A Árvore Forca escrita por Julius Brenig


Capítulo 1
Capitulo único - A Arvore forca


Notas iniciais do capítulo

A musica da Arvore forca, já é uma bela história em si. Mas e se existisse uma história por trás dela? Uma lenda perdida nos tempo da grande guerra entre Panem e os distritos? Foi por isso que criei essa oneshot. Tomara que gostem tanto quanto gostei de escrevê-la.cliquem no link da música quando chegar ao hiperlink :3



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Há muito tempo, antes mesmos dos distritos, quando nossos ancestrais ainda viviam em Democracia, havia um homem conhecido por sua maldade. Casado com uma belíssima mulher, tal homem não conhecia limites ou leis. Sua mulher, sempre foi contra as barbáries do marido, que até então não passavam de brigas, roubos e alguns ossos quebrados. Apenas o grande amor dela por ele fazia ela suportar essa coisas. Ainda mais, por ele nunca ter tocado num fio de cabelo dela com violência. Sempre muito carinhoso e gentil, mas isso era um privilégio dela. Ninguém, fora os dois, conheciam a face gentil desse homem.

Num certo dia, o homem foi até um bar, logo de manhã. Ele esperava que este estivesse aberto como de costume, mas na porta havia uma placa escrito Reservado. Pela janela, ele pôde ver um homem e uma mulher, sentados em uma das mesas. Os dois portavam lindas e refinadas vestimentas. O homem trajando um terno finíssimo, provavelmente de seda, a mulher, com um longo vestido vermelho. Ao fundo, atrás de um balcão, o dono do bar preparava drinks para o casal. Irritado, o homem começa a bater na porta e gritar:

– Abra já está espelunca! Um homem não pode nem encher a cara? – Impaciente com o sujeito em frente a seu bar, o dono do mesmo foi até a porta e disse:

– Vá beber em outro lugar! O prefeito reservou este lugar e nem todo o seu dinheiro pode cobrir a oferta que ele me fez!

Dizendo isso, o dono do bar fecha a porta com força, deixando lá fora um homem furioso. Junte um cara de pavio curto com abstinência do álcool e crie um monstro. Enraivecido, o homem foi até a sua casa. Ele estava tão cego de raiva que nem percebeu o percurso até lá. Foi até o quarto dos fundos e pegou um galão com gasolina. Sua bela mulher vendo isso, perguntou:

– Aonde vai querido?

– Fazer churrasco. – e saiu porta à fora. Deixando ela preocupada.

Chegando novamente ao bar, o sujeito confere se o prefeito, a mulher e dono do estabelecimento ainda estavam ali. Confirmando isso, ele começa a jogar a gasolina na porta e no chão bem próximo à entrada do local. Espalhou também gravetos, folhas e palha em meio ao líquido inflamável. Depois disso, ele se livra do galão e volta para lá.

O sujeito enfia a mão no bolso e tateia até achar o objeto procurado. Um maço de cigarros. Depois disso vasculha um outro bolso a procura de fósforos. Ele posiciona um cigarro entre os lábios. Pega um fosforo risca-o e acende o cigarro. Após um trago, ele olha pela janela para o dono do bar, que retribui-lhe com um olhar de desprezo. Com um meio sorriso dirigido ao dono do local, ele lança seu fosforo em direção ao chão embebido de gasolina, que logo começa à incendiar. O fogo se alastrou rapidamente pelo bar, já que ele possuía um chão de madeira. Com a ajuda das bebidas inflamáveis, a chama se tornou mais forte. E enquanto o homem seguia rumo sua casa a passos lentos, ele ouvia os gritos das futuras cinzas que iriam compor aquele lugar no dia seguinte.

Chegando em casa, ele não disse nada à mulher, apenas passou o dia com ela sem sair de casa. Eles conversaram, e ele ajudou ela com seus afazeres. O dia foi bem ocupado e os dois foram dormir. O dia seguinte chegou com duas batidas forte na porta. A terceira batida derrubou a porta. Os responsáveis pela invasão era um grupo com vinte pessoas, cidadãos daquela cidade que estava revoltados com aquele homem há bastante tempo. Alguns tinham até rixas pessoais. E a morte do prefeito foi a gota d’agua. Um deles tinha visto o sujeito sair do local do crime, porém, este cidadão estava mais preocupado em apagar o fogo do que pegar o homem.

Desses vinte, dez entraram e espancaram o homem para imobiliza-lo. Sua mulher sem reação e sem saber o motivo, olhava aos prantos o sofrimento do marido. Depois de muito apanhar, o homem ficou inconsciente. Três dos que estavam ali carregaram ele, queixando-se por estarem se sujando com o sangue. Enquanto a multidão seguia, a mulher ia atrás atônita, seguindo por onde quer que eles fossem. Ninguém ligava para a mulher, pois ela não representava nada para eles. Todos queriam apenas o marido. Levaram o homem até uma pequena colina que havia nas redondezas, onde encontrava-se uma arvore com uma corda feita em laço pendurada. A arvore era seca, seus galhos retorcidos eram dignos de um filme de horror. A corda dava um toque sinistro a mais para aquela imagem. Além disso, essa era a única arvore naquele local. Todos a chamavam de arvore forca. Pois foi lá que muitos morreram asfixiados por seus crimes. Já fazia muito tempo que aquela população desejava esse destino ao tal homem.

Primeiro, um dos homens daquela multidão posicionou um banquinho em baixo da corda. Depois, os outros que carregavam ele, posicionaram-no em cima do banco, colocando a corda em volta do pescoço dele. Antes de soltá-lo, deram tapas em sua cara para que ele acordasse e percebesse tudo. Assim que abriu os olhos, o homem quis reagir, mas logo assimilou sua condição e aquietou-se. Olhando ao redor, o réu viu que tinham amarrado um segunda corda aos pés do banco, e assim que puxassem-na, ele já sabia o resultado.

– Este homem – disse um homem que parecia liderar aquele grupo. O homem na forca reconheceu-o de alguma de suas brigas passadas. – É acusado de matar três pessoas queimadas! Sendo que uma delas, era o nosso digníssimo prefeito! Já aguentamos de mais às suas arruaças, roubos e intrigas! Não deixaremos que uma maçã podre destrua toda uma colheita! Já fizemos isso com outros monstros e com esse não será diferente.

O homem que fora condenado a morte, percorreu novamente com seus olhos por todo o local, até encontrar sua mulher que chorava desesperadamente. Ela era a única pessoa com que ele realmente se importava. Ele não podia vê-la chorar. Ele olhou para ela e gritou:

– Fuja! Corra! Saia daqui! Seja livre, pois eu já estou condenado! – a mulher correu e fugiu, mesmo que as lágrimas em seus olhos atrapalhassem-na enxergar o caminho. – furioso o homem dirigiu-se a todos que estavam ali, pois ele ganhou um ódio especial por todos que fizeram sua querida esposa chorar. – Eu amaldiçoo vocês! Todos vocês! Se acham que minha morte fará com que fiquem livres de mim, estão muito enganados. Nem que eu precise voltar do inferno, mas essa cidade nunca ficará em paz!

Com medo das palavras rogadas pelo indivíduo, o homem tinha posse da corda que estava presa ao pequeno banco puxou-a, fazendo com que o banquinho caísse e o homem começasse a ser enforcado. Desesperadamente, usando as mãos, o sujeito tentava afrouxar o laço em volta do seu pescoço. Suas pernas estavam balançando freneticamente, buscando apoio no vão. Sua pele começou a ganhar uma tonalidade roxa. Seus olhos, começavam a se revirar e a querer saltar das órbitas, e quando lhe restou apenas o branco do olho em sua face, sua morte foi consumada. Retiraram o corpo da forca e enterraram ali mesmo na colina, como sempre faziam. A multidão se dispersou e a noite emergiu.

Naquela noite, ninguém da cidade dormiu. Não por insônia. A causa foi que exatamente a meia noite, a cidade foi invadida por altos gritos e lamúrias. O barulho parecia emanar de todos os lugares, e mesmo que tapassem os ouvidos, o sons ecoavam em suas mentes. Depois, esses sons ganharam sentidos. Ameaças, xingamentos, maldições. E foi aí que todos perceberam de onde vinham esses gritos. Muitos dos cidadãos se dirigiram até a arvore forca, e lá encontraram uma silhueta branca com uma forma humana. Em baixo da árvore, o espectro sussurrava suas pragas para todos que estavam ali. Muitos fugiram, outros enfartaram com medo. Uns até diziam que era o próprio demônio.

Longe dali, a mulher do enforcado, ouviu os sons que vinham do espirito. Mas para ela, eles vinham de um jeito diferente. Chegavam em forma de sussurro, de chamado. Ela se sentiu atraído pela voz, e num transe seguiu até lá. Andando num ritmo constante, a mulher passa entre a multidão amedrontada, que haviam chamado até um padre para exorcizar o espirito. Ignorando os avisos do padre para que não se aproximasse, ela seguiu rumo a silhueta branca, o espirito de seu amado.

A mulher tenta tocar no espectro, mas não consegue. Porém, ele lhe entrega um colar. Um lindo colar. Todo prateado, com um pingente de pomba, simbolizando a paz. Enquanto a mulher se deslumbrava com o presente e colocava em seu pescoço, a plateia via o que ele realmente era. A forca. O transe em que a mulher estava não lhe permitia ver a verdade. Dentro do transe, a mulher abraçou o espirito, e os dois começaram a flutuar. Mais uma vez, o público via o que de fato acontecera. Com a corda no pescoço, a mulher subia pelo tronco da arvore, espantando os pássaros que ali ficavam, enquanto achava que flutuava com seu amante. Ao chegar num ponto acima do galho em que a corda estava amarrada, ela pulou. O tranco fez quebrar seu pescoço, e ela se debateu um pouco antes de morrer. Seu rosto logo inchou e ficou arroxeado.

Ninguém teve coragem de retirar o corpo da mulher antes que o dia amanhecesse. Durante toda a noite os gritos continuaram, enquanto o espirito do homem enforcado acariciava a bochecha do cadáver de sua amada sob a arvore forca. Dizem, que a partir desse dia, todos as noites, sempre exatamente à meia noite, um casal de espectros surgia debaixo da arvore forca, mas ao invés dos gritos, eles faziam um sinistro dueto, cantando essa música:

Você, você vem para a árvore
Onde enforcaram um homem que dizem que matou três
Coisas estranhas aconteceram aqui
Não mais estranho seria
A gente se encontrar à meia-noite na árvore forca

Você, você vem para a árvore
Onde o homem morto clamou para o seu amor fugir
Coisas estranhas aconteceram aqui
Não mais estranho seria
A gente se encontrar à meia-noite na árvore forca

Você, você vem para a árvore
Onde mandei você fugir para nós ficarmos livres
Coisas estranhas aconteceram aqui
Não mais estranho seria
A gente se encontrar à meia-noite na árvore forca

Você, você vem para a árvore
Usar um colar de esperança e ao meu lado ficar
Coisas estranhas aconteceram aqui
Não mais estranho seria
A gente se encontrar à meia-noite na árvore-forca

Você, você vem para a árvore
Onde mandei você fugir para nós ficarmos livres
Coisas estranhas aconteceram aqui
Não mais estranho seria
A gente se encontrar à meia-noite na árvore-forca


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Notas finais do capítulo

E aí? Curtiram?? Criticas positivas e negativas serão bem vindas. Se eu deixar algum erro na escrita me avisem. É só isso. Bjos e fui o/