Pé na Estrada escrita por Colecionadora de Palavras


Capítulo 1
Viajando para as Estrelas


Notas iniciais do capítulo

"A felicidade não está na estrada que leva a algum lugar. A felicidade é a própria estrada."
Bob Dylan



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Naquela tarde eu não liguei para nada, e não deveria mesmo ligar. Levantei e deixei minha cama bagunçada, meus cabelos despenteados e as janelas abertas. Peguei aquela minha blusa que tinha uma mancha de tinta, e a vesti, descendo os degraus correndo, trancando a porta da frente, apressada. Peguei o carro e sai, sem nem mesmo parar para ver se havia deixado algo importante para trás.

Eu não levei dinheiro, nem maquiagem, nem uma roupa mais formal, caso houvesse alguma emergência. Na minha mochila no banco de trás havia apenas refrigerante, alguns salgadinhos e um livro daqueles que se pode ler em todas as horas.

Passei na casa do meu melhor amigo, e juntos pegamos a estrada, ouvindo algumas musicas do Ray Lamontagne, que tanto adorávamos. Não tínhamos planos. Nem mesmo um lugar para ir. Fomos apenas seguindo aquelas linhas amarelas na estrada. Ele tirava algumas fotos minhas enquanto estava distraída, e aquilo me deixou irritada no começo, mas depois me entreguei à felicidade do momento, e me permiti gargalhadas e sorrisos.

Às vezes passávamos por alguma fabrica importante, e víamos pessoas de terno com suas pastinhas pretas passando ao nosso lado, e acenávamos para elas sorrindo. Algumas sorriam e acenavam de volta, e outras apenas nos encaravam até desaparecermos na estrada. Chega a ser extremamente monótono os dias de hoje. É mesmo triste e insano.

O céu começava a se avermelhar, e o sol a se arrastar para longe de nós. Os pneus continuavam rodando, como se, em uma tentativa inútil, tentássemos ir embora com o sol para bem longe. O que não sabíamos, era que a noite também pode ser muito bonita e acolhedora. Mas também aprendemos isso.

O sol se foi, e resolvemos parar o carro no acostamento de uma estrada vazia e escura. Apagamos ou faróis e saímos do carro. O céu estava acordado. As estrelas, bolas de energia a milhões e milhões de anos luz, pareciam estar tão perto, que por um momento pensei que realmente pudesse toca-las. E a lua seria nosso sol.

Entregamos-nos ao silencio, para contemplar com nossos olhos o que nem mesmo as palavras seriam capazes de explicar. E, naquele momento, eu não pensei no depois. Não pensei em quando voltaria para casa, em como seria o trabalho na segunda, em como eu tinha tantas coisas a fazer, naquele momento, eu apenas olhei as estrelas. Por um segundo eu pude jurar que, aquilo jamais iria acabar. E eu realmente não queria que acabasse.


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