Os Herdeiros da Máfia escrita por Lina Morgenstern


Capítulo 27
Capítulo 25 - Part. 2


Notas iniciais do capítulo

Como prometido.



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POV Elena

— Pai, quem é esse homem? — perguntei em desespero, já fazia tempo que ele só encarava o velhote, na verdade os dois se encaravam. Ninguém dizia nada e aquilo estava me deixando irada. — Ei, acorda! Quem é esse homem e por que ele está usando o nosso brasão?

Meu pai se levantou, mas algo o impediu de ficar ereto, ele colocou a mão no tórax. Bateram nele, tenho certeza disso. Ele ergueu novamente a cabeça e dessa vez sua expressão estava sóbria, tinha raiva, ódio, revolta, tudo o que não tinha antes, ele simplesmente mudou da água pro vinho. Ele passou a mão na cabeça.

— Deveria dizer olá, pai.. — O quê? Pai? Como assim pai? Olhei de um pro outro, estava ali, eu tinha notado a semelhança, mas não tinha ligados os pontos. — era sempre o senhor por trás desse homem? — disse ele apontando o dedo para o Victor.

— Pai? — perguntei, mas não deram muita atenção.

— Sim, meu filho, sempre fui eu — disse Zach Gilbert, meu avô. Ele dizia as palavras com tanta calma e até ternura que me arrepiou — Tudo foi eu, o sequestro da Elena quando ela tinha apenas 3 anos e o de vocês agora. Foi eu que mandei fazer isso.

Meu pai não aguentou o peso ou a dor no corpo e escorregou até se sentar no chão.

— Por quê? — perguntou ele visivelmente decepcionado . — por que nos fez passar por tudo isso?

Por quê? Para você ficar forte, para ser o chefe-líder que tem que ser, para ser um guerreiro — disse ele cheio de veemência, algo que não pertencia a ele.

— Você sequestrou a minha filha, sua neta para me tornar mais forte? — disse ele frustrado e furioso — você acha que fiquei forte? Eu fiquei despedaçado, sem saber se ela estava viva ou morta por 4 anos, 4 ANOS SEU MERDA! Eu só voltei a ter vida no dia que voltei a encontrá-la e você aparece 18 anos depois vivo e dizendo que fez tudo isso para me notar mais forte? Um guerreiro? Quem é você?

Por um momento pensei que ele fosse reagir fulminante, mas não, ele engoliu em seco e deu um sorriso de lado e tristonho.

— Sou seu pai — disse cheio de amor.

Pai? — disse com a entonação levemente ou muito com asco pela primeira vez — Que espécie de pai faz isso com o próprio filho? — falei, tentando de todas as formas não alterar a voz. Não queria gritar e ter que assustar o papai. Sabia que ele estava sofrendo e confuso. — o deixou sem uma filha por 4 anos, o colocou nessa vida quase no braço, pois ele nunca quis entrar nesse mundo, ele sempre deixou claro que ele queria ter uma vida comum, criar os filhos fora disso. — filtrei as palavras. Ele se virou e me olhou de uma forma que eu não entendia, havia tristeza neles — mas agora eu entendo tudo que aconteceu! Perdeu o seu primogênito em um tiroteio na mansão quando ele tinha apenas 2 anos de idade, criou o meu pai pra ser o seu sucessor, mas quando ele atingiu os 17 anos ele disse que não queria e a decepção veio. — olhei para o meu pai, mas ele estava com a cabeça baixa — mas você esperou, espero até os nossos 3 anos, simulou a própria morte, fez o meu pai largar o emprego no escritório e o introduziu na máfia. Até aí eu entendo, mas você já tinha o que queria. Aí que vem a pergunta de 1 milhão de dólares: Qual foi o objetivo do meu sequestro? E não me venha dizer que foi para torná-lo mais forte que nessa eu não cair!

Ele foi até o Victor e disse algo no seu ouvido, colocou a mão na frente para que eu não pudesse ler os seus lábios. Victor saiu e depois de alguns segundo trouxe uma cadeira, e Zach a tomou e se aconchegou nela.

Ele suspirou pesadamente e me cobriu com os seus olhos tão parecidos com o do homem que chamo de pai.

— Sim, querida, você está certa em quase tudo..

— Não ouse me chamar de querida, os únicos que tem tal direto são aqueles que me amam. — atirei cada palavra como fossem adagas.

— Mas eu a amo, eu sou o seu avô — ele sibilou. Mas eu ri sem humor nenhum.

— Eu tenho um avô que me ama sim, ama mim e aos meus irmãos e ele se chama Thomas Pierce. Ele até amo o seu filho — disse — e ele nunca mandaria bater no próprio neto — apontei o queixo para o meu irmão desmaiado e sujo de sangue no chão.

— Esse seu avô não entende a NOSSA lógica, o nosso sistema. — gritou ele, mostrando o seu verdadeiro eu. — como estava dizendo, você acertou quase tudo. Acha que lhe sequestrei por impulso? vou te contar uma história, aos dois — olhou para o meu pai. Ele já tinha se recuperado do choque e estava prestando atenção em tudo — Meu pai foi um dos melhores líderes, resolvia tudo e todos tremiam de medo em citar o seu nome, eu o comparo a você Elena, você tem a mesma personalidade e ousadia dele. — olhou para mim.

“Éramos quatro filhos, mas o primogênito sumiu quando tinha 5 anos. Meu pai pelo que ele me disse ficou louco, revirou o mundo atrás do filho, foi do céus ao inferno atrás dele, ou de qualquer miserável pista. O encontrou 5 anos depois, com uma família Búlgara que estava passeando por Veneza; era até uma família dando aos tempos boa financeiramente. Andon Vercelli, foi o nome dando pela família adotiva; com 10 anos ele já entedia as coisas, já sabia com quem ele queria ficar e ele escolheu ficar com a família adotiva e o meu pai enlouqueceu disse que iria trazê-lo por bem o por mal, mas um tempo depois, a família adotiva ligou para o meu pai dizendo que o Andon tinha sido encontrado morto com um tiro na cabeça no próprio quarto. Como não tinha mais o primogênito, meu pai teria que escolher um três filhos que restaram e ele escolheu a mim, concordei a principio, mas depois de um tempo ele começou a ficar louco e me contou que tinha conversado com o meu avô e me contou que foi ele que sequestrou e matou o próprio neto, não acreditei claro, pois ele estava morto há anos e nesse dia eu recusei a cadeira e no mês seguinte, meu filho mais velho, Valentim foi sequestrado e no mesmo mês o meu pai morreu e me deixou uma carta que só poderia abrir quando assumisse a cadeira definitivamente e assim fiz, quando o li a carta, ele dizia tudo que fez, ele escreveu que a única maneira de eu assumir a cadeira, era que eu precisava de um estímulo, precisava de vingança e por isso ele sequestrou o meu filho e sumiu com ele no mundo. Ele me preparou para assumir, mas nunca demonstrei interesse, assim como você, meu filho. Ele também disse que a linhagem Gilbert tinha que ser mantida e nunca outro sangue diferente deveria assumir o que era nosso. Ele disse que todos os lideres precisavam de algo para lutar e buscar: Vingança!

Olhei atônita para ele, meu bisavô era doente e enlouqueceu pela morte do filho que foi brutalmente assassinado pelo próprio avô e depois ainda sequestro o neto. Nossa, que história hein.

— Ainda não consigo entender onde é que eu entro exatamente nisso. Meu pai assumiu a cadeira... POR QUÊ ME SEQUESTROU? — não aguentei e gritei com ele — quando você “morreu” ele disso que iria assumir, pois não tinha ninguém da família para assumir, os únicos que tinham eram mulheres. E naquela época convenhamos as meninas estavam mais preocupadas em arranjar um marido que assumir uma organização criminosa. — esbravejei ciente que estava fazendo pouca da sua história.

— Não.. não.. — papai repetia sem parar. Então ele parou e me olhou, seu olhar passou por raiva, medo e por fim arrependimento. — Eu não iria assumir a cadeira definitiva, eu iria passá-la para o Conde. — surpreendeu ele em dizer tais palavras. Sabia que ele não queria, mas não sabia que ele iria desistir — Eu até tinha conversado com Lúcio sobre o assunto, ele era seu braço direito, eu iria demiti-lo como o protocolo diz, mas achei melhor ter alguém antigo por perto. Foi ele que disse a você sobre a substituição, foi ele que o ajudou a sequestrar a minha filha.

— Sim. Protocolo 03 se não me engano. Qual é o procedimento de quando assumimos a cadeira? — perguntou Zach com certo tom atrevimento.

— Devemos banir a todos que eram leais ao último líder, principalmente os braços direito. — respondi no automático. Agora entendo tal protocolo. Lúcio nunca seria leal ao meu pai, como era para o Zach, principalmente se ele estivesse vivo, o que foi o caso. Ele sabia que meu avô Zach estava vivo e informava tudo que se passava no começo da gestão do meu pai, ele o ajudou a simular a sua morte, a me sequestrar e sabe lá mais o quê.

Então no final terei que me livrar de Olavo? O homem que me viu crescer, não só a mim, mas meus irmãos também.

— Exato. Esse foi o seu erro, deixou o homem leal a mim ao seu lado. Todo futuro líder deve fazer isso. — sibilou — São protocolos, é pra isso que eles existem, para ser seguidos.

— Tudo bem. Nos contou a sua história, agora nos conte o motivo dessa palhaçada toda e principalmente pra que diabos eu estou acorrentada? — disse erguendo as mãos — to começando a ficar irritada com esse troço do meu pulso.

Ele e Victor se entre olharam e senti que agora vinha a pior parte.

— Você não está com essas algemas à toa, Elena. Isso.. são para nos proteger, nos proteger de você. — começou Victor. Os olhei incrédula, eles estavam como medo de mim?

Sem o que dizer comecei a rir, mas dessa vez foi sem sacarmos, fiz por pura vontade.

— Isso foi a coisa mais patética que eu escutei — os encarei e depois olhei para o meu pai, ele parecia melhor e aquilo me tranquilizou. Recuperei-me da crise e voltei a olhá-los — mas prossigam.

— Esse segundo sequestro não foi para trazê-los até a mim apenas para contar a história da nossa linhagem ou sobre os sequestros dos vários primogênitos..

Franzi o cenho. Foi ali que notei a frequência disso.

— Fala logo que uma vez velhote — interrompeu John impaciente.

Cum duce mortuo alius eiusdem stirpis curam suscipere. Donec cursus ipsum perdat et nova exsurguntcitou” — citou o verso de posse que todo líder-chefe recém assumido deve dizer quando assume a cadeira definitivamente. — Frase de iniciação. Vocês sabem o que isso significa?


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