O Herdeiro do Titã escrita por Rodrigo Kira


Capítulo 22
Um CDF metido e um surfista Maluco Beleza.


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente! Sim, eu sei que demorei pra postar outra vez. E sim, sei que prometi que tentaria postar mais rápido. Mas é que estou em um semestre particularmente trabalhoso na minha graduação e mal tenho tempo pra mim, quem dirá pra escrever.
Mas tenham certeza de que eu vou terminar essa fic e não vou largar vocês. Peço apenas que tenham paciência =]
Bem, recapitulando rapidamente, David e os outros chegaram à Casa dos Imortais e se depararam com outros Herdeiros de Titã, que querem que o garoto vá até o último salão da Casa. Decididos a descobrir os planos dos titãs e mandarem tudo pro água abaixo, o grupo segue pelos salões, encontrando um herdeiro por quarto. Com isso, eles são forçados a deixar um companheiro para trás para que o resto do grupo siga em frente. Leo e Jason já estão combatendo os Herdeiros Jack e Peter. Quem serão os próximos?



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Leo estava em uma briga com contra o mais jovem maníaco homicida do planeta, literalmente candidato a “Jack, o Estripador”, e Jason lutava contra um adolescente militar tagarela e eternamente mal-humorado. Ainda restavam outros quatro herdeiros pela frente e me perguntava se eles seriam tão estranhos quanto Jack ou Peter.

– Certo, vamos indo. – Percy disse, puxando o grupo para frente. – Se a gente ficar demorando, Leo e Jason podem não conseguir ganhar mais tempo.

– Espera aí, Percy! – exclamou Annabeth. – Não podemos ficar avançando assim, sem termos um plano. Fizemos isso durante a missão inteira e eu não aguento mais!

Percy encarou a namorada, como se ela estivesse maluca.

– Você quer pensar em um plano agora? A essa altura do campeonato? Só pode estar de brincadeira!

– Eu sou obrigado a concordar com o Percy. – falei. – Não temos tempo pra pensar agora.

– Não percebem o que está acontecendo? – ela retrucou. – Estamos sendo separados um por um. Dividir para conquistar, uma das estratégias mais básicas da história!

Como filha da deusa da sabedoria e da estratégia em batalha, Annabeth sabia do que estava falando, isso eu tinha que admitir.

– Isso pode ser, mas eles também estão dividindo suas forças. – retruquei. – O objetivo deles não é nos derrotar, mas sim que eu faça algo no último salão.

Annabeth me encarou como se eu tivesse chamado a mãe dela de um monte de coisas nem um pouco educadas. É claro que ela estava furiosa comigo, afinal ela estava assustada. Dava pra ver o medo no fundo dos olhos cinzentos dela. E você não precisa ser um gênio pra saber que o medo pode atrapalhar a capacidade de pensar de forma lógica. A forma de Annabeth pensar.

– E você, David?! – Annabeth exclamou. – Como consegue não estar com medo?!

Hesitei antes de responder.

– Estou morrendo de medo. – e era verdade. Enfiei as mãos nos bolsos, em uma tentativa frustrada para que parassem de tremer. – Afinal, eu sou a causa de todo esse problema. E justamente por isso estou me forçando a encarar o meu medo.

Me virei e segui andando para a próxima porta.

– E sabe, Annabeth? – eu chamei. – Na verdade, estamos usando um belo plano também.

– Estamos? – perguntou Lucy.

– É. Eu sou a chave para os herdeiros de titã, e vamos usar isso contra eles. Não é uma boa estratégia? – voltei a encarar meus amigos.

– David tem razão, Annie. – disse Percy, segurando a mão de Annabeth. – Várias vezes a gente já achou que era o fim e mesmo assim demos um jeito. Por que agora seria diferente?

Talvez Percy estivesse me dando mais crédito do que eu merecia, mas parece ter funcionado para Annabeth. Ela respirou fundo e parecia mais determinada do que antes.

– Tá... Vamos nessa... – ela disse.

– Passar por essas portas... – continuou Lucy.

– E estragar a festa deles. – juntou Piper.

Me voltei para a porta à nossa frente e a abri.

*****

Por um segundo ou dois, achei que fosse ter um ataque. Livros sempre foram uma dor de cabeça pra mim, por conta da dislexia, mas eu nunca tive que encarar mais do que uns cinco ou seis por aí. Agora, aquele quarto estava realmente me deixando enjoado! Livros por todo lado! E de todos os assuntos, e tamanhos que se possa imaginar.

Tentei desviar o olhar das estantes, antes que eu perdesse a cosciência, e encarei o resto do aposento. Um enorme globo da Terra, mesas, um sofá, poltronas, um tabuleiro de xadrez, esquemas e desenhos técnicos se espalhavam por todos os cantos, de maneira milimétricamente arrumada. O lugar parecia o lar de um intelectual com transtorno obssessivo compulsivo.

– Finalmente. – disse um cara, sentado em uma das poltronas. Estava com um livro enorme aberto no colo e pela voz, parecia muito aborrecido. – Pelos meus cálculos, vocês deviam ter chegado a esta sala há pelo menos quinze minutos!

Ele se levantou e veio em nossa direção, o livro por baixo do braço. Usava óculos, calça e camisa social. O cabelo ruivo estava bem arrumado (talvez até demais). O rapaz parou bem na minha frente (era um pouco mais baixo do que eu, talvez uns cinco centímetros?) e me encarou mal humorado.

– Que falta de consideração! Me deixar esperando aqui! – ele continuou. – Seus pais mortais não ensinaram boas maneiras?

– Hã... quem é você? – eu perguntei, sentindo uma estranha combinação de impaciência e indigestão.

– Hm? Ora, é claro! Eu fico aqui falando, mas nem sequer me apresentei. – ele recua alguns passos e faz uma reverência formal. – Meu nome é Dominic. Sou o herdeiro de Prometeus, “aquele que pensa antes”.

– “Pensa antes”? – disse Piper. – Então você é meio que o oposto daquele garoto maluco, Jack?

– Precisamente, senhorita McLean. – Dominic respondeu. – E antes que pergunte, sim, eu sei quem você é. Na verdade, conheço muito bem cada um de vocês. E voltando à sua pergunta, eu e Jack somos realmente pólos opostos. Acredito que ele seja incapaz de pensar em algo por mais de dois segundos, quanto mais manter um raciocínio lógico.

Pelo jeito, nenhum dos herdeiros gostava muito de Jack. Não que houvesse algum motivo pra você gostar dele.

– Bem, mas vamos acabar logo com isso. – disse Dominic, agitando a mão em sinal de que o outro assunto estava encerrado. – Pelo que vejo, vocês agiram como eu previ. Calculei que havia uma alta probabilidade, quase noventa e cinco por cento, de vocês irem se separando ao longo das salas.

– Espera, espera! – exclamou Percy. – Você disse que calculou que faríamos isso?

– Correto, senhor Jackson. – Dominic respondeu. – Na verdade, basta saber como as pessoas se comportam em determinadas situações e comparar com a maneira como vocês particularmente agem, aplicando probabilidades. Mas isso não vem ao caso. – ele voltou a acenar com a mão.

Percy deve ter ficado realmente assustado com a forma absurdamente calma com a qual Dominic deu a resposta, porque eu o peguei olhando para o herdeiro de Prometeus como se estivessse olhando a coisa mais bizarra da face da Terra. Aquele olhar que você faz quando vê algo realmente esquisito, do tipo “Por que esse cara está mastigando plástico e usando uma pizza como roupa de baixo?”.

– Mas, se você sabia que iríamos agir assim – disse Annabeth – , quer dizer que não vai nos impedir, desde que continuemos assim.

– Muito bem, senhorita Chase. – respondeu Dominic. – Pessoalmente, não tenho o menor interesse em disputas idiotas, tão pouco me interessa enfrentar oponentes ignorantes. Quero um oponente com capacidade intelectual! Por isso...

Dominic apontou para Annabeth.

– ... que você será a minha adversária hoje, senhorita Chase. De acordo com meus cálculos, há uma probabilidade de noventa e oito ponto sete por cento de que você seja a mais intelectual deste grupo. Os um ponto dois por cento restantes são casos extremamente específicos e que não se aplicam aqui.

– Está dizendo que quer enfrentar a Annabeth por ela ser inteligente? – perguntou Lucy. – Vai deixar o resto de nós passar, se ela disputar com você?

– Precisamente. – respondeu Dominic.

– Muito bem, aceito o seu desafio. – Annabeth respondeu, antes que qualquer um de nós pudesse falar.

Nos viramos para ela, mas pelo tom de voz e maneira de olhar, estava claro que não haveriam discussões.

– Está bem. – disse Percy. – Contamos com você, Annabeth. O resto de nós pode seguir em frente, certo?

– Certo. – respondeu Dominic.

Aposto como Percy queria ele mesmo dar cabo do herdeiro de Prometeus. Mas, como eu disse antes, acho que você tem que se acostumar a perder discussões quando sua namorada é filha de Atena.

*****

Deixamos Annabeth com o garoto gênio muito metido, e seguimos pelo corredor, até a porta seguinte. Ainda restavam três herdeiros.

– Vamos depressa! – disse Percy. – Quanto antes terminarmos com isso, melhor vai ser!

Dava pra ver o quanto ele se preocupava por deixar Annabeth para trás. Até porque ela é quem estava mais nervosa com toda aquela situação. E foi justamente por essa preocupação que Percy forçava o resto do grupo a avançar o mais rápido possível, e assim que chegamos na porta seguinte, ele quase a derrubou, de tão tenso que estava. Se fosse eu no lugar dele, com certeza estaria do mesmo jeito.

O quarto em que entramos era... bem, até agora, o mais normal de todos. Piso de madeira clara, móveis comuns, pôsteres de carros, surfistas e mulheres espalhados pelas paredes azuis. Em um sófa branco, um rapaz estava deitado, com uma revista cobrindo o rosto, usando uma camisa regata azul claro, chinelo de dedo, e uma bermuda preta, dessas que você pode usar dentro d’água.

– Será que ele está dormindo? – sussurou Piper.

– Se estiver, vamos aproveitar e continuar logo. – disse Percy.

– Ei! Eu tô ouvindo tudo. – disse o rapaz, tirando a revista da cara e se levantando. – E meu nome é Dylan, herdeiro de Oceano, o titã dos mares.

Dylan parecia ter seus vinte e poucos anos. Tinha a pele bem bronzeada, compridos cabelos castanhos claros arrumados em um rabo de cavalo, e uma barba começava a crescer no queixo. Ele estalou os ossos das mãos, em uma espreguiçada.

– Bom, bem-vindos ao meu pequeno... “palácio”, por assim dizer. – ele disse. – O que o grande Dylan aqui pode fazer por vocês?

– Nós queremos... – Percy começou a falar, quando Dylan ergueu a mão para interromper.

– Deixa eu adivinhar. Querem ver o que tem lá na última sala, né? Ah, mas eu não devia deixar ninguém passar daqui, além do herdeiro do Cronos. – Dylan me encarou. – É você, certo? Vai nessa e divirta-se. Mas o resto tem que se mandar daqui.

– Nem pensar! – exclamou Lucy. – Já passamos por muito pra chegar até aqui, não pense que vamos embora sem mais nem menos!

Dylan encarou Lucy e Piper, como se só então se desse conta de que estavam ali, soltando um assovio.

– Nossa! E quem são essas senhoritas? – ele perguntou, com os olhos brilhando de forma excessivamente simpática.

– Nem tente. – disse Piper, fechando a cara. – E saiba que eu já tenho namorado.

– Ai, me deu o fora sem nem me conhecer? – disse Dylan. – Bom, fazer o quê? Mas aposto que esse seu “namorado” não é tão maneiro quanto eu.

Então Dylan se virou para Lucy. Não vou mentir, em menos de cinco minutos, eu já estava odiando esse cara.

– E você, mocinha?

– Não se atreva. – Lucy virou a cara.

– Qual é? Não vai nem me dar uma chance....?

Nesse ponto, eu já tinha perdido a paciência. Girei o relógio e coloquei a lâmina da foice na frente de Dylan, cruzando seu peito.

– Ela não está interessada. Você é surdo ou apenas idiota? – eu perguntei com voz azeda. Talvez estivesse exagerando, afinal eu nem era namorado da Lucy, mas... não deu pra segurar.

Dylan virou o rosto pra me encarar.

– Vai mesmo apontar sua arma pra um dos seus?

Continuei encarando Dylan com frieza, sem baixar a foice.

– Não acredito! – ele riu. – Um herdeiro de titã afim de uma semideusa? Você sabe que ela é tipo sua “inimiga natural”?

Eu juro que queria muito puxar a foice e fazer “fatias de Dylan”, mas Percy me impediu.

– David, deixa que eu cuido esse cara. Você as garotas continuam. – ele disse, sacando a espada Contracorrente.

– Como é? – disse Dylan, debochado. – Vai “cuidar de mim”? Olha, em primeiro lugar, eu prefiro garotas. Segundo, quem você pensa que é?

– Eu sou Percy Jackson, filho de Poseidon. E estou de péssimo humor.

Dylan encarou Percy de cima a baixo, como se estivesse avaliando um “possível adversário”.

– O filho do deus do mar contra o herdeiro do titã do mar... É, vai ser divertido. Vamos ver quem manda nessa parada!

De repente, partes do piso e das paredes começaram a tremer e a estourar, fazendo jorrar vários litros de água pra dentro do quarto. O choque foi tão grande que quase perdi o equilíbrio.

– Vão!! – gritou Percy.

Sem tempo pra pensar, transformei a foice de volta em relógio e saí correndo com Lucy e Piper para o fim do quarto, nossos passos mais pesados pela enorme quantidade de água que começava a encher o espaço. A água já estava na altura dos joelhos quando conseguimos forçar a porta pra sair, levando alguns litros conosco.

Agora Percy tinha ficado para trás também. Ainda restavam mais dois herdeiros pela frente. E sem o líder do nosso grupo pra dar coragem a todos nós, me senti verdadeiramente assustado dentro daquela casa.


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Notas finais do capítulo

É por enquanto é isso pessoal! Comentem por favor! Podem criticar à vontade, desde que sejam críticas construtivas. Então comentem e joguem as pedras sem dó, que esse telhado não é de vidro!

Abraços e até o próximo capítulo! =D