iLost escrita por Lab Girl


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Muchas gracias pela calorosa recepção a esta fic. Que a autora consiga manter o interesse e prender a atenção de vocês até o derradeiro capítulo ;)



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Ambos saltaram com o susto e, embora o beijo tivesse cessado, seus corpos ainda estavam próximos. A mão de Freddie, que envolvia toda a cintura de Sam num abraço, permaneceu ali. Na verdade, apenas suas bocas e rostos haviam se afastado. Com o susto, ela tinha levado as duas mãos ao peito dele em busca de apoio.

O estrondo, então, aconteceu de novo, e o clarão que cortou o céu escuro da noite foi inconfundível. Trovões e relâmpago. Sinal de chuva.

“Que ótimo!” Sam suspirou,obviamente frustrada. “Estamos perdidos e agora vai chover!”

Freddie abaixou os olhos para encará-la. Estavam tão próximos que ele podia ver com perfeição cada detalhe do rosto dela... os olhos que brilhavam sob a luz da lua, o narizinho atrevido, os lábios inchados pelo beijo de segundos atrás.

Freddie sentiu uma fisgada involuntária entre as pernas. Engoliu em seco, tentando desviar seus pensamentos daquele rumo perigoso. Mas não foi possível... não com o corpo dela colado ao seu daquela maneira, dava para sentir o calor que emanava dela e até mesmo as batidas apressadas do coração de Sam, a respiração dela ainda levemente ofegante tocando seu rosto.

Freddie tentou desviar os olhos da garota. Mas falhou.

“O que vamos fazer?” a voz dela saiu numa espécie de sussurro.

Sam o encarava, tentando se lembrar das mil razões que tinha para estar furiosa com ele. Ah, sim! O patetão a tinha irritado tanto que começaram a discutir e se perderam dos outros na trilha; ele tinha deixado o GPS cair e quebrar; ele tinha reclamado que ela o empurrara e depois ainda teve a ousadia de empurrá-la de volta! E depois... depois ela tinha perdido a coerência de pensamento ao encostar no peitoral dele... e tudo tinha acontecido rápido demais, com intensidade demais!

Agora ela estava ali, ofegante e ainda meio zonza, mole e indefesa no abraço dele. Essa não era ela, essa não era Samantha Puckett... ou, pelo menos, não era uma faceta de si mesma que ela conhecia. Nunca tinha se sentido tão fraca... e muito menos por causa de um beijo!

Bem, a questão era que não tinha sido um beijo tão simples assim. E quando, em sã consciência, Sam iria imaginar que o Freddinerd beijasse tão – tão! – bem? Eles tinham se beijado antes, alguns anos atrás, era verdade. E, mesmo naquela época, tinha sido uma surpresa para ela como os lábios do garoto eram macios... mas tinha parado por aí - no nervosismo por ser seu primeiro beijo, na leve ansiedade que a tomara naquela hora, e... bem, ela tinha gostado mais do que tinha admitido. Bem mais.

Só que agora era diferente. Não tinha sido um inocente primeiro beijo com gosto de descoberta. Tinha sido uma coisa inteiramente diferente... com gosto de... de necessidade. De uma vontade totalmente incontrolável que tinha tomado conta de todos os sentidos de Sam. E ela sabia, bem lá no fundo da consciência, que precisava recuperar o controle de seu corpo.

Freddie, por sua vez, finalmente conseguiu recuperar a fala. “Acho melhor... melhor a gente procurar abrigo.”

A proximidade e o calor de Sam haviam tirado temporariamente a capacidade de reação dele, mas, com algum esforço, ele conseguiu começar a pensar na situação em que se encontravam – perdidos numa floresta, no meio da noite, e com uma chuva prestes a cair. Ele precisava usar o cérebro em vez de outras partes do corpo naquele momento.

“Abrigo?” Sam recuperou completamente a voz, quase gritando assim que a realidade caiu em sua cabeça. “Abrigo? A gente devia era procurar o caminho de volta! Nem era pra estarmos aqui, eu quero ir embora!” A loira falou, nervosa.

Mas, assim que ela espalmou as mãos no peito de Freddie, que ainda a envolvia pela cintura, na intenção de empurrá-lo e se afastar, ela sentiu novamente aquela mesma estranha sensação de antes... um arrepio. E ela sabia que precisava se afastar dele, era a única maneira de evitar mais confusão, pois tinha sido justamente assim que tudo havia começado.

Sam escapou do braço forte que Freddie mantinha em torno de sua cintura e deu dois passos para trás, quase perdendo o equilíbrio. Ela ainda estava meio zonza e o movimento brusco a fez cambalear. Em menos de um minuto, as mãos de Freddie estavam nas costas dela, envolvendo-a.

“Sam, tudo bem?” ele perguntou, preocupado.

Olhou para ela, assustado. Sam o encarava de volta com os olhos azuis arregalados.

“Eu... eu tô bem, sim. Me solta, Nerd!” ela o empurrou de leve por um dos ombros, passando a outra mão pelos cabelos desalinhados.

“Tá bem mesmo?”

“Para de me perguntar isso se não quiser levar umas bifas, Benson!”

Ele finalmente a soltou, afastando-se alguns passos para trás. Mas Freddie ainda a encarava. E com uma expressão ofendida no rosto, Sam não deixou de notar. Mas por que ele teria ficado ofendido? Àquela altura do relacionamento deles o garoto já devia estar mais do que acostumado com o jeito estúpido dela.

“Eu só queria ajudar, Samantha” Freddie falou, seco. “Você perdeu o equilíbrio, achei que fosse cair. Mas eu já devia saber que você é desequilibrada por natureza.”

“Não provoca, ô manezão!” ela falou, nervosa. “E não me chama de Samantha!”

“Como quiser. Se queria ficar longe de mim, então não devia ter me beijado” ele falou, virando as costas.

Sam sentiu o rosto arder de indignação.

“Ora, foi você quem me beijou, seu maluco!” ela gritou, andando atrás dele.

Freddie interrompeu os passos e virou o bastante para olhar no rosto dela.

“Beijei. E você correspondeu” ele arqueou a sobrancelha daquele jeito característico que ela tão bem conhecia .

Mas, aquele gesto familiar, dessa vez, teve um efeito novo sobre ela... e Sam sentiu o coração pular dentro do peito.

“Não faz mais isso!” ela se ouviu murmurar.

Freddie, então, uniu as sobrancelhas, franzindo-as numa expressão confusa.

“Isso o quê?” ele questionou, e sentiu um sorriso começar a se formar no canto dos lábios. “Beijar você?” perguntou numa voz baixa e provocante.

Sam teve que respirar fundo – e com certa dificuldade – ao ouvir aquela pergunta, e o pior, naquela voz incrivelmente... sexy. ‘Oh, Meu Deus’ , ela pensou, ‘Tô perdida! Em mais de um sentido!

“Não. Estava falando de...” ela sentiu o rosto queimar de novo. “Ah, esquece!” Sam jogou os braços para o alto, olhando o céu onde mais um relâmpago brilhou. “E vai pensando rapidinho num jeito de achar o caminho de volta. Eu quero ir pra casa!”

“Sam, nem que eu quisesse ia conseguir achar o caminho de volta agora. Tá escuro. E, além disso, tô sem o meu GPS, não é mesmo?” ele perguntou, num leve tom acusador.

Ela ignorou a indireta bem direta dele e revirou os olhos. “Não importa. Você ainda tem esse seu cérebro brilhante, use ele pra alguma coisa que presta!”

Freddie sorriu, sem conseguir evitar.

“Então você me acha brilhante” ele murmurou, arqueando levemente uma sobrancelha.

Sam teve outra vez aquela sensação estranha e incontrolável ao vê-lo executar novamente aquele gesto malditamente charmoso demais para o bem de seu auto-controle.

“Já disse pra não fazer isso” ela conseguiu falar, a voz quase se perdendo num gemido apertado.

“Mas, isso o quê?” Freddie questionou, voltando a ficar confuso com aquele pedido dela.

O que a garota queria dizer, afinal? A que ela estava se referindo? Ele tentou entender, mas não teve tempo porque um novo trovão ressoou no ar, seguido de um forte relâmpago.

O corpo de Sam saltou com o susto, o que não passou despercebido aos olhos de Freddie. Tentando conter um sorriso que ameaçava tomar conta de seus lábios, ele se reaproximou dela – mesmo sabendo do perigo.

“Você não vai se aproveitar de mim de novo, Benson” ela falou assim que o viu chegar mais perto, os olhos se arregalando em surpresa.

Mesmo dizendo isso, até a própria Sam percebeu a falta de ameaça e convicção na voz. O que deu motivo a Freddie para sorrir abertamente... um sorriso que se abriu com gosto, exibindo os dentes brancos e perfeitos. E ela teve vontade de socá-lo por isso. E, ao mesmo tempo, de beijá-lo outra vez... ah, droga! Ela estava ficando muito esquisita, muito vulnerável ali, e não gostava nada da sensação... embora, no fundo, fosse inegavelmente boa.

“Não sabia que tinha medo de trovão, Puckett” Freddie disse, rindo.

“Eu não tenho!” ela respondeu na lata.

Um outro trovão, dessa vez longo e bem mais alto, ressoou. E Sam se agarrou aos ombros do rapaz à sua frente.

“Percebi...” Freddie murmurou com gosto, sorrindo enquanto olhava a garota visivelmente assustada amassar sua camisa com as duas mãos.

Os olhos de Sam encontraram os de Freddie. Ele estava tão perto. Outra vez... tentadoramente perto.

Sam tratou de ignorar a leve fisgada que correu pelo seu ventre. Tentou controlar a respiração que começava a ficar agitada e tentou raciocinar com coerência. Mas, com o rosto de Freddie a poucos centímetros do seu, com a respiração quente dele tocando sua face, não conseguiu mais do que sentir as pernas bambearem novamente.

Ela entreabriu os lábios para deixar escapar um suspiro. Freddie se permitiu envolver as costas dela com as duas mãos, pois sentiu o corpo da garota amolecer, como se ela fosse cair. Aquela mesma reação de novo vindo de Sam... ele estava intrigado e definitivamente gostando daquilo. Será que era sua proximidade que a deixava fraca?

O garoto riu mentalmente da própria pergunta. Aquela era Sam Puckett, fraqueza não combinava com ela, por causa dele, então... menos ainda!

Mas, combinando ou não, a questão era que não era a primeira vez naquela noite que Freddie sentia o corpo de Sam amolecer em seus braços e ela quase perder o equilíbrio. Então, só havia uma explicação: ela estava ficando tão abalada quanto ele com aquela aproximação dos dois.

Sorrindo, Freddie experimentou a sensação de poder e desejo se misturarem, tomando conta de sua cabeça. Ele só sabia, naquele momento, que queria beijar Sam outra vez. Muito!

Mas, assim que Freddie inclinou o rosto na direção dela, uma sensação molhada o fez recuar. Ele tornou a sentir algo frio tocando sua bochecha e olhou para a loira a sua frente. Ela piscou, confusa por um segundo... e, então, Freddie sentiu as gotas de chuva caírem, dessa vez mais pesadas e frias, sobre seu rosto.


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