Casa de Boneca escrita por Angie


Capítulo 6
The Brother


Notas iniciais do capítulo

Desculpa a demora.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/569392/chapter/6

Melanie desligou o telefone. Suas mãos tremiam e uma fina película de suor lhe cobria as costas. Apesar de não gostar muito de Arthur ele ainda era seu meio irmão. Parte de seu sangue.
– Melanie? - Vitor a segurou entre um tropeço e o chão - Mel? - ele lhe afastou alguns fios de cabelo do rosto dela.
– Por que ele tinha que se meter com essas porcarias...? Nossa mãe se quer imagina isso - ela sentiu um soluço subir a garganta - Ele está devendo R$350,00. Onde vou arranjar isso?
Vitor lhe afagou as costas suavemente.
– Eu dou o dinheiro. Nós vamos lá sacar e levamos para ele. Onde ele está?
Melanie sentia os olhos arderem ao concordar com a cabeça.
– Na Paulista... - disse com a voz embargada.
– Vamos atrás dele.

* * *

Melanie estava inquieta no carro enquanto olhava pela janela a procura do irmão.
Vitor também se mostrava tenso ao volante a procura de Arthur quando Melanie puxou o freio de mão com um grito engasgado e saltou para fora do carro.
O garoto estava sentado no meio fio com o rosto entre as mãos, visivelmente em desespero. Dois rapazes mais velhos de pé atrás dele.
Ao ver Melanie seus olhos brilharam. Estavam vermelhos e a aparência dele era totalmente abatida mas era possível ver o alívio.
Vitor saiu do carro mas não foi atrás dela. Estava preparado para socorre-la mas de manteu distante.
Melanie e Arthur entregaram o dinheiro aos rapazes que conferiram e foram embora ameaçando Arthur uma última vez.
Arthur iria a abraçar se ela não tivesse estendido o braço fazendo-o se manter distante.
– Qual é o seu problema, Arthur? - perguntou ainda com a mão no peito do meio irmão. Ele abriu a boca para responde-la mas não teve oportunidade - QUAL É A PORRA DO SEU PROBLEMA!?
Lágrimas escorriam pela face da garota, mas ela não estava triste e sim furiosa.
– Você fica usando essas procarias, acabando com a sua vida, por absolutamente nada! Porque acha divertido! Você achou isso divertido, Arthur Martin?! Achou divertido ser ameaçado de morte?! - seu rosto estava vermelho e a voz começava a sair rouca e embargara - E se ela descobre? E se a mãe descobre, Arthur?! Não acha que já temos problemas demais dentro de casa? Você quer ser mais um!?
Arthur abaixou a cabeça aceitando o sermão. Um soluço fez seu peito subir e Melanie só então o abraçou.
– Me desculpa, Mel! - ele a apertou nos braços como se aquilo fosse adiantar de algo.
– Faça por onde ser desculpado. Vem. Vitor vai nos levar para casa.
Ele não questionou, apenas foi para o banco traseiro do carro em silêncio sem perguntar ou dizer mais nada.

* * *

Melanie se despediu do namorado selando os lábios aos dele e abriu a porta do carro. Arthur já estava esperando-a para atravessar a rua.
O porteiro mal pareceu reparar no horário quando os dois entraram embora já se passasse das duas da manhã.
Arthur procurava as chaves no bolso quando viu a menina pegar a escada ao lado da casa e começar a subir até sua janela por ela.
– Você já ouviu falar em porta? - ele perguntou.
– E você já ouviu falar em castigo? - ela respondeu passando uma das pernas para dentro da janela - Mas você não vai contar que eu sai, já que também tem seus segredinhos - com isso terminou de colocar o corpo para dentro.
– Melanie! - ele gritou e ele colocou a cabeça para fora - Abre a porta para mim? Perdi minhas chaves - Melanie revirou os olhos e entrou novamente dessa vez fechando a janela - Mel?!

* * *

Apesar de fingir que não iria, Melanie desceu as escadas para abrir a porta para o meio irmão.

Ela limpou o rosto e trocou de roupas, colocando um pijama leve, largo e confortável. Iria colocar as pantufas mas decidiu descer descalça mesmo.

Melanie saiu de seu quarto, que ficava bem de frente para o de Arthur. Logo ao lado era o quarto dos pais e de frente para o tal ficava o escritório do pai. Passando pela porta dos pais colocou a orelha na porta conferindo se estavam dormindo. Ela ouvia a respiração leve da mãe mas os roncos desajeitados do pai não estavam ali. Foi quando ouviu algo cair na porta da frente. Um porta lápis ou um copo de plástico provavelmente. Logo depois ouviu o riso de uma mulher e a voz do pai.

A porta estava entreaberta mas ela não ousou terminar de abrir, apenas olhou pelo vão. Havia uma mulher, jovem pelo que parecia, sentada sobre a mesa do pai. Toda a papelada do escritório estava espalhada pelo chão e, sem surpresa alguma para Melanie, as canetas – em sua maioria bem caras – espalhadas pelo chão com um pequeno porte de plástico rolando pelo piso. O pai estava de pé, de frente para a moça, e lhe arrancava a camiseta, que já nem cobria tanta coisa em seu corpo. Ele se aproximou beijando-a enquanto ela murmurava algo que Melanie não conseguiu entender. Quando ouviu a mulher gemer baixo Melanie decidiu que já vira demais e fechou a porta silenciosamente saindo de lá mais quieta ainda.

Abriu a porta para o irmão que suspirou aliviado por não ter que dormir do lado de fora de casa.

– Sobe direto. Vai tomar banho e dormir – ela disse pesarosamente e deu as costas sem dar a ele a oportunidade de responder. Ela subiu indo para o quarto dos pais e abrindo a porta o mais devagar e silenciosamente que pode. A mãe abriu os olhos devagar e fechou-os novamente.

– Pensei que fosse seu pai. Que bom que resolveu sair do quarto, querida – ela foi se sentar mas Melanie pediu para que se deitasse novamente.

– Desculpa. Eu estava dormindo. Tomei um banho e fui estudar – ela mentiu – Papai está trabalhando – mais uma mentira – Posso dormir com você?

A mãe concordou com um aceno de cabeça e Melanie se deitou do outro lado da cama a abraçando.

– Mamãe? – chamou suavemente e baixinho.

– Hm? – Ana lhe acariciou os cabelos com um sorriso tímido no rosto.

– Eu te amo – Melanie disse a abraçando mais forte e enterrando o rosto no colo da mãe. Ana colocou o queixo sobre sua cabeça.

– Eu também te amo, querida – respondeu. As duas ficaram abraçadas até que Ana pegou no sono. Melanie brincou com os botões do pijama da mãe até que se rendeu ao sono também.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!