O Herdeiro do Titã escrita por Rodrigo Kira


Capítulo 15
Deveriam existir aulas de “Como controlar suas habilidades sobrenaturais”.


Notas iniciais do capítulo

Ei, pessoal? Tudo de boa, na paz? Beleza! Bom, eu acelerei o capítulo 20, então posso mandar mais um capítulo aqui pra vocês!

Bem, o que temos até agora?
David e seu grupo saíram em missão para ir até a Casa dos Imortais, descobrir mais sobre o passado do garoto e impedir seja lá o que os titãs planejam. Durante a viagem, eles são atacados por Hedi, um antigo domador de cães infernais, que quer impedir que David vá até a Casa. Mas, usando o relógio-foice que Leo construira para ele, David consegue derrotar Hedi, enquanto seus amigos lidam com os cães infernais.
Eles agora seguem viagem rumo a Washington. O que será que vem por aí?



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Ficamos mais uma hora na viagem pelas “Linhas Ferroviárias Festus”, como Leo gostava de dizer. Como só tínhamos um vagão meio destruído, era bem mais rápido que um trem enorme. Passei o tempo pensando no porquê de alguém mandar Hedi e seus cães infernais atrás de nós, para me impedir de chegar à Casa dos Imortais.

“Será que é alguém achando que vou ajudar os titãs, quando eu chegar lá?”, pensei, enquanto transformava meu relógio em foice, e em relógio outra vez. “Não... como alguém mandaria o espírito de um domador de cães maluco atrás de mim? Acho que nem um filho de Hades, como Nico, teria esse tipo de influência...”.

– Talvez outro herdeiro dos titãs? – Annabeth disse, como se estivesse lendo minha mente. – Semideuses não possuem poder pra influenciar monstros. Mas, como vimos, herdeiros de titãs são um caso totalmente diferente. E Hedi disse que foi mandando atrás de você. A única conclusão a que chego é que um outro herdeiro de titã quer você bem longe da Casa.

Pensei no que Annabeth havia dito. Fazia sentido, pelo menos na parte de quem havia mandado Hedi e seus cães. Mas...

– Por que um dos herdeiros iria querer me impedir? No meu sonho, eles pareciam muito querer que eu voltasse.

– Também não sei, David. – ela respondeu.

Voltei a brincar com o relógio-foice. Alguma peça não se encaixava naquilo. Ou isso, ou a peça estava faltando.

*****

Já estávamos chegando em Washington, quando Annabeth mandou Leo e Festus pararem o vagão. Não posso dizer que ficamos felizes com isso.

– Parar aqui? Por que?! – perguntou Percy. – Estamos quase chegando!

– Justamento por estarmos chegando, Cabeça de Alga. – ela retrucou. – Não podemos chegar em Washington em um vagão puxado por um dragão mecânico. Mesmo com a Névoa pra enganar os mortais, o inimigo ainda poderá nos pegar.

Esse comentário parecia ter surtido efeito em Percy. Acho que, quando se namora uma filha de Atena, você se acostuma a perder as discussões.

– Então... o que fazemos agora? – perguntou Jason.

– Acho que a parte mais movimentada da cidade ainda está há uns quarenta ou cinquenta minutos daqui, se formos andando. – Annabeth respondeu, olhando um mapa que havia tirado da mochila. – Se seguirmos pelas linhas do trem, chegamos na Union Station e, de lá, chegamos ao Monumento Washington em mais uns trinta minutos. Talvez seja melhor esperarmos escurecer e fazermos o trajeto andando.

– É um bom plano. – eu disse. – Sem contar que deve ser mais fácil chegar ao Monumento Washington durante à noite, ainda mais com Festus vindo com a gente.

Todos concordamos e passamos o tempo restante fazendo o que quer que tivéssemos vontade.

Percy e Annabeth ficaram discutindo as minúcias de nosso plano. Imaginei quantas vezes eles já tinham bolado planos juntos. Jason saía voando vez ou outra, para garantir que não houvesse nenhum mortal xereta nos arredores, ou monstros de barrigas muito vazias. Piper olhava constantemente para sua adaga, dizendo que tentava ter algum vislumbre do futuro. Leo, incapaz de ficar quieto por mais de dois segundos e meio, ficava mexendo em seu cinto de ferramentas, construindo coisas só para desmontá-las depois, e tornar a montá-las. Lucy, perdida em pensamentos, praticava sua mira, atirando contra árvores. Eu, por outro lado, decidi tentar descobrir o gatilho do meu estranho dom para parar o tempo.

Tentei relembrar o que tinha acontecido na única vez em que consegui fazer aquela coisa funcionar. Quando Clarisse ia me perfurar com a espada. Eu estava encurralado, entrei em pânico, e gritei, em minha mente, para que ela parasse. Mas no ataque dos cães infernais de Hedi, as condições eram praticamente as mesmas. Na hora, eu estava desarmado, em pânico e tentei mandá-los parar. A diferença era que, antes era um duelo contra Clarisse, e agora há pouco, estávamos em grupo. Será que era algo que só podia ser feito quando eu lutava sozinho? Ou eu deveria estar realmente encrencado para dar certo? Não, não fazia sentido. Jason, Percy e Leo podiam controlar seus elementos quando e onde quisessem. Mesmo que eles fossem filhos de deuses, e eu, um herdeiro de titã, essas habilidades não podiam ser tão diferentes assim.

Jason desceu de mais uma ronda área, pousando perto de mim. Espera... é claro! Por que eu não tinha pensado nisso antes?

– Ainda nada fora do normal. – disse Jason. – Daqui a pouco vai escurecer e poderemos seguir em frente.

– Ei, Jason! – eu disse, me aproximando. – Pode me ajudar em uma coisa?

– Ajudar? Em quê?

Parecia bizarro perguntar, mas eu não tinha nada a perder.

– Como você faz pra controlar o vento?

– Hein? Como assim?

– Você sabe controlar os ventos e raios. Talvez eu deva fazer algo parecido pra essa coisa de parar o tempo.

Jason considerou o que eu tinha acabado de dizer.

– Cara, eu não sei muito bem. – ele respondeu. – Eu... bem, vai parecer loucura mas eu meio que “sinto” os ventos e os raios. Sempre sei onde estão, pra que lado vão soprar ou onde vão cair. Daí, eu simplesmente consigo trazê-los até onde eu estou. Acredito que com o controle de Percy sobre a água e de Leo sobre o fogo deva ser mais ou menos a mesma coisa.

– Ah... entendi, eu acho.

Não, eu não tinha entendido droga nenhuma. Era pra eu sentir o tempo? Mas como se faz isso? Quer dizer, já ouvi pessoas falarem que “sentem o peso de tempo” e coisa assim, mas só quando estão velhas, tipo lá pelos sessenta anos. E eu ainda tinha apenas dezessete!

Mas ainda assim... a explicação de Jason parecia fazer algum sentido. Fiquei pensando mais um pouco... a resposta, de alguma forma, era “tempo”. Como relacionar isso à vez em que parei o tempo de Clarisse? Revi a cena outra vez em minha mente. O que eu estava deixando passar?

“Pensa, David! Pensa!!”, gritei em minha mente. “Pensa! Sentir o tempo... sentir o tempo... sentir...”.

E foi aí que a ficha caiu. Sentir o tempo. Quando enfrentei Clarisse, ao pedir para ela parar, eu estava meio que pedindo tempo. Tempo pra me acalmar, decidir o que fazer... como a pausa técnica que se pede no basquete ou futebol. Na luta contra Hedi, eu só disse “pare”, mas nem me lembrei do tempo. Forçá-lo a me obedecer e parar não era o que eu realmente estava tentando fazer... bem, pelo menos, não tentei do jeito certo. Tá, não era uma explicação decente. Mas a de Jason também não era, então eu devia estar certo.

Fechei os olhos e tentei me acalmar. Era um tiro no escuro, mas era melhor do que nada. Me concentrei na ideia maluca de “pedir tempo” na qual eu tinha acabado de pensar. Senti algo estranho, como se o ar ao meu redor ficasse completamente estagnado. Como se tudo tivesse simplesmente congelando. Então veio aquela pressão no olho esquerdo.

Abri os olhos, lentamente, mas não tinha nada diferente até ali. Então, olhei pra trás. Meus amigos todos estavam parados. Percy e Annabeth discutindo alguma coisa. Jason acenando para Piper, que ainda encarava a adaga. Leo girava uma chave de fenda entre os dedos e Festus lançava uma rajada de fogo para o céu. Lucy tinha acabado de disparar uma flecha, que já estava a meio caminho da árvore.

Eu consegui. Como tinha funcionado exatamente, eu não sabia explicar. Mas simplesmente sabia como tinha feito. Fui em direção à flecha disparada por Lucy e a apanhei. Ri comigo mesmo e relaxei. Senti o mundo voltar a se mover ao meu redor. O tempo voltando a correr.

– David! Como veio parar aí?! – a voz de Lucy me trouxe devolta à realidade.

– Hã? Eu? Er... – eu a tinha convencido de que eu era um cara legal e agora eu não sabia dizer “Eu parei o tempo e peguei a sua flecha. Só isso.”. Maravilha.

– Você apareceu aí, simplesemente do nada! – ela disse. Agora todos estavam olhando para nós. – Como fez isso?

– Ah... vocês acreditariam se eu dissesse que parei o tempo outra vez?

– Hein? Conseguiu? Como? – Leo perguntou eufórico.

– Não sei explicar. – eu disse. – Simplesmente soube como fazer. Só me concentrei e senti tudo ao meu redor parar. Isso faz algum sentido?

– Nem um pouco. – disse Percy. – Então você deve ter conseguido mesmo.

A piada era péssima, mas rimos do mesmo jeito. Isso é, até aquele cara vir de lugar nenhum e tentar me acertar com uma lança enorme.


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Notas finais do capítulo

Então, meus caros leitores? O que acharam? Quem será que atacou? Sim, eu sei que a explicação do poder do David foi meio "sem-pé-nem-cabeça", mas acho que quase todos os superpoderes são assim. Curtam, comentem, favoritem e nos vemos logo mais no capítulo 16!