A Casa Ao Lado escrita por LittleAliceTrain, Jeane


Capítulo 1
Mudanças (revisado)


Notas iniciais do capítulo

Tenho a ideia de escrever essa fic faz muuuuuuuuuuuuuuuuito tempo, mas enrolei meses pra escrever o primeiro capitulo.É uma odeia original que veio pra mim num sonho muito louco que tive faz um tempão. Eu tenho o costume de escrever meus sonhos em uma folha e depois guardar e eu sempre esqueço de onde guardo. Essa ai eu achei dentro da minha agenda e agora eu estou aqui postando pra vocês. ;) Espero sinceramente que gostem, Com todo o amor Little Train.PS. Revisão feita por minha querida amiga Maggie (lê-se Béguiê)



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  O carro chacoalha na estrada escura. Estamos as três no carro da família. Uma musica calma toca na estação de áudio aumentando mais ainda o peso das minhas pálpebras.

 Cidade nova, casa nova, vida nova.

 Esse parece ser o novo lema da família.

  A alegria da minha irmã parece quase palpável, nos últimos dias últimos dias suas expectativa se elevaram tanto que chegavam a me irritar. Elizabeth é só um ano mais nova que eu, mas às vezes age como se fosse cinco.

 – Mãe, a casa é grande mesmo? – Ela pergunta pela centésima vez se inclinando para os bancos da frente.

 – É enorme, Liz. É tão linda - responde minha mão espelhando o mesmo entusiasmo - tão cheia de vida e tem até vitrais coloridos nas janelas e tudo.

  Liz solta gritinhos entusiasmados e usa as mãos para abafá-los. Ela olha para mim e eu lhe ofereço um sorriso sem jeito. Estou tão feliz quanto as duas, mas não demonstro consigo demonstrar. Estou com um pressentimento ruim sobre as coisas. É um sensação inexplicável. Essa nova casa é a nossa salvação.

  Liz e mamãe continuam a conversa e meus pensamentos viajam para longe, para a cidade que acabamos de deixar. Uma cidade industrial falida. Possuía muitos edifícios altos e prédios importantes, mas principalmente fabricam desativadas caindo aos pedaços. Não tinha muitos lugares verdes, era cinza por toda parte. A casa que morávamos era espremida num conjunto habitacional cinza e sem vida. Desde que posso me lembrar, sempre moramos ali.

 Papai tinha um emprego miserável em um banco que acabou falindo. Nossa família passou alguns meses apertados e eu e mamãe tivemos que nos virar como garçonetes por algum tempo.

 Eu mal conseguia conciliar a escola com o emprego, mas me esforçava. Liz era nova demais para trabalhar e passava o dia sozinha enquanto papai procurava  emprego.  Finalmente, papai encontrou um e logo voltamos a vida normal, mas eu não pude me dar ao luxo de largar o restaurante. Assim se seguiram mais alguns meses até meu pai ser transferido para outra cidade, para um cargo melhor e um salário melhor, melhor o suficiente para termos uma casa grande e só nossa. De inicio somente papai mudara para a cidade até ter condições de nos buscar. Isso durou dois meses. Na ultima semana papai mandara dinheiro suficiente e nós partimos. Uma longa viagem de carro...

 O dia já está nos seus últimos raios quando chegamos. Zewski Shire parecia adormecida ao longe. A cidade colonial era pequena e já fora o lar de várias pessoas importantes antigamente. Agora era só uma cidadezinha de beira de estrada. 

 Paramos para abastecer o carro em um posto de gasolina minúsculo, velho e com a tinta da lojinha de conveniência toda descascada.

  Compramos água e alguma comida pra passarmos a primeira noite. Enquanto seguimos pelas ruas, observo as ruas quase deserta apesar de ser cedo ainda. Consigo identificar um supermercado, uma loja de departamento, algumas lanchonetes  abertas e uma igrejinha .

 A casa fica fora do centro, bem afastada. Liz acaba dormindo nos meus ombros enquanto seguimos rumo a uma estradinha rural próxima. A noite chega e minha mãe liga os faróis. A estrada é coberta de pedrinhas e mato. Passam se vários minutos e avistamos uma casa que passa como um borrão. Viramos uma ruazinha e lá está o enorme casarão a nossa frente com todas as luzes acesas. Papai está de pé na varanda da casa com o maior dos sorrisos do mundo.

Mamãe mal desliga o motor e já sai em disparada do carro.

 – Paul! - diz ela - Agora é pra sempre, nossa vida recomeça agora!

Ele ri a balança no abraço.

 Sinto um movimento do meu lado. Liz esfrega os olhos sonolentos e aos poucos se recupera e vê que chegamos. Seus olhos brilham encantados, sua boca tenta falar algo, mas dela só saem ruídos abafados. Ela leva as mãos a boca e começa a chora seus lábios se abrem em um sorriso enorme. Aproximo-me e a abraço de leve e solto uma risadinha.

 – É linda!

  Ela se soltando de mim, abrindo a porta e correndo até nossos pais que a recebem num abraço. Eu sorrio vendo a cena. Elizabeth chama meu nome e eu vou me juntar a eles. Papai me abraça forte, mamãe me dá um beijo na testa. Apesar de toda alegria, o sentimento ruim ainda gira em torno dos meus pensamentos. Decido ignorá-los por enquanto. Minha intuição nunca esta errada.

A casa por dentro é ainda mais linda. Toda de madeira recém envernizada. Da porta onde estamos dá pra ver a escada enorme encostada a uma parede, com corrimão de madeira clara e elegante. Vejo que o tempo que papai passou por aqui foi produtivo. As paredes já ostentam belos retratos de família emoldurados, alguns móveis já estão nos seus devidos lugares. A casa parece um sonho. O chão é de tábuas corridas, claras como o corrimão. Não resisto ao impulso de sorrir ao observar as janelas de vitrais.

  Caminhamos todos até a cozinha nos fundos que é incrivelmente enorme. Mamãe avisa que vai até o carro pegar as coisas que compramos e enquanto isso papai nos mostra o resto do andar: dois cômodos quase vazios, uma sala de jantar também vazia, um banheiro, uma área de serviços, um escritório com móveis de madeira que papai explica já estarem na casa antes da mudança, e claro, o Jardim enorme não parecia ter fim naquela escuridão. A noite tinha poucas estrelas e a lua era só um risquinho curvo no céu negro.

 Comemos enquanto colocamos as conversas em dia. É bom estarmos todos reunidos de novo.

***

 O meu quarto é enorme e vazio, a não ser por algumas caixas com meus pertences ainda fechadas. Coloco minhas malas na cama que possui lençóis aparentemente recém lavados. Fazendo companhia a ela, um armário de madeira enorme, uma cadeira num canto e do lado da cama uma mesinha são os responsáveis por mobiliar o cômodo. Pego uma peça de pijama na mochila e me troco. Procuro minha luminária dentro de uma das caixas espalhas pelo chão e a coloco na mesinha e a acendo antes de pular na cama e desmaiar na mesma hora.

 Acordo com um barulho pouco usual: o canto de um galo. Olho pra janela sem cortinas e vejo a pontinha do Sol nascendo no horizonte. Raios de um amarelo bem claro se misturam com as nuvens negras da noite formando uma aquarela maravilhosa

 Meu quarto está claro demais e me dou conta de que deixei a luminária acesa a noite toda. Estico os braços até o criado mudo e a apago. O canto dos passarinhos é incessante e um pouco irritante. Não tenho relógio para ver as horas, mas ainda é muito cedo. Ouço barulhos vindos do corredor e depois alguém bate na porta:

 – Zoey? - mamãe diz baixinho.

 –Hum - respondo com a voz embriagada de sono.

 – Acordada?

 – Um pouquinho.

 – Quer me ajudar com o café? - pergunta ela hesitante.

 Suspiro e me sento na cama, esfrego os olhos numa débil tentativa de espantar o sono.

 – Tudo bem, só um minuto - respondo já me levantando. Ouço seus passos votarem pelo corredor.

 Desde que morávamos na outra cidade, nos tempos difíceis em tínhamos o emprego de garçonete, mamãe me acordava cedinho de vez em quando e ficávamos só nós duas conversando sobre coisas bobas na cozinha enquanto preparamos o café da manhã. Antes, era uma forma de nos aproximarmos, mas hoje isso já não é mais necessário, só virou um costume nosso.

 Procuro nas minhas malas uma toalha, demora, mas encontro uma. Pego minhas roupas do dia anterior, minha bolsa com minha escova de dente, pente e essas coisas e vou atrás de um banheiro. Acho um no fim do corredor, a duas portas depois do meu quarto. É enorme e tem uma banheira, - uma banheira! - um chuveiro, uma pia e um armarinho, tudo imaculadamente branco, os azulejos das parede são azuis e aparentam serem muito antigos e o chão é coberto por uma imitação de mármore branco. Tem uma janelinha minúscula na parede da banheira que tem vista pra lateral da casa. Dá pra ver um pedacinho do Jardim por ela. Decido usar o chuveiro que jorra um jato delicioso de água quente sobre meus músculos cansados da viagem. Depois de me secar eu me troco e desço as escadas.

 Sou recebida por um cheiro ótimo de café. Não gosto do sabor, mas acho o aroma simplesmente maravilhoso.

 Entro na cozinha e mamãe está usando a nossa torradeira velha de guerra pra torrar as fatias que compramos ontem. Dou-lhe bom dia e vou até a geladeira. Encontro manteiga e geléia e as coloco sobre a mesa. Minha mãe termina as torradas e as põe ao lado da garrafa de café. Ela sorri pra mim.

 –Dormiu bem, querida? - Pergunta.

 – Nem vi a noite passar - respondo sentando-me a mesa.

 – Você gosta daqui, Zoey? - Ela me pergunta em tom preocupado.

 – Sim mamãe, não poderia gostar mais disso daqui - falo abrindo os braços e um sorriso - é perfeita, a casa é perfeita! E nós temos uma banheira!

 De certo modo, essa é a verdade, mas não sei se ela acredita totalmente em mim. Vejo preocupação sumir do seu rosto e ser substituída por um sorriso enorme. Fico aliviada.

 Seus olhos parecem um pouco cansados, mas ainda assim são lindos, tem cor de mel como os meus. Ela ainda é jovem e possui poucos cabelos brancos no meio do emaranhado castanho.

 Como algumas torradas com geléia e um copo de leite. Mamãe toma café é não come nada. Conversamos um pouco sobre as condições da casa e do Jardim e de todo o resto. O dia ainda não apareceu direito, mas já está mais claro.

Uma dúvida passa por minha cabeça.

— Mamãe, nós temos vizinhos? - Digo olhando pela janela – Quero dizer, vi uma casa aqui do lado quando estávamos chegando.

 Ela pondera um pouco antes de me responder.

 – Sim, mas essa casa está vazia faz vários anos. É bem maior que essa. Quase cogitamos comprá-la, mas precisava de muitas reformas e nós não queríamos esbanjar o pouco que já juntamos.

— Entendo... - Respondo. - Posso ir até lá?

— Não acho boa idéia - diz - tem muito mato e a casa ta toda velha. Pode ser perigoso.

— Sei me cuidar, mamãe - digo sorrindo - escuta, a nossa casa é separada dela? Não vi nenhum muro no caminho pra cá.

— Na verdade não. O Jardim tem uma passagem direta pra lá. Pelo o que a corretora disse ao seu pai, as famílias que ocupavam a casa eram amigas. - diz ela enchendo outra xícara de café - mas isso foi a muitos anos e a casa foi abandonada ou coisa do tipo, não sei a história direto.

— Depois de arrumar meu quarto talvez eu de uma passada por lá - digo para ela já imaginando as possibilidades.

Levanto-me e dou um beijo no rosto de mamãe, subo as escadas e vou desfazer minhas malas.


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Notas finais do capítulo

Queridos Leitores,Obrigado ♥ Sua, etc.Little Train.



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