Cold Heart Novel escrita por Riyuuki


Capítulo 9
Capítulo 09


Notas iniciais do capítulo

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Michel me deixou na porta de casa, me despedi dos meus amigos e prometi me comunicar com eles pelo Whatsapp. Antes de entrar em casa, percebi que o carro do meu pai não estava na garagem que provavelmente deve ter saído, vi o Eduardo deitado no sofá assistindo algum programa, quando percebeu o barulho da porta e me viu entrando mostrou uma cara de assustado.

— Não precisa se assustar, não vou pegar no seu pé. — Disse me sentando do lado dele. — Onde está o pai?

— Saiu com a Maggie no supermercado. — Respondeu voltando sua atenção pra televisão que estava passando algum desenho repetido.

— Eu fui ver a mãe... — Rodrigo não se mexeu. — Faz tempo que você não visita mais ela...

Meu irmão continuava assistindo a TV como se não tivesse ouvido nada, como se estivesse me ignorando, odiava quando ele fazia isso.

— Edu... Olhe para mim... — Ele virou com uma cara séria.

— Porque você não visita mais a mãe?

— Não quero falar sobre isso. — Virou seu rosto para a TV.

— E porque não quer falar sobre isso? — Olhei incrédulo para o meu irmão que não dava a mínima no que eu falava. — Ela ainda está viva! Pode acordar a qualquer momento...

— Eu não dou à mínima.

— O que foi que você disse?

Eduardo olhava para a TV sem emoção nenhuma.

— Eduardo... Olhe para mim quando estou falando.

Eduardo riu da TV depois de ter passado uma cena idiota do personagem tropeçando e caindo em um monte de lixo.

— Eduardo! — Chamei mais uma vez e ele aumentou o volume da TV com o controle.

Peguei o controle da mão dele com fúria, mas nesse momento meu pai apareceu com a Maggie rindo e segurando várias sacolas.

— O pai derrubou uma prateleira, foi muito engraçado. Hahahah. — Comentou Maggie indo em direção à cozinha junto com o pai. — Fez uma enorme bagunça, tive que ajudá-lo.

— Sério? Queria ter ido junto. —Comentou Edu.

— Você perdeu. Foi muito divertido. — Continuou Maggie parada na porta. — Eu e o papai vamos fazer uma receita nova para o almoço.

— Eu quero ajudar! — Eduardo levantou tão depressa correndo para a cozinha que não tive tempo de chamá-lo de volta.

Meu irmão me deixou sentado naquele sofá com uma expressão de horror, não estava acreditando no que tinha acabado de ouvir. Ele não dá à mínima? Ele não está nem aí com a nossa mãe? Eu precisava falar sobre isso com o nosso pai, isso estava ficando mais grave do que podia imaginar...

Minha expressão de espanto não durou muito porque me surpreendi com risadas altas que estava saindo da cozinha, faz um tempo que não ouvia meu pai rindo tão feliz junto com a Maggie e Eduardo. Queria me juntar a eles, estou cansado de sofrer sozinho por causa da mamãe, quero me divertir também com minha família...

Me levantei e me dirigi até a cozinha, tinha farinha voando para todo lado, meu pai sorrindo como uma criança, meus irmão brincando com a Maggie enquanto ela reclamava. Faz um tempo que não sentia essa alegria dentro de casa... Mas isso logo se desfez quando Maggie me viu e ficou séria.

Estranhei, Maggie tem esse comportamento quando chego perto de meu pai. Minha hipótese é que ela tem medo que nós comecemos a discutir na frente dela, pois fica amedrontada, ansiosa e andando para todo lado, por isso evitava o máximo brigar com meu pai apesar dele implicar comigo.

Me lembro quando depois que ela nasceu meus pais brigavam o tempo todo, meu irmão era bem novinho e ele como eu ficávamos amedrontados pelas discussões. Para eles não se importavam se estava assustando seus filhos, só interessava humilhar um ao outro para então decidir o vencedor daquela patética briga, sempre cresci sabendo que minha mãe é vítima do meu pai, sabia disso porque prestava atenção nos diálogos deles, aliás até vizinhos podiam escutar seus berros pela janela, meu pai a humilhava por não dar atenção a ele, que ela estava fazendo ele de idiota, dizendo que ela estava o traindo com outro homem em seu trabalho.

Meu pai sendo bonzinho agora com meus irmãos e isso era o mais importante agora que minha mãe não estava aqui, sentei-me à mesa que estava cheia de sacolas.

— Onde está a tábua de carne? — Perguntou meu pai procurando pelo armário de cima.

— Eu coloquei ali em baixo... — Respondi apontando.

— Eu disse que não é para colocar a tábua aqui, eu quero ela aqui no armário de cima! — Responde ele rispidamente.

Meu irmão parou de rir depois do gelo do meu pai.

— A faca... Cadê a porra da faca? — Disse meu pai abrindo a gaveta. — Julie, será que você poderia mexer nessa cozinha sem mudar as coisas do lugar?

— A faca está atrás de você...

— Droga, não tem tempero, porque não me avisou que acabou o tempero?

— Eu não estava aqui...

— Se eu soubesse teria comprado quando fui para o supermercado... — Disse meu pai vasculhando a sacola procurando alguma coisa. — Eu vou ter que adivinhar o que falta aqui na cozinha se você passa todos os dias nessa casa?

Fiquei em silencio olhando para o saleiro... Pensando em mil coisas... Por quê? Por que você é tão severo comigo pai? Por que não pode rir comigo como você se diverte com Maggie e Edu?

Levantei e andei depressa até meu quarto, sabia que se eu ficasse mais um pouco naquela cozinha provavelmente sairei de lá com mais raiva, sem contar às humilhações que meu pai tem na ponta da língua pronto para me atacar.

É obvio que eu estava sobrando naquela cozinha, meu pai não me queria lá. Ele queria passar um tempo apenas com os amados filhos dele... Não... Eu não devia pensar assim... Preciso ficar longe por um tempo, ele está de mau humor, normalmente meu pai não é assim e preciso sair um pouco, dar um tempo. Parei de subir a escada, me lembrei do vizinho. Ele mais cedo me pediu para ir a casa dele porque tinha algo para me contar. Dei meia volta e saí de casa, me dirigi até a casa da dona Mercedes, apertei a campainha e aguardei por alguns segundos.

Não demorou muito para o Danilo me atender, ele abriu a porta e colocou sua cabeça para fora me vendo. Voltou por um segundo para dentro e voltou até o portão para destrancá-lo.

— Tudo bem Julie?

— Tudo bem... E você?

— Estava te esperando, fico feliz que veio. — Danilo esboçou um sorriso e abriu o portão.

Ele estava vestindo uma camiseta bege apertada que destacava seu abdômen grande e um short jeans que chegavam até o joelho.

— Desculpe a demora, estava com meus amigos... — Disse entrando enquanto ele fechava o portão e levando o cadeado para dentro me seguindo.

— Não tudo bem... Como está sua mãe?

— Você sabe, como sempre.

— Ah... Se você se importa, eu poderia visitá-la qualquer dia desses?

— Você será bem vindo. — Respondi feliz.

— Er... Vamos para o meu quarto? — Convida Danilo um pouco sem graça.

— Ok. — Disse estranhando um pouco à situação, pois Danilo estava querendo dizer alguma coisa, mas não conseguia. Pensei em esperar ele relaxar para depois falar, por isso não queria perguntar nada.

— Fique a vontade. — Convidou Danilo entrando primeiro.

— Obrigado, com licença. — Sentei em sua cama que estava com os lençóis bem esticado e arrumado. Seu quarto ainda tinha o forte cheiro de Danilo que não era ruim, mas estranhamente agradável.

Danilo sentou em sua cadeira que estava na frente de sua escrivaninha virado para mim, seu notebook estava ligado, pude ver que seu papel de parede era de uma moto com as rodas da frente pegando fogo pilotado por um homem com cabeça de caveira que também estava pegando fogo.

— Desculpe ficar te tocando aquele dia... Seu corpo é muito bonito. — Disse Danilo ficando sem graça, olhando para os cantos do quarto e olhando para mim.

— Não se preocupe... Isso não me incomodou. Sei que você foi bastante profissional... Eu que te devo desculpas por sair daquele jeito, eu sou tímido. — Contei sorrindo um pouco.

— Ah não, não. — Responde Danilo. — Então... Eu posso te desenhar?

Olhei surpreso para o Danilo.

— Me desenhar como? — Perguntei apreensivo.

— Seu rosto... Seus olhos. — Danilo não olhava nos meus olhos. — Seu corpo...

— Ah... Por quê?

— Eu te acho muito lindo, seu rosto é muito bonito. — Ele fitou seus olhos sérios em mim.

Meu rosto ruborizou e seus olhos não paravam de me encarar com luxúria. Olhei para o canto qualquer do quarto.

— Você quer desenhar meu corpo? — Perguntei.

— Sim... — Respondeu ainda fitando meus olhos.

— Desculpe Danilo, eu realmente admiro seu trabalho, você desenha pra caramba, mas eu... — Tentei arrumar uma desculpa, mas aquele pedido me deixou sem graça. — Sou tímido... Muito tímido.

— Posso te desenhar apenas sem camiseta...

— Desculpe, não consigo... Acho que já vou indo... — Me levantei.

— Ah Julien espere... —

Danilo se levantou e segurou de leve em meu braço, parei e me virei para ele que estava olhando para baixo parecendo ainda tímido.

— Eu... — Sussurrou.

— Quer me dizer alguma coisa?

Ele então olhou em meus olhos e pude notar cada detalhe do seu rosto como os seus olhos negros que agora estavam fitando o meu com lascívia, sua barba bem feita e seus lábios estavam entreabertos. Meu corpo paralisou naquele momento, o cheio do quarto e do perfume do seu corpo estavam forte e me deixando embriagado, queria fugir... Mas ficar ali era melhor do que fugir. O que está acontecendo comigo? Meu coração está batendo forte.

— Há um tempo que estive olhando para você... Sei que sai às 8 e 40 para ir pegar o ônibus, sempre olho para você na janela do meu quarto quando está saindo apressado de sua casa. Quando eu chego perto do seu rosto, tenho vontade de...

— Danilo...

— Me deixe desenhar esse rosto delicado, seus olhos gentis, seus lábios... — Danilo tocou meus lábios com seus dedos grossos. — Esses lábios... — Seu rosto estava se aproximando do meu, fazendo-me sentir sua respiração quente.

Ele encostou seus lábios nos meus, tentei me afastar, mas ele se aproximava rapidamente do meu corpo e levantava meu rosto para cima na altura de sua face. Não desisti, queria sair daquela armadilha, ele continuou se aproximando de mim até que não tive para onde fugir e fiquei encurralado na parede, também não tinha como fugir para os lados, pois ele encostou suas mãos na parede me deixando completamente preso. Sua boca colada na minha se abriu e sua língua deslizou entre meus lábios fazendo força na entrada, era inútil evitar. Sua língua entrou me lambendo, fazendo meu corpo ferver de desejo por aquele corpo maior que o meu, Danilo estava sendo hábil em me elevar ao prazer porque eu estava me perdendo em seus beijos úmidos e quentes. Fechei meus olhos e mergulhei nesse calor de prazer e continuei beijando aquele homem enorme.

Danilo colocou sua mão grande atrás dá minha cintura me agarrando, me abraçando forte onde pude sentir seu dorso duro, minhas mãos ficaram em cima de seu grande peitoral, enquanto a outra mão de Danilo foi parar atrás da minha cabeça me pressionando. Senti seu membro duro, abri meus olhos rapidamente e me afastei de Danilo com bastante impulso, mesmo ainda me segurando, consegui me afastar de seus beijos.

— Danilo...

— Por favor, me beije mais... — Pediu ele.

— Não... Não posso...

Danilo me beijou, mas desviou e desceu para o meu pescoço dando leves beijos e fungando.

— Pare... Danilo... Não... — Empurrei com todas as minhas forças e ele foi saindo aos poucos.

Quando finalmente consegui sair de seus braços fortes eu saí do quarto correndo... Mais uma vez fugindo dele...

Minha respiração estava ofegante, me coração palpitava tanto que podia ouvi-lo martelando em meus ouvidos. Entrei em casa e me assustei vendo minha irmã descendo a escada.

— Onde você estava? O papai mandou perguntar onde está o orégano...

— Ah... Eu... Estava lá fora... — Fechei a porta e andei até o corredor.

— Julien. — Chamou Maggie.

— Oi?

— O orégano.

— Ah... está atrás do óleo... — Maggie voltou correndo para a cozinha.

Voltei correndo para o meu quarto um pouco atordoado.

— Ele me beijou... O que ele está pensando?

Andei pelo quarto de um lado para o outro tocando em meus lábios, o gosto dele ainda estava em meus lábios, seu cheiro ainda estava preso em mim como um perfume. Como pude permitir que isso acontecesse? Como deixei que ele se aproveitasse de mim? Como me deixei ser levado por ele? Eu beijei o filho da Mercedes... O filho da melhor amiga da minha mãe, tudo indica que isso não vai acabar bem.

Parei de andar e sentei em minha cama tentando mudar meu pensamento, peguei meu celular, entrei no Whatsapp e me concentrei no grupo que Rodrigo fez para nós três. Não podia contar o ocorrido para eles, pelo menos não por enquanto...

Saí do quarto para comer e vi que almoço foi estranhamente calmo, todo mundo estava reunido na mesa. Meu pai fez uma lasanha de frango com queijo, estava realmente muito bom.

Meu celular apitou, era uma nova mensagem no whatsapp, desbloqueei e vi que era de um número não registado.

“Julie, sou eu, Danilo. Queria te pedir desculpa pelo ocorrido. Quero falar com você...”

Respirei fundo e respondi.

“Depois conversamos...”

— Ou você come ou mexe no celular... — Resmungou meu pai.

— Desculpe. — Coloquei meu celular do lado esquerdo e bebi um gole do meu suco.

Aquela cena ainda não saía da minha mente, o mais estranho é que esse beijo mexeu mais comigo do que aquele beijo que tive na balada. A razão que eu poderia admitir seria que na balada eu já estava fora de mim por beber um pouquinho demais e Danilo me pegou de surpresa.

Depois do almoço levei todas as louças para lavar, nos finais de semanas temos uma diarista para nos ajudar a limpar a casa, mas ela estava doente então me encarreguei de cuidar da tarefa, limpei a cozinha e guardei a louça. Meu pai tirou o dia para ficar dormindo no quarto e meus irmãos foram para o parque perto de casa encontrar com os amigos, coloquei as roupas sujas que estavam na cesta na varanda dentro da máquina. Que bom que a varanda fica por trás de casa, assim evitava qualquer contato visual com o Danilo que infelizmente morava do lado...

Passei a maioria do dia arrumando a casa, tirando o pó, limpando móveis, foi um dia bem trabalhoso e cansativo, voltei para o quarto e estudei um pouco. O celular ainda apitava, Danilo enviou 5 mensagens, mas não visualizei...

Meus irmãos voltaram sujos de barros sujando a sala, infelizmente acabei sendo chato e eles me ignoraram indo até o seu quarto. Não fiz nada para o jantar porque ainda tinha sobras do almoço que podíamos esquentar no micro-onda, isso é bom porque estava muito cansado. Depois de comer fiquei na sala assistindo algum programa de moda na TV a cabo, meus irmãos esquentaram sua comida e comeram no quarto como sempre, meu pai desceu um pouco depois e ficou comendo na cozinha.

Meu celular vibrou, quando vi era uma mensagem. Já esperava ser da operadora me oferecendo alguma promoção diária, mas me espantei e vi que era do Johnson.

“Oi Julien, quer passar um tempo comigo? Estou no Grill Restaurante, conhece? Preciso falar com você.”

“Conheço... Vou para aí daqui a 30 minutos.” Enviei e fui para o meu quarto me arrumar, como eu decorei o horário do ônibus, sabia exatamente que horário chegar até esse restaurante que fica na cidade. Nunca entrei lá, mas será uma ótima oportunidade de conhecer, dizem que é um lugar muito bonito. Odiava quando me mandavam “Preciso falar com você”, me deixa mais ansioso ainda. Se tratando do Johnson me deixava mais ansioso ainda, não esperava que ele me mandasse mensagem e muito menos fosse falar comigo depois do triste episódio na lanchonete.

Tomei um banho rápido, coloquei uma camiseta azul marinho escuro, uma jaqueta cinza que tinha alguns bolsos na frente, uma calça apertada preta e um tênis preto. Coloquei perfume que não fosse tão forte, já que aquilo não era um encontro de namorado e sim de amigos. Levei um pouco mais de tempo arrumando meu cabelo com secador e creme que ficou melhor do que antes. Quando desci as escadas, meu pai estava na sala assistindo novela na TV aberta.

— Eu vou me encontrar com um amigo, volto logo... — Disse saindo as pressas até a porta.

— É bom não chegar tarde! —Resmungou.

Peguei o ônibus sem problemas, quando desci torci para que não tivesse engraçadinhos por perto que adoram me cantar, com alívio caminhei até o restaurante com segurança.

Uma recepcionista loira bem bonita me atendeu.

— Boa noite, estou procurando pelo Johnson.

— Boa noite, ele está na mesa 4. Fique a vontade.

— Obrigado.

Caminhei entre as mesas retangulares cobertas com panos brancos e lindos enfeites com flores com cadeiras de madeira entalhadas. Procurei pelo Johnson entre as poucas pessoas que estavam ocupadas com seus acompanhantes, ninguém estava sozinhas exceto uma que era o Johnson que levantou a mão para mim chamando minha atenção.

Ele estava usando a mesma camisa branca com uma gravata cinza escura. Quando cheguei perto estava com um copo de whiskey pela metade com alguns cubos de gelos.

— Oi Julien, estou feliz que veio. — Se levantou e apertou forte minha mão.

— Está tudo bem? — Perguntei me sentando de frente para ele.

— Estou... Por que a pergunta?

— A mensagem...

— Ah... Queria me desculpar por hoje mais cedo, por você ter me contado que é gay... — Disse ele um pouco tímido.

—Não se preocupe... É que você saiu de lá sério...

— É... Normalmente eu não sou assim, mas não tenho problema nenhum com você e seus amigos serem gays... Gostei de conhecer seus amigos, quero que eles conheçam os meus também...

— Obrigado, mas pelo menos isso já foi esclarecido. — Respondi sorrindo para acalmá-lo.

— Seus amigos devem ter me odiado por eu ter saído daquele jeito... — Ri daquele comentário. — Não, pode falar, eles ficaram bravos né?

— Não... Nada a ver...

— Pode falar, não tem problema. — Pediu ele me mostrando um sorriso enorme.

— Ok... Eles ficaram chateados, mas vou avisar para eles que você não é homofóbico.

— Homo o quê? — Perguntou ele rindo.

— Homofóbico, pessoas que odeiam gays.

— Ah não, eu não sou não... — Respondeu ainda rindo e tomando um gole do copo.

— Isso é bom. — Respondi.

— Digamos que eu era na época de escola... — Johnson ficou sério e bebeu mais um gole do copo. — Um garoto da minha sala se declarou para mim, mas eu só ri da cara dele e ele saiu correndo chorando.

Fiquei olhando para ele fazendo esforço pra não mostrar qualquer expressão de condenação.

— Você deve estar me achando a pior pessoa que já conheceu... — Deu um riso forçado tomando o último gole do copo. — Quando você se abriu para mim na lanchonete, me lembrei desse garoto que fiz chorar... Espero que ele esteja bem. — Ele pareceu deprimido.

— Deve ter sido há bastante tempo atrás. — Comentei.

— Está me chamando de velho? — Perguntou num tom severo.

— Oh não, não. Haha.

Ele deu uma risadinha.

— Quer comer alguma coisa Julien?

— Não obrigado, já comi em casa.

— Então beber alguma coisa?

— Eu estou bem. Logo tenho que voltar para casa...

— Eu te levo no meu carro. — Disse ele se levantando um pouco zonzo.

— Acho que não é uma boa ideia. — Disse com desaprovação. — Quantos copos você bebeu? É perigoso dirigir assim... Deixa que eu te leve para casa, tenho certeza que não vai ser nenhum problema seu carro ficar por aqui hoje...

— Ah... Você tem razão. Hehe. Pode ligar para o meu irmão me buscar, assim ele te leva para sua casa... — Disse ele me entregando o celular depois de desbloqueá-lo e sentando.

— Ok. — Peguei e pesquisei nos contatos. — Qual o nome dele?

—Daniel.

— Achei. — Cliquei e ficou chamando por alguns segundos.

Alô, John? — Disse uma voz rouca, mas bastante jovial.

— Alô, é o Daniel?

— Sim, quem é?

— Aqui é Julie, sou amigo do seu irmão, eu estou com ele no restaurante Grill... Só que ele não pode ir embora porque bebeu um pouco demais...

— Ah... Era de se esperar do meu maninho, já vou por aí. Valeu aí cara. — Respondeu o irmão dele.

— Por nada. — Desliguei e entreguei para o Johnson. — Obrigado.

— Desculpe te causar problemas, tem certeza que não quer nada?

— Não se preocupe, não é incomodo nenhum.

Ficamos conversando mais um pouco, com o passar do tempo Johnson ficava mais ébrio e fora de si. Mesmo que ele esqueça dessa nossa conversa, não poderia culpá-lo pelo ocorrido de antes, ele era uma pessoa de bom coração que estava sofrendo pela sua mulher e também não me insultou, apenas se afastou por ter lembrado do garoto gay que ele tinha feito sofrer e se sentiu culpado.

— Exagerou hoje John? — Disse um homem se aproximando atrás de mim.

FIM DO CAPÍTULO 09

Continua...


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