Eu Não Sou Esse Tipo De Garota escrita por Emma Humphrey


Capítulo 1
O Tipo Quase Certo




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Este era seu último ano do colégio. Entrar na universidade, ser presidente do Conselho estudantil e passar todos os dias com sua melhor amiga era tudo o que Emily havia planejado.

Ela sempre foi estudiosa, a melhor da classe. Não era o tipo de garota comum De Rosewood Day, pois se preocupava muito com sua reputação. Talvez até demais. Então, para sua surpresa, no início das aulas, uma caloura a reconhece por tê-la

Tido como babá anos atrás. Desse reencontro surgirão muitos acontecimentos em que Emily será obrigada a fazer difíceis escolhas para os dilemas de sua vida no ensino Médio, como qualquer adolescente. Seu último ano será repleto de decisões,

Indecisões, julgamentos e paixões, tornando-se inesquecível. Seus planos sofrem uma Reviravolta e sua vida fica de pernas para o ar, tudo o que ela não desejava inicialmente.

[...]

O primeiro dia do meu último ano do ensino médio, passei por acaso em frente ao auditório durante a reunião de orientação aos calouros. Dava para ver o brasão de Rosewood Day, gravado nos vitrais das duas enormes portas de madeira e uma delas estava aberta. Lá dentro, havia apenas o número de alunos necessário para ocupar somente as

Primeiras fileiras dos assentos duros e desconfortáveis, e o vazio davam ao lugar um ruído oco que com certeza fazia com que os calouros se sentissem ainda menores e mais impressionados.

Foram necessários apenas três minutos para me dar vontade de gritar.

Na minha visão de veterana, a orientação aos calouros é uma perda de tempo colossal. Ou, pelo menos, a maneira como a escola a faz é, forçando os alunos novos a repetir palavra por

Palavra o Manual de regras de Rosewood Day, todos ao mesmo tempo, sob a orientação do conselheiro mais próximo da morte. Não havia muitas cosas ruins no Manual de Regras de.

Rosewood Day. Era praticamente uma repetição de nãos, desde "não usar telefone celular durante o horário escolar" até "não correr em ritmo impróprio pelos corredores". Mais da

Metade dos alunos lutava para ficar acordada, enquanto o restante se concentrava em sutilmente, ou não tanto, examinar um ao outro. Se fosse por mim, as coisas seriam bem diferentes.

Em primeiro lugar, separaria a orientação dos calouros por gênero. Para os garotos, Apenas uma apresentação simples, feita no máximo em dez minutos. Na verdade, seria bem

Provável que a reunião de apresentação fosse cancelada e eu apenas entregássemos um comunicado. Pois havia somente três coisas a fazer para que um garoto vivesse uma experiência de sucesso

No ensino médio: fazer à lição de casa, usar camisinha (para o caso de se dar bem) e passar desodorante nos sapatos de couro da escola todas as noites, pois os suores dos pés junto com as meias de poliéster têm um efeito inacreditável no nível de popularidade.

Obviamente, as coisas seriam mais complicadas para as garotas.

Faria uma orientação no estilo daquelas palestras sobre dirigir embriagado que assustam logo de cara, em que os policiais estacionam um carro destruído no gramado da escola e um palestrante conta como matou acidentalmente seu melhor amigo ao voltar para casa depois de

Uma festa. Exceto que, em vez de comentar sobre os perigos de dirigir embriagado, arrumaria um palestrante que falasse francamente sobre o perigo dos garotos do ensino médio.

Conheço uma garota que seria perfeita para isso. Ela estava na minha classe no primeiro ano. Era legal. Amigável até mesmo com os alunos esquisitos. Popular, mas não a ponto de deixar os

Demais enciumados, e bonita de um jeito que facilmente passaria despercebida. Poucas semanas após começar o ensino médio, pagou o preço da popularidade. Arrumou um namorado.

Mona Vanderwaal tinha quase o dobro de personalidade de qualquer outra caloura — uma coisa intimidadora até ser vista se enfiando em um fusca azul-bebê enferrujado, caindo aos pedaços que ela amava mesmo

Assim. O namorado dela era um veterano com notas péssimas, bons dentes e ocupava uma posição boa no time de futebol da escola, dava ótimas festas. Tirando as notas ruins, as quais eu julgo horríveis. Ele era um tesouro para qualquer garota, de qualquer ano,

Especialmente para uma caloura, como Mona Vanderwaal, que queria popularidade. Eles se conheceram na enfermaria — ela com enxaqueca, ele alardeando um enorme corte de papel na esperança de fugir da aula de espanhol II. No fim da semana, já eram um casal. No fim do mês, eram o casal.

É claro que tinham intimidade. Mas ela ia com calma, preferindo trocar beijinhos doces durante caminhadas sobre as pilhas de folhas secas de outono em vez de partidas de luta livre quase sem roupa no apertado banco de trás do carro de Noel Kahn.

No aniversário de dois meses de namoro, Noel pediu que ela cabulasse a aula de álgebra para encontrá-lo no vestiário masculino para uma comemoração secreta. Mona era o tipo garota que jamais havia

Feito algo do tipo, mas parecia uma ousadia divertida e excitante. Embora nenhum dos dois ainda tivesse dito "Eu te amo", ela sentia isso toda vez que Noel entrelaçava seus dedos aos dela. Uma semana antes, depois de tomar suas primeiras três cervejas em uma festa, ela quase

Deixou escapar. Mas decidiu guardar para uma ocasião especial: o aniversário de dois meses. Depois de olhar por trás dos ombros, a garota entrou de fininho no vestiário masculino e foi na ponta dos pés até a última fileira de armários. Noel a cumprimentou com um sorriso. Um pouco depois, antes mesmo de dizerem "oi", já estavam se beijando.

Parecia que o uniforme escolar dela tinha sido feito sob medida para um encontro apressado como aquele. As mãos dele deslizavam por ela toda.

Todinha.

E pela primeira vez no relacionamento deles, ela não se preocupou com o local que as mãos percorriam. Era romântico e sexy, e tudo dentro dela estava derretendo. Noel era mais

Experiente nessas coisas, e ela finalmente permitiram-se curtir o momento. Eles teriam ido até o fim se estivessem no quarto de Noel, ou até mesmo em seu carro. Mas estavam no vestiário fedorento e o fim da aula de ginástica estava se aproximando. E a cada passo ouvido, assobio ou até mesmo um ruído animado que penetrava no ambiente, o perigo de ser descoberta invadia a névoa de insensatez da garota.

— Não posso — ela disse subitamente. — Não aqui. Não agora.

Noel tentou convencê-la com palavras, com beijos. Mas agora ela não estava mais se derretendo por dentro, pelo contrário. Afastou-se da boca de Noel e disse que era melhor voltar para a aula. O rapaz ficou muito desapontado — uma postura familiar em seus últimos encontros, só que um pouco mais enfática dessa vez. Ele implorou que ela ficasse. Afinal de contas, ela mal

Havia tocado nele e ele estava muito excitado. Nada mais justo do que terminar o que haviam começado certo?

Ela insistiu que tinha de voltar à aula de álgebra. Suavemente. Desculpando-se. E Quando percebeu como Noel continuava chateado, inclinou-se para beijá-lo. Um beijinho na ponta do nariz, para deixar tudo bem. Ela sentiu três palavras querendo sair de sua boca, prontas para serem ditas.

Mas Noel virou o rosto.

A garota se sentiu mal ao voltar apressada para a aula. Sentiu-se ainda pior depois dela, quando viu alguns rapazes tirando sarro de Noel perto da árvore dos fumantes. Ele foi para o carro sem nem mesmo acenar para ela com a cabeça.

A garota não sabia que a incapacidade de Noel de não transar com uma caloura tinha se tornado a piada do momento. Uma responsabilidade social. Até mesmo o próprio Noel brincou sobre

Isso durante semanas, pensando que seus amigos iam dar um tempo se ele participasse da brincadeira. Então, ele reclamava por "ficar na mão" após levá-la de carro para casa, ou imitava estar transando com a porta do armário, zombando da própria frustração depois que a garota o.

Abraçava de manhã ou enquanto estavam no pátio. Coisas assim. Mas a participação de Noel apenas incentivava os comentários dos demais. A provocação ficava cada vez menos engraçada

E cada vez mais pessoal. Foi um dos amigos de Noel que sugeriu o namoro no vestiário. "Use o aniversário", disse o cara. "Não tem como dar errado". Para Noel, todo mundo na escola estaria com os olhos

Grudados no relógio durante a quinta aula. Todos esperavam que ele conseguisse. E quando apareceu decepcionado, inventou uma desculpa que o isentava totalmente de culpa. Quando a garota chegou à escola no dia seguinte, os sussurros a atingiam como flechas

Envenenadas em suas costas. Garotos que tinham sido gentis com ela em festas e veteranas que tinham acabado de aceitá-la no grupo agora pareciam distantes e reticentes. Até mesmo alguns de seus próprios colegas, aqueles que ela havia ajudado a adentrar no exclusivo mundo escolar

Superior, de súbito passaram a ignorá-la. Ela não conseguia entender. Pelo menos não até ver Noel, que olhou na outra direção, enfatizando sua culpa, para que não tivesse de falar com ela.

Em seguida, por onde ela passava, todos começaram a fungar. Sempre que ela is para qualquer lugar, alguém fungava. Não parou para pensar no assunto. Zero tempo frio estava no ápice. Mas a ação ficava se repetindo. Funga. Funga. Funga. Onde quer que ela estivesse...

Ela só percebeu o que estava acontecendo na hora do almoço, quando um dos amigos de Noel foi até o quadro branco e escreveu o nome dela ao lado da entrada de iscas de peixe.

"Ela me deu nojo", imaginava Noel dizendo. "Quase morri de rir, ela fedia tanto." Tão idiota. Tão impensado. Tão mentiroso. Mas foi a gota d'água. Chega. Era o fim. Para ela era o fim.

A onda inicial de provocação foi diminuindo depois de alguns meses, como qualquer outra frase de slogan de efeito. Noel nunca se desculpou. Talvez tivesse limpado a consciência admitindo para alguém que tinha apenas feito uma piada ridícula, mas ele não disse nada à garota. E outra pessoa passou a ser alvo das fofocas quando uma novata supostamente

Participou de um ménage à trois1 no chuveiro da casa de seus pais com dois colegas de classe de Noel.

Mas para a garota aquilo provocou mudanças. Em forma de andar, na freqüência com que levantava a mão na classe, no que ousava colocar em seu prato no almoço. Ela nunca mais foi à mesma novamente. Não mesmo.

Era a isca de peixe.

É por isso que confiar em garotos era igual a beber e dirigir. Claro, alguns correm o risco. O fato de se tomar uma ou duas cervejas nunca parece perigoso no começo.

Mas, para mim, era óbvio: por que alguém iria querer correr o risco?

Então, era isso. A orientação tinha de ser algo desse tipo. Tínhamos de informar coisas úteis em vez das regras de manutenção de armário. Ouvir uma história como essa era tão importante quanto saber seu tipo sanguíneo, ou se você é alérgico a picadas de insetos.

Era o tipo de informação que poderia salvar a vida de uma garota.

E eu, bem só tenho uma coisa a dizer. Eu não sou esse tipo de garota


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