Cold Heart Novel escrita por Riyuuki


Capítulo 8
Capítulo 08


Notas iniciais do capítulo

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Chegamos ao hospital, a recepcionista autorizou nossa entrada e passamos pelo segurança na porta.

— Minha mãe odeia hospital. — Comentou Rodrigo. — Uma vez que ela teve que ficar internada aqui, ficou louca.

— Eu me lembro desse dia. — Disse eu rindo. — Chegamos, aqui é o quarto da minha mãe.

Antes de abrir a porta, percebi que Rodrigo estava nervoso, um pouco tenso e Michel sério olhando fixamente para mim. Abri e entrei vendo se estava interrompendo algum médico, mas só estava minha mãe.

Meus amigos se aproximaram da cama da minha mãe, Rodrigo estava com uma expressão triste e me olhava com compaixão. Michel estava sério, mas conseguia ver pelos seus olhos que também estava com compaixão.

— O que aconteceu... Com ela? — Perguntou Michel para mim.

— Ela tomou muito remédio e deu intoxicação, o médico disse que com isso debilitou o sistema nervoso dela e ela não acordou mais.

— Faz quanto tempo que ela está assim?

— Faz 6 meses... — Respondi para o Michel.

Ficamos em um silêncio desconfortável por mais ou menos 30 segundos.

— O médico falou que ela pode estar nos ouvindo agora. — Os dois olharam para mim atentos. — Ele disse que teve um caso de um paciente que ficou bastante tempo em coma que ouvia a mãe dele, mas não conseguia se comunicar com ela, responder, mas ele ouvia tudo.

— Sério? Não sabia. — Comentou Rodrigo que ficou calado desde a hora em que entramos.

— Vamos na lanchonete? A enfermeira logo aparece aí dando bronca por ter gente demais no quarto. — Disse eu.

— Ah... Ok. — Disse Rodrigo sem graça.

Michel nesse momento se moveu e chegou perto de minha mãe, segurou a mão dela e disse.

— Foi bom vê-la senhora Marieta. — Deu um sorriso. — Vamos então? — Perguntou se afastando e o seguimos para a fora do quarto. Antes de acompanhá-los beijei o rosto de minha mãe.

— Nem parece que ela está... Hum, parece que ela está só dormindo. — Disse Rodrigo.

— Verdade. — Respondi sorrindo.

— Tenho certeza que ela vai acordar logo. — Disse Michel com um sorriso fofo que amo nele.

— Obrigado. — Respondi.

— Julien. — Me virei e vi que era o Johnson me chamando. Ele estava usando uma camisa branca com uma gravata cinza escura, uma caça social cinza, uma cinta preta e o seu mesmo cabelo ondulado e comportado.

— Oi Johnson. Vem sábado também? — Perguntei enquanto ele se aproximava.

— Sim. Tudo bem? — Cumprimentou ele apertando forte minha mão.

— Sim e você. — Respondi com uma expressão sem graça.

— Tudo ok. — Respondeu olhando para os meus amigos.

— Esses são meus melhores amigos, o Rodrigo que já te apresentei na faculdade e esse é Michel que chegou ontem na cidade.

— Prazer em conhecê-los. — Disse Johnson.

— Ah o prazer é nosso, aliás Julien fala bastante sobre você. — Disse Rodrigo obviamente me provocando.

— Haha. — Forcei uma risada.

— Ah éh? — Perguntou Johnson rindo e cruzando os braços e eu estava ficando obviamente sem graça.

— A gente estava pensando em ir à lanchonete, quer ir com a gente? — Convidou Rodrigo.

— Ah, estava indo lá também, vamos então.

Naquele momento queria matar o Rodrigo, mas deixei para mais tarde quando Johnson não estiver por perto. Por onde passávamos todo mundo olhavam para o Johnson com um sorriso, algumas mulheres o cumprimentavam e ele retribuía naturalmente.

Chegamos na lanchonete que tinha algumas pessoas, sentamos na mesa de quatro cadeiras. Rodrigo sentou ao lado do Johnson e eu de frente para ele do lado do Michel.

— Como vocês se conheceram? — Começou Rodrigo puxando assunto com Johnson.

— Oi? — Perguntou ele confuso.

— Como você conheceu o Julien?

— Ah, eu sem querer me esbarrei nele. — Ele riu sem graça.

— Foi por isso que o Julien não foi à faculdade, você disse que derrubou café na camiseta né? — Perguntou Rodrigo para mim.

— Sim, mas fui eu que não olhei por onde andava e derrubei sem querer. Eu sou muito desastrado.

— Mesmo assim me sinto culpado pelo ocorrido, poderia ter te levado para casa no meu carro. — Comentou Johnson.

— Não precisava, repito que foi culpa minha. Foi sorte que não sujei sua camisa... Você estava indo trabalhar?

— Estava indo para o escritório... Mas guardo no meu carro uma roupa extra porque também sou muito desastrado.

— Julien é muito teimoso mesmo. Como você coseguiu levá-lo até a faculdade no seu carro? É muito difícil ele aceitar uma carona.

— Olha cara, confesso que foi difícil. — Todos rimos, Michel apenas mostrou um sorriso.

Michel estava quieto como sempre, mas atento as nossas conversas.

— Você trabalha aonde? — Perguntou Rodrigo.

— Trabalho como sócio em uma empresa da minha família e da família da minha mulher.

— Sério? Onde está sua mulher? — Perguntou Rodrigo.

— Ela está em coma aqui no hospital... — Disse Johnson com os braços apoiado na mesa olhando para o meu amigo sério.

— Ah... Eu sinto muito... — Disse Rodrigo ficando muito sem graça.

— Tudo bem. — Respondeu Johnson naturalmente e olhando para mim e dei um sorriso.

— Bom, vamos pedir alguma coisa? — Perguntei tentando quebrar o clima.

— Opa, vamos. — Falou Johnson se esticando e procurando o garçom. — Onde está aquele rapaz que sempre me atende?

— Aquele que nos atendeu aquele dia? — Perguntei.

— Toda vez que venho aqui ele me atende. É um garoto muito educado... Ah ele alí.

Olhei para trás, o garoto estava trazendo uma bandeja para uma mesa. Johnson levantou a mão o cumprimentando, pude notar pelo olhar do rapaz uma alegria como se tivesse encontrado uma pessoa que gostava. Aliás, Johnson era um rapaz muito legal e educado com todo mundo.

— O que desejam, tudo bem Johnson? — Cumprimentou o rapaz.

Johnson esticou sua mão e cumprimentou o garçom.

— Tudo e você Bruno?

— Eu vou querer um suco natural de morango. Não posso comer lanche... — Pediu Rodrigo.

— Eu também quero suco... De abacaxi, por favor. — Pediu Johnson.

— Eu quero croissant e um refrigerante de guaraná. — Pediu Michel.

O garçom olhou para mim.

— Ah... Eu não vou querer nada obrigado. Já comi em casa.

Não estava a fim de comer nada, depois da discussão que tive com meu pai hoje cedo fiquei sem fome. O garoto sorriu e se virou até o balcão.

— Tem certeza que não vai querer nada Julien? — Perguntou Johnson.

— Eu estou bem.

— Então, Julien disse que você é novo na cidade. — Perguntou Johnson para o Michel. — Onde você morava?

— Um lugar bem longe... — Respondeu Michel sem emoção nenhuma.

— Deve ser bom viajar e ficar um bom tempo longe disso tudo. — Comentou Johnson.

— Eu viajei pra resolver umas coisas pessoais... Hã, Rodrigo vamos ao banheiro comigo?

— Ok. —Rodrigo e Michel se levantam e vão para o banheiro deixando eu e Johnson sozinho.

— Me desculpe pelo Michel, você já deve ter percebido que ele é bem sério e não gosta de conversar. Não leva pelo lado pessoal, ele é assim mesmo.

— É, eu percebi. — Ele soltou uma risada e retribuí um sorriso. — Ele me lembra do meu colega do trabalho, algum dia vou apresentá-lo para você.

— Ok. — Respondi.

— Desculpe pelo que vou perguntar Julien, mas... Não sei como perguntar sem que fique constrangedor. — Johnson desviou o olhar para as suas mãos que estavam com os dedos traçados. — Vocês são gays?

Ele me pegou de surpresa, fiquei calado olhando surpreso para ele que não olhava nos meus olhos e estava sem graça com a própria pergunta. Meu corpo recebeu um pequeno choque quando recebi aquela questão. Me lembro como se fosse ontem na minha época do fundamental quando uma garota perguntou para mim em um tom debochado misturado com nojo:

— Você é gay Julien?

Aquilo me assustou, tive medo de ser julgado se descobrissem sobre meus desejos profundos.

— N-não... — Respondi nervoso...

— Você tem jeito, sabe? Sua pele é muito macia, às vezes você parece uma garota. A maioria dos meninos da nossa classe falou isso. Você parece uma garota.

Meu corpo nunca tremeu tanto quanto aquele dia, depois de saber que os garotos da minha escola estavam falando sobre mim nas minhas costas e não queria que ninguém soubesse desse desejo proibido. Mas com o tempo isso se tornou irrelevante, não importava mais o que falavam de mim, a faculdade tem se tornado um ótimo lugar de conviver com sua sexualidade sem ser julgado por ninguém.

— Sim... Nós três somos gays. — Respondi para o Johnson naturalmente, se ele for homofóbico o melhor momento para saber era agora. — Espero que não seja problema para você...

Johnson olhou para mim um pouco surpreso e pude notar um pouco de desconforto em seu olhar.

— Ah... Desculpe, não queria te deixar sem graça. Não tenho nenhum problema... — Respondeu ele pegando no cardápio e se distraindo lendo alguma coisa de lá.

— Não fiquei sem graça. — Respondi.

Algo me diz que ele não queria ouvir aquilo, ou seja, aposto que a partir de nosso próximo encontro irá me tratar com indiferença. Mas não me importo mais com isso, apenas me importo com quem amo.

Meus amigos voltaram e sentaram-se à mesa, Rodrigo foi o primeiro a perceber Johnson quieto e olhou para mim com um olhar duvidoso. Levantei minhas sobrancelhas e contraí meus lábios como resposta.

— Está fazendo faculdade de quê Julien? — Perguntou Michel.

— De história, quero trabalhar com os arqueólogos.

— Sua cara, você sempre foi bom em história. E você Rô?

— De moda, quero ser estilista. — Disse Rodrigo com orgulho e Michel deu uma risada de debochado.

— Sempre achei que você fosse fazer faculdade de balé. — Nós três rimos.

— Cala boca idiota. — Respondeu Rodrigo brincando.

Johnson nesse momento pegou o celular, olhou e se levantou.

— Desculpe gente, tenho que ir por que... Tenho um compromisso. Foi legal conhecer vocês.

— Mas e o seu suco? — Perguntou Rodrigo.

— Ah... Não tem como cancelar... Aqui está o dinheiro, peçam desculpas para o rapazinho por mim? — Ele pegou o dinheiro da carteira e deixou em cima da mesa. — Tchau.

— Tchau... — Dissemos os três juntos.

— O que houve com ele? — Perguntou Michel.

— Saiu tão depressa, estranhei. — Comentou Rodrigo. — Aquela desculpa foi tão forçada.

— Eu acho que já sei o que foi. — Disse eu levantando uma sobrancelha. — Quando vocês dois foram para o banheiro, ele me perguntou se nós somos gays e respondi que sim.

— Então ele não gostou e saiu de perto de nós. — Complementou Rodrigo. — Lá se vai mais um “amigo”.

— Fazer o que né? Não podemos obrigar um cara como ele gostar de nós. — Disse Michel.

— Que pena, achava ele tão legal. Não achava que ele fosse homofóbico. — Rodrigo fez um biquinho de insatisfeito.

— Digamos que isso afetaria a masculinidade dele, sei lá, vai se ele não gosta de ficar na mesa com três viados. — Comentou Michel.

— Isso é bobagem, se ele ficasse preocupado com isso não teria me deixado sentar no banco passageiro do lado dele. — Comentei.

— O que isso tem a ver? — Indagou Rodrigo.

— Tem caras que gostam de manter a imagem e não gostam que um rapaz como eu sente na frente para não sujar a imagem de macho alfa dele. — Expliquei.

— Acho que não. Talvez ele quisesse ser educado mesmo, aliás vocês estão passando pela mesma coisa. — Disse Rodrigo.

— Bem, vamos ver como vai ser nosso próximo encontro.

— Se ele te ignorar vai ser um babaca, se ele falar com você normalmente, é nós que somos paranoicos. — Brincou Rodrigo.

O rapaz chegou com nossos pedidos.

— E o Johnson? Foi no banheiro? — Perguntou ele.

— Ah desculpe, ele teve que ir embora. Mas ele deixou a conta aqui com a gente, desculpe o incômodo. — Respondi.

— Ah, ok. Querem que eu levo de volta?

— Ah não, pode deixar que eu tomo. Obrigado. — Pedi.

— Ou pode guardar pra depois jogar na camisa dele pra retribuir o que ele fez com você. — Brincou Rodrigo rindo.

— Ai Rodrigo. — Ri.

Por algum momento ouvi um barulho de uma batida forte do copo na mesa bem na hora que o garoto colocou a taça na minha frente e saiu com um pouco de pressa.

— Impressão minha ou aquele garoto foi estúpido? — Perguntou Rodrigo.

— Eu também percebi... Acho que ele não gostou do que o Rodrigo falou do Johnson. — Falei.

— Ele gosta do Johnson. — Comentou Michel colocando o canudo na boca e relaxando as costas na cadeira. — Tenho certeza que está apaixonado.

— Coitado, vai levar um fora. — Comentou Rodrigo mexendo no suco com o canudo.

— Humm, esse suco de abacaxi é muito bom. — Comentei.

— Não, o de morango é melhor ainda! — Disse Rodrigo sorrindo. — Me conta quem era aquele cara com quem estava conversando na balada Michel!

— Era um idiota, ele é primo do menino que o Julien pegou. Não largava do meu pé depois de tanto fora que dei nele.

— Ele é feio?

— Não, ele era muito bonito, um corpo muito gostoso e tal. Mas não estava com vontade de ficar com aquele cara chato.

— Vish, você está ficando que nem o Julien. — Comentou Rodrigo. — Saudade de quando você dava em cima de todo mundo.

— Estou dando um tempo para essa fase puta. — Disse Michel colocando um pedaço do lanche na boca de maneira provocativa. — E você?

— Tive a melhor noite de todas, Vinícius é muito sexy. — Rodrigo estava com um sorriso bobo no rosto. — Nós fomos na casa dele depois da balada no carro dele, ficamos nos beijando no quarto, mas quando ia rolar a mãe dele acordou e estragou a nossa festa.

— Vocês iam transar? — Perguntei.

— Íamos, ele estava muito a fim de fazer e eu também. Mas a vaca da mãe dele atrapalhou.

— Vão tentar de novo? — Perguntou Michel.

— Não sei, eu meio que estou evitando falar com ele no Whats pra não parecer desesperado, entende? Mas estou muito na dele, sério.

— Será que finalmente vocês vão entrar em um relacionamento? — Interpelei com um sorriso provocativo.

— Ai tomara! Ele é muito legal. Vou esperar ele falar comigo primeiro. — Disse Rodrigo muito alegre, gostava bastante de vê-lo assim. — E você devia tentar ter um relacionamento com o André.

— Ah claro, seria bom levar ele em casa conhecer meus irmãos, principalmente meu pai que está louco pra me ver namorando. — Os dois riram. — Então André, esse é meu pai homofóbico, cuidado que ele está louco pra me matar. — Rodrigo riu de novo. — E essa é minha mãe que se matou por causa da minha sexualidade...

Rodrigo parou de rir e olhou para mim chocado por alguns segundos e voltou sua atenção ao seu suco.

— Desculpe... — Disse eu terminando meu gole do suco. — Fui longe demais.

— Sim Julien. — Disse Michel.

— Você está morando com quem agora Michel? — Perguntou Rodrigo.

— Em um apartamento antigo onde morava... — Respondeu Michel como se não quisesse mais falar sobre isso.

— E os seus pais? Você nunca falou mais sobre seus pais. — Insistiu Rodrigo.

— Depois falamos sobre eles, vamos embora? Tenho compromisso hoje.

— Que compromisso? — Perguntei.

— Entrevista de emprego. Tenho que pagar o aluguel onde eu moro se não vou dormir na rua.

— A gente nunca ia te deixar chegar a esse ponto. — Disse eu. — Já terminei o meu, vamos pagar?

— Tá, vou chamar o garoto estúpido. — Disse Rodrigo.

— Tadinho. — Comentei.

O garoto voltou a nos atender, sua cara estava muito séria e pagamos todos separados, inclusive o suco do Johnson. Levantamos, saímos da lanchonete e fomos até o carro do Michel.

— Seu carro é lindo. Onde conseguiu dinheiro pra comprar se não tenho dinheiro pra pagar o apartamento? — Indagou Rodrigo.

— Longa história. Depois te conto porque já estou atrasado. — Respondeu Michel dando marcha e seguindo com o carro até minha casa.

FIM DO CAPÍTULO 08

Continua...


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