. Fui até o salão oval procura-las. Charlotte não estava em sua mesa então entrei sem bater, Fitz talvez teria ido jantar, jantar uma de suas amantes.

Abri a porta e o cheiro forte de perfume pairou no ar. Fui em direção á uma mesinha, mas não as encontrei, então comecei a tirar as almofadas do sofá para ver se não havia caído por lá.

– Você veio xeretar minhas coisas? - Fitz estava no canto da cortina com um copo de uísque na mão e observando a bagunça que eu estava fazendo.

– Como você foi parar aí? - Perguntei depois que tomei um susto. - Tanto faz. Não, não estou aqui para vigiar você, até onde eu sei Fitz não é mais uma criança, apesar de se comporta como uma. - Parei e o olhei. Eu estou aqui por causa de minhas pulseiras, você as viu?

– Sim, elas estão em cima da minha mesa. - Ele apontou com a mão que segurava o copo.

Segui meus olhos para onde ele havia mostrado e as vi em cima de suas papeladas. E também pude perceber logo atrás da cadeira nossas fotos em Santa Barbara e logo senti uma ponta de decepção.

– Eu lembro quando eu as dei para você. - Ele começou. Você estava tão linda naquela noite. Eu tinha dito para recomeçarmos de uma maneira mais correta, sem envolver política e meu pai no meio. Eu era tão bobo quanto ao meu amor por você, era tudo tão real. E então veio o nosso primeiro filho, me sentia o homem mais sortudo no mundo todo, apesar da existência de Big Jerry entre nós e a doença dele em me tornar o presidente, eu conseguia me sentir bem. Você fazia isso Mellie.

Meus olhos começaram a se encher de lagrimas. Porque ele tinha que lembrar disto logo hoje? Porque ele tinha que tocar nesse assunto?

– Só que depois que Jerry nasceu você mudou - deu uma pausa. Você simplesmente mudou.

– Fitz! - Falei para que ele parasse.

– Você mudou Mellie! - sua voz era de raiva. Não me deixava tocar em você, não queria mais sair junto comigo, estava começando a se distanciar de mim.

Limpei as lágrimas que escorriam por minha bochecha, peguei minhas pulseiras e segui em direção á porta de cabeça baixa. Não poderia trazer aquele passado á tona.

– Eu não tenho mais minha mulher, ela simplesmente se desintegrou dentro dessa dama de ferro que você é e eu nem sei porque. - Ele berrou.

Meu coração começou a doer.

– Você nunca sabe de nada! A dama de ferro pode ter errado, mas você também errou. Não sou a única que tem culpa no cartório, Fitz. - Não pude me conter.

– Então me conte. - Ele começou a se aproximar, ainda com o copo na mão.

As lagrimas estavam querendo aparecer, mas tentei conte-las. Fiquei em silêncio, não sabia o que dizer para ele.

– É isso! - Cada vez mais ele se aproximava. É isso? - gritou. Você nunca me respondeu, como posso ajudar se você não me diz nada. Como Mellie? - Ele me encostou contra a porta, sua mão empurrava a parede com tanta força que pensei que ele a quebraria. Eu podia sentir o bafo de álcool em sua boca com uma dose de raiva.

Ficamos em silêncio por um tempo, eu queria falar, mas não podia, eu queria sair dali, mas não conseguia.

– Sempre foi assim. Você dificultando as coisas.

– Eu... Fitz... - respirei e retomei. Como foi para mim saber que você andava se divertindo entre as pernas de outras mulheres por aí?! Pensa que eu não vi suas olhadas de canto para Amanda Tanner, suas escapadas no meio da noite.

– A questão não é essa Mellie. Mas eu sinto muito. Quando eu chegava em casa eu esperava um beijo seu, um carinho, mas eu não recebia nada disso, nem nos víamos direito. Eu tenho necessidades, eu tinha necessidades...

– E você acha que eu não tinha? - Era tudo tão estupido o que ele havia falado. - A questão não é só você e sim eu. Eu também sentia necessidades, mas algo havia dado errado no caminho antes de minha gravidez até depois.

– Então me diga o que é! - Sua raiva ainda não havia passado e eu sabia o quão aquilo era perigoso de se falar.

– Eu não posso! - Então senti minhas pernas molhadas, Fitz tinha jogado o copo com o uísque no chão.

– Me conte! - Ele ordenou.

– Eu não posso! - Tentei gritar mais alto que ele. - Senti um pouco de dor em uma de minhas pernas, mas não pude verificar porque ele tinha me imprensado mais ainda contra a porta.

Sua respiração era ofegante. Minhas mãos tocaram seu peito, pedindo para que ele se acalmasse.

– Eu sinto muito.

– Mellie... - Ele encostou sua testa contra a minha.

– Eu preciso ir. - Eu o afastei e consegui uma brecha para sair. Eu tropecei, não consegui esticar minha perna quando fui olhar, um caco de vidro cheio de sangue havia perfurado minha coxa. - Fitz? - O chamei e ele logo olhou. - Preciso de ajuda.

– Ai meu deus! Eu sinto muito. - Ele me carregou e me levou até o sofá. Foi em alguma parte da sala e pegou de algum lugar a maleta de primeiros socorros.

– Isso está ardendo muito. Fitz seu idiota. - Eu gemia de dor.

– Ok, eu preciso tirar isso daí, vai doer um pouco.

– Eu sei. Tira logo.

– Senhorita?! - Charlotte abriu a porta com mais de mil depois que ouviu meus gritos.

– Eu estou bem. Ah, Charlotte avisa para Miranda que não poderei jantar, aconteceu um... - Olhei para minha perna e ela logo entendeu.

Quando voltei minha atenção para Fitz ele já estava enfaixando o ferimento - Prontinho - Sorriu para mim e começou a guarda as coisas.

Ele colou a maleta na mesinha e sentou-se ao meu lado. Senti sua mão se espalhar por minha coxa, ele me olhou e em um único movimento me puxou para cima de seu colo e começou a me beijar, e eu correspondi.