O Herdeiro do Titã escrita por Rodrigo Kira


Capítulo 8
Ocupo o antigo quarto de uma múmia.


Notas iniciais do capítulo

Fala, galera do Nyah! Fanfiction! Como estão? Curtindo as férias? Ansiosos pro Natal?
Primeiro, me desculpem a demora pra postar, mas só ontem às duas da manhã que eu consegui terminar o capítulo 13. Então aqui está o capítulo 8, como prometido.
Pra quem não lembra muito e não quer ter que voltar nos capítulos anteriores, vamos recapitular.
David foi levado para o Acampamento Meio-Sangue, onde descobre que é um semideus e conhece Percy, Jason, e todos os outros. Um dia, ele conhece Lucy Honesun, filha de Apolo e marca um encontro com ela. Na mesma noite, Leo Valdez, que todos pensavam estar morto ou pelo menos desaparecido, volta ao Acampamento com Festus e Calipso. Mas a alegria dura pouco, pois David é marcado por uma ampulheta com uma foice. O que isso pode significar?



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Eu estava tão confuso, que não entendi nada que acontecia ao meu redor. Lembro de um monte de gente querendo me apontar espadas e flechas, algumas pessoas gritando palavras que eu não lembrava o que significavam, como “traidor” ou “arranquem a cabeça dele”. Depois, lembro que um grupinho ficou na minha frente, pra tentar segurar a bagunça. Aí, alguma coisa acertou a minha cabeça com força, e eu apaguei.

Quando acordei, minha cabeça doía tanto que achei que tinham rachado meu crânio ao meio. Estava de olhos fechados, mas ouvi pessoas conversando.

– O que isso significa, Quíron? – acho que era Jason. – Eles não... tipo, não faziam essas coisas, certo? Digo, com mortais?

– Não, Jason. – disse Quíron. – Só os deuses se relacionam com os mortais.

– Mas então como pode existir alguém como David? – essa voz, sem dúvida, era de Piper. – E será que existem outros como ele?

– Eu não sei, Piper. – respondeu Quíron. – Nunca vi nada assim, mesmo sendo filho de um titã.

Gemi de dor e tentei me levantar. Só a tentativa de mover me causou uma vertigem tão forte, que achei que fosse vomitar.

– Ele acordou! – Jason exclamou, me segurando, antes que eu apagasse novamente. – Vai com calma, cara. Você levou uma pancada feia.

– Onde estou? O que aconteceu?

– Na enfermaria da Casa Grande. – disse Piper. – Alguém do chalé de Ares te acertou com o punho de uma espada e você desmaiou. Tentamos impedir o resto dos campistas de empalharem a sua cabeça, até que Quíron chegou e conseguimos te trazer pra cá.

– Percy e os outros ainda estão lá fora tentando impedir um pessoal de invadir e tentar te matar.

– Mas eu não entendo. Lembro de ter conhecido Leo e Calipso... aí tudo ficou com cores estranhas e... tinha alguma coisa em cima de mim... – parei de falar, porque minha cabeça voltou a doer.

– Calma, David! – disse Piper. – Não se esforçe demais.

Quíron se aproximou de minha cama.

– David, você foi reclamado.

Eu me lembrei. Sempre que um semideus é reconhecido por seu pai ou mãe divina, surge um sinal que o representa e que nos marca oficialmente como filhos de algum deus.

– E... quem é?

Jason e Piper se entreolharam. Quíron respirou fundo, como se pensasse na melhor forma de me contar.

– Quíron, melhor falar de uma vez. – sugeriu Jason. Quíron assentiu.

– David, você foi marcado por uma ampulheta com uma foice. Você foi reclamado por... Cronos, o senhor do tempo.

*****

A ideia não entrava na minha cabeça.

– Eu sou... filho de Cronos? Tipo, o titã Cronos? O cara do mal? – eu disse, meio chocado, meio apavorado. Ainda bem que eu estava em uma cama, ou teria desabado.

– Não exatamente um “filho”. – disse Quíron. – Mas há algum tipo de ligação entre vocês.

Minha cabeça estava uma completa bagunça. Ainda maior do que a vez em que vim para o Acampamento Meio-Sangue, há alguns dias atrás. Eu estava ligado a Cronos? Não me admira que os outros campistas me quisessem morto. Era tudo tão aterrorizante que fiquei sem ar e minha cabeça doeu cada vez mais.

– Aqui, néctar para emergência. – disse Jason, oferecendo um copo com um líquido estranho dentro. – Não beba tudo de uma vez. Vá aos poucos, até se sentir melhor.

Assenti e dei um pequeno gole. O gosto foi... estranho. Começou muito bom, e parecia suco de maracujá geladinho. Minha cabeça não doía mais. Só que o gosto do final era horrível, como se eu estivesse bebendo ferro líquido. Tossi, tentando me livrar do gosto.

– Que droga foi essa?! – exclamei.

– Algum tipo de “reação adversa”. – supôs Quíron. – Néctar e ambrosia são alimentos dos deuses. Talvez, para titãs e qualquer um relacionado a eles, a comida não tenha um gosto muito bom, mesmo que possam comer.

Maravilha. Não só os campistas queriam acabar comigo, como a comida dos deuses podia ser veneno pra mim. Obrigado, Cronos. Realmente, aprecio muito o quanto você se importa comigo.

Ouvimos passos no corredor. Era Nico.

– A multidão está sob controle, agora. – disse ele. – A mair parte dos campistas desistiu de tentar entrar, depois que Leo ameaçou fazer “cortes de cabelo por incineração”. Ainda há uma agitação, principalmente por filhos de Ares, mas dá pra segurar.

– Mas e agora, Quíron? Pelas regras do Acampamento, David não pode ficar em nenhum dos chalés, já que não é filho de um deus. – disse Jason.

– E quem liga pra isso?! – exclamou Piper. – Não podemos, simplesmente, deixar que o povo lá fora dê cabo dele!

– É, eu realmente odiaria isso. – falei, passando um dedo na garganta, como se fosse uma faca. – Tipo, morrer nas mãos deles. Nada legal.

– E se David ficar em algum dos chalés que tem poucos moradores? – sugeriu Piper. – Como o de Zeus ou de Hades?

Jason e Nico consideraram a ideia por um minuto.

– Não sei se daria certo... – disse Jason. – Nada contra você, cara, mas acho que se tentar entrar no chalé 1, meu pai pode muito bem querer lançar um raio e te transformar em torrada.

– Jason tem razão. – falou Nico. – E não só com os Três Grandes. Duvido que qualquer deus permitisse a entrada de David, agora que todos sabem que ele tem relações com Cronos.

– Eu não tenho relação nenhuma com ninguém! – explodi. – Não sou filho de Cronos, ou qualquer coisa assim! Não posso ser!

Minha cabeça voltou a doer, e me deixei cair no travesseiro.

– Muito bem, então. – disse Quíron. – Até esclarecermos o que está havendo aqui, David irá dormir no sótão da Casa Grande. Podemos levar uma das camas da enfermaria para lá.

E assim foi. Logo depois que me recuperei, eu, Jason e Percy tínhamos levado uma cama para o andar de cima, onde eu passei a ficar na maior parte do tempo. Percy me contou que era lá que costumava ficar a múmia do último Oráculo de Delfos, que dava profecias aos semideuses que saíam em missões. Morar no ex-quarto de uma múmia... que ótimo.

Por alguns dias, eu não queria sair de lá. Ainda podia sentir os olhares frios dos outros campistas, sempre que olhava pelas janelas do sótão. Percy e os outros vinham me ver, de vez em quando, e eu era muito grato por isso. Mas estava óbvio que eles ficavam tensos perto de mim.

Curiosamente, minha visita mais comum era a de Leo.

– E aí, garoto-titã? Como vai essa força?

– Não me chame assim.

Leo percebia quando eu não estava para brincadeiras.

– Sabe, Jason me contou sobre você. Somos meio parecidos, você e eu.

– O que quer dizer?

– Meu pai é Hefesto, então eu não o vejo sempre. Deuses não são o tipo de pais que vão a reuniões de pais e professores.

– E... a sua mãe?

– Ela morreu. Em um incêndio, quando eu era pequeno.

– Sinto muito.

– É, todos sentem. Mas ela está em um lugar melhor agora. Depois que ela se foi, eu também fui adotado. Várias vezes. Nunca deu certo, até eu vir para cá. Então, eu sei mais ou menos pelo que você passou.

Olhei para ele, agradecido. Eu mal o conhecia e ele já estava sendo um amigo incrível para mim.

– Obrigado, Leo.

– Relaxa. Mas posso dar um último conselho do Sábio Mestre Leo Valdez?

– Por favor, seria uma honra. – eu disse, irônico.

– Saia desse sótão.

Achei que não tinha ouvido bem.

– Como?

– Sabe, David, quando eu era criança, o que eu mais fazia era fugir dos meus problemas. Era mais fácil do que encará-los. Pelo menos, até você não aguentar mais correr. Nessa hora, seus problemas se tornam enormes, e esmagam você.

– Se está querendo me animar, tá se saindo muito bem.

– Que bom. Só estou dizendo que eu cansei de fugir. Não podia fazer isso para sempre e tem problemas dos quais você não pode simplesmente escapar. Então, quanto antes enfrentá-los, melhor vai ser.

Eu queria mandá-lo calar a boca. Mas sabia que Leo estava certo. Eu estava com medo. Medo dos outros campistas. Medo de perder os amigos que tinha feito até ali. E, acima de tudo, medo de saber quem eu era.

Leo se levantou de onde estava sentado e me estendeu a mão.

– Então... vamos dar o fora desse lugar velho?

Não pude conter o sorriso. Aceitei a mão de Leo, que meu puxou para me levantar. Deixei aquele sótão e qualquer insegurança para trás.


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Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam? Terrível? Incrível? Podia melhorar? É só comentar! Se curtiram, não esqueçam de marcar como favorito ou de acompanhar a história.
Vou começar a escrever o capítulo 14 e quando terminar, mando o próximo capítulo pra vocês!
Aquele abraço!