Salvation escrita por Vanessa Morgado, Celo Dos Santos


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Surpresa!!!

~Enjoy~



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A maioria dos detentos de Alkalia haviam ido para o Grande Pátio após o almoço. Poderia citar como a manhã estava bela, mas era impossível dizer. Eles não tinham contato com os elementos naturais do mundo, como o vento, o sol, e talvez a chuva, só viam paredes e mais paredes, olheiros (câmeras), as caixinhas de som, uma porta enorme que dividia o Refeitório do Grande Pátio, uma pequena arquibancada no Grande Pátio, onde vários jovens sentavam e conversavam e um grande teto que deveria estar a uns 12 metros do chão, a iluminação se dava por conta de grandes luminárias que estavam no alto do teto.

Então, sentadas na arquibancada, Ellen e Crystal ouviam Didi falar o que lhe ocorrera ontem a noite.

– Espera um pouco, alguém estava te observando? - Crystal indaga.

– Sim, sei lá me senti como uma personagem de filme de terror. - Dianne tenta explicar suas sensações.

– Mas, esse cara ou essa garota, perseguiu você? - Ellen continuou o interrogatório.

– Não, apenas ficou me olhando ente a escuridão. O que foi mais assustador ainda. E sabe o que foi pior, eu fiquei apavorada. Fiquei paralisada pelo medo, nunca passei por isso.

As 2 amigas se olham e resolvem dar mais créditos a história de Dianne, a partir daí. Logo que, Dianne não sentia medo das coisas e agora tinha ficado apavorada, algo de ruim deve ter acontecido lá ou seja quem for, transmitiu uma sensação terrível a amiga.

– Você conseguiu fugir? - Ellen parecia aflita.

– Sim e não. - Dianne respondeu com convicção.

– Aff, dá prá explicar? - Crystal critica a amiga, sem entender.

Dianne suspira e procura explicar com clareza para ambas.

– Olha eu consegui me recuperar da paralisia que o medo provocou. Só que quando eu fui fugir eu esbarrei em alguém. Nele. - e com o dedo indicador, mostra Noah. Este estava conversando com o rapaz que no dia que chegaram dispersou a multidão.

– Quem é? O bonitão 1 ou o bonitão 2?

– Calada Crystal, é o da direita, seu nome é Noah. - Dianne olha ele com um sorriso gracioso.

– Precisa se decidir. Dou créditos ao Scott... - Crystal provoca, rindo.

– Ai já vai começar... - Ellen coloca a mão na cabeça.

– Prefiro nem comentar essa... Voltando ao que interessa, bem, eu esbarrei nele e ai o ser que me olhava sumiu, então eu abracei ele e ficamos assim por alguns minutos. Ele me transmitiu uma segurança maravilhosa. - Dianne fala pausadamente, relembrando de estar nos braços fortes do rapaz.

Crystal e Ellen se entreolham e abrem um extenso sorriso, notando que a amiga está encantada por seu salvador e porto seguro. Realmente fazia tempo que não viam Didi apaixonada por alguém.

– Tá apaixonada... - as 2 comentaram simultaneamente.

– Eu não estou, não.

– Ok, eu vou dá uma volta. E você vê quais são seus verdadeiros sentimentos enquanto isso. - e lança um sorriso irônico, saindo da arquibancada.

Crystal caminha tranquilamente, já estava se adaptando ao lugar. Mesmo sabendo que há pessoas ali que ela nunca viu e há outros que ela não queria ver mais, e passando pelos Liberatus muda seu semblante rapidamente, com toda a certeza não gostou deles e de seu modo de agir. Até que seus olhos focaram um outro alguém, uma pessoa que ela havia sentido ter um pouco de "Crystal" em sua personalidade, alguém que não expõe o que sente, alguém solitário e sem amigos. Crystal decidida a falar com ele, cortou o refeitório e foi até a mesa em que, atrasado, Scott tomava seu café.

Crystal sentou a sua frente, então Scott cessou as mordidas que dava no sanduíche. Olhou para ela por alguns segundos não entendendo suas motivações, limpou os lábios com o guardanapo e por fim disse algo.

– Olha, sou muito grato a você e seus amigos por ontem. Como o Logan disse, foram superiores a mim. - Scott olha ela com um olhar mais amigável.

Entendendo o olhar dele, ela percebe que talvez possa criar um amigo e então sorri a ele.

– Acho que rola faísca quando você e sua irmã chegam perto de nós, mas nada que uma boa conversa não resolva. Concorda?

– Claro que concordo, por isso ontem após aquilo tudo, eu deitei em minha cama e pensei em tudo que fiz. Acho que agi mal com vocês, sinto muito. – Ele assente a ela, liberando um sorriso.

Crystal deixou-se levar por aquele sorriso lindo, os dentes brancos pareciam brilhar e o jeito que as maças de sua boca ficaram, encantaram-na. Ele era realmente um rapaz maravilhoso, cabeça dura, mas maravilhoso. Após uma viagem que prá ela demorou, mas durou apenas alguns segundos, ele cessou o sorriso e continuou a falar.

– Mas, eu espero que você não me julgue por não querer me desculpar com aquela sua outra amiga.

– Didi? - Crystal já sorri imaginando ser ela mesmo.

– Sim. - Scott que antes estava com uma expressão alegre, agora voltou a ser sério e um tanto turrão.

Crystal o olhou por um tempo e notando a expressão de sua face, achou um tanto cômica e iniciou os risos. Scott surpreendeu-se com a risada sem explicação e abriu mais um sorriso. Apesar de achá-la um tanto estranha, ele não podia negar que gostou dela, já que esta o fazia sorrir. Crystal começou a rir um pouco mais alto, então Scott foi contagiado pela crise de risos dela e começou a rir também.

– Obrigado. - Ele disse após os risos se findarem.

– Pelo o quê Scott? – Crystal fitava-o curiosa, mesmo que por dentro tivesse uma pequena noção do motivo.

– Por estar me fazendo rir, há meses que não sorrio dessa forma. Obrigado. - Ele olha ela se entregando ao que pode ser um vínculo de amizade.

– Não tem de quer. - Ela fica contente por ter conquistado o jovem.

E então mais um momento de silêncio inicia, Crystal acha engraçado ele também não saber "puxar assuntos".

– Foram pegos pelo Trevisk? - Ele tenta esforçadamente iniciar a conversa de novo.

– Esse foi o melhor assunto que conseguiu puxar? - Ela tira sarro dele, fazendo-o rir novamente - Ainda preferia que você perguntasse que cor eu gosto? Ou, se eu uso calcinha? - Ela ri alto.

Ele não suporta e ri junto a ela. Barbara observava eles de longe e sorri junto, vendo que Scott tinha encontrado uma amiga.

Barbara não havia falado para ninguém sobre a visão que teve noite passada e por enquanto preferia manter esse segredo consigo. Ela fita cada jovem ali na esperança de visualizar alguém que possa ser o assassino ou a vítima, mas recordando de sua visão ambos os personagens dela estavam quase irreconhecíveis e um tanto unissex, como se fosse para ela não descobrir. Isso a deixou com muita raiva e em estado de pânico. Seus olhos se moviam prá lá e cá, analisando cada qual de uma maneira apressada, tensa e aflita. Tudo estava confuso em Barbara por isso preferiu não alertar os outros, para não gerar nenhum caos ou tumulto.

– O que está me escondendo? - Kiara questiona, sentada do lado de Barbara.

– Sei que me conhece e sei que sabe também que quando não falo o que penso é para ficar dessa forma. - Barbara olha a amiga e sorri.

– Ai Barbara, prá que todo esse mistério? Alkalia não vai mudar mesmo. Sempre será eu, você, o garoto gênio que não serve prá nada, aquela loira que faz tempestades, que também não serve prá nada, esses jovens que não cumprirão sua profecia, os Liberatus que só serve prá deixar tudo isso mais insuportável do que é e todos os outros que também são inúteis prá sermos livres. Sabe Barbara, eu acredito em você, mas não consigo ter essa sua fé. - Kiara desabafa até mais do que devia.

– Kiara Landers, minha fiel amiga, companheira, escudeira. Olhe prá mim e me diga que você não tem mesmo essa fé... Veja somos 126 mutantes. Você não acredita que entre todos, não haja combinações de habilidades que sirvam prá nos tirar daqui? - Barbara explica o que ela sempre acreditou ser verdade, antes mesmo dos Evoluídos da Profecia chegar.

Kiara olha ao redor e analisa as habilidades que conhece e vê que são tão diferentes, era impossível dizer que não houvessem combinações ali que pudessem destruir as barreiras de Alkalia.

– Sinceramente, não vejo uma forma de acabar com todos os mutantes, a não ser, retirando seus poderes para sempre. Todos unidos podem, sim, ter sua liberdade. - Barbara prosseguiu.

– Tem razão, temos você também para nos orientar. - Ela sorri a amiga um tanto arrependida do que disse.

– Sim, se ganhei essa habilidade maravilhosa, vou usá-la para mudar as coisas ruins desse mundo. Mas, eu só te peço paciência, mesmo que doa ter ela. - Barbara pensa consigo que já pediu tantas vezes isso a Kiara.

– Ok. - Kiara parece renovada, Barbara era ótima nisso.

A manhã passa calma de mais, para os novatos que já chegaram agitando, aquilo pareceu estranho, mas para os veteranos aquilo era comum. Realmente Alkalia era um lugar sem vida e não era preciso ter assassinatos para o pessoal perceber que ali fluia a morte. Não uma morte física, mas sim espiritual, uma morte interior, que poderia acabar com qualquer chance de viver no mundo lá fora. Há mutantes com 5 meses de Alkalia, mas há também aqueles de 5 anos.

Indo para seu quarto Ellen buscava ficar sozinha, mesmo que tivesse que deixar Dianne a sós na arquibancada. Estava angustiada, precisava retomar suas forças para conseguir o controle de seus poderes, assim poderia agir como os demais, usar os dons sem receios de que eles possam tomar o controle. Ela olhava para o chão e sem notar esbarrou em alguém que acabara de sair do seu quarto.

– Perdão... - ambos falaram simultaneamente.

– Joshua?

– Ellen? - Ele sorri lindamente.

Para Ellen parecia estranho ela querer usar tanto os seus poderes e seu tutor aparecer do nada, ela estranhou, no entanto abraçou isso. Sempre acreditou que esbarrões assim, não eram obras do acaso e sim uma indicação do destino, naquele momento seguindo seus ideais ela falou com firmeza.

– Quero um novo treinamento, vou ganhar o controle da minha habilidade.

– Olha só... – O rapaz abre um enorme sorriso - Confesso que me surpreendi.

– Sabia que ia ficar bobo ao ouvir isso. - Ela sorri animada lançando a ele uma piscada.

Joshua fica fitando-a em sua animação e já cogita que precisa analisar muito bem a habilidade dela para poder descobrir como ajudá-la de fato. Telecinese não é sua área, mas ele quer mesmo ajudar Ellen. Considerou-a confusa e instável, porém ela era doce, meiga, cativante, era simples, era diferente das outras garotas de Alkalia que não transmitiam energia, alegria e calor. E Joshua se viu hipnotizado pelo desenho do rosto dela, seus cabelos negros e ondulados que escorriam por seus ombros, tinha uma boca bem avermelhada e a cada sorriso dela, ele se via motivado a sorrir também.

– Bem, então façamos o seguinte, me encontre no Pátio de Entrada, depois de almoçar e escovar seu dentes, ok? Já que não quero aluna com bafo. - Ele brinca com ela.

Ela dá uma breve risada e balança a cabeça afirmativamente.

– Nos vemos mais tarde, então. - E dando um beijo no rosto dele, Ellen prossegue seu caminho até seu quarto.

Depois de receber o beijo de Ellen, o jovem fica um tanto envergonhado e coloca a mão no local onde ela encostou seus lábios. Um pouco acima de sua barba rala. Ele acariciava sua bochecha e olhando para trás, mirou ela entrar em seu quarto. Um sorriso grande expandiu em seu rosto.

Dianne solitária, fitava os vários jovens passarem em sua frente, não tirava Noah de sua cabeça. O modo que ele a protegeu, o modo que ele a acalmou, abraçou, olhou. Aquela cena repassava como um filme em sua mente repetidas vezes, primeiro o terror e depois o romance. Noah realmente, conseguiu reverter a situação para Didi, ela acreditava que poderia morrer naquele lugar, mas de uma maneira irresistível Noah a salvou.

Após voltar de seus devaneios ela olhou para o local onde Noah conversava com o outro rapaz, no entanto ele não estava lá. Então, para a surpresa de Dianne, alguém falou próximo a seu ouvido.

– Me procurando? - A voz invadiu seus ouvidos e arrepiou-a por inteira.

Um sorriso se formou, quando Dianne reconheceu a voz do rapaz, era Noah.

– Olha, achei que não fosse tão convencido. - Ela sorri a ele.

– Que isso, só joguei um verde e vejo que colhi maduro. - Ele continua encarando-a.

A proximidade que os 2 mantinham, deixava Didi um pouco ofegante, literalmente ela se via desestabilizada por aquele olhar profundo. Ele estava cheirando bem, provavelmente havia tomado banho nos vestiários há pouco tempo. Dianne se recorda que nem havia tomado banho desde quando chegou em Alkalia e quase quis sumir dali.

– Está paralisada de novo? - Noah indaga vendo ela pensativa.

– Oi? - Realmente, ela estava flutuando em meio a devaneios avulsos.

Ele sorri e continua fitando-a de maneira intensa.

– Daria minhas roupas para saber o que você pensa.

"Então pode começar a pagar?", Dianne pensa consigo, mas deixa isso apenas em sua mente.

– O preço é tentador...

– Digamos que em Alkalia, temos poucas formas de pagamento e prá que adiar essa? – Noah começa a rir, o que leva aos risos dela também.

– Ok, vamos começar de novo... Bem, eu apenas estava relembrando de ontem a noite. – Ela continua sentindo o cheiro bom dele.

– Onde um nobre cavalheiro te salvou de seus medos. – O rapaz satiriza, fazendo-a rir.

– Sim, Sr. Nobre Cavalheiro. – A garota não consegue olhar para ele sem sorrir, está deslumbrada.

– O que te afligia? - Noah pergunta o que não quis perguntar ontem.

– Eu não sei ao certo, mas havia alguém me observando. Você viu alguma coisa, algum vulto? - Dianne encara ele esperançosa.

– Sinto muito, mas eu só prestei atenção em você. - Ele lança um sorriso para ela.

Por mais que quisesse ficar contente por ele ter ficado lá, fitando-a, Dianne ficou desapontada, já que ele não viu quem a botou medo ontem.

– Desapontei você? - Ele nota a expressão da garota.

– De forma alguma... - "Mentirosa..."– Você está tornando o dia mais interessante prá mim. - Dianne dá uma olhada para o lado, quando retorna seus olhos a ele, nota que ele se aproximou mais ainda.

Os olhos dele estavam penetrando seu ser e ela consiga notar que a perna dele, encostava na sua. Então devagar, ele foi se aproximando dela, sua boca foi abrindo como se pedisse por um beijo. Dianne achou precipitado e ao mesmo tempo surpreendente ele ser direto, mas relembrando que não estava cheirando bem como ele. Ela se jogou prá trás caindo de costas na arquibancada, porém desvencilhando do quase-beijo. Rapidamente ela se recupera, com um sorriso sem graça e inventa uma desculpa qualquer para tomar seu banho, literalmente não queria causar nele uma péssima impressão, não no primeiro beijo.

– Onde vai? Ah... - Noah fica super surpreso, sem saber o que dizer.

– Encontrar minha amiga, ela quer que eu... Quer que eu... Leve as roupas dela na lavanderia. - Dianne vai saindo dali, enquanto é secada pelo rapaz. "Isso serve pela vida toda, Dianne Millbrook, nunca mais fique sem tomar banho". E pensou, enquanto saía do Grande Pátio. Ia urgentemente tomar um banho, necessitava se ver limpa novamente, ainda não conseguia acreditar que por não ter se banhado havia perdido a oportunidade de beijar um rapaz como Noah Bennett.

O almoço foi neutro, não houve nenhum tumulto a não ser os Liberatus que subindo em sua mesa, tiraram a manhã para pregar sua ideologia. Fato que a maioria dos outros mutantes já estavam acostumados, excetos os Jovens da Profecia que estranharam aquilo totalmente. Henry recomendou que se acostumassem logo e que ficassem longe deles. Assim como Barbara, Henry não confiava nas intenções de Flint e seus seguidores e desconfiava que as reais intenções deles estivessem escondidas, Allan concordou com Henry totalmente.

Crystal vaiou tal manifestação do começo ao fim. Em um certo momento, até cogitou a possibilidade de lançar um pouco da almôndega de seu prato em um dos Liberatus para que calassem a boca, mas foi repreendida por Raphael que queria ouvir, o que deixou Jay um tanto preocupado. Flint, Axel e Duncan tentaram convencer os ali presentes. Entre eles, Wade permaneceu quieto, ele somente fitava os 6 amigos, junto a Allan e Henry. Aqueles olhos sérios e negros eram um tanto assustadores e Dianne começou a deixar uma desconfiança crescer em si. O modo que ele a encarava, ele só podia ser o rapaz da noite passada, ou não? Bem, Dianne só queria ter alguém pra culpar e então como Wade se encaixava no perfil, ela logo quis voar em cima dele e fazer um interrogatório. No entanto, pensando novamente ela precisava ter convicção e principalmente provas para acusá-lo, enfim, apenas o encarou de maneira fria.

Após o discurso, o grupo se desfez, Rapha, Logan e Didi foram escovar os dentes. Crystal foi conversar com Scott. Então Ellen resolver contar a Jay sobre seu treinamento de hoje.

– Olha Jay eu queria te contar uma coisa, mas você tem que me prometer que vai pensar primeiro antes de me julgar, ok? - Ela sorri a ele, temerosa.

Ele olha ela por um instante e realmente tentar pensar o que ela possa ter feito. Mas, pra saber realmente o que se trata ele tem que prometer, então ele responde.

– Ok, eu vou fazer o que disse.

– Eu pedi ao Joshua mais um treinamento. - Ellen abaixa a cabeça, esperando uma corja de reclamações.

Jason, já se preparava para questionar a atitude de Ellen, mas se lembrou do que Barbara disse no dia anterior e também havia prometido compreensão...

– Olha, Ellen... Sinceramente eu não queria ver vocês se envolvendo tão rápido com o pessoal daqui, já que não os conhecemos e não confiamos neles...

– Eu ainda estou aqui. - Allan fala ofendido interrompendo Jason.

– Ele está certo, Allan. - Henry comenta.

– Mas, se você acha mesmo que esse cara quer ajudar, eu vou confiar em você. Não nele, não na Karen, Barbara ou seja lá quem for, vou confiar em você, ok? - Jason sorri a ela.

– Obrigado Jay. - Ellen abraça ele.

– Só que prá certificar que nada mal aconteça a você, eu posso ir? – O rapaz olha ela.

– Claro que sim, Jason...

Jason não pode esconder que está receoso com essa ajuda, afinal não sabe nada sobre Joshua e só quer o bem para Ellen. Já Ellen não consegue pensar em outra coisa a não ser o domínio de seus dons, chega de ser a protegida, a indefesa, a vítima, sendo que pode ser a protetora, a valente, a guerreira.

Rapha e Logan aguardavam na fila para escovar os dentes, não estava grande já que eles demoraram prá vir, porém se chegassem mais cedo teriam que enfrentar uma fila diferente, uma fila extensa. Se Allan não falasse que as escovas, toalhas estavam na gaveta abaixo da gaveta de cuecas boxer certamente Rapha, Logan e Jason iriam estar com mal hálito até agora.

"Psiu. Psiu... Psiu!!" insistiu um som que chamou a atenção de Rapha. Tratava-se de Karen que havia chegado agora e entrava na fila, atrás de uma garota. O Vestiário era dividido da seguinte forma, lado direito masculino, lado esquerdo feminino. Pela estrutura podia se notar que era enorme e tinha bastante espaço. A fila estava pequena, porém os 3 ainda estavam do lado de fora do banheiro.

Karen mandou uma piscada e um sorriso a ele, mesmo que quisesse a atenção de Logan também. Rapha retribui, considerando que a qualquer momento poderia surgir algo a mais que apenas "piscadas e risinhos".

Então 3 rapazes saíram do banheiro e isso fez com que Rapha e Logan entrassem no mesmo. Era todo revestido de pisos e as duchas eram um pouco mais atrás, tinhas as torneiras para escovar os dentes, posteriormente os mictórios e do lado esquerdo do banheiro, 8 duchas com box. Na parede havia um grande espelho que preenchia a extensão das torneiras. Raphael chegou a se perguntar como esse local poderia ser tão limpo, e, então lembrou-se de Allan explicando, que todas as quartas-feiras os detentos eram encaminhados até a gigantesca área de esportes e neste tempo os banheiros eram limpos por funcionários. Para vigiar a área de esportes viam uns 12 guardas, todos eles portando armas, cacetetes e principalmente um dispositivo que ao ser apertado libera a eletricidade contida nos chips. Alkalia tinha uma segurança perfeita. Henry disse que o dispositivo funcionava perfeitamente se o agente da DECOE apontasse para o seu alvo.

Rapha continuava a pensar na super proteção de Alkalia enquanto deslizava sua escova, rapidamente por seus dentes. Ao lado, Logan já fazia gargarejos e olhava para o amigo com um sorriso, logo que este estava viajando.

– No que pensa? - Logan, disse após cuspir todo o líquido que restava em sua boca.

– Na segurança desse lugar, é simplesmente perfeita. Você lembra o que Allan e o Henry nos disse sobre o funcionamento do chip e do dispositivo?

– Sim, claro que sim... Cada um de nós tem esse chip no corpo, então se fizermos algo contra os padrões impostos, os DECOEs apontam para nós e pá, sofremos o choque. - Logan faz uma faísca ricochetear em seus dedos e depois sumir, simulando a eletrocução.

– Isso mesmo, ai eu pensei em você. Poxa, você tem o dom da eletricidade, será que você sofre as consequências?

Ligando a torneira e lavando seu rosto, Logan pensou no que o amigo falará e após a lavagem, falou.

– Olha Raphael, não sei se devo testar isso, mas algo eu lhe digo, deveria parar de pensar nisto se não irá enlouquecer. Lembra o que Henry falou que houve mutantes que enlouqueceram de tanto pensar em como sair daqui ou de levar as punições? Se realmente eu sou imune a eletricidade, eles devem ter pensado em outra forma de me punir. Com certeza meu chip é diferente do de vocês.

– É você tem razão, eles contam com a ajuda daquele Dr. Garner que parece ser um gênio. – Rapha cospe um pouco da espuma que há em sua boca.

– Te encontro no quarto... E esfria a cabeça, iremos sair daqui... Eu te prometo isso. - Logan dá um tapinha no ombro do companheiro, saindo do banheiro.

Logan ao sair da porta dá uma respirada e pensa consigo que Rapha tem razão, é semi-impossível sair deste lugar. Prá liberar a frustração ele dá um murro na parede.

– Está tudo bem? - Karen pergunta ao fundo, notando a cena quando saiu do banheiro.

– Nem um pouco, realmente esse lugar é uma fortaleza e os muros parecem crescer a cada dia. - Ele inclinou a cabeça, soltando uma quantidade grande de ar.

– Você tem razão, mas veja um detalhe importante, esse é o seu segundo dia. – Ela sorriu.

Ele olhou para ela e sorriu também, realmente ela tinha razão, ele era mais forte que isso. No segundo dia já estar se queixando e querendo destruir tudo.

– Quer um conselho Logan, tente não ficar sozinho aqui, pois sozinho tudo o que está sentindo multiplica-se em 10. - Karen fala colocando a mão em seu ombro, com a boca próximo a seu ouvido.

Logan sentiu uma sensação prazerosa com a proximidade da boca dela ao seu corpo. Então ele olhou a ela e assentiu positivo. Com um sorriso sexy ela deu uma piscada a ele e saiu dali lentamente.

Ela tinha inteira razão nessa segunda frase também, se com 5 amigos, mais Allan e Henry, Logan já se via próximo ao desespero, imagine na solidão. As percepções, sentimentos e dores sendo multiplicadas de uma maneira forte e impactante, seria como ser trancado dentro de uma caixa e gritar por liberdade sem ter ninguém para ouvir. Confinado a seus próprios berros, respirações e choros.

De maneira simétrica, Joshua posicionou no chão do Pátio de Entrada, 5 garrafas de suco.

– Vamos lá Ellen, quero que se concentre e tente movê-las. - Joshua saiu de perto delas e foi ao lado de Jason.

O rapaz matinha seu olhar de desconfiança para o telepata, mas assistia aquilo e torcia para Ellen conseguir se controlar. Torcer pelos seus amigos sempre foi uma motivação de vida para Jason, já que ao descobrir do poder de cada um, manteve as amizades da mesma maneira e não abandonou eles nos momentos que mais precisaram. Jason é fiel a quem ama, essa qualidade é realmente seu grande trunfo.

Ellen olha as garrafas e depois inclina a cabeça respirando fundo... "Vamos Ellen, você vai conseguir". Ela mandava vibrações positivas a si própria. Posteriormente, voltando seus olhos para as garrafas, fixa sua atenção nelas.

Então as garrafas começam a vibrar e depois de mais alguns segundos elas são arremessadas ao alto, sem rumo, sem direções, sem sentido. Joshua olha ela e balança a cabeça negativamente, como se não fosse o que ele queria.

– Jason, poderia colocar as garrafas de volta? - Joshua pede com bastante sutileza na voz.

Jason a princípio, se mostra em resistência ao que Joshua fala, mas depois de receber um olhar confiante de Ellen, obedece e coloca as garrafas alinhadas e simetricamente posicionadas.

– Vamos Ellen, mais uma vez. - O telepata pede.

Ellen realiza não, 1, mas sim, 9 tentativas semelhantes e todas falharam.

– Vamos lá Ellen, confie em você. Por que o Jason e eu confiamos, mas você... Você confia em si mesma? Me demonstre. Vai décima tentativa. - Ele mantém seus olhos fixos ao que ela faz.

Ellen novamente repete o mesmo processo de concentração e focando seus olhos nas garrafas, faz elas flutuarem.

– Isso aí, Elle... - Jay vibra.

Porém, na empolgação, Ellen manda as garrafas a metros de distância e para direções diferentes.

Neste momento, Joshua nota algo que estava escancarado, ela ainda não tinha tanto controle para usar telecinese apenas por contato visual. Ela precisa gerar movimentos de condução, com as mãos. E como uma euforia crescente em seu corpo ele logo libera tal realidade.

– Como não pensei nisso?! Ellen, você não esta utilizando as mãos! Você ainda não tem tanto controle para levitar e movimentar as coisas apenas o olhar, necessita de algo para gerar movimento e condução e nada melhor que as mãos. A Telecinese é como se fosse uma extensão de você, neste caso de sua mão.

– Ele tem razão, Elle. Lembra dos desenhos que assistíamos, tipo X-Men? A Jean Grey usava as mãos para movimentar as coisas e ela tinha o seu poder, nunca achei que esse desenho fosse ser útil, mas tá valendo. - Jason sorri criando esperanças para amiga, enquanto reorganiza as garrafas.

– Ok, posso tentar com as mãos agora. - Ellen mostra-se confiante.

Ao ver as garrafas todas ali a sua frente, seus alvos, ela estica um braço e aponta para a garrafa da ponta direita, então lentamente faz movimentos para que a garrafa suba e como em mímica a garrafa repete o processo, levitando pra cima. Sentindo o controle fluir, com a outra mão, ela faz o mesmo processo, mas com as 4 garrafas restantes. Um sorriso cresce no rosto dos 3 ao ver as 5 garrafas ali flutuando no ar, ao controle de Ellen.

Então, feliz consigo mesma e realizada Ellen faz gestos para que as garrafas se movimentem em volta de si. Não tarda muito e os 5 objetos parecem dançar ao redor da Evoluída. Ellen começa a rir, e a se movimentar e a aumentar a velocidade que as garrafas giram a seu redor. Jason e Joshua se entreolham e não consegue disfarçar o grandioso sorriso em seus rostos. Ellen estava eufórica verdadeiramente nunca havia conseguido fazer algo assim, ela estava confiante e a confiança era a chave para se controlar o seu poder.


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Notas finais do capítulo

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